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Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

O Filho do Homem

Novembro 01, 2015

Desde o crime contra o Filho de Deus, o portador da Verdade, Jesus de Nazaré, pesa como que uma maldição sobre a humanidade, por não haver esta reconhecido devidamente a mais importante das profecias para os seres humanos, encontrando-se frente a isso ainda hoje inconsciente, como se tivesse uma espessa venda diante dos olhos. A consequência medonha disso será que grande parte das criaturas humanas passará cambaleando, da única possibilidade de sua salvação da condenação, ao encontro da destruição.

Trata-se da profecia da vinda do Filho do Homem, que o Filho de Deus, sob os ataques constantes das massas, que por se encontrarem nas trevas tinham que odiar logicamente o portador da Verdade, deu como estrela de esperança e, não obstante, também como severa advertência.

A mesma onda de ideias e sentimentos erróneos que já naquele tempo não deixava que se reconhecesse o Filho de Deus como tal, perturbava a compreensão a respeito da importância dessa anunciação, já na ocasião de sua origem. Estava o espírito humano demasiado obscurecido, por demais convencido de si, para poder ainda receber de modo puro Mensagens de Deus tão elevadas. Mensagens que vinham de uma altitude acima de seu próprio círculo de origem, resvalavam pelos ouvidos, sem efeito.

Para uma compreensão teria sido necessária fé proveniente de convicção consciente, de que outrora nem os próprios adeptos eram capazes. O solo onde as palavras do Salvador caíam, ainda estava demasiadamente coberto por um cipoal. A isso juntaram-se em apenas poucos anos as colossais experiências vivenciais e abalos anímicos dos mais próximos ao Salvador, com o que tudo havia de concentrar-se sentimentalmente de tal modo na pessoa dele, que o seu falar, referente a uma outra pessoa num futuro remoto, não foi considerado nesse sentido, e sim relacionado novamente com ele próprio.

Assim perdurou até os dias de hoje o erro na conceção dos seres humanos, uma vez que os descrentes não se preocupavam com as palavras do Salvador, ao passo que os fiéis suprimiram à força, exatamente por causa de sua fé, qualquer análise séria e crítica às tradições, pelo temor sagrado de tocar mesmo de leve nas palavras do Salvador. Não viam com isso, porém, que não se tratava das próprias palavras dele, verdadeiramente autênticas, mas tão-só de reproduções que foram escritas muito tempo depois de sua passagem pela Terra. Em virtude disso, porém, ficaram sujeitas naturalmente às alterações inconscientes do raciocínio humano e da conceção humana e pessoal.

Há, sem dúvida, uma certa grandeza nessa respeitosa conservação de tradição puramente humana e, por isso, também não se deve fazer qualquer censura a respeito.

Contudo, nada disso impede consequências estorvantes de conceções erróneas, decorrentes duma tradição errada, porque nem mesmo nesse caso podem ser derrubadas as leis da reciprocidade. Mesmo que elas se efetivem na remissão para o espírito humano apenas como grades, estorvando a ascensão progressiva, significam, contudo, um estacionar fatal e um não-progredir, enquanto a palavra libertadora da elucidação não puder se tornar viva neles.

Aquele que acredita no Filho de Deus e em suas palavras, tendo-as vivificado dentro de si, isto é, trazendo-as dentro de si na correta interpretação e agindo de acordo, evidentemente não precisa esperar pelo prometido Filho do Homem, pois este não lhe pode trazer outra coisa senão o mesmo que o Filho de Deus já trouxe. Pressupõe-se aí, no entanto, que haja compreendido realmente as palavras do Filho de Deus e que não se agarre obstinadamente a tradições erróneas. Caso se tenha apegado em qualquer parte a erros, não poderá concluir sua escalada, até obter o esclarecimento que ficou reservado ao Filho do Homem, porque o limitado espírito humano, por si, não é capaz de se livrar do cipoal que envolve espessamente a Verdade.

Jesus designou a vinda do Filho do Homem como a última possibilidade de salvação, indicando também que com ele se desencadeará o Juízo, que portanto aqueles que mesmo então não quiserem, ou dito de outro modo, não estiverem dispostos a receber esclarecimento algum, devido a sua própria obstinação ou indolência, terão de ser definitivamente condenados. Disso se deve concluir que em sequência ulterior não haverá mais outra possibilidade de reflexão e de decisão. Nisso reside também, evidentemente, a anunciação de uma ação severa, a qual traz o fim de uma paciente espera. Isso, por sua vez, atesta luta futura da Luz contra todas as trevas, que terá de findar na destruição violenta de todas as trevas.

[…]

A missão do Filho do Homem aqui na Terra é a continuação e a conclusão da missão do Filho de Deus, porque a missão do Filho de Deus só podia ser transitória. Ela é, portanto, com a continuação e a conclusão, concomitantemente, uma consolidação da mesma.

Enquanto o Filho de Deus nasceu diretamente para a sua missão terrestre, o percurso do Filho do Homem, antes de sua missão, teve de passar por um círculo muito maior, antes de poder iniciar a sua verdadeira missão. Vindo das alturas máximas, teve, como condição para poder cumprir a sua missão, ainda mais terrenal comparada com a do Filho de Deus, também que percorrer as profundezas mais baixas. Não apenas no Além, mas também terrenalmente, a fim de poder “vivenciar” junto de si todas as dores e todos os sofrimentos dos seres humanos. Somente dessa maneira fica em condições de, quando chegar a hora, interferir nas falhas de modo eficiente e criar alterações, auxiliando.

Por esse motivo não pôde ficar à margem do vivenciar da humanidade, mas sim teve que estar no meio disso tudo através da própria vivência, inclusive das coisas amargas, e também sofrer com isso. Novamente, só por causa das criaturas humanas teve de realizar-se, portanto, essa sua aprendizagem. Mas precisamente nisso, por ficar incompreensível tal condução superior ao espírito humano em sua estreiteza, e por só ser capaz de formar um juízo segundo as aparências externas, procurarão fazer-lhe censuras, a fim de dificultar-lhe a missão assim como a Cristo naquele tempo.

Exatamente aquilo que teve de sofrer por causa das criaturas humanas, a fim de reconhecer os lugares mais doentios dos erros, aquilo que portanto sofreu ou através de vivência aprendeu a conhecer em prol do futuro bem das criaturas humanas, quererão utilizar como pedra, a fim de atingi-lo com isso num ódio crescente, atiçado pelas trevas, trémulas de medo ante a destruição.

Não é inexplicável que algo tão incrível possa suceder outra vez apesar das experiências com a passagem do Filho de Deus pela Terra, porque na realidade mais da metade dos seres humanos que hoje se encontram na Terra de modo algum lhe pertencem, mas sim deveriam amadurecer em regiões muito mais baixas e mais escuras! Devido ao contínuo retrocesso anímico, com o aumento dos escravos do seu próprio instrumento, o raciocínio limitado, foi colocada a base para tanto.

O raciocínio limitado, como absoluto soberano, só favorecerá sempre tudo aquilo que é material, por ser puramente terreno, e assim cultivará também os subsequentes maus efeitos colaterais. O consequente declínio das conceções mais elevadas formou uma brecha e estendeu a mão para baixo, pela qual puderam subir almas para a encarnação, as quais, de outro modo, com o seu peso espiritual devido à escuridão mais densa, jamais poderiam ter subido até à superfície da Terra.

Antes de tudo são também os sentimentos intuitivos puramente animais nas gerações, bem como outras tendências pelos prazeres terrenos, que na época desmoralizada já desde séculos vêm contribuindo para que almas medíocres possam subir. Estas rodeiam então permanentemente as futuras mães, chegando à encarnação em dado momento, porque tudo o que é luminoso até agora recuou voluntariamente diante das trevas, a fim de não ser conspurcado.

Assim, pouco a pouco, pôde acontecer que o ambiente de matéria fina da Terra se tornasse cada vez mais denso e mais escuro e, com isso, também mais pesado; de tal peso, que até chega a manter a própria Terra de matéria grosseira afastada de uma órbita que seria mais acessível a influências espirituais mais elevadas.

Como a maioria de todos os encarnados pertencem de facto a regiões que se acham situadas muito mais abaixo do que a própria Terra, haverá portanto, nisso também, apenas Justiça Divina, se tais almas forem varridas, para descer até lá onde aliás pertencem, onde junto à sua absoluta igual espécie não dispõem mais de ocasião para se sobrecarregarem ainda com novas culpas, e através disso amadurecerem mais facilmente para uma modificação ascendente no sofrimento de sua esfera.

Não é a vontade humana que poderá um dia escolher o Filho do Homem enviado por Deus, mas a força de Deus o soerguerá na hora em que a humanidade desvalida implorar choramingando por salvação. Então calar-se-ão as injúrias, porque o pavor selará tais bocas e, de bom grado serão aceites todas as dádivas que o Criador oferecer através dele às criaturas. Mas quem não as quiser receber dele, será expulso por toda a eternidade.

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 50 “O Filho do Homem” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

A força sexual em sua significação para a ascensão espiritual

Novembro 01, 2015

Eu indico mais uma vez que toda a vida na Criação consiste de duas categorias: o consciente e o inconsciente. Somente ao tornar-se consciente, forma-se também a imagem do Criador, que compreendemos como sendo a forma humana. O amoldamento processa-se uniforme e concomitantemente com a conscientização.

Na primeira Criação propriamente, pois, que por estar mais próxima do Espírito Criador, também só pode ser espiritual, encontra-se ao lado do consciente ser humano espiritual, criado por primeiro, também o espiritual ainda inconsciente. Nesse inconsciente, com as mesmas propriedades do consciente, reside naturalmente o impulso para o desenvolvimento progressivo. Este só se pode dar, porém, pelo aumento progressivo da conscientização.

Quando, portanto, no espírito inconsciente esse impulso para a conscientização tiver aumentado até certo grau, dar-se-á um fenómeno no desenvolvimento mais natural, que equivale a um nascimento terreno. Precisamos apenas prestar atenção ao nosso ambiente. Aqui, o corpo de matéria grosseira expele automaticamente cada fruto amadurecido. No animal e na criatura humana. Também cada árvore expele seus frutos. O fenómeno é a repetição de um desenvolvimento progressivo cujos fundamentos se acham na primeira Criação.

De igual modo sucede também lá, num determinado amadurecimento do inconsciente que anseia pela conscientização, um repelimento automático, uma separação, também denominada expulsão, da outra parte do inconsciente que ainda não anseia por isso.

Essas partículas espirituais inconscientes, assim expelidas, formam então os germes espirituais de futuros seres humanos!

Esse fenómeno tem de acontecer, porque no inconsciente se encontra a irresponsabilidade, ao passo que com a conscientização amadurece concomitantemente a responsabilidade.

A separação do inconsciente em amadurecimento é portanto indispensável para o espiritual, que por impulso natural quer desenvolver-se para o consciente. É um progresso, nenhum retrocesso!

Como esses germes vivos não podem ser expelidos para cima, para a perfeição, resta-lhes então o único caminho para baixo. Mas aí penetram no reino enteal de mais peso, o qual nada contém de espiritual.

 Assim, o germe espiritual que anseia pela conscientização fica de súbito num ambiente a ele heterogéneo, portanto estranho, e com isso praticamente descoberto. Como espírito ele se sente descoberto e nu, na entealidade mais densa. Se quer permanecer aí ou prosseguir, torna-se-lhe uma necessidade natural cobrir-se com um invólucro enteal, que tenha a mesma espécie do seu ambiente. De outra maneira não consegue agir aí, nem se manter também. Portanto, não sente apenas a necessidade de cobrir sua nudez no caminho para o reconhecimento, conforme figuradamente a Bíblia descreve, mas também se trata aqui de um processo evolutivo indispensável.

O germe do espírito humano em desenvolvimento é, pois, conduzido progressivamente à matéria, por caminhos naturais!

E aqui então o envolve mais uma vez um necessário invólucro, da mesma estruturação do seu novo âmbito material.

Encontra-se ele então na orla extrema da matéria fina.

Mas a Terra é aquele ponto de matéria grosseira onde se reúne tudo quanto existe na Criação. Confluem aqui todos os setores, os quais de outro modo se achariam categoricamente separados, devido às suas características específicas. Todos os fios, todos os caminhos convergem para a Terra como que se concentrando um ponto de encontro. Ligando-se aqui e gerando novos efeitos, são arremessadas para o Universo correntes de energia em poderosas chamas! De tal modo, como de nenhum outro lugar da matéria.

Sobre esta Terra processa-se o mais intenso vivenciar através da conglomeração de todas as espécies da Criação, para o que a materialidade contribui. No entanto, somente a conglomeração de todas as espécies da Criação, nada de Divinal, nada do Espírito Santo, que pairam acima e fora da Criação.

As últimas manifestações desse vivenciar na Terra afluem, pois, ao encontro do germe espiritual, tão logo ele entre na matéria fina. É envolto por esses efeitos. São ele que o atraem, ajudando-o porém a despertar com isso sua conscientização, e levá-lo ao desenvolvimento.

Sem ligação ainda, portanto sem culpa, nesse limiar de toda a matéria, sente ele intuitivamente as manifestações das vibrações de fortes experiências vivenciais, que se desenrolam na evolução e na decomposição de tudo quanto é material.

Aí lhe advém então o anseio dum melhor conhecimento. Mas tão logo forme nisso um desejo, sintoniza-se, ao formular esse desejo, voluntariamente com qualquer vibração, seja ela boa ou má. E imediatamente, devido à atuante lei da força de atração da igual espécie, será atraído por uma espécie igual, que é mais forte do que a sua. É impelido para um ponto onde a espécie almejada é venerada de modo mais veemente do que era seu próprio desejo.

Com tal anseio íntimo, o seu invólucro de matéria fina condensa-se logo de modo correspondente a esse anseio, e a lei da gravidade o deixa afundar ainda mais.

O verdadeiro vivenciar, porém, do anseio nele latente, só lhe oferece por fim a Terra de matéria grosseira! Sente-se, por isso, impelido a prosseguir, até o nascimento terreno, porque quer passar do petiscar ao saborear. Quanto mais intensos se tornam os desejos pelos prazeres terrenos do espírito que desperta no petiscar, tanto mais espesso se forma também o invólucro de matéria fina que traz consigo. Com isso vai adquirindo também mais peso e afunda vagarosamente em direção ao plano terrestre, onde se acha a oportunidade para a realização de desejos. Uma vez chegado até esse plano terrestre, tornou-se com isso também amadurecido para o nascimento terreno.

Nisso a lei da força de atração da igual espécie manifesta-se mais nitidamente ainda. Cada um dos espíritos imaturos é atraído como que magneticamente, exatamente de acordo com o desejo ou pendor que traz em si, por um ponto onde o conteúdo do seu desejo chega à realização através de seres humanos terrenos. Se tiver, por exemplo, o desejo de dominar, não nascerá acaso num ambiente onde ele próprio então possa viver na realização de seu desejo; ao contrário, será atraído por uma pessoa com acentuada tendência para dominar, que, portanto, sente intuitivamente como ele, e assim por diante. Expia dessa forma o errado, em parte, ou acha a felicidade no certo. Pelo menos tem ensejo para tanto.

Devido a esse fenómeno supõe-se, pois, erroneamente, transmissão hereditária de propriedades ou de faculdades espirituais! Externamente, contudo, pode aparentar assim. Na realidade, porém, uma criatura humana não pode transmitir aos filhos nada de seu espirito vivo.

Não existe nenhuma hereditariedade espiritual!

Pessoa alguma encontra-se em condições de ceder sequer uma reduzidíssima partícula de seu espirito vivo!

Nesse ponto criou-se um erro que lança suas sombras estorvantes e perturbadoras sobre muita coisa. Nenhum filho pode ser grato aos pais por qualquer faculdade espiritual, tampouco censura-los por defeitos! Seria erróneo e uma injustiça!

Jamais esta maravilhosa obra da Criação seria tão falha e imperfeita, a ponto de permitir atos arbitrários ou casuais de hereditariedade espiritual!

Essa força de atração de todas as espécies iguais, tão importante no nascimento, pode partir do pai, bem como da mãe, assim como de cada um que esteja na proximidade da futura mãe. Por isso uma futura mãe devia ser cautelosa em relação àqueles que ela permite ficar em sua proximidade. Cumpre ponderar aí que a força interior reside predominantemente nas fraquezas e não acaso no caráter exterior. As fraquezas trazem momentos culminantes de vivenciar interior, que resultam em vigorosa força de atração.

A vinda terrena do ser humano compõe-se, pois, de geração, encarnação e nascimento. A encarnação, isto é, a entrada da alma, ocorre no meio do período da gravidez. O crescente e mútuo estado de maturação, tanto da futura mãe, como da alma em vias de encarnação, conduz a uma especial ligação ainda mais terrena. Essa é uma irradiação provocada pelo mútuo estado de maturação, e por fenómeno natural buscam-se reciprocamente de modo irresistível. Tal irradiação se vai tornando cada vez mais intensa, prendendo uma à outra, a alma e a futura mãe, cada vez mais forte e de maneira exigente, até que por fim a alma é literalmente absorvida pelo corpo em desenvolvimento no ventre materno.

Esse momento de ingresso ou de absorção acarreta também, naturalmente, os primeiros abalos do pequeno corpo, o que se manifesta por contrações que são chamadas os primeiros movimentos da criança. Com isso se processa na futura mãe, muitas vezes, uma transformação de seus sentimentos intuitivos. De modo bem-aventurado ou opressor, conforme a espécie da alma humana que ingressa.

A alma humana, até tal ponto desenvolvida, veste com o pequeno corpo o manto de matéria grosseira, que é necessário a fim de experimentar vivencialmente tudo, de modo pleno, na matéria grosseira, ouvir, ver e sentir, o que só se torna possível através dum invólucro ou dum instrumento da mesma matéria, da mesma espécie. Só então poderá passar do petiscar para o saborear propriamente e, com isso, para o discernimento. É compreensível que a alma tenha que aprender primeiro a se servir desse novo corpo como instrumento, e a dominá-lo.

Eis resumidamente o processo evolutivo do ser humano até o seu primeiro nascimento terreno.

[…]

O ser humano de hoje parece-se com um homem a quem foi dado um reino e que prefere malbaratar seu tempo com brinquedos de criança.

Evidente é, e nem se pode esperar de outro modo, que as forças poderosas outorgadas ao ser humano terão de destroçá-lo, se não souber dirigi-las.

Também a força sexual terá de destruir o ser humano individual, povos inteiros, lá onde se abusar de sua finalidade principal! A finalidade da geração só vem em segundo lugar.

E que meios de auxílio oferece a força sexual a cada pessoa, a fim de que reconheça a finalidade principal e a vivencie!

Pense-se no sentimento intuitivo do pudor corporal! Desperta simultaneamente com a força sexual, é dado para proteção.

Como em toda a Criação há também aqui um trítono, e no descer reconhece-se igualmente um desenvolvimento cada vez mais grosseiro. O sentimento intuitivo do pudor, como a primeira consequência da força sexual, deve constituir o obstáculo quanto à transição para o instinto sexual, a fim de que o ser humano em seu alto nível não se entregue à prática sexual animalescamente.

Ai do povo que não der atenção a isso!

Um forte sentimento intuitivo de pudor cuida para que o ser humano jamais possa sucumbir a uma embriaguez sensual! Protege contra paixões, pois devido a fenómeno completamente natural, jamais permitirá oportunidades para se esquecer durante uma fração de um momento sequer.

Somente com muita força consegue o ser humano afastar, mediante sua vontade, essa maravilhosa dádiva, para então comportar-se animalescamente! Tal violenta intromissão na ordem universal do Criador terá, porém, de tornar-se maldição para ele, pois, a força do instinto sexual corpóreo assim libertada não lhe é mais natural em seu desencadeamento.

Faltando sentimento intuitivo do pudor, o ser humano transforma-se de senhor em servo, arrancado de seu degrau humano, e colocado ainda abaixo do animal.

Pondere o ser humano, somente acentuado pudor impede a oportunidade de queda. Com isso lhe é dada a mais vigorosa defesa.

Quanto maior for o pudor, tanto mais nobre será o instinto, e tanto mais alto espiritualmente estará o ser humano. É essa a melhor medida do seu valor espiritual interior! Essa medida é infalível e facilmente reconhecível por qualquer pessoa. Com o estrangulamento ou afastamento do sentimento exterior do pudor, ficam também, concomitantemente, sempre asfixiadas as propriedades anímicas mais finas e mais valiosas e, com isso, desvalorizado o ser humano interior.

É um sinal infalível de profunda queda e decadência certa quando a humanidade, com a mentira do progresso, começa a querer se “elevar” acima da joia do sentimento do pudor, em todos os sentidos beneficiadora! Seja, pois, sob o manto do exporte, da higiene, da moda, da educação infantil ou sob tantos outros pretextos de bom grado acolhidos. Então não se poderá impedir mais a decadência e a queda, e somente um pavor da pior espécie poderá ainda levar alguns ao despertar.

E, todavia, é facilitado ao ser humano terreno enveredar pelo caminho das alturas.

Basta que se torne somente “mais natural”. Ser natural, porém, não significa andar seminu por aí, ou perambular descalço, com trajes extravagantes! Ser natural significa atender cuidadosamente aos íntimos sentimentos intuitivos e não eximir-se veementemente das admoestações dos mesmos!

Infelizmente, porém, mais da metade das criaturas humanas já chegaram hoje a tal ponto, que se tornaram demasiado broncas para ainda compreenderem os sentimentos intuitivos naturais. Para tanto já se restringiram excessivamente! Um grito de pavor e de horror será o fim disso!

Feliz daquele que então puder vivificar novamente o sentimento do pudor! Tornar-se-lhe-á escudo e apoio, quando tudo o mais se destroçar.

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 51 “A força sexual em sua significação para a ascensão espiritual” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!

Novembro 01, 2015

Jesus, vindo do Divinal, usou com direito essas palavras, porque podia abranger tudo com a vista e era o único que podia esclarecer realmente. A sua Mensagem, que se não deixa separar dele próprio, mostra, em meio à confusão das falsas conceções, o caminho claro para cima, para a Luz. Isso significa, para todos os espíritos humanos, a possibilidade de se soerguerem, ou a ressurreição da matéria em que eles estão mergulhados para o próprio desenvolvimento progressivo. Tal ressurreição é, para cada um, vida!

Escutai atentamente: toda a baixeza e todo o mal, portanto tudo quanto se chama trevas, encontra-se apenas na matéria, tanto na grosseira como na fina! Quem compreende isso acertadamente já lucrou muito.

Logo que o ser humano pensa de modo mau ou baixo, ele se prejudica a si próprio de modo descomunal. A energia principal de sua vontade flui então em direção do que é baixo como uma irradiação magnética emitida, e atrai, em virtude do próprio peso, a matéria fina mais densa, por sua vez também mais escura devido à densidade, pelo que o espírito humano, de quem se originou a vontade, ficará envolto por essa espécie densa da matéria.

Também quando o sentido humano é preponderantemente dirigido para as coisas terrenas, como que tomado por alguma paixão que não seja apenas imoralidade, jogatina ou bebedeira, mas também pode ser uma acentuada predileção por qualquer coisa terrenal, um invólucro de matéria fina mais ou menos denso então se fechará em torno de seu espírito, pelo fenómeno que já mencionei.

Esse invólucro denso, e por isso também escuro, retém o espírito de qualquer possibilidade de escalada e assim permanece, enquanto esse espírito não alterar o modo de seu querer.

Só o querer sincero e um sério esforço pelo espiritual elevado podem afrouxar semelhante invólucro e por fim dissolvê-lo totalmente, porque, não recebendo mais suprimento de forças da espécie igual, irá aos poucos perdendo o apoio, acabando por cair dissolvido, libertando assim o espírito para a escalada.

Por matéria fina não se tem em mente acaso um refinamento dessa matéria grosseira visível, mas é uma espécie totalmente estranha a essa matéria grosseira, de outra estruturação, mas que não obstante pode ser chamada de matéria. É uma transição para a entealidade, da qual se origina a alma do animal.

Permanecendo na matéria, os seres humanos, um dia, de acordo com a natureza da coisa, terão de ser arrastados à decomposição de tudo quanto é material, que a ela está sujeito, porque eles, devido ao seu invólucro, não poderão mais se desligar em tempo da matéria.

Eles que, para seu desenvolvimento, mergulharam conforme o próprio desejo na matéria, nela permanecerão atados, se não se mantiverem no caminho certo! Não conseguirão emergir dela, o que significaria uma ressurreição ao encontro da Luz.

Sirva de explicação mais detalhada, que todo o desenvolvimento de um germe espiritual que anseia pela autoconsciência pessoal, condiciona um mergulhar na matéria. Só pelo vivenciar na matéria poderá desenvolver-se nesse sentido. Nenhum outro caminho lhe fica aberto para tanto. Mas não será acaso forçado a isso; pelo contrário, acontecerá apenas quando nele despertar o anseio próprio para isso. Seu desejar impulsiona-o então ao encontro do indispensável processo evolutivo. Para fora do assim chamado Paraíso do inconsciente, e com isso também para fora do irresponsável.

Se as criaturas humanas na matéria, por causa de desejos erróneos, perderem o caminho certo que conduz novamente para cima, de volta para a Luz, permanecerão vagando na matéria.

Tentai, pois, olhar para os fenómenos na matéria grosseira. O formar e o decompor em vosso ambiente mais próximo e visível.

Observai no germinar, crescer, amadurecer e decompor, o formar-se, portanto, o conglomerar-se dos elementos básicos, o amadurecer e o retornar novamente para os elementos básicos mediante o desfazer-se, isto é, pela desintegração das formas na decomposição. Vedes isso nitidamente na água, igualmente nas pedras pela assim chamada desintegração, nas plantas e nos corpos, tanto animais como humanos. Contudo, como aqui nas coisas pequenas, assim também ocorre exatamente nas coisas grandes e, por fim, de modo igual, em todos os fenómenos universais. Não somente na matéria grosseira, que é visível aos seres humanos terrenos, mas também na matéria fina, no assim chamado Além, que todavia ainda nada tem a ver com o Paraíso.

Toda a matéria pende qual enorme grinalda, como a parte mais baixa da Criação e move-se num círculo gigantesco, cujo percurso abrange milhões de anos. Portanto, no fenómeno da grande Criação, tudo gira não só em redor de si mesmo, mas o todo se move irresistivelmente além disso ainda numa órbita descomunal. Assim como esse grande percurso resultou do primeiro conglomerar-se até à perfeição atual, da mesma forma prossegue sem interrupção, até começar a se efetuar a decomposição, retornando à matéria original. Ainda assim o círculo prossegue tranquilamente com essa matéria original para, na nova conglomeração que então se segue, formar outra vez novas partes do Universo, contendo em si energias virginais ainda intatas.

Assim é o grande processo que se repete eternamente, tanto nas coisas mínimas como nas máximas. E acima desse circular está, firme, a primeira Criação puramente espiritual, o assim chamado Paraíso. Este, ao contrário da matéria formada, não está sujeito à decomposição.

Nesse espiritual eterno, que se acha resplandecente acima do circular, encontra-se o ponto de partida do germe espiritual inconsciente do ser humano. O espiritual é também o que constitui novamente a meta final para o espirito humano, que na matéria se tornou consciente de si e com isso também pessoal.

Sai como germe inconsciente e irresponsável. Volta como personalidade própria e consciente, e com isso responsável, se… não se perder no seu caminho indispensável através da matéria, ficando devido a isso preso nela, mas sim festejar a ressurreição, saindo dela como espírito humano tornado plenamente consciente. É o alegre emergir da matéria, ao encontro dessa parte luminosa e eterna da Criação.

Enquanto o espirito humano se encontra na matéria, participa com ela duma parte do eterno grande circular, sem que, evidentemente, disso se aperceba. E assim ele também chega finalmente um dia àquele limite em que a parte do Universo, onde ele se encontra, vai lentamente ao encontro da decomposição.

[…]

Cristo, por meio de cada uma de suas frases, através de imagens, sempre esclarece algum fenómeno na Criação.

Se, pois, disse: “Ninguém chega ao Pai a não ser através da minha Mensagem, ou através da minha Palavra, ou através de mim”, é o mesmo. Quer dizer tanto, como: “Ninguém acha o caminho, a não ser através daquilo que digo”. Um significa o mesmo que o outro. Da mesma forma quando diz: “Trago-vos em minha Mensagem a possibilidade de ressurreição da matéria, e, com isso, também a vida”; ou “Eu, com a minha Palavra, sou para vós a ressurreição e a vida”.

Os seres humanos devem compreender o sentido, mas não se confundirem sempre de novo com palavreados.

Os fenómenos aqui apontados em largos traços na órbita da matéria podem apresentar algumas exceções, cujas causas, no entanto, não são devidas a modificações ou desvios das leis atuantes da Criação, mas nisso se encontra igualmente uma realização perfeita e inalterável.

A fim de não deixar que surjam equívocos, quero já aqui, antecipando dissertações futuras, dar algumas breves indicações:

A mencionada temporária desintegração de todas as matérias, em determinado lugar de sua órbita, é uma consequência do facto de as sementes do espírito humano, que trazem em si a faculdade de livre decisão, poderem se desenvolver nas matérias.

Como essa faculdade de livre decisão nem sempre escolhe o caminho em direção à Luz, forma-se uma condensação das matérias, não desejada pela Luz, que as deixa se tornarem mais pesadas, impelindo-as para baixo, para um curso que conduz ao superamadurecimento e ao funil que age sobre tudo como um filtro purificador, no qual, concomitantemente, se processa a desintegração.

Uma parte do Universo ou corpo sideral material, onde espíritos humanos em desenvolvimento estão sintonizados com todos os seus desejos e sua vontade pura somente para a Luz, permanece mais luminosa e desse modo mais leve, em uma altitude que sem interrupção está capacitada a receber de modo pleno as forças vivas das irradiações prevenientes da Luz, podendo com isso permanecer sempre vigorosa e sadia, vibrando nas leis da Criação, nem chegando por isso ao curso que deve conduzir ao superamadurecimento e à desintegração.

Tais partes passam, naturalmente, portanto segundo a Vontade da Luz, bem alto por cima disso.

Mas a isso, infelizmente, pertencem apenas mui poucas partes. A culpa disso cabe ao espiritual humano autorizado a se desenvolver, porque escolheu caminhos errados, neles persistindo apesar de todas as exortações.

Onde porém, um ato de graça de Deus, na maior aflição, isto é, pouco antes da entrada na força de sucção do sorvedouro da desintegração, ainda quer oferecer auxílio, lá o processo muda.

Com a ancoragem da Luz mediante a chegada dum emissário de Deus, a força da Luz, sem participação dos espíritos humanos, será reforçada de tal modo que se processará uma purificação, erguendo assim aquela parte agraciada da matéria ainda no último momento para as alturas mais luminosas, de maneira a passar por cima do funil de desintegração, podendo continuar a existir.

A purificação, naturalmente, varre tudo quanto é treva, bem como os produtos e os asseclas das trevas juntamente com suas obras, enquanto os espíritos humanos ainda remanescentes têm de se empenhar com todas as suas forças, gratamente, ao encontro da Luz.

Esse extraordinário fenómeno vibra também inteiramente nas leis da Criação, sem se desviar sequer pela espessura de um fio de cabelo em seus efeitos. A purificação violenta, ligada à ancoragem da Luz, corresponde a um total renascimento.

Abdruschin

           

Excerto da Dissertação 52 “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Matéria grosseira, matéria fina, irradiações, espaço e tempo

Novembro 01, 2015

Muitas perguntas vieram sobre o conceito das minhas expressões matéria grosseira e matéria fina. A matéria grosseira é tudo aquilo que o ser humano pode ver com seus olhos terrenos, o que terrenalmente sente e ouve. A isso pertence também aquilo que vê por intermédio de recursos terrenos e que ainda verá por futuras invenções. Como, por exemplo, tudo quanto é visto pelo microscópio. A matéria grosseira é apenas uma determinada espécie da matéria.

O grande domínio de toda a matéria, no entanto, abrange várias espécies que são totalmente diferentes entre si desde a base, razão por que jamais se misturam entre si.

As diferentes espécies da matéria encontram-se bem em baixo, no fundo ou fim da Criação. Novamente, como em toda a Criação, começando por cima com a espécie mais leve e terminando em direção para baixo, com a mais pesada e mais densa. Todas essas espécies da matéria servem, unicamente, como recursos para o desenvolvimento de todo o espiritual que ali entra como semente em fértil campo de cultivo; exatamente como um grão de semente necessita da terra para a germinação e o crescimento.

A própria matéria, nas diversas camadas, é por si só inativa, desamparada. Só quando é traspassada e ligada pelo enteal, que se acha acima dela, recebe calor e vida, servindo de invólucros ou corpos das mais diversas formas e espécies.

Conforme já disse, as diferentes espécies da matéria não se deixam misturar, mas sim ligar e entretecer multiplamente pelo enteal. Nesse ligar e entretecer originam-se, pois, calorias e irradiações. Cada uma das espécies da matéria gera com isso sua própria e determinada irradiação, que se mistura com as irradiações das outras espécies a que está ligada, resultando, conjuntamente, um anel de irradiações que já hoje se conhece e se denomina por Od ou também irradiação.

Assim, cada pedra, cada planta, cada animal tem sua irradiação, que pode ser observada e que varia completamente segundo o estado do corpo, isto é, do invólucro ou forma. Por isso podem ser observadas perturbações no anel de irradiações e reconhecidos assim focos de doenças do invólucro.

O anel de irradiações dá, por conseguinte, a cada forma um âmbito especial, que constitui uma proteção na defesa, e ao mesmo tempo, porém, uma ponte para o âmbito mais afastado.

Alcança, além disso, ainda a parte interna, a fim de coparticipar do desenvolvimento do núcleo enteal, no sentido mais grosseiro, pois na realidade juntam-se ainda muitas coisas para a verdadeira atuação na Criação, as quais somente posso desenrolar mui vagarosamente, passo por passo, para facilitar, aos que procuram seriamente, a penetração nas leis da Criação.

Sem ser perpassada pelo enteal, a matéria nada é. O que agora observávamos, porém, era apenas a ligação do enteal com as diversas espécies de matéria. E isso, por sua vez, só então proporciona o campo de cultivo para o espírito! O enteal ata, liga e vivifica o que é material; o espírito, porém, domina a matéria com o enteal. Assim que o espírito, portanto, o que é espiritual, mergulha na ligação vivificada pelo enteal para o seu desenvolvimento, essa lhe fica subordinada sem mais nem menos, conforme a natureza da coisa, portanto, inclusive o enteal.

O domínio é assim entregue ao espiritual, do modo mais natural. Triste, se ele o utiliza mal ou erradamente! O verdadeiro recurso do espírito, para seu desenvolvimento na Criação, é, pois, proporcionado pelas irradiações de que acabamos de falar. O solo para o desenvolvimento do espírito já é antes de seu mergulho preparado cuidadosamente pelo enteal. Os invólucros envolvem-no automaticamente, protegendo-o, e a sua incumbência é utilizar-se direito do recurso assim outorgado, para o seu bem e ascensão, não, porém, para seu dano e queda.

Não é difícil compreender que a espécie de matéria do invólucro do espírito que está representada do modo mais vigoroso, tem de ser também decisiva para a espécie da mistura de irradiações, pois aí dominará naturalmente sempre a irradiação da espécie material mais forte existente. No entanto, o predominante aí é, por sua vez, o que tem maior influência, intrínseca e extrinsecamente.

A mistura de irradiações é, contudo, de importância muito maior do que a humanidade até agora pôde pesquisar. De sua verdadeira missão não foi pressentida nem a décima parte!

A constituição do anel de irradiações é decisiva para a força das ondas, as quais têm de receber vibrações do sistema de irradiações do Universo inteiro. O ouvinte e leitor não passe aqui superficialmente sobre isso; pelo contrário, aprofunde-se nesse pensamento e assim verá diante de si, bem subitamente, todos os fios dos nervos na Criação, os quais deverá aprender a tocar e utilizar.

Deve imaginar a força primordial derramada irradiantemente sobre a obra da Criação! Perflui cada parte e cada espécie. E cada parte e cada espécie transmiti-la-á modificada de modo irradiante. A constituição diversa das partes da Criação produz assim modificação na irradiação primordial, que modifica igualmente a cor dessa irradiação.

[…]

Ao ouvinte e ao leitor certamente acontecerá assim como a uma criatura a quem eu mostre, primeiramente, um esqueleto humano e em seguida coloque ao lado dele um ser humano vivo, na plenitude de sua força e atividade. Se ela não tivesse ainda qualquer ideia do ser humano, não reconheceria na pessoa viva o esqueleto, talvez até dissesse que um nem tem conexão com o outro, ou ainda, que não é a mesma coisa.

Identicamente sucederá com aqueles que em minhas explanações não me seguirem calmamente até o fim. Quem não procurar desde o início entender com sincero afinco, não poderá então compreender a Criação toda quando eu tiver chegado aos derradeiros esclarecimentos. Tem de procurar seguir nisso apenas passo a passo.

Como tive de falar em largos traços, passo agora lentamente para as coisas novas. Do contrário seria demasiadamente saltitante. Aliás, já me foi dito muitas vezes que em tudo dou somente extrato, que a uma grande maioria não se torna tão facilmente compreensível. No entanto, não posso agir de outro modo, se quiser trazer tudo aquilo que ainda tenho por falar. Do contrário, teríamos de parar na quarta parte, visto que para esclarecimentos mais amplos uma existência terrena decerto não daria. Virão outros que poderão escrever um ou mesmo mais livros de cada uma das minhas dissertações. Eu não posso agora me deter nisso.

Uma vez que a matéria fina, como eu disse, é de espécie diferente da matéria grosseira, decorre disso algo a que até aqui não fiz menção. Para não confundir, até agora me servi de expressões populares a respeito de muitas coisas, as quais devo agora ampliar. A isso pertence, por exemplo, a expressão: “Estar acima do tempo e do espaço!”

Isso referia-se sempre ao extraterrenal. Com vistas a um prosseguimento, precisamos dizer de hoje em diante: a vida na matéria fina “encontra-se acima do conceito terreno de espaço e de tempo”, pois também na matéria fina existe um conceito de espaço e tempo, porém de maneira diferente, consentânea com a matéria fina. O conceito de espaço e de tempo encontra-se até na Criação toda, mas sempre ligada à espécie determinada! A própria Criação tem seus limites; com isso um conceito de espaço também é válido para ela.

Também todas as leis básicas que perpassam uniformemente a Criação inteira, são em seus efeitos sempre influenciadas pela respetiva espécie da Criação, e subordinadas às particularidades dela! Por isso as consequências de uma determinada lei também devem apresentar-se diferentes nos diversos setores da Criação, o que tem levado a grandes equívocos, contradições, dúvidas quanto à uniformidade das leis da Criação ou da Vontade Divina, e também à crença em atos arbitrários do Criador. No fundo, porém, dependia e depende tudo apenas da ignorância dos seres humanos a respeito da própria Criação.

Sobre essas coisas só virei a falar mais minuciosamente muito mais tarde, pois hoje elas desviariam e turvariam a atenção do ouvinte e leitor. Falarei tão logo se torne necessário para compreensão progressiva. Não ficará nenhuma lacuna.

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 53 “Matéria grosseira, matéria fina, irradiações, espaço e tempo” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

O erro da clarividência

Novembro 01, 2015

Clarividência! Quanta glorificação se reúne em torno disso, e também quanta ironia se ouve dum lado, ao passo que do outro se apresenta uma curiosidade temerosa; o resto é respeitoso silêncio. Os próprios videntes andam orgulhosos por aí, como pavões pelo galinheiro. Julgam-se, em presunçosa humildade, agraciados por Deus, sentindo-se com isso elevados muito acima dos outros. Deixam-se de bom grado admirar por algo que na realidade lhes é tão estranho, como seu ambiente que muito pergunta.

Envolvem em sorriso inexpressivo sua ignorância real, de modo a aparentar sabedoria. É, no entanto, antes de tudo, a expressão que se tornou habitual, de sua ignorância diante de perguntas que exijam conhecimento próprio sobre o fenómeno.

Na realidade, eles não conhecem mais do que o martelo e o cinzel, com os quais a mão do artista molda qualquer obra. No entanto, aqui também são novamente apenas os próprios seres humanos que querem transformar os seus semelhantes, dotados de capacidades clarividentes, em algo diferente do que realmente são, prejudicando-os com isso gravemente.

Essa é a situação doentia que se encontra hoje por toda a parte. Na maioria dos casos esse “ver” é, sim, real, mas de modo algum algo de extraordinário que fosse digno de admiração e muito menos ainda de um calafrio, uma vez que na realidade devia ser algo muito natural. Natural, porém, será apenas quando surgir espontaneamente e, também, for deixado ao verdadeiro desenvolvimento, de modo sereno, sem ajuda alheia ou própria. Uma ajuda a tal propósito é tão condenável, quanto seria uma ajuda por ocasião do falecimento corpóreo.

A vidência, porém, só ganha valor pelo autêntico saber. Só o saber, exclusivamente, consegue dar segurança a essa faculdade natural e, concomitantemente, a sintonização certa com o rumo certo. Contudo, que isso falta à grande maioria de todas as pessoas clarividentes, pode-se desde logo verificar pela afoiteza ambiciosa que traz consigo a presunção, bem como pelo facto, desveladamente exposto e também prazerosamente expresso, de se considerarem sabidos.

E essa presunção de saber é exatamente aquilo que impede tais pessoas não só de progredir mais, mas que até lhes traz a perdição, levando-as, em seus esforços, a desvios que conduzem para baixo, em vez de para cima, sem que aquele que se considera mais sabido se aperceba de algo disso. Para tais, apenas como máximo auxílio, pode dar-se aqui e acolá que sua clarividência ou clariaudiência pouco a pouco se enfraqueça e se perca. Isso é salvação! Através de qualquer circunstância favorável que suceda para eles e das quais há múltiplas.

Observemos agora as pessoas videntes e a sua convicção errónea, que transmitem a outras pessoas. Exclusivamente a elas cabe a culpa de que até agora todo esse terreno pudesse ter sido lançado à lama como errado e incerto.

O que tais pessoas veem é, no melhor e mais avançado caso, o segundo degrau do assim chamado Além, se se quiser dividi-lo em degraus (não entendido por planos) e nos quais o da Luz seria, mais ou menos, o vigésimo, apenas para se obter uma imagem aproximada da diferença. Os seres humanos, porém, que realmente conseguem ver até um segundo degrau, pensam com isso realizar algo colossal. Aqueles, contudo, que apenas podem ver até o primeiro degrau, na maioria dos casos se enfatuam muito mais ainda.

Deve-se, pois, considerar que um ser humano, com seu dom máximo, na realidade pode ver sempre só até onde lhe permitir o seu próprio amadurecimento interior. Está atado aí ao seu próprio estado íntimo! Pela natureza da coisa, é-lhe simplesmente impossível ver algo diferente, ver realmente, que não seja sua própria igual espécie. Portanto, dentro do âmbito em que poderia locomover-se desimpedidamente depois de seu falecimento terreno. Não mais adiante, pois no momento em que ele transpusesse aquele limite do Além, que lhe prescreve o estado de seu próprio amadurecimento, teria de perder imediatamente qualquer consciência do seu ambiente. Por isso só, de modo algum conseguiria transpor este limite.

Se, no entanto, sua alma, ao sair, fosse levada por alguém do Além, pertencente ao próximo degrau mais alto, perderia ele logo a consciência naqueles braços ao transpor o limite para o degrau mais alto, isto é, adormeceria. Trazido de volta, poderia apenas lembrar-se sempre, apesar de seus dons clarividentes, até o ponto em que sua própria maturidade lhe permitiu olhar em redor, acordado. Portanto, não lhe adviria vantagem alguma, mas sim prejudicaria seu corpo de matéria fina.

Tudo quanto supõe ver além disso, sejam paisagens ou pessoas, jamais foi vivenciado por ele de modo realmente vivo, ou pessoalmente visto, mas trata-se aí apenas de imagens a ele mostradas e cuja linguagem também supõe ouvir. Jamais é a realidade. Tais imagens são aparentemente tão vivas, que ele mesmo não consegue distinguir entre o que apenas lhe é mostrado e o que realmente vivencia, porque o ato de vontade dum espírito mais forte pode criar tais imagens vivas.

Acontece assim que muitos clarividentes e clariaudientes julgam encontrar-se muito mais alto, em seus passeios no Além, do que realmente estão. E daí se originam tão numerosos erros.

Igualmente constitui um grande erro, quando alguns supõem ver ou ouvir Cristo, pois isto seria coisa impossível, segundo as leis da Criação oriundas da Vontade Divina, devido ao enorme abismo decorrente da ausência de espécie igual! O Filho de Deus não pode vir a uma sessão espírita, como quem vai a uma reunião de chá, a fim de ali embevecer as visitas distinguidamente, tampouco grandes profetas ou espíritos mais elevados.

No entanto, a espírito humano algum, ainda ligado à carne e ao sangue, é permitido movimentar-se tão segura e firmemente no Além, durante a vida terrena, a fim de poder ver ou ouvir tudo desveladamente e talvez até correr degraus acima. Tão simples a coisa não é, apesar de toda a naturalidade. Ela permanece ligada às leis incontornáveis.

E quando um clariaudiente ou um clarividente negligencia suas tarefas terrenas, por querer penetrar somente no Além, perde mais com isso do que ganha. Quando lhe chegar então a hora para amadurecer no Além, terá consigo uma lacuna que somente na Terra poderá preencher. Por isso não pode subir mais, fica preso até certo ponto e tem de voltar a fim de recuperar o que perdeu, antes de poder pensar numa continuação séria da escalada. Também aqui tudo é simples e natural; apenas sempre uma consequência indispensável do que ficou atrás, que jamais se deixa desviar.

Cada degrau de uma existência humana requer ser vivido realmente com toda a sinceridade, com plena capacidade de receção da respetiva época. Insuficiência nisso acarreta um afrouxamento que no caminho seguinte se fará sentir cada vez mais, produzindo finalmente uma rutura com a consequente ruína, se não se voltar a tempo, reparando o lugar defeituoso mediante renovado vivenciar, para que este se torne firme e seguro.

Assim é em todos os fenómenos. Infelizmente, porém, o ser humano adquiriu o hábito doentio de estender a mão sempre além de si mesmo, porque julga ser mais do que realmente é.

Abdruschin

                        

Dissertação 54 “O erro da clarividência” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Espécies de clarividência

Novembro 01, 2015

Longo tempo hesitei em responder a diversas perguntas sobre a clarividência, porque cada ser humano que houver lido direito a minha Mensagem do Graal, tem de estar perfeitamente informado a tal propósito. Pressuposto, naturalmente, que não tenha lido essa Mensagem como mera leitura, como passatempo ou com preconceitos, mas nela se tenha aprofundado seriamente, considerando importante cada frase, cujo sentido em si, bem como o fato de ela pertencer incondicionalmente a toda a Mensagem, ele tem de se esforçar em perscrutar, pois assim é exigido de antemão.

O espírito aí tem de estar alerta. Pessoas superficiais devem devido a isso ser automaticamente excluídas.

Repeti frequentemente que uma espécie só pode ser reconhecida sempre pela mesma espécie. Por essas espécies se entendem naturalmente espécies da Criação.

Visto de baixo para cima, existem a espécie de matéria grosseira, a de matéria fina, a enteal e a espiritual. Cada uma dessas espécies se subdivide, por sua vez, em muitos degraus, de maneira a facilmente haver o perigo de confundir os degraus finos da matéria grosseira com os degraus grosseiros da matéria fina. Praticamente imperceptíveis são as transições, as quais nos efeitos e fenómenos não são acaso firmemente unidas, pelo contrário, apenas engrenam-se umas nas outras.

Em cada um desses degraus se manifesta uma vida de espécie diversa. O ser humano dispõe dum invólucro de cada espécie da Criação que se encontra abaixo do espiritual. O núcleo, em si, é espiritual. Cada invólucro equivale a um corpo. O ser humano é, portanto, um núcleo espiritual que no desenvolvimento da autoconsciência adquire forma humana, a qual, com o desenvolvimento progressivo rumo à Luz, idealiza-se cada vez mais até a mais perfeita beleza; com um desenvolvimento para baixo, porém, adquire cada vez mais o contrário disso, até as deformações mais grotescas. A fim de excluir aqui qualquer equívoco, quero mencionar especialmente que o invólucro de matéria grosseira ou corpo não passa por esse desenvolvimento. Apenas tem de cooperar durante curto período, e no plano terrestre de matéria grosseira pode estar sujeito somente a bem reduzidas variações. Uma criatura humana externamente bonita pode, portanto, ser interiormente má e vice-versa.

O ser humano na face da Terra, isto é, na matéria grosseira, traz consigo os invólucros de todas as espécies da Criação ao mesmo tempo. Cada invólucro, portanto cada corpo das diversas espécies, tem seus órgãos sensoriais independentes. Os órgãos de matéria grosseira, por exemplo, só podem atuar na mesma espécie., isto é, na espécie de matéria grosseira. Um desenvolvimento mais minucioso nisso dá, no caso mais favorável, a possibilidade de conseguir ver até um certo grau da mais fina matéria grosseira.

Essa matéria grosseira mais fina é denominada “astral” pelas pessoas que com ela se ocupam, um conceito, aliás, que realmente nem é conhecido direito por aqueles que criaram essa expressão, muito menos ainda pelos que a repetem.

Aplico essa terminologia conceitual por já ser conhecida. Aliás, essa denominação vale, como é usual em pesquisas ocultistas, apenas como uma espécie de conceito coletivo de tudo aquilo que se conhece, sim, e que se pressente como existente, mas que ainda não se pode compreender direito, e menos ainda fundamentar.

Todo o querer saber dos ocultistas, até agora formulado, nada mais é do que um grande labirinto de ignorância criado por eles próprios, um monte de entulho de arrogâncias do raciocinar intelectivo, insuficiente para tais coisas. Não obstante, quero ficar com a designação “astral”, tão usada. Mas o que os seres humanos veem e entendem como “astral”, não pertence sequer à matéria fina, mas tão-somente à fina matéria grosseira.

Os pesquisadores imbuídos de ilusões humanas ainda nem saíram das paragens da matéria grosseira, mas sim permanecem na espécie mais inferior da Criação posterior, fazendo por isso tanto alarde com estrangeirismos os mais “soantes” possíveis! Nem sequer enxergam com os olhos de matéria fina, mas tão-somente com o sentimento intuitivo de transição dos olhos de matéria grosseira para os de matéria fina. Poder-se-ia chamar isso uma visão de transição ou semivisão.

Quando uma pessoa se desfaz do corpo de matéria grosseira pela morte terrena, são abandonados com isso, naturalmente, também os órgãos sensoriais da matéria grosseira, porque eles pertencem exclusivamente ao respetivo invólucro. A morte terrena não é outra coisa, portanto, do que o abandono do invólucro mais extenso ou casca, que lhe possibilitava ver e agir na matéria grosseira. Logo depois desse despir encontra-se ela no assim chamado outro mundo ou, melhor falando, nas planícies da matéria fina. Aqui poderá, novamente, apenas agir com os órgãos sensoriais do corpo de matéria fina, que agora lhe ficou como casca mais externa. Vê, por conseguinte, com os olhos do corpo de matéria fina, ouve com os ouvidos deste etc.

Natural é que o espirito humano, ao entrar na matéria fina, precise aprender a se servir correspondentemente certo dos órgãos sensoriais do invólucro de matéria fina, que são assim de repente obrigados a entrar em funcionamento, como antes os órgãos do corpo grosso-material na matéria grosseira. Correspondentemente à matéria de espécie diferente, não tão pesada, o aprendizado de utilização correta dos órgãos ocorre também de modo mais rápido, mais leve. E assim é com cada espécie seguinte.

A fim de facilitar esse aclimatar-se nas diferentes espécies, é dada a visão de transição ou semivisão dos planos intermediários. Os olhos de matéria grosseira conseguem, com certas tensões, através de estados extraordinários do corpo, ver, pressentindo, o plano de interligação entre a matéria grosseira e a matéria fina, ao passo que os olhos de matéria fina alcançam, igualmente, no estado inicial de suas atividades, o mesmo plano de modo retrospetivo e semivisual, onde a parte fina da matéria grosseira toca a parte grossa da matéria fina.

Essa semivisão dá ao espirito humano um certo apoio durante seu trânsito, de modo que nunca se sentirá completamente perdido. Assim ocorre em cada limite entre duas espécies diferentes. A fim de que as duas espécies diferentes de matéria possam se manter interligadas e não formem acaso um abismo, por jamais se poderem misturar, zelam para tanto ondas de forças enteais que, com sua faculdade de atração magnética, atuam prendendo e unindo.

Após passar pelos diversos setores da matéria fina, deixando também o corpo fino-material, o ser humano entra na entealidade. Restou-lhe então o corpo enteal como invólucro mais externo, através de cujos olhos tem agora que olhar e de cujos ouvidos ouvir, até que lhe seja possível também deixar os invólucros enteais e ingressar no reino do espirito. Somente aqui ele é unicamente ele mesmo, sem invólucros, e tem de ver, ouvir, falar etc., com seus órgãos espirituais. Também suas vestes e tudo o que o circunda são de espécie espirito-enteal.

Estas minhas explanações devem ser analisadas rigorosamente pelos leitores, afim de que possam fazer para si uma imagem certa disso.

[…]

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 55 “Espécies de clarividência” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

No reino dos demónios e dos fantasmas

Novembro 01, 2015

Para tal esclarecimento é necessário antes saber que o ser humano terreno não se encontra na Criação primordial, mas numa Criação posterior. A criação primordial é, única e exclusivamente, o reino espiritual, que existe por si realmente, conhecido pelas criaturas humanas como o Paraíso, cujo ápice constitui o Supremo Templo do Graal, como o portal na direção do Divinal, que se encontra fora da Criação.

A Criação posterior, porém, é o assim chamado “mundo” em seu eterno circular orbital, abaixo da Criação primordial, e cujos universos solares isolados estão sujeitos à formação e à desintegração, portanto, ao amadurecer, envelhecer e decompor, porque não foram criados imediatamente pelo Divinal, como a imperecível Criação primordial, o Paraíso.

A Criação posterior originou-se da vontade dos primordialmente criados e está sujeita à influência dos espíritos humanos em desenvolvimento, cujo caminho evolutivo passa através dessa Criação posterior. Essa também a razão das imperfeições aí, não encontradas na Criação primordial, que está aberta à influência imediata do Divino Espírito Santo.

Para consolo dos primordialmente criados, desesperados por causa da crescente imperfeição da Criação posterior, a qual se fazia sentir cada vez mais, clamava-se do Divinal: “Aguardai Aquele que Eu escolhi… para vosso auxílio!” Assim como, razoavelmente nítido, transmite a lenda do Graal como tradição proveniente da Criação primordial.

Agora, ao tema propriamente: cada ação terrenal pode ser considerada somente como expressão exterior de um processo íntimo. Por “processo íntimo” se entende uma vontade intuitiva espiritual. Cada vontade intuitiva é ação espiritual que se torna incisiva para a existência de um ser humano, pois resulta em subida ou em descida. Em caso algum pode ser colocada no mesmo degrau com a vontade mental.

A vontade intuitiva refere-se ao núcleo do ser humano propriamente; a vontade mental, porém, somente a um círculo exterior, mais fraco. Contudo, ambos nem sempre precisam se tornar terrenalmente visíveis, apesar de seus efeitos categóricos. A ação terrena, grosso-material, não é imprescindível para acumular um carma. No entanto, não existe qualquer atividade grosso-material terrena, que não tenha sido precedida por uma vontade mental ou por uma vontade intuitiva. A atividade terrenalmente visível, por isso, depende da vontade mental ou da vontade intuitiva, mas não inversamente.

Aquilo que é realmente incisivo para a existência de um espírito humano, para a sua subida ou descida, está, no entanto, ancorado de modo fortíssimo na vontade intuitiva, que a criatura humana quase nem atenta, mas para cujos efeitos categóricos e que jamais falham, não há nenhuma fuga, nem qualquer paliativo ou adulteração. Somente nisso reside o verdadeiro “vivenciar” do espírito humano, pois a vontade intuitiva é a única alavanca para o desencadeamento das ondas de força espiritual, que se encontra na obra do Criador, aguardando apenas o estímulo da vontade intuitiva dos espíritos humanos, a fim de serem levadas então imediatamente à efetivação, multiplamente aumentado. Exatamente a esse tão importante fenómeno, o mais importante até, pouca atenção tem dado até agora a humanidade.

Por tal motivo quero apontar sempre de novo para um ponto principal, aparentemente simples, mas que encerra tudo em si: a força espiritual que perpassa a obra da Criação só pode obter ligação com a vontade intuitiva dos espíritos humanos; tudo o mais fica excluído de uma ligação!

Já a vontade mental não consegue mais ligação alguma, muito menos quaisquer produtos da vontade mental. Esse facto exclui toda a esperança de que a verdadeira força principal na Criação sequer pudesse ser posta em conexão com qualquer “invenção”! Contra isso é passado um ferrolho inamovível. O ser humano não conhece essa força principal, bem como os seus efeitos, embora esteja dentro dela.

O que este ou aquele pensador ou inventor imagina como força primordial, não o é! Trata-se então sempre de uma energia bem secundária, da qual poderão ser descobertas muitas ainda com efeitos surpreendentes, sem que com isso se aproxime sequer um passo da força propriamente, da qual o espírito humano se serve diariamente de modo inconsciente. Infelizmente como que brincando, sem dar atenção às horríveis consequências dessa desmesurada leviandade! Em sua absoluta ignorância, tenta sempre desviar criminosamente a responsabilidade das consequências para Deus, o que no entanto não o liberta da grande culpa com a qual se sobrecarrega pelo seu não querer saber.

Quero tentar apresentar aqui uma imagem clara. Uma pessoa, por exemplo, sente intuitivamente inveja. Diz-se comummente: “A inveja brota dela!” De início se trata de uma intuição genérica, muitas vezes nem claramente consciente ao espírito humano. Essa intuição, contudo, ainda nem moldada em determinados pensamentos, portanto sem ter ainda “chegado” ao cérebro, por si só é aquilo que traz a chave, única capacitada a estabelecer ligação com a força viva, a formar a ponte para tanto.

Imediatamente flui então tanto dessa “força viva” existente na Criação, em direção à referida intuição, quanto seja a sua capacidade de receção, condicionada pela respetiva força da intuição. Somente com isso a intuição humana, isto é, “espiritualizada”, vivifica-se e recebe a enorme capacidade geradora (não força criadora) no mundo da matéria fina, que torna o ser humano senhor entre todas as criaturas, a criatura suprema na Criação. Esse fenómeno, contudo, deixa-o exercer também imensa influência sobre toda a Criação posterior, acarretando com isso… responsabilidade pessoal, que criatura alguma além dele na Criação posterior pode ter, uma vez que somente o ser humano possui a faculdade determinante para tanto, a qual reside na constituição do espírito.

E somente ele, em toda a Criação posterior, contém espírito em seu âmago mais íntimo e obtém por isso, como tal, exclusivamente também, ligação com a força viva superior que reside na Criação posterior. Por sua vez, os primordialmente criados no Paraíso são de espécie diferente do que os que peregrinam pelos mundos, os assim chamados seres humanos terrenos, razão por que sua faculdade de ligação destina-se também a uma onda de força diferente, mais elevada e ainda muito mais forte, da qual utilizam-se conscientemente, podendo criar assim de modo natural também coisas muito diferentes do que os peregrinadores do mundo, aos quais pertencem os seres humanos terrenos, cuja onda de força superior é apenas uma gradação da energia latente na Criação primordial, da mesma forma que os próprios seres humanos terrenos são apenas uma gradação dos primordialmente criados.

[…]

Uma coisa, porém, ainda quero citar como exemplo, de que modo ocorre o trespasse do Aquém para o Além.

Admitamos que uma senhora ou uma moça tenha ficado involuntariamente em condições de vir a ser mãe e que, conforme infelizmente sucede mui frequentemente, tenha providenciado algo contra isso. Mesmo que tudo haja ocorrido, em casos especialmente favoráveis, sem prejuízos corpóreos, no entanto, com isso o ato não está concomitantemente remido. O mundo de matéria fina, como ambiente depois da morte terrena, regista de modo exato e ininfluenciável.

Desde o momento em que isso ocorreu, apegou-se ao pescoço de matéria fina da mãe desnaturada o corpo de matéria fina da criança em formação, para não sair desse lugar até que o ato seja remido. Evidentemente a respetiva moça ou senhora não notará, enquanto viver na Terra, no corpo de matéria grosseira. No máximo sentirá, como efeito, uma vez por outra, certa sensação levemente angustiante, porque o pequeno corpo de matéria fina da criança em relação ao corpo de matéria groseira tem a leveza duma pluma, e a maioria das jovens, hoje, é demasiadamente embotada para sentir esse pequeno fardo. Esse embotamento, contudo, não constitui qualquer progresso, tampouco um sinal de saúde robusta, pelo contrário, significa retrocesso, o sinal de estar enterrada animicamente.

No momento da morte terrena, porém, o peso e a densidade do pequeno corpo infantil tornam-se iguais aos do corpo de matéria fina da mãe ao sair do corpo terreno, e com isso um autêntico fardo. Causará ao corpo de matéria fina da mãe, imediatamente, os mesmos incómodos como na Terra o agarrar-se de um corpo infantil de matéria grosseira ao seu pescoço. Conforme a natureza dos factos anteriores, isso pode crescer até um tormento asfixiante. Terá a mãe de carregar no Além esse corpo infantil e dele não ficará livre até que nela desperte o amor materno, procurando então, de modo cuidadoso, proporcionar ao corpo infantil todas as facilidades e cuidados, penosamente e com sacrifício da própria comodidade. Até lá, porém, muitas vezes há um caminho longo, cheio de espinhos!

Esses acontecimentos não deixam de ter naturalmente também uma certa tragicomicidade. Basta apenas imaginar qualquer pessoa, para a qual tenha sido retirada a parede separadora entre o Aquém e o Além, entrando numa família ou reunião social. Ali talvez se encontrem senhoras em animada conversa. Uma das senhoras ou “donzelas” emite durante a conversa juízos reprovadores sobre os seus semelhantes, com revolta moral, enquanto que justamente no pescoço daquela tão revoltada ou orgulhosa, a visita vê pendurado um ou até vários pequenos corpos infantis. E não somente isso, mas em cada uma das demais pessoas pendem as obras de sua verdadeira vontade, nitidamente visíveis, que frequentemente se encontram em oposição, a mais grotesca, com as suas palavras e com aquilo que gostaria de aparentar e que também procura representar perante o mundo.

Quanto juiz há, muito mais sobrecarregado de culpa do que o réu por ele condenado e diante do qual está sentado. Quão céleres passarão os poucos anos terrenos, quando ele estará diante do seu juiz, perante o qual valem outras leis. E o que, então?

Infelizmente, na maioria dos casos, o ser humano consegue enganar o mundo de matéria grosseira de modo fácil; isso, no entanto, fica excluído no mundo de matéria fina. Lá, felizmente, o ser humano terá de colher realmente aquilo que semeou. Por isso ninguém precisa desesperar-se se, apesar de tudo, o mal mantiver passageiramente o predomínio aqui na Terra. Nem sequer um único pensamento mau permanecerá inexpiado, mesmo que não se tenha concretizado numa ação de matéria grosseira.

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 56 “No reino dos demónios e dos fantasmas” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Aprendizado do ocultismo, alimentação de carne ou alimentação vegetal

Novembro 01, 2015

As tendências tanto do aprendizado do ocultismo, como da assim chamada reforma da vida, escolheram um elevado alvo; alcançá-lo significaria uma época mais adiantada no desenvolvimento da humanidade. O tempo da concretização desses valiosos alvos de facto virá. Os esforços que agora surgem para esse fim, somente fazem parte do processo de fermentação dessa nova era.

Enquanto os guias das tendências ocultistas, imbuídos das melhores intenções, tomaram um caminho totalmente errado no terreno para eles próprios desconhecido, que nada de diferente alcança a não ser abrir livre passagem para as trevas, expondo a humanidade a perigos aumentados do Além, outrossim, os assim chamados reformadores da vida, para conseguirem seu alvo digno de louvor, ultrapassam-no de muito, em relação à época atual!

As atividades de ambas as partes devem ser empreendidas diferentemente. Os exercícios espirituais exigem desde a base uma maneira mais elevada do que até aqui tem sido feito. Há de se enveredar aí por um caminho totalmente diferente, a fim de poder chegar às alturas. O atual caminho leva exclusivamente ao cipoal inferior do Além, onde a maior parte dos seguidores é inteiramente enlaçada pelas trevas e arrastada para baixo.

O caminho certo tem de conduzir para o alto desde o início, e não deve perder-se primeiro em ambientes inferiores e no máximo de nível idêntico. Os dois caminhos não têm nenhuma semelhança, já são completamente diferentes desde sua espécie básica. O caminho certo logo eleva interiormente; segue, portanto, já desde o início para cima, sem tocar antes no ambiente de matéria fina equivalente, muito menos ainda no inferior, pois isso é desnecessário, uma vez que no sentido normal só deve haver um aspirar da Terra para cima. Por isso seja feita novamente uma séria advertência com relação a todo o acrobatismo do espírito.

Necessita o espírito durante sua existência terrena, imprescindivelmente, de um corpo sadio e robusto, terrenalmente em estado normal, para o pleno cumprimento de sua finalidade de existir. Alterando-se esse estado do corpo, tal alteração perturba a harmonia deveras necessária entre o corpo e o espírito. Só essa proporciona um desenvolvimento sadio e eficaz do espírito, impedindo excrescências doentias.

O corpo sadio e não oprimido, devido ao seu estado normal, harmonizará sempre com o espírito de modo absolutamente natural, proporcionando-lhe assim uma base firme na matéria, na qual o espirito não se encontra sem finalidade, e dando-lhe outrossim o melhor auxílio para cumprir de modo integral essa sua finalidade de autodesenvolvimento e concomitante beneficiamento da Criação.

Cada corpo gera determinadas irradiações que o espírito necessita categoricamente para a sua atividade na matéria. Antes de tudo é a tão misteriosa força sexual, que fica independente do instinto sexual. No caso de uma alteração da harmonia entre o corpo e o espírito, essa força que atua transpassando e irradiando é puxada para outra direção e assim enfraquecida em sua finalidade real.

Isso ocasiona um estorvo ou paralisação do cumprimento na existência do espírito na matéria. A consequência disso é que também o espírito não pode atingir um desenvolvimento normal e, por essa razão, terá de recair enfraquecido, incondicionalmente, em qualquer ponto posterior de sua desejada escalada, por ter de recuperar uma grande parte do seu curso evolutivo, devido à natureza da coisa. Pois o que ele negligencia na matéria grosseira, não pode recuperar na matéria fina, porque lá lhe faltam, para tanto, as irradiações do corpo de matéria grosseira. Terá que voltar, para preencher essa lacuna.

Nesses acontecimentos também se encontra uma tão nítida objetividade, um fenómeno tão natural e simples, que nem pode ser diferente. Qualquer criança certificar-se-á disso claramente, achando lógico, se tiver compreendido acertadamente as leis básicas. Preciso ainda de toda uma série de dissertações, para trazer tão perto da humanidade a Criação grandiosa, de forma que ela mesma possa ver todos os fenómenos em suas naturalíssimas sequências, regressiva e progressivamente, na incomparável e maravilhosa conformidade de leis.

Esse desvio da força sexual indispensável ao espírito na matéria pode dar-se de diversas maneiras. Por excesso das práticas sexuais ou apenas por seu excitamento. Bem como pelo aprendizado do ocultismo ou pelos falsos exercícios espirituais, quando o espírito chama a si violentamente essa força do corpo amadurecido, para desperdiçá-la nessa espécie de atividade errada e inútil. Em ambos os casos uma aplicação errada que, com o tempo, acarretará também enfraquecimento do corpo.

O corpo enfraquecido, por sua vez, não pode produzir mais irradiações tão fortes como o espirito realmente necessita, e assim um adoece pelo outro mais e mais. Chega-se desse modo a uma unilateralidade que sempre se processa em detrimento da finalidade correta, acarretando por isso danos. Não quero entrar aqui em pormenores sobre outros desvios, onde o espirito, identicamente, necessita demais da força sexual para finalidades erradas, dispondo por isso de menos para a finalidade principal, assim como na leitura de livros que deixam surgir um falso mundo na fantasia e outras coisas mais.

Em todos esses casos o espírito chega imaturo no mundo da matéria fina e leva consigo também um corpo de matéria fina fraco. As consequências de tais pecados terrenos intervêm em todo o ser de maneira tão incisiva, que cada ser humano terá de pagar por isso com peso multiplicado. Tal negligência, tal atuação errada durante o tempo terreno se aderem a ele de modo embaraçador, tornando-se-lhe cada vez mais pesado, até que ele, como já foi dito, num certo ponto de sua escalada não pode mais prosseguir, e então recai para lá onde sua atuação errada se iniciou. Até o limite onde ainda possuía sua harmonia.

A força de um espirito desenvolvido por aprendizado do ocultismo, com prejuízo do corpo, é também apenas aparente. O espirito então não é forte, mas sim como uma planta de estufa, que mal pode resistir aos ventos, muito menos ainda às tempestades. Um tal espirito é doente, e não evoluído. O estado equivale a uma febre produzida artificialmente. Também o doente febril pode dispor temporariamente de energias extraordinárias, para então recair ainda mais na fraqueza. Mas o que para o doente febril representa apenas segundos e minutos, para o espirito equivale a decénios e séculos. Chegará um momento em que tudo isso se vingará amargamente.

Por toda a parte a harmonia é a única coisa certa. E unicamente o caminho do meio proporciona harmonia em tudo. A beleza e a força da harmonia têm sido tão frequentemente cantadas. Por que não se quer deixá-la valer aqui, mas destruí-la categoricamente?

Todo o aprendizado do ocultismo no modo de ser de até agora é errado, mesmo que o alvo seja elevado e necessário.

Totalmente diferente é com os guias e os adeptos das assim chamadas reformas da vida. O caminho aqui é certo, sim, mas se quer fazer já hoje, aquilo que só será adequado em gerações, por essa razão o efeito final é hoje não menos perigoso para a maioria dos seres humanos. Falta a transição necessária. A época para o início está aí! Todavia, não se deve sem mais nem menos saltar com os dois pés para dentro; pelo contrário, deve-se conduzir a humanidade lentamente. Para isso decénios não bastam! Conforme se pratica hoje, ocorre, na realidade, mesmo com aparente bem-estar do corpo, um enfraquecimento devido à velocidade da transição. E o corpo assim enfraquecido jamais conseguirá se fortalecer de novo!

Alimentação vegetal! Produz, mui acertadamente, o refinamento do corpo humano, um enobrecimento, também o fortalecimento e grande saneamento. Com isso o espírito também é soerguido. No entanto, tudo isso não é já para a humanidade de hoje. Sente-se a falta de uma direção ponderada nessas tendência e lutas.

Para o corpo de hoje não basta, em circunstância alguma, uma alimentação vegetal assim de imediato, como se fazem tentativas tão frequentemente. Está muito bem quando aplicada temporariamente, e talvez durante anos com doentes; indispensável até para curar algo ou, fortalecendo unilateralmente, ajudar em alguma parte; isto, porém, não perdurará. Deverá então ser reiniciada lentamente a alimentação a que hoje os seres humanos estão tão acostumados, se é que o corpo deva manter sua plena força. A aparência de bem-estar engana.

Certamente é muito bom quando também os sadios uma vez se utilizem durante algum tempo exclusivamente da alimentação vegetal. Sem dúvida sentir-se-ão bem com isso e, igualmente, sentirão um livre impulso do seu espírito. Mas isso é causado pela mudança, como qualquer mudança refresca também espiritualmente.

Mantendo, porém, subitamente a alimentação unilateral de modo permanente, não notarão que na realidade se tornam mais fracos e mais sensíveis para muitas coisas. A serenidade e o estado de equilíbrio, na maioria dos casos, não constituem força alguma, antes uma fraqueza de bem determinada espécie. Apresenta-se agradável e não opressiva, por não ter sua origem numa doença.

O estado de equilíbrio é semelhante ao equilíbrio da ainda sadia velhice, com exceção do enfraquecimento do corpo. Está, pelo menos, muito mais próximo dessa espécie de fraqueza, do que da fraqueza de uma doença. O corpo não pode aí, pela falta repentina daquilo a que está habituado desde milénios, reunir aquela força sexual da qual o espírito necessita para o pleno cumprimento de sua finalidade na matéria.

Muitos fervorosos vegetarianos notam-no pela leve moderação no instinto sexual, o que saúdam alegremente como progresso. Isso, porém, não é de modo algum o sinal do enobrecimento de seu espírito através da alimentação vegetal, mas sim a diminuição da força sexual, que terá de acarretar igualmente a diminuição de seu impulso espiritual na matéria.

Existem aí erros sobre erros, porque o ser humano quase sempre só vê diante de si o mais próximo. Certamente é de se saudar e constitui um progresso quando o instinto sexual inferior se torna muito mais moderado, pelo enobrecimento do espírito, do que é hoje. Certo também é que o ingerir da carne aumenta o instinto sexual, mas não devemos medir aí pela humanidade de hoje, pois nela o instinto sexual tem sido cultivado em excesso, unilateralmente e de modo doentio, sendo hoje de todo antinatural. Isso, porém, não se deve lançar, exclusivamente, na conta do uso da carne.

A moderação do instinto sexual, absolutamente, não depende da diminuição da força sexual. Pelo contrário, esta é capaz de amparar, auxiliadoramente, o espírito humano, libertando-o da dependência hoje manifesta do instinto grosseiro. A força sexual é até o melhor meio para isso.

A transição, como primeiro degrau, é limitar-se exclusivamente à carne branca. Quer dizer: aves, vitela, cordeiro e outras, ao lado da alimentação vegetal aumentada.

“Não descudai de vosso corpo”, quero clamar para um grupo, advertindo! Para outro grupo, o contrário: “Pensai no espírito!” Então o que estiver certo ainda amadurecerá das confusões da época atual.

Abdruschin

                        

Dissertação 57 “Aprendizado do ocultismo, alimentação de carne ou alimentação vegetal” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Magnetismo terapêutico

Novembro 01, 2015

O magnetismo terapêutico ocupa uma das posições de liderança no desenvolvimento progressivo do género humano. Quando falo dos magnetoterapeutas entende-se com isso exclusivamente pessoas sérias e capacitadas, dispostas a ajudar a humanidade com vontade sincera. Não acaso o grupo daqueles que, com insignificante irradiação mediana, muitas palavras e gestos misteriosos, supõem realizar algo de grande.

Uma inquietação nervosa passa hoje pelas fileiras daqueles corajosos, que já há anos, em tantos casos, ofereceram aos seus semelhantes a maior dádiva terrena que podiam ofertar: a cura de vários sofrimentos por meio do assim chamado magnetismo de seu corpo, ou mediante a transmissão de correntes semelhantes provenientes da matéria fina, do Além.

Infelizmente se procura, sempre de novo, denominar a classe dos magnetoterapeutas como de pouco valor, senão até algo pior, a fim de embaraçá-los e de oprimi-los. Com muito alarde se exagera demasiadamente as exceções isoladas, onde a vil ganância criou carateres desonestos, ou onde de antemão já havia intenções fraudulentas como motivação, visto nem sequer ter existido essa bela dádiva nos praticantes.

Olhai em redor: onde é que não existem enganadores e charlatães? Encontram-se por toda a parte! Em outras profissões muito mais ainda. Por esse motivo logo cada um vê aí, nessas hostilidades, imediatamente e de modo claro, o mal frequentemente intencional.

Mas a inveja, e mais ainda o medo, fazem crescer agora o número dos adversários e dos inimigos. Em rodas de cerveja e vinho essa arte terapêutica, evidentemente, não pode ser adquirida.

Ela exige pessoas sérias e, acima de tudo, equilibradas e sadias!

A maior raiz de toda a inveja, certamente, reside nisso, o que acarreta então as principais hostilidades, pois condições de tal espécie não são hoje fáceis de preencher. E o que aí se perdeu, não será possível recuperar.

Além do mais, legítima e vigorosa força curativa não se aprende. É uma dádiva, que qualifica de convocado aquele assim agraciado.

Quem quiser oprimir tais pessoas, prova que não tem diante dos olhos o bem da humanidade, muito menos ainda no coração. Sobrecarrega-se assim também com uma culpa que terá de lhe ser fatal.

O pequeno grupo desses corajosos não precisa temer. Os obstáculos são passageiros. Na realidade constituem um sinal seguro de uma breve, alegre e altiva ascensão.

Abdruschin

                        

Dissertação 58 “Magnetismo terapêutico” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Vivei o presente

Novembro 01, 2015

Observando-se os seres humanos, verificam-se diversos setores. Uma parte vive exclusivamente no passado. Quer dizer, começam a compreender algo, somente quando já passou. Acontece, pois, que nem podem alegrar-se de facto com algo que ocorre, nem intuir toda a gravidade de uma coisa. Só depois é que começam a falar disso, a se entusiasmar ou se a entristecer com isso. E nesse repetido falar somente sobre aquilo que pertence ao passado, sentindo-se bem nisso ou lastimando-se, negligenciam sempre de novo o que ocorre no presente. Só quando se tornou velho, passado, é que começam a apreciá-lo.

Uma outra parte, por sua vez, vive no futuro. Constantemente desejam e esperam somente do futuro e esquecem assim que o presente muito lhes tem a oferecer, esquecem igualmente de agir de tal maneira, que muitos de seus sonhos, referentes ao futuro, possam se tornar realidade.

Ambas as partes, às quais pertence a grande maioria dos seres humanos, na realidade praticamente nem viveram na Terra. Malbaratam seu tempo terreno.

Haverá também pessoas que compreenderão algo completamente errado com a conclamação: “Vivei o presente”; talvez que eu queira incentivar o gozo e a usufruição de cada momento, encorajando para uma determinada vida leviana. Dessas há, pois, tantas, que concordando dessa maneira cambaleiam pela vida de modo insensato.

Com essa conclamação eu exijo, sim, um aproveitar total de cada minuto, mas interiormente, e não apenas exteriormente. Cada hora do presente tem de se tornar um verdadeiro vivenciar para o ser humano! Tanto o sofrimento, como a alegria. Deve ele estar aberto e assim alerta para o presente, com todo o seu meditar e pensar, e com intuição. Somente assim terá lucro da existência terrena, lucro esse que aí lhe está previsto. Nem nas reflexões do passado nem nos sonhos referentes ao futuro pode encontrar um verdadeiro vivenciar, tão forte, que imprima um cunho ao seu espírito, e o qual, como lucro, leve consigo para o além.

Se não vivencia, também não poderá amadurecer, pois o amadurecimento depende, exclusivamente, do vivenciar.

Se, pois, não tiver sempre vivenciado em si o presente na existência terrena, voltará vazio e terá de percorrer mais uma vez o tempo assim perdido, porque não esteve aí alerta, não tendo se apropriado de nada através de vivência.

A vida terrena é como um degrau na existência inteira do ser humano, tão grande, que ele não pode saltá-lo. Não colocando, pois, seus pés de modo firme e seguro sobre o degrau, não pode, de modo algum, subir ao seguinte, pois necessita do anterior como base para tanto.

Se a criatura humana imaginar sua existência inteira como voltando desta Terra para a Luz, ascendendo em degraus, terá então que ficar ciente de que só pode alcançar o próximo degrau, se tiver cumprido plenamente o anterior, estando firmemente nele. É de ser expresso até mais fortemente ainda: somente do preenchimento completo e incondicional do respetivo degrau a ser vivenciado, pode desenvolver-se o imediatamente acima. Se uma criatura humana não cumpre, pelo vivenciar, aquele degrau em que se encontra, o que unicamente lhe pode servir para o amadurecimento, então o novo degrau não se lhe tornará visível, por que ela necessita para este da vivência do degrau anterior. Somente com o preparo dessa vivência, recebe a força para reconhecer e escalar o próximo degrau acima.

Assim prossegue de um degrau para o outro. Se quiser olhar somente para o alvo elevado, sem dar a devida atenção a cada degrau que a leva até lá, jamais alcançará esse alvo. Os degraus, que ela própria tem de construir para a escalada, seriam assim demasiadamente precários e também frágeis demais, acabando por ruir na tentativa de escalada.

Esse perigo, porém, é prevenido pelo fenómeno natural de que um degrau seguinte só pode se desenvolver sempre pelo total cumprimento do degrau presente. Quem, pois, não quiser permanecer durante a metade de sua existência num degrau, e voltar repetidamente para o mesmo, esse que se obrigue a pertencer sempre inteiramente ao presente, a compreendê-lo acertadamente, vivenciá-lo, para que tenha proveito espiritual disso.

Com isso também não lhe faltará lucro terrenal, pois sua primeira vantagem disso será nada esperar dos seres humanos e da época, senão aquilo que realmente lhe podem dar! Assim nunca se dececionará e permanecerá em harmonia com o ambiente.

Trazendo, porém, em si apenas o passado e os sonhos do futuro, mui facilmente irá além do âmbito de seu presente em suas expetativas, devendo entrar assim em desarmonia com o presente, com o que não somente ele sofre, mas também o seu ambiente mais próximo.

Deve-se, sim, também pensar no passado, a fim de extrair dele ensinamentos, bem como sonhar com o futuro, a fim de receber estímulo, mas viver plenamente consciente deve-se apenas no presente!

Abdruschin

                        

Dissertação 59 “Vivei o presente” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

O que tem o ser humano de fazer para poder entrar no Reino de Deus?

Novembro 01, 2015

Seria errado responder essa pergunta, que se apresenta frequentemente, com uma bem determinada regra, dizendo: faça isso e faça aquilo! Com isso não se indicou nenhum caminho! Não haveria nisso nada de vivo e, por esse motivo, também nada que tenha vida poderia originar-se daí, o que é absolutamente indispensável para um impulso ascendente, pois unicamente vida contém a necessária chave para a ascensão.

Se eu, porém, disser: “Faça isso e aquilo, deixe esse”, estarei dando assim apenas fracas muletas, exteriores, com as quais ninguém pode se locomover direito e sozinho, porque essas muletas não lhe servem concomitantemente para “ver”. E no entanto precisa ver diante de si, nitidamente, o “caminho”, do contrário nada lhe adianta as muletas. Tal pessoa coxeia errante como um cego num caminho desconhecido. Não, isso não é o certo; mais uma vez conduziria apenas a um novo dogma que, obstando, impede qualquer escalada.

Reflita o ser humano: se quiser entrar no reino do espírito, terá evidentemente que ir até lá. Ele terá que ir, o reino não vem a ele. No entanto, este se encontra no ápice da Criação, é o próprio ápice.

O espírito humano, porém, encontra-se ainda nos baixios da matéria grosseira. Por isso certamente será compreensível a cada um que antes terá de percorrer o caminho desses baixios até às alturas almejadas, a fim de alcançar o alvo.

Para que não se perca, também é indispensável que conheça exatamente todo o trajeto que terá de percorrer. E não apenas esse trajeto em si, mas também tudo quanto durante o mesmo lhe possa vir ao encontro, quais os perigos que com isso o ameaçam e quais os auxílios que lá encontra. Uma vez que todo esse trajeto se encontra na Criação, é a Criação, torna-se indispensável que um peregrinador, que se dirige ao reino do espírito, conheça antes, portanto de modo absolutamente exato, a Criação que o conduz até lá. Pois quer atravessá-la, do contrário não chegará ao alvo.

Até agora não houve, pois, ser humano algum que pudesse descrever de tal forma a Criação, conforme é necessário conhecê-la para a escalada. Dito de outro modo, não houve ninguém que pudesse indicar de modo visível e nítido o caminho para o Supremo Templo do Graal, para o ponto mais alto da Criação. O caminho para aquele Templo que se encontra no reino do espírito como o Templo do Altíssimo, onde só existe o puro culto a Deus. Não imaginado apenas figuradamente, mas existindo em toda a realidade.

A Mensagem do Filho de Deus já apontou uma vez esse caminho. No entanto, pelo querer ser inteligente dos seres humanos, ela foi interpretada de modo erróneo múltiplas vezes e com isso os indicadores do caminho foram colocados erradamente, pelo que, conduzindo a esmo, não deixam ascender espírito humano algum.

Todavia, chegada é a hora em que cada espírito humano terá que se decidir, pelo Sim ou pelo Não, pelo dia ou pela noite, se deva haver uma ascensão às alturas luminosas ou um escorregar para baixo, de modo categórico e irrevogável, sem possibilidade mais tarde de uma nova alteração para ele. Por isso vem agora outra vez uma Mensagem do luminoso Supremo Templo. A Mensagem, pois, corrige os indicadores de caminho erradamente colocados, a fim de que o caminho certo se torne reconhecível aos que procuram sinceramente.

Felizes todos aqueles que se orientarem por ela, com os sentidos lúcidos e o coração aberto! Nela aprenderão, pois, a conhecer tudo isso na Criação, verão os degraus que seu espírito tem de se utilizar para a escalada, a fim de ingressar no reino do espírito, no Paraíso.

Cada um individualmente encontrará nela o que ele necessita, a fim de escalar para a Luz com as faculdades que ele possui.

Só isso dá vida, liberdade para a escalada, desenvolvimento das faculdades individuais, indispensáveis para isso, e não apenas um jugo uniforme em dogma fixo, que o torna um escravo sem vontade própria, oprimindo o desenvolvimento autónomo e, com isso, não somente embaraçando a ascensão, mas, para muitos, destruindo-a totalmente.

O ser humano que conhece a Criação em sua atuação de acordo com as leis, compreende logo nela a grande Vontade de Deus. Sintonizando-se direito com isso, a Criação então lhe serve, portanto também o caminho, somente para uma alegre ascensão, pois desse modo está também de maneira certa na Vontade de Deus. Seu caminho e vida devem por isso estar certos!

Não é um beato levantar de olhos, não é contorcer-se por remorsos, ajoelhar-se, rezar, mas é a oração realizada, executada vivamente com atividade sadia, alegre e pura. Não é suplicar choramingando por um caminho, mas vê-lo com grato soerguer dos olhos e segui-lo alegremente.

Completamente diferente do que até agora foi pensado, apresenta-se, portanto, toda a vida que pode ser chamada de agradável a Deus. Muito mais bela, mais livre! É o estar certo na Criação, conforme quer o vosso Criador através da Criação! Na qual, falando figuradamente, segura-se a mão de Deus, que Ele assim oferece à Humanidade.

Conclamo, por isso, ainda uma vez: tomai, finalmente, tudo de modo objetivo, real, não mais figuradamente, e sereis vós mesmos de facto, em lugar das atuais sombras mortas! Aprendei a conhecer direito a Criação, em suas leis!

Nisso se encontra o caminho para o alto, em direção à Luz!

Abdruschin

                        

Dissertação 60 “O que tem o ser humano de fazer para poder entrar no Reino de Deus?” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Vês o argueiro no olho de teu irmão e não atentas para a trave no teu olho

Novembro 01, 2015

Cada um julga haver entendido plenamente essas palavras simples, e todavia haverá poucos que reconheceram seu verdadeiro sentido. É unilateral e errado interpretar esse dito como se tivesse sido expresso apenas para o ser humano aprender a ter indulgência para com o seu próximo. Indulgência para com o seu próximo vem com o vivenciar dessa frase, espontaneamente como algo evidente, mas apenas em segundo lugar.

Quem perscruta assim as palavras de Cristo, não perscruta suficientemente a fundo, mostrando assim que se acha muito distante de poder tornar vivas as palavras do Filho de Deus, ou que ele subestima de antemão a sabedoria contida em seus ditos. Essas palavras, outrossim, nas interpretações de muitos pregadores, como tudo o mais, estão enquadradas na moleza e na lassidão daquele amor, que a igreja de tão bom grado procura apresentar como amor cristão.

O ser humano, porém, pode e deve aplicar esse ditame do Filho de Deus apenas como medida de seus próprios erros. Se olhar à sua volta com olhos abertos e se simultaneamente observar aí a si próprio, reconhecerá logo que exatamente aqueles erros que mais o incomodam no próximo, são os que se acham pronunciados nele próprio, em escala grandemente acentuada e incómodos para outrem.

E a fim de aprenderdes a observar acertadamente, será melhor primeiro prestardes cuidadosa atenção aos vossos semelhantes. Dificilmente haverá entre esses um que não tenha a reclamar isso ou aquilo de outrem, pronunciando-se também aberta ou veladamente a respeito. Tão logo isso aconteça, mantende essa pessoa, que se queixa dos defeitos dos outros ou até se irrita, sob rigorosa observação a tal respeito. Não tardará muito até descobrirdes, para vosso espanto, que exatamente aqueles defeitos que a referida pessoa tão acerbamente censura nos outros, encontram-se em grau muito maior nela mesma!

Isso é um facto que no começo vos deixará perplexos, mas que se apresenta sempre, sem exceção. Ao julgar as pessoas, podeis no futuro considerar, serenamente, isso como certo, sem precisardes temer que estais errando. Permanece o facto de que uma pessoa que se irrita com estes ou aqueles defeitos de outrem, com certeza possui exatamente os mesmos defeitos em escala muito maior.

Procedei um dia com calma a tais exames. Conseguireis, e logo reconhecereis a verdade, porque vós próprios não estais aí implicados e, portanto, não procurais atenuar coisa alguma em ambas as partes.

Tomai, pois, uma pessoa que cultivou em si o mau costume de ser predominantemente mal-humorada e descortês, raras vezes mostrando uma fisionomia afável, a quem, portanto, se prefere evitar. Exatamente essas são as que se outorgam o direito de quererem ser tratadas de modo especialmente afável, e exasperam-se, moças e senhoras, até mesmo a ponto de chorar, quando uma vez enfrentam, justificadamente, apenas um olhar repreensivo. A um observador sereno isso atua de modo tão indizivelmente ridículo e triste, que se esquece de se indignar com isso.

E assim é de mil e uma maneiras diferentes. Fácil se tornará para vós o aprender e reconhecer. Mas quando então chegardes a tanto, deveis também ter a coragem de supor que vós próprios não formais exceção alguma, uma vez que encontrastes a prova em todos os demais. E com isso, finalmente, ser-vos-ão abertos os olhos para vós próprios. Isso equivale a um grande passo, talvez até o maior para o vosso desenvolvimento! Cortareis com isso um nó que hoje mantém a humanidade inteira oprimida! Libertai-vos e auxiliai então alegremente também aos outros de igual maneira.

É o que quis dizer o Filho de Deus com essas simples palavras. Tais valores educativos ele os deu com suas frases singelas. Os seres humanos, porém, não procuraram nelas de modo sincero. Quiseram, como sempre, sobrepondo-se, aprender apenas a olhar sobre os outros de modo indulgente. Isso lisonjeava o seu orgulho repugnante.

A completa miserabilidade de seu falso pensar se põe por toda a parte em evidência nas interpretações de até agora, isto é, o farisaísmo desvelado e hipócrita. Transplantou-se inalteradamente para o cristianismo. Pois mesmo os que se dizem perscrutadores, aceitaram e continuam aceitando tudo com demasiada leviandade em sua habitual ilusão de que com a leitura, realmente, também devam ter compreendido o sentido, porque assim o fazem crer a si próprios, bem de acordo com seu respetivo parecer.

Isso não é nenhum sincero procurar. Por isso não conseguem encontrar o verdadeiro tesouro. Por isso também não pôde haver qualquer progresso. O Verbo permaneceu morto para aqueles que deviam torná-lo vivo dentro de si, a fim de auferir daí valores que conduzam às Alturas.

E cada frase que o Filho de Deus outorgou à humanidade encerra tais valores, que só não foram encontrados porque nunca foram procurados corretamente.

Abdruschin

                        

Dissertação 61 “Vês o argueiro no olho de teu irmão e não atentas para a trave no teu olho” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

A luta na natureza

Novembro 01, 2015

Tolos, vós que sempre de novo perguntais se é certa a luta na Criação, vós que a considerais apenas como crueldade; não sabeis que com isso vos designais como fracalhões, como nocivos para qualquer possibilidade de ascensão atual?

Despertai finalmente dessa moleza inaudita, que só deixa afundar lentamente o corpo e o espírito, jamais, porém, elevarem-se!

Olhai em redor de vós, vendo, reconhecendo, e tereis que abençoar a grande força impulsionadora que impele para a luta e, com isso, para a defesa, a cautela, a vigilância e a vida!

Ela protege a criatura do envolvimento pela indolência mortífera!

Acaso poderá um artista atingir um ponto culminante e mantê-lo, se não se exercitar constantemente, lutando para tanto? Não importa com o que se ocupar, quão fortes as capacitações que possua. A voz de um cantor logo se enfraqueceria, perdendo sua firmeza, se não puder obrigar-se a exercitar e aprender sempre de novo.

Um braço só se pode robustecer quando se exercita continuamente. Negligenciando nisso, terá que enfraquecer. E assim também cada corpo, cada espírito! Voluntariamente, porém, pessoa alguma se deixa levar a isso. Alguma obrigação deve prevalecer!

Se queres ser sadio, então cuida de teu corpo e de teu espírito. Quer dizer, mantém-nos em rigorosa atividade!

Aquilo que o ser humano hoje e desde sempre tem na conta de “cuidar” não é o certo. Ou entende com “cuidar” um doce ócio, no qual, por si só, já se encontra o que é enfraquecedor, entorpecedor, ou pratica o “cuidar” apenas de modo unilateral, como em cada esporte, isto é, o cuidar torna-se “esporte”, excesso unilateral e com isso transforma-se em abuso leviano, ambicioso, indigno para uma humanidade séria.

Verdadeira humanidade deve, pois, ter diante dos olhos o alvo máximo, que não se pode alcançar com salto em altura, natação, corridas, equitação e dirigir insensatamente. A humanidade e a Criação inteira não lucram coisa alguma com semelhantes façanhas individuais, para as quais tantas pessoas sacrificam, mui frequentemente, a maior parte de seus pensamentos, de seu tempo e de sua vida terrena!

Que tais excrescências pudessem se formar, mostra como é falso o caminho que a humanidade segue e como também tem desviado essa grande força impulsionadora na Criação só para trilhas erradas, malbaratando-a assim em brincadeiras fúteis, senão até em prejuízo, obstruindo o progresso sadio para o qual todos os meios se encontram na Criação.

Em sua presunção humana torcem de tal modo o curso das fortes correntes do espírito que devem beneficiar o impulso ascendente, que em lugar do benefício desejado, surgem estagnações que atuam como obstáculos, os quais, retroativamente, aumentam o impulso para a luta e, por fim, rebentando, arrastam tudo consigo para as profundezas.

É com isso que o ser humano, hoje, se ocupa predominantemente em suas vazias brincadeiras e fúteis ambições aparentemente científicas. Como perturbador em toda a harmonia da Criação!

Já há muito teria caído no sono indolente da ociosidade, ao qual deve seguir a podridão, se não existisse ainda na Criação, felizmente, o impulso para a luta, que o obriga, mesmo assim, a se mexer! Do contrário já há muito tempo teria chegado à arrogância de que Deus deve cuidar dele através de Sua Criação, como nos sonhos do país da utopia. E se para tanto expressa seu agradecimento numa oração vazia, seu Deus então está altamente recompensado, pois existem muitos que nem Lhe agradecem por isso!

Assim é o ser humano, e de facto nada diferente.

Ele fala de crueldade na natureza! Não lhe ocorre a ideia, antes de tudo, de se examinar uma vez a si próprio. Só quer sempre criticar.

Mesmo na luta entre os animais só existe bênçãos, nenhuma crueldade.

Basta que se observe bem qualquer animal. Tomemos por exemplo o cão. Quanto mais atenciosamente for tratado tal cão, tanto mais comodista se tornará, mais preguiçoso. Se um cão vive na sala de trabalho de seu dono e este atenta, cuidadosamente, para que o animal jamais seja pisado, ou apenas empurrado, mesmo que se deite em lugares onde constantemente esteja em perigo de poder ser machucado sem intenção, como junto à porta etc., isso redunda apenas em prejuízo do animal.

Em bem pouco tempo o cão perderá sua própria vigilância. Pessoas de “bom coração” dizem, atenuando “afetivamente”, talvez até comovidas, que com isso ele mostra uma “confiança” indizível! Sabe que ninguém o machucará! Na realidade, porém, nada mais é do que uma grave diminuição da capacidade de “vigilância”, um acentuado retrocesso da atividade anímica.

Se, no entanto, um animal tem de estar em constante vigilância e em prontidão de defesa, ele não somente se torna e permanece animicamente alerta, mas progredirá continuamente em inteligência, lucrando de toda a maneira. Permanecerá vivo em todos os sentidos. E isso é progresso! Assim se dá em relação a cada criatura! Do contrário sucumbe, pois também o corpo enfraquece nesse caso pouco a pouco, tornando-se mais facilmente acessível às doenças, não tendo mais capacidade alguma para resistir.

Que o ser humano também aqui mantenha e exerça em vários sentidos uma disposição totalmente errada em relação ao animal, não surpreenderá um observador rigoroso, uma vez que o ser humano, sim, tem se sintonizado em tudo, mesmo em relação a si próprio e em relação a toda a Criação, de modo totalmente errado, causando espiritualmente apenas prejuízos em toda a parte, ao invés de trazer vantagens.

Se hoje não existisse mais na Criação o impulso para a luta, a que tantos indolentes denominam como cruel, há muito tampo a matéria já se encontraria em apodrecimento e em decomposição. Atua ainda como algo conservador, de modo anímico e físico, jamais como algo destruidor, conforme superficialmente apenas aparenta. De outra maneira não haveria nada mais que conservasse essa inerte matéria grosseira em movimento e, com isso, saneada e vigorosa, depois que, o ser humano torceu tão ignominiosamente, devido à sua perdição, o efeito refrescante a isso realmente destinado, da força espiritual que tudo perpassa, de modo que ela não pode atuar assim como realmente devia!

Se o ser humano não houvesse malogrado tanto em sua destinação, muita coisa, tudo mesmo, se apresentaria hoje de modo diferente! Inclusive a assim chamada “luta” não se encontraria naquela forma em que se apresenta agora.

O impulso para a luta teria enobrecido, espiritualizado, pela vontade ascendente das criaturas humanas. O efeito, primitivamente bruto, em vez de aumentar como se dá agora, ter-se-ia com o tempo modificado, devido à influência espiritual correta, para um impulso comum e alegre em benefício mútuo, que requer a mesma intensidade de energia que a mais violenta luta. Só com a diferença de que da luta sobrevém cansaço; do benefício, porém, pelo efeito retroativo, maior intensificação ainda.

Por fim ter-se-ia estabelecido através disso também na cópia da Criação, onde a vontade espiritual do ser humano constitui a influência mais forte, o estado paradisíaco da verdadeira Criação, para todas as criaturas, onde não será mais necessária luta alguma e qualquer aparente crueldade! O estado paradisíaco, porém, não é acaso ociosidade, pelo contrário, equivale à mais enérgica atividade, à vida real, pessoal e plenamente consciente!

Que isso não tivesse podido acontecer, é culpa do espirito humano! Volto repetidamente ao incisivo pecado original, que descrevo minuciosamente na dissertação “Era uma vez…”

Só o total falhar do espirito humano na Criação, com o emprego abusivo da força espiritual entregue a ele, através dos desvios para baixo, em vez de em direção às alturas luminosas, conduziu às excrescências erradas de hoje!

Até da faculdade de reconhecer o erro o ser humano já se descuidou, perdeu-a. Portanto, eu só pregaria a ouvidos surdos, se quisesse falar mais ainda a tal respeito. Quem quiser “ouvir” realmente e puder procurar com sinceridade, encontrará na minha Mensagem tudo quanto precisa! Por toda a parte constam esclarecimentos a propósito do grande falhar, que acarretou tão indizível desgraça em tão múltipla configuração.

Quem todavia for surdo espiritualmente, como tantos, tem pois apenas o riso estúpido da incompreensão, que deve aparentar saber, mas denuncia, na realidade, apenas leviana superficialidade, equivalente à máxima estreiteza mental. Quem hoje ainda se impressiona de algum modo com o sorriso idiota dos que são espiritualmente restritos, nada vale. A esse respeito cabe o dito de Cristo: “Deixai que os mortos enterrem seus mortos!” Pois quem é espiritualmente surdo e cego, equivale a morto espiritualmente!

O espírito humano podia, com a sua faculdade, transformar o mundo terrestre num Paraíso, como cópia da Criação! Não o fez e por isso vê agora o mundo diante de si assim conforme o deformou por sua influência errada. Nisso se encontra tudo! Por conseguinte, não insulteis por falsa moleza um fenómeno tão importante como a luta na natureza, que necessariamente ainda equilibra um pouco o que o ser humano negligenciou! Não ouseis ainda dar o nome de “amor” à vossa moleza doce-abafadiça, amor no qual a criatura humana procura de tão bom grado enfileirar as suas fraquezas! A falsidade e a hipocrisia terão de se vingar amargamente!

Por isso ai de ti, ó criatura humana, obra corroída de tua arrogância! Caricatura daquilo que deveria ser!

Contemplai com calma o que costumais chamar de natureza: montanhas, lagos, bosques, prados! Em todas as estações do ano. Os olhos podem saciar-se com a beleza de tudo aquilo que contemplam. E então refleti: o que tanto vos alegra e vos recreia são os frutos de uma atuar de tudo quanto é enteal, que se encontra na Criação abaixo do espiritual, cuja força vos foi outorgada!

Depois procurai os frutos de vosso atuar, vós que sois espirituais e que teríeis de efetuar algo mais elevado do que o enteal que vos antecede.

Que vedes aí? Apenas uma imitação sem vida de tudo aquilo que o enteal já conseguiu, mas nenhum desenvolvimento progressivo em direção à altura ideal no que é vivo e, com isso, na Criação! Com instintos criadores simplesmente atrofiados procura a humanidade imitar formas sem vida, enquanto que, de espírito livre e consciente, com o olhar voltado para o Divinal, seria capaz de formar algo bem diferente, muito mais grandioso!

Da grandeza, que só provém do espírito livre, os seres humanos se privaram criminosamente, e por isso, além de imitações pueris, conseguem somente fazer ainda… máquinas, construções, técnica. Tudo, como eles próprios: preso à Terra, inferior, vazio e morto!

Esses são os frutos que os seres humanos agora, como sendo espirituais, podem contrapor à atuação do enteal. Assim cumpriram a missão espiritual na Criação posterior doada a eles para tanto!

Como querem agora subsistir na prestação de contas? Pode aí então causar espanto, que o elevado Paraíso tenha de permanecer fechado para as criaturas humanas com o pendor pelo que é inferior? Deve ainda causar surpresa, se agora, no fim, o enteal destrói de modo retroativo a obra tão erradamente conduzida pelo espírito humano?

Quando tudo vier a desmoronar sobre vós, em consequência de vossa incapacidade notória, então cobri vosso rosto, reconhecei envergonhados a imensa culpa com que voas sobrecarregastes! Não tenteis, novamente, por causa disso, acusar vosso Criador ou chamá-Lo de cruel, de injusto!

Tu, porém, ó pesquisador, examina-te com sinceridade e impiedosamente, e então procura sintonizar todo o teu pensar e intuir, sim, todo o teu ser, de modo novo sobre base espiritual, a qual não mais vacilará como aquela base até agora intelectiva e por isso muito restrita!

Abdruschin

                        

Dissertação 62 “A luta na natureza” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Efusão do Espírito Santo

Novembro 01, 2015

O acontecimento descrito na Bíblia, da efusão do Espírito Santo sobre os discípulos do Filho de Deus, é para muitas pessoas um fenómeno ainda inexplicável, considerado frequentemente como extraordinário, como só tendo ocorrido aquela única vez e, consequentemente, como sucedido de modo arbitrário.

Reside, outrossim, exatamente nessa consideração errónea, a causa do aparente “inexplicável”.

Esse acontecimento não foi único, não foi levado a efeito especialmente para os discípulos, mas foi já desde o existir da Criação um fenómeno que se repete com regularidade! Com esse reconhecimento também o inexplicável perder-se-á logo, tornando-se compreensível aos leitores da Mensagem do Graal que perscrutam seriamente, sem que aí se perca em grandeza, pelo contrário, se torne antes de tudo muito mais poderoso ainda.

Quem houver estudado cuidadosamente a minha Mensagem do Graal, já pôde também ter achado nela a solução para isso, pois leu também o esclarecimento “O Santo Graal”. Aí mencionei a renovação da força, que se repete regularmente cada ano para a Criação inteira. É o momento em que nova força Divina se derrama no Santo Graal para a conservação da Criação!

Com isso surge por momentos sobre o Graal a “Pomba Sagrada”, que é a forma espiritual visível da presença do Espírito Santo, que pertence diretamente à “forma” do Espírito Santo, constituindo portanto uma parte de sua “forma”.

Como a Cruz é a forma espiritual visível da Verdade Divina, assim a “Pomba” é a forma visível do Espírito Santo. É a forma, realmente, não é imaginada apenas como forma!

Essa renovação de forças através do Espírito Santo, isto é, a Vontade viva de Deus, que é a força, ocorre cada ano num bem determinado tempo no santuário do supremo ápice ou Templo, que abriga o Santo Graal, no único ponto de ligação da Criação com o Criador, e por isso também chamado o Supremo Templo do Graal.

A renovação pode ser designada também de efusão de forças, isto é, efusão do Espírito Santo ou, mais nitidamente ainda, efusão de forças através do Espírito Santo, pois o Espírito Santo não é acaso derramado; pelo contrário, ele derrama força!

Uma vez que os discípulos naquele dia se encontravam reunidos, pensando no seu Senhor que havia ascendido e que lhes prometera enviar o Espírito, isto é, a força viva, nesse recordar fora então dada uma base de ancoragem a esse facto, para que se efetivasse em determinado e correspondente grau, diretamente sobre os discípulos reunidos na Terra em devoção, e assim sintonizados com o acontecimento que se realizava ao mesmo tempo no espiritual primordial! Principalmente porque o caminho para esses discípulos fora possibilitado e aplainado pela existência terrena do Filho de Deus.

E por esse motivo aconteceu o milagroso, que aliás não havia sido possível na Terra, cujo vivenciar é transmitido na Bíblia. O vivenciar puderam os evangelistas descrever, mas não o processo em si, que eles próprios ignoravam.

O Pentecostes vale, pois, aos cristãos como recordação desse acontecimento, sem que tenham um pressentimento de que efetivamente nesse tempo, mais ou menos, é que ocorre o Dia da Pomba Sagrada, no Supremo Templo do Graal, isto é, o dia da renovação de força para a Criação através do Espírito Santo! Evidentemente, nem sempre no dia exato de Pentecostes calculado na Terra, mas sim na aproximada época deste.

Naquela ocasião a reunião dos discípulos coincidiu exatamente com o facto real! Mais tarde será também aqui na Terra comemorado regularmente e no tempo certo, como a suprema e mais sagrada solenidade da humanidade, em que o Criador outorga, repetidamente, Sua força conservadora à Criação, como o “dia da Pomba Sagrada”, isto é, o dia do Espírito Santo, como grande oração de gratidão a Deus Pai!

Será comemorado por aquelas pessoas que finalmente estiverem conscientemente nesta Criação, que chegaram então a conhecê-la de modo certo em todos os seus efeitos. Devido a sua sintonização devocional no tempo exato, será também possível que ao se abrir, chegue, reciprocamente, de novo a bênção viva até embaixo, na Terra, e se derrame nas almas sedentas, como outrora nos discípulos.

Paz e júbilo trará então esse tempo, que já não mais está tão distante, se as criaturas humanas não falharem nem quiserem ficar perdidas por toda a eternidade.

Abdruschin

                        

Dissertação 63 “Efusão do Espírito Santo” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Sexo

Novembro 01, 2015

Grande parte dos seres humanos terrenos se deixa oprimir sobremaneira pelos pensamentos referentes às relações entre os dois sexos, o masculino e o feminino. Excluídos disso ficam, sim, apenas os levianos, que em geral não se deixam oprimir por nada. Todos os outros, por mais diferentes que sejam, procuram aberta ou silenciosamente dentro de si alguma solução.

Existem, felizmente, muitas pessoas que exatamente a tal propósito anseiam por um orientador certo. Se seguiriam de acordo, fica, aliás, incerto. É facto, contudo, que se ocupam muito com isso e que em grande parte se deixam também oprimir pela certeza consciente de que se encontram diante dessa questão de modo ignorante.

Procurou-se resolvê-la ou fixá-la em problemas matrimoniais, mas não se aproximou ainda com isso de uma ideia fundamental satisfatória, uma vez que aqui, como por toda a parte, o objetivo principal é apenas que o ser humano saiba com o que tem de tratar! Do contrário jamais chegará a uma conclusão. Permanece-lhe a inquietação.

Muitos confundem aí, mui frequentemente, já de antemão, o conceito certo da palavra “sexo”. Tomam-na de modo genérico, quando o verdadeiro sentido disso é muito mais profundo.

Se quisermos ter uma imagem certa a tal respeito, não devemos ser tão unilaterais a ponto de comprimi-la em preceitos que somente podem servir a uma ordem social, puramente terrena, e muitas vezes totalmente oposta às leis da Criação. Em assuntos tão sérios é indispensável se aprofundar na Criação, a fim de compreender o pensamento básico.

Denominamos o conceito, feminino e masculino, simplesmente de dois sexos diferentes. A palavra sexo, porém, faz com que a maioria das pessoas erre de modo incisivo desde o início, porque involuntariamente em muitos surgem pensamentos ligados à procriação. E isso é errado. A separação entre feminino e masculino nesse sentido, dentro da grande aceção da Criação, somente tem algo a ver com a mais externa e densa matéria grosseira. No fenómeno principal, não.

Que é um sexo? O germe espiritual, em sua saída do reino espiritual, não tem sexo. Também não ocorre uma cisão, conforme é admitido muitas vezes.

No fundo, um germe espiritual permanece sempre individual. Com a conscientização do germe espiritual em sua peregrinação através da Criação posterior, isto é, da cópia automática da Criação propriamente, adquire, como já disse diversas vezes, as formas humanas que conhecemos, de acordo com a gradação de sua conscientização, as quais são cópias das imagens de Deus, dos primordialmente criados.

Decisivo aí, é, pois, o modo de atividade de um germe espiritual, isto é, em que direção tal germe espiritual, durante a conscientização, procura desenvolver de modo predominante as faculdades nele latentes, se de modo positivo, vigorosamente impulsionador, ou de modo negativo, serenamente conservador. Para onde sua vontade principal o impele.

E com a atividade por ele realizada, mesmo que essa atividade no início conste somente dum forte desejar, que se intensifica num forte anseio, molda-se a forma.

O positivo constitui a forma masculina, o negativo a forma feminina. Nisso já o masculino e o feminino se mostram reconhecíveis, exteriormente, por sua forma. Ambos são por suas formas a expressão definida da espécie de sua atividade, que escolhem ou desejam. Tais desejos são, na realidade, em sua origem, apenas as expressões da constituição específica dos respetivos germes espirituais, portanto, negativa ou positiva.

Feminino e masculino nada têm a ver, portanto, com o conceito habitual de um sexo, mas mostram apenas o modo de atividade na Criação. Somente na matéria grosseira tão conhecida dos seres humanos se desenvolvem, oriundos da forma, os órgãos de reprodução que compreendemos por masculino e feminino. Somente o corpo de matéria grosseira, isto é, o corpo terreno, necessita desses órgãos para a sua reprodução.

O modo de atividade na Criação molda, pois, a forma do corpo propriamente, a masculina ou a feminina, da qual o corpo terreno de matéria grosseira é, por sua vez, apenas uma reprodução toscamente feita.

Com isso colocam-se também as práticas sexuais naquele degrau a que pertencem, isto é, no mais baixo degrau existente na Criação, no de matéria grosseira, que se encontra bem distante do espiritual.

Tanto mais triste é, pois, quando um espírito humano se submete de tal modo ao jugo dessas práticas, pertencentes ao invólucro mais externo, ao ponto de se tornar um escravo disso! E isso infelizmente se tornou hoje tão generalizado, resultando num quadro que mostra como o inavaliável e elevado espiritual, voluntariamente tem de se deixar pisar e prender embaixo, sob a camada da matéria mais grosseira.

É evidente que tal procedimento antinatural tenha que resultar num fim nefasto. Antinatural porque o espiritual, por natureza, é o mais elevado na Criação toda, e só pode reinar harmonia nela, enquanto o espiritual dominar como o supremo, ficando tudo o mais debaixo dele, inclusive na ligação com a matéria grosseira terrena.

Não preciso mostrar aqui, especialmente, o triste papel que representa uma pessoa que coloca o seu espírito sob o domínio do manto de matéria mais grosseira. De um manto que só através dele adquire a sua sensibilidade, devendo perdê-la de novo pelo despir; uma ferramenta na mão do espírito, que necessita, sim, de cuidados, a fim de que seja mantida útil, mas que só pode, pois, continuar sempre uma ferramenta dominada.

A forma espiritual, enteal e fino-material do corpo modifica-se tão logo um germe espiritual modifique a sua atividade. Se passa predominantemente do negativo para o positivo, então a forma feminina terá que se transformar em masculina e vice-versa, pois a espécie predominante da atividade molda a forma.

Contudo, o invólucro de matéria grosseira terrena não pode acompanhar assim rapidamente a modificação. Esse não é de tal modo transformável, razão por que destinado também apenas para um prazo bem curto. Aqui aparece então uma modificação nas reencarnações, que na maioria dos casos são numerosas.

Assim acontece que um espírito humano peregrina suas vidas terrenas às vezes alternativamente em corpos masculinos e femininos, de acordo com a sua modificada sintonização interior. Mas então é um estado antinatural provocado pela torção teimosa e violenta.

A aceção dos seres humanos de que para cada pessoa exista uma alma complementar, é correta em si, mas não no sentido de uma cisão precedente. A alma dual é apenas aquela adequada a uma outra alma. Quer dizer, uma alma que desenvolveu exatamente aquelas faculdades que a outra alma deixou adormecer em si, disso advém então uma complementação total, resulta num trabalhar em comum de todas as faculdades do espírito, de todas as positivas e de todas as negativas. Mas tais complementações não se dão apenas uma vez, pelo contrário, muitas vezes, de maneira que uma pessoa ao desejar uma complementação não depende acaso, exclusivamente, de uma outra bem determinada pessoa. Dessas poderá encontrar muitas em sua existência terrena, contanto que conserve pura e vigilante a sua faculdade intuitiva.

As condições de vida para a felicidade não são, portanto, de modo algum tão difíceis de cumprir, como parece à primeira vista aos semi-conhecedores. A felicidade é muito mais fácil de ser obtida do que tantos imaginam. A humanidade só tem de conhecer, antes de mais nada, as leis que residem na Criação. Se viver de acordo com elas, terá que se tornar feliz! Hoje, porém, ela ainda se acha muito distante disso e, por essa razão, aqueles que se aproximam da Verdade na Criação sentir-se-ão, por enquanto, solitários na maior parte das vezes, o que porém de modo algum infelicita, mas sim traz em si uma grande paz.

Abdruschin

                        

Dissertação 64 “Sexo” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Pode a velhice constituir um obstáculo para a ascensão espiritual?

Novembro 01, 2015

A velhice não constitui qualquer obstáculo, mas sim estímulo, uma vez que na velhice a hora do trespasse aproxima-se visivelmente. Trata-se apenas da preguiça e do comodismo, já frequentemente mencionados por mim como os piores inimigos, com os quais se sobrecarregam tais hesitantes, sucumbindo com isso.

O tempo da vagabundagem espiritual terminou, assim como o tempo do comodismo e da espera aconchegante. Com implacabilidade e terribilidade sinistra abater-se-á em breve sobre os dorminhocos e preguiçosos, que até o mais surdo despertará.

O estudo de minhas dissertações, porém, condiciona de antemão um esforço próprio, uma concentração enérgica de todos os sentidos, e com isso uma vivacidade espiritual e vigilância integral! Só então se consegue aprofundar em minhas palavras, compreendendo-as também realmente.

E isso é desejado assim! Recuso cada indolente espiritual.

Se as criaturas humanas, porém, não houverem enterrado em si pelo menos um grãozinho da Verdade oriunda da Pátria do reino espiritual, então a Palavra terá de atingi-las como um chamado, pressuposto que também se esforcem em lê-la uma vez ininfluenciadamente e com toda a seriedade. E se então nada sentirem intuitivamente que nelas desperte um eco, assim também no Além mal será possível ainda acordá-las, porque lá, igualmente, não podem receber nada de diferente. Permanecem paradas onde se colocam por vontade própria. Ninguém as forçará a desistirem disso, mas também não sairão dessa matéria a tempo, a fim de se salvarem da decomposição, portanto, da condenação eterna.

O “não querer ouvir”, naturalmente, levam consigo desta Terra para a matéria fina, e lá não se comportarão diferentemente de como aqui aconteceu.

Como pode mesmo a velhice constituir um obstáculo? É um chamado da Eternidade que as atinge, proveniente da Palavra que, no entanto, não querem ouvir por assim ser-lhes mais cómodo. Mas a comodidade por fim as destruirá, se não quiserem se tornar vivas em tempo. A pergunta, porém, mostra mui nitidamente essa comodidade. É a mesma espécie de tantas pessoas, que permanentemente querem se iludir a si próprias, sob qualquer pretexto mais ou menos aceitável. Pertencem ao joio que, pelos vindouros vendavais purificadores, não será fortalecido, pelo contrário, varrido por ser imprestável para a seriedade da verdadeira existência.

Exigiriam sempre novos prazos do Criador para refletir, sem jamais chegarem a uma escalada, para a qual devem se esforçar espiritualmente. Por tal motivo não vale a pena ocupar-se com isso longamente. São os eternamente querentes e os que jamais realizam algo em si. E com isso também perdidos.

Abdruschin

                        

Dissertação 65 “Pode a velhice constituir um obstáculo para a ascensão espiritual?” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!

Novembro 01, 2015

Quem não conhece estas palavras tão significativas que Jesus de Nazaré pronunciou quando pendia da cruz. Uma das maiores intercessões que jamais foram pronunciadas. De modo nítido e claro. Todavia, permaneceu-se durante dois milénios diante dessas palavras sem compreendê-las. Foram interpretadas unilateralmente. Apenas naquela direção que parecia agradável aos seres humanos. Não houve um sequer que levantasse sua voz em prol do verdadeiro sentido e o bradasse com toda a clareza à humanidade, principalmente aos cristãos!

Contudo, não apenas isso. Todos os acontecimentos abaladores da vida terrena do Filho de Deus foram colocados sob luz errada, devido à unilateralidade na transmissão. São erros, contudo, que não somente o cristianismo apresenta, mas encontram-se em cada religião.

Quando discípulos colocam o puramente pessoal do preceptor e mestre acima de tudo e bem em evidência, então isso é compreensível, principalmente quando esse mestre é arrancado de modo tão brutal e repentino de seu meio, para ser exposto, na mais completa inocência, a gravíssimos sofrimentos e aos mais grosseiros escárnios e, por fim, à tormentosíssima morte.

Tal coisa tal se grava, profundamente, nas almas daqueles que puderam conhecer o seu preceptor da maneira mais ideal na convivência em comum, fazendo com que aquilo que é pessoal se coloque então à frente de todas as recordações. Isso é absolutamente natural. Mas a sagrada missão do Filho de Deus foi a Sua Palavra, foi trazer a Verdade das alturas luminosas, a fim de assim mostrar à humanidade seu caminho para a Luz, que até então lhe esteve vedado, porque seu estado espiritual, em seu desenvolvimento, não possibilitava seguir anteriormente aquele caminho!

Os sofrimentos infringidos pela humanidade a esse grande portador da Verdade ficam completamente à parte!

Mas aquilo que nos discípulos era evidente e natural resultou na religião posterior em muitos e grandes erros. A objetividade da Mensagem de Deus ficou longe, em segundo plano, diante do culto pessoal ao portador da Verdade, o que Cristo jamais quis.

Por tal motivo, patenteiam-se falhas no cristianismo, que levam ao perigo de um descalabro, se os erros não forem reconhecidos a tempo, corrigidos corajosamente e confessados com franqueza.

Nada mais é de se esperar, senão que o menor progresso sincero terá que tornar visíveis tais lacunas. Então, decididamente é melhor não se desviar delas, mas atacá-las corajosamente! Por que não há-de a purificação partir da própria direção, de modo corajoso e alegre, com o olhar livre para a grande Divindade! Agradecidos, grandes grupos da humanidade seguiriam o chamado, como que libertados duma opressão, pressentida sim, nunca, porém, reconhecida, que os conduz à Luz de jubilosa convicção!

Seguindo o hábito todo daquelas pessoas que se sujeitam às cegas ao domínio ilimitado de seu próprio raciocínio, estreitando assim fortemente a sua faculdade de compreensão, deu-se à vida terrena de Cristo valor igual à sua missão. Interessam-se por questões de família e por todos os acontecimentos terrenos, até mais ainda aí, do que pela finalidade essencial de sua vinda, que consistia em dar aos espíritos humanos amadurecidos explicações sobre todo o fenómeno legítimo na Criação, onde, exclusivamente, encontram a Vontade de Deus, que nela foi entretecida e assim, para eles, confirmada.

Trazer essa até aí desconhecida Verdade, unicamente, tornou necessária a vinda de Cristo à Terra. Nada mais. Pois sem reconhecer corretamente a Vontade de Deus na Criação, ser humano algum consegue encontrar o caminho para a escalada ao reino luminoso, muito menos ainda segui-lo.

 […]

Até agora não se teve uma explicação certa e fundamentação para o sofrimento terrestre. Por isso buscou-se narcóticos como paliativos, os quais, impensadamente são transmitidos com palavras mais ou menos habilidosas, sempre de novo, aos que sofrem. O grande erro unilateral de todas as religiões!

E quando alguém quer, de modo totalmente desesperado, uma resposta demasiadamente clara, simplesmente se coloca então aquilo que não se compreende no reino do Divino mistério. Ali devem desembocar todos os caminhos de perguntas não solucionadas como porto de salvação. Mas assim se revelam nitidamente como os caminhos errados!

Pois cada caminho certo também tem um fim claro, não devendo conduzir à impenetrabilidade. Onde “imperscrutáveis caminhos de Deus” devam servir como explicação, ocorre uma fuga decorrente de inconfundível ignorância.

Para o ser humano não há nem deve haver necessidade de qualquer mistério na Criação, pois Deus quer que Suas leis vigentes na Criação sejam bem conhecidas do ser humano, a fim de que ele possa conduzir-se de acordo e, por meio delas, completar e cumprir mais facilmente seu percurso pelo Universo, sem se perder na ignorância.

Uma das mais fatais conceções, porém, continua sendo considerar o brutal assassínio do Filho de Deus como um holocausto indispensável em favor da humanidade!

Pensar que esse brutal assassínio do Filho deva reconciliar um Deus!

Uma vez que não se pode encontrar logicamente nenhum esclarecimento para essa estranha conceção, as pessoas escondem-se assim, com isso, de modo embaraçado, novamente atrás do muro do tão frequentemente utilizado muro de proteção do Divino mistério, portanto de um de fenómeno que não se pode tornar compreensível ao ser humano!

No entretanto, Deus é tão claro em tudo quanto faz. A própria clareza! Criou, pois, a natureza segundo a Sua Vontade. Portanto, o que é natural tem de ser exatamente o certo! Pois a Vontade de Deus é absolutamente perfeita.

Mas o holocausto na cruz tem de ser antinatural a cada bom senso, por ser além disso injusto contra o Filho de Deus inocente. Não existe aí nem um contornar ou esquivar. Preferivelmente, a criatura humana deveria confessar, de modo sincero, que uma coisa dessa espécie é realmente incompreensível! Pode esforçar-se como quiser, não chegará aí a nenhuma conclusão, não podendo mais compreender seu Deus nesse caso. Todavia Deus quer ser compreendido! Outrossim, pode sê-lo, porque a manifestação de Sua Vontade reside claramente na Criação, nunca se contradizendo. Somente os seres humanos é que se empenham em introduzir coisas incompreensíveis em suas investigações religiosas.

A penosa construção do falso pensamento básico, de um holocausto indispensável com a morte na cruz, já fica desfeita pelas palavras do próprio Salvador, na ocasião em que o crucificaram.

Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!

Seria, pois, necessária essa intercessão se a morte na cruz devesse ser um sacrifício indispensável para a reconciliação? “Não sabem o que fazem!” É, pois, uma acusação da mais grave espécie. Uma indicação nítida de que está errado o que fazem. Que esse ato foi apenas um crime comum.

Teria Cristo rogado em Getsémani que o cálice do sofrimento lhe fosse desviado, se a morte na cruz devesse ser um holocausto necessário? Nunca! Cristo não teria feito isso!

Assim, porém, sabia que as torturas que o aguardavam, eram apenas uma consequência do livre arbítrio humano. E, por isso, seu rogo.

Cegamente passaram diante disso durante dois milénios e irrefletidamente aceitaram em troca o mais impossível.

De modo doloroso tem de se ouvir, mui frequentemente, as opiniões de que os preferidos entre os atuais discípulos e discípulas de Jesus são agraciados com sofrimentos corpóreos, como por exemplo estigmas!

Naturalmente, tudo isso apenas decorre dessa falsa interpretação dos sofrimentos terrenos de Cristo. Nem pode ser de outro modo. Quais as pesadas consequências pessoais que isso pode acarretar, quero ainda mencionar.

Quanta irreflexão se faz mister, e que baixo servilismo imaginar o Todo-poderoso Criador agindo dessa maneira! É, pois, sem qualquer dúvida, a mais pecaminosa degradação da sublime Divindade, para cuja imaginação essencial o mais belo ainda não pode ser suficientemente belo, o melhor insuficientemente bom, para com isso aproximar-se apenas um pouco da realidade! E a esse grande Deus julga-se que seja capaz de exigir do ser humano, por Ele criado, que tenha de se contorcer em dores diante Dele, quando Ele o agracia?

Como poderá seguir-se a isso uma ascensão!

Os seres humanos formam o seu Deus conforme eles o querem ter, eles dão a Ele as diretrizes da Vontade Dele! E ai Dele, se não for assim conforme pensam; sem mais nem menos será então recusado, assim como são recusados, combatidos, aqueles que ousam ver Deus muito maior e mais sublime. Nas conceções humanas de até agora não há grandeza. Pelo contrário, comprovam apenas a fé inabalável no valor próprio. Pelo favor das criaturas humanas um Deus tem de mendigar; das mãos ensanguentadas delas foi-Lhe permitido receber de volta Seu Filho, zombado e escarnecido, martirizado e torturado, que Ele outrora enviara em auxílio com a Mensagem salvadora!

E ainda hoje se pretende manter de pé que para Deus tudo isso foi um necessário sacrifício reconciliador? Quando o próprio Cristo, sob os seus tormentos, já totalmente desesperado diante dessa cegueira, clamou: “Eles, pois, não sabem o que com isso fazem!”

Existe então ainda uma possibilidade, aliás, de levar a humanidade para o caminho certo? Mesmo os mais graves acontecimentos sempre são ainda demasiadamente fracos para tanto. Quando, finalmente, o ser humano reconhecerá quão profundamente, na realidade, ele afundou! Quão vazias e ocas são as ilusões que criou para si!

Mas tão logo se perscrute apenas um pouco mais profundamente, encontra-se o egoísmo encapsulado em sua forma mais legítima. Embora se fale agora por todos os cantos sobre uma procura de Deus com palavras bombásticas, isto é mais uma vez uma grande hipocrisia na usual vaidade, à qual falta totalmente qualquer anseio sincero pela Verdade pura. Procura-se apenas auto endeusamento, nada mais. Pessoa alguma se esforça seriamente para compreender Deus!

Com sorrisos pretensiosos afastam logo a simplicidade da Verdade, despercebidamente, pois julgam-se instruídos demais, elevados demais e importantes demais para que seu Deus ainda deva ocupar-se com o que é simples! Ele tem de ser muito mais complicado, para honra deles. Do contrário, pois, não valeria a pena crer Nele! Como se poderia, segundo a aceção deles, reconhecer ainda algo que seja facilmente compreensível a cada ignorante, algo assim não se pode taxar de grande. Hoje nem se deve mais ocupar com isso, senão torna-se ridículo. Deixe-se isso para as crianças, as velhas e os ignorantes. Não é, pois, para as criaturas humanas de raciocínio tão preparado, de inteligência, as quais são agora encontradas entre as pessoas cultas. O povo que se ocupe com isso! A cultura e a sabedoria só podem ser medidas pela dificuldade das faculdades de compreensão!

São ignorantes, porém, os que assim pensam! Nem merecem ainda receber uma só gota de água das mãos do Criador por intermédio da Criação!

Por restrição privaram-se da possibilidade de reconhecer a grandeza deslumbradora na simplicidade das leis Divinas! São, em sentido literal, incapazes para tanto, ou falando de modo bem claro, demasiado broncos, devido a seu cérebro unilateral tão atrofiado, que já desde a hora do nascimento trazem consigo, como um troféu das maiores conquistas.

Constitui um ato de graças do Criador, deixar que eles feneçam com a estruturação que fizeram, pois, para onde se olhe, tudo é hostil a Deus, desfigurado pela mórbida mania de grandeza de todos os seres humanos de raciocínio, cuja incapacidade se evidencia por toda a parte.

E isso já vem crescendo desde milénios! Levou fatalmente ao envenenamento das igrejas e das religiões, uma vez que, como mal corrosivo, foi a consequência categórica daquele pecado original, onde o ser humano se decidiu irrestritamente a favor do domínio do raciocínio.

E esse falso domínio sempre enganou as criaturas humanas a ele escravizadas, em tudo o que se refere ao Divinal! E até mesmo em todo o espiritual.

Quem não derrubar dentro de si esse trono e assim se libertar, terá de soçobrar junto com ele!

Já não se deve mais dizer pobre humanidade, pois eles são conscientemente culpados, como jamais a criatura pôde tornar-se culpada! A expressão: “Perdoai-lhes; não sabem o que fazem!” Não é mais adequada à humanidade de hoje! Tiveram mais de uma vez o ensejo para abrir os olhos e os ouvidos. Agem plenamente conscientes, e todo o efeito retroativo terá de atingi-los por isso na medida mais completa, integralmente!

Portanto, quando se fechar o anel de todo o acontecer até agora, sobrevirá com isso para esta parte da Criação o corte, a colheita e a separação. Jamais isso aconteceu até agora, desde o existir da matéria inteira.

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 66 “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem! ” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Deuses - Olimpo - Valhala

Novembro 01, 2015

Há quanto tempo já se procura obter sobre os conhecidos deuses dos tempos passados uma interpretação certa e uma ligação com o tempo atual. Convocados e pessoas eruditas procuram uma solução que traga esclarecimento total.

Mas isso só pode ocorrer, se essa solução der simultaneamente uma visão geral sem lacunas sobre todos os tempos! Desde o começo da humanidade até agora. Do contrário permanecerá outra vez uma obra fragmentária. Não adianta destacar, simplesmente, aquele tempo em que floresceram os conhecidos cultos dos deuses gregos, dos romanos bem como dos germanos. Enquanto os esclarecimentos não abrangerem ao mesmo tempo todo o evoluir e o perecer, de dentro para fora, de modo bem natural, estarão errados. As tentativas levadas a efeito até agora, apesar da sagacidade empenhada, evidenciaram finalmente, sempre de novo, somente malogro; não conseguiram se manter diante de sentimentos intuitivos mais profundos, ficaram no ar, sem ligação com as épocas anteriores e posteriores.

Nem é de se esperar diferentemente, se se observar de modo atento a evolução dos seres humanos.

Os ouvintes e leitores de minha Mensagem do Graal deveriam chegar por si à conclusão de como as coisas decorrem nesse terreno, as quais em parte até já foram relegadas para o reino das lendas e das sagas, ou procurou-se interpretá-las como meras configurações de fantasia de conceções religiosas, formadas e imaginadas de observações da natureza, em conexão com os acontecimentos diários.

Não deve ser difícil àquele que pensa e perscruta, encontrar nas antigas doutrinas de deuses algo mais do que apenas lendas de deuses. Há-de ver até nitidamente o fenómeno real! Quem quiser que me siga, pois!

Volto aqui à minha dissertação: “Pai perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem”. Lá relatei brevemente a história da humanidade na Terra, desde o princípio até hoje. Dei também uma perspetiva do prosseguimento ulterior. Com isso mostrou-se como, no meio de um circular orbital da Criação, o enteal, situado mais abaixo do que o espiritual, cumpriu o máximo de sua capacidade dentro do material, localizado ainda mais abaixo, tendo proporcionado com esse cumprir passagem livre à penetração do espiritual mais elevado, cujo processo se repete na Criação constantemente. Esclareci também como no corpo animal desenvolvido pelo enteal ao máximo, chamado homem primitivo, só então foi dada, em seu desenvolvimento máximo, a possibilidade de penetração de um germe espiritual, o que também ocorreu, e que, nesse ponto de desenvolvimento da Criação, outrossim, sempre ocorrerá novamente. No animal de outrora, desenvolvido ao máximo entrou assim algo novo, o espiritual, que até então não estava nele.

Desse processo não se deve no entanto, tirar precipitadamente a conclusão de que tal fenómeno se repete constantemente na mesma parte do Universo durante o seu desenvolvimento progressivo, pois, assim não é! Na mesma parte apenas acontece uma vez. 

A lei de atração da igual espécie passa aqui, igualmente, no desenvolvimento progressivo, um ferrolho irremovível com relação a uma repetição na mesma parte do Universo. Atração da igual espécie equivale nesse caso à admissão durante um bem determinado período evolutivo, no qual, devido a certo estado de semi-amadurecimento da matéria, sementes espirituais esvoaçando nos limites podem lançar-se, qual meteoritos, na matéria que se acha em estado de recetividade para tanto, a fim de serem absorvidas, envolvidas, isto é, encapsuladas e retidas pelos pontos preparados para a receção, nesse caso, pelos corpos animais de outrora, desenvolvidos ao máximo.

Exatamente como em escala pequena, num processo químico de fusão, a ligação de uma matéria estranha só se torna possível em bem determinado grau de calor ou de incandescência da massa recetora, depois desse calor ou incandescência ter produzido, por sua vez, também um estado todo especial nessa massa, alcançável somente naquele determinado grau. A mínima alteração nisso torna novamente impossível a união, e as matérias se contrapõem de modo rejeitante e inacessível.

Aqui a igual espécie se encontra num determinado grau de amadurecimento mútuo, que apenas aparentemente apresenta grandes contrastes, pois está equilibrada pela diferença de nível, superior e inferior, de ambas as partes em fusão. O ponto mais inferior do espiritual é, na maturidade, semelhante ao ponto mais alto do enteal situado abaixo dele. Só é possível uma ligação nesse ponto exato de encontro. E como a matéria em seu desenvolvimento sempre se movimenta no grande circular orbital, no germinar, florescer, amadurecer e decompor pelo super-amadurecimento, enquanto o espiritual se acha acima dela, esse processo só pode ocorrer sempre num bem determinado ponto, em ligação inflamadora durante a passagem rotatória da matéria. Uma fecundação espiritual da matéria que lhe vem ao encontro, preparada para isso através da atuação do enteal.

Tendo uma parte do Universo, em sua rotação, ultrapassado esse ponto, cessa então para ela a possibilidade de fecundação espiritual por germes espirituais, enquanto a que se lhe segue se coloca em seu lugar, iniciando-se para aquela, porém, uma nova fase em que os espíritos em amadurecimento podem entrar, e assim por diante. Não disponho de espaço nesta dissertação para desenrolar toda a fenomenologia do Universo. Mas um pesquisador sincero poderá bem imaginar o prosseguimento.

Logo ao entrar na matéria, o espiritual, em consequência de sua constituição mais elevada, fez sentir a sua influência viva sobre tudo o mais, mesmo em seu estado inconsciente de então. Começou a dominar com a entrada na matéria. Como esse espiritual elevou então o corpo animal, pouco a pouco, até o atual corpo humano, não fica mais incompreensível, pois, a nenhum leitor.

Todavia, aqueles corpos animais de raça desenvolvida ao máximo naquele tempo. Nos quais não penetraram sementes espirituais, pararam em seu desenvolvimento, uma vez que neles o enteal já havia atingido o máximo, faltando a força do espiritual para seguir adiante, e com a parada ocorreu rapidamente um superamadurecimento, ao que se seguiu o retrocesso para a decomposição. Existiam para essa raça apenas duas possibilidades, ou o soerguimento pelo espírito ao corpo humano, ou extinção, desintegração. E com isso cessou totalmente de existir essa espécie animal madura.

Sigamos agora a lenta autoconscientização desse inicialmente inconsciente germe espiritual para um espírito humano e acompanhemos, em espírito, sua gradual penetração nas camadas e ambientes que o envolvem.

Isso não é assim tão difícil, porque o processo evolutivo se mostra exteriormente com bastante nitidez. Basta observar as raças humanas que ainda hoje se encontram na Terra.

[…]

Os cultos religiosos da humanidade, em suas diversidades, não se originam absolutamente de fantasia alguma, pelo contrário, mostram setores da vida no assim chamado Além. Mesmo o curandeiro de uma tribo de negros ou de índios tem a sua razão de ser no degrau inferior de seu povo. O facto de aí se misturarem charlatões e impostores, não pode desacreditar a coisa em si.

Demónios, entes das florestas e do ar, e também os assim chamados deuses antigos, encontram-se ainda hoje nos mesmos lugares, inalteradamente, e na mesma atividade de antes. Também o supremo Templo desses grandes guias de todos os elementos, o Olimpo ou o Valhalá, jamais foi lenda, mas sim visto na realidade. O que, porém, as criaturas humanas, que estacionaram no desenvolvimento não mais puderam ver são os espíritos primordiais, as imagens de Deus, primordialmente criadas, que igualmente possuem um Templo no ápice denominando-o Templo do Graal, o Supremo Templo do espiritual primordial e assim também de toda a Criação!

Somente por meio de inspirações pôde ainda chegar notícia da existência desse Supremo Templo aos seres humanos que se encontram no limiar de todo o espiritual, uma vez que espiritualmente não amadureceram tanto para ver também aquilo pressentidamente.

Tudo é vida! Somente os seres humanos que se julgam progressistas, em vez de progredir, desviaram-se, voltando em direção às profundezas.

Agora não se deve acaso esperar ainda que com um desenvolvimento ulterior devesse se alterar novamente o conceito de Deus, ensinado por Cristo e pela minha Mensagem do Graal! Esse permanece de agora em diante, porque algo mais não existe.

Com um ingresso, que hoje ainda falta, no espiritual e o aperfeiçoamento nisso, cada espírito humano pode ascender tanto, que por fim adquirirá incondicionalmente a convicção desse facto no vivenciar interior. Poderia então de modo conscientemente, estando na força de Deus, realizar feitos grandiosos, para os quais já fora convocado desde o princípio. Mas então nunca mais se atreveria a imaginar que tenha em si algo de Divino. Essa ilusão é exclusivamente o carimbo e o cunho de sua imaturidade de hoje!

No estado consciente correto, porém, encontrar-se-ia então a grande humildade, originar-se-ia o servir libertador, o que é dado pela doutrina pura de Cristo sempre como exigência.

Somente quando os missionários, os pregadores e os precetores, baseados no saber do desenvolvimento natural de toda a Criação, e com isso também no conhecimento exato das leis da Vontade Divina, começarem sua atividade, sem saltos e sem deixarem lacunas, é que poderão obter verdadeiros resultados, espiritualmente vivos.

Agora cada religião, infelizmente, nada mais é do que uma forma rígida, que conserva sempre penosamente um conteúdo inerte. Após a transformação indispensável, no entanto, ao adquirir vida, esse conteúdo até então inerte torna-se vigoroso, rebenta as frias, mortas e rígidas formas, e bramindo se derrama jubilosamente sobre todo o Universo e entre todos os povos!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 67 “Deuses – Olimpo - Valhala” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Criatura humana

Novembro 01, 2015

Sempre de novo surgem novas ondas de indignação e lançam seus círculos sobre estados e países, provocadas por minha afirmação de que a Humanidade nada tem de Divino em si. Isso mostra quão profundamente a presunção lançou raízes nas almas humanas, e com que pouca vontade querem elas se separar disso, mesmo quando seu sentimento intuitivo, advertindo aqui e acolá, já surja à tona, deixando-as reconhecer que, contudo, finalmente tem de ser assim.

O relutar, no entanto, não modifica em nada o facto. Os espíritos humanos são até menores ainda, mais insignificantes do que julgam, quando, de modo penoso, já tiverem chegado interiormente à convicção de que lhes falta tudo o que se refere ao Divino.

Por isso quero ir ainda além do que até agora, estirar mais um pouco ainda a Criação, a fim de mostrar a que degrau pertence o ser humano. Certamente não é bem possível que possa iniciar com a ascensão, sem antes saber exatamente o que ele é e o que ele pode. Ciente disso, então sabe finalmente ainda o que deve!

Isso, porém, é bem diferente de tudo o que hoje quer! E quão diferente!

Não desperta mais piedade naquele a quem é dado ver claramente. Entendo com “ver” não a visão de um vidente, mas a de um sábio. Ao invés de piedade e compaixão, só há-de surgir agora apenas ira. Ira e desprezo por causa da ilimitada arrogância perante Deus, que centenas de milhares presunçosamente praticam todos os dias e a todas as horas, renovadamente. Numa presunção que não encerra nem uma sombra de saber. Não vale a pena gastar nisso uma palavra sequer.

O que eu disser doravante, destina-se àqueles poucos que devido à sua pura humildade ainda podem chegar a certo reconhecimento, sem terem antes de ser tão arrasados, conforme acontecerá brevemente segundo as leis Divinas, para finalmente proporcionar ingresso à verdadeira Palavra Dele, e abrir solo fértil para tanto!

Toda a vazia e eloquente obra artificial dos que se julgam sabidos terrenalmente, cairá em ruínas concomitantemente com o atual solo, completamente estéril!

Urge que esse palavrório vazio, que atua como veneno sobre tudo o que se esforça para cima, desmorone por si mesmo com toda a sua vacuidade.

Mal estabeleci a separação entre o Filho de Deus e o Filho do Homem, como duas personalidades, assim surgem tratados querendo esclarecer com confusões teológicas e filosóficas que assim não é. Sem entrar objetivamente na minha indicação, procura-se conservar o erro antigo a qualquer preço, mesmo pelo preço da objetividade lógica, no modo turvo dos dogmas de até então. Teimosamente se agarram a algumas frases das velhas escrituras, excluindo qualquer pensamento próprio e assim também, com a condição não expressa de que os ouvintes e leitores, igualmente, não devem refletir, menos ainda intuir, pois do contrário rapidamente se reconhece que com aquelas numerosas palavras nada fica fundamentado, porque fica impossível uma conclusão certa, quer para trás quer para diante. Ainda mais visivelmente, porém, falta àquelas muitas palavras uma conexão com o fenómeno real.

Quem nisso finalmente se tornar capaz de abrir seus ouvidos e seus olhos, sem mais nada terá de reconhecer a nulidade de tais “doutrinações”; é um derradeiro agarrar-se, que já não se pode mais denominar como um segurar-se a um apoio de até então, o qual em breve se evidenciará como nada.

A única fundamentação é formada por frases, cuja transmissão certa não pode ser comprovada, as quais, pelo contrário, devido à impossibilidade de inclusão lógica nos fenómenos universais, mostram bem nitidamente que seu sentido chegou à retransmissão de modo desfigurado pelo cérebro humano. Nenhuma delas pode ser incluída nos fenómenos e no sentimento intuitivo, sem lacunas. Mas somente onde tudo se fecha num círculo completo, sem fantasias e sem palavras de crença cega, aí todos os fenómenos são esclarecidos de modo certo!

Contudo, por que esforçar-se, se o ser humano não quer libertar-se de tal ideia fixa! Aconteça, pois, calmamente o que nessas condições agora terá de acontecer.

Afasto-me com horror dos fiéis e de todos aqueles que, em sua falsa humildade e devido a tanto saber melhor, não reconhecem uma verdade singela, rindo dela até ou ainda querendo melhorá-la benevolentemente. Quão depressa exatamente esses se tornarão tão pequenos, pequenos mesmo, perdendo todo o apoio, porque não o têm na crença nem no seu saber. Terão o caminho que obstinadamente querem manter, pelo qual não mais poderão voltar para a vida. O direito de escolha jamais lhes foi negado.

Os que até aqui me acompanharam sabem que o ser humano se origina da parte suprema da Criação: do espiritual. Contudo, muitas diferenças têm de ser registadas ainda na região do espiritual. O ser humano terreno que se atreve a querer ser grande, que frequentemente nem hesita em rebaixar seu Deus para o supremo daquele degrau ao qual ele pertence, que às vezes ousa negá-Lo ou injuriá-Lo, na realidade nem é aquilo que no melhor sentido um ou outro humilde julga ser. O ser humano terreno não é nenhum ser criado, mas apenas um ser desenvolvido. É uma diferença que a criatura humana não pode imaginar. Uma diferença que jamais conseguirá abranger livremente.

As palavras são belas e bem-vindas a muitos, e inúmeros precetores as trazem nos lábios, a fim de aumentar o número de adeptos. Contudo, até mesmo esses precetores ignorantes estão ainda convictos de todos os erros que propagam e não sabem como é grande o dano que assim causam aos seres humanos!

Somente a certeza com relação àquela grande pergunta pode conduzir a uma ascensão: “Que sou eu?” Se ela não for resolvida antes de modo bem radical, reconhecida, então a ascensão tornar-se-á amargamente difícil, pois voluntariamente os seres humanos não se dignam a tal humildade, que lhes proporcionaria o caminho certo, o qual, outrossim, realmente podem seguir! Todos os acontecimentos têm comprovado isso de modo claro até à época atual.

A própria humildade ou fez desses homens escravos, o que é tão errado quanto a presunção, ou com essa humildade ultrapassaram em muito o alvo propriamente, e puseram-se num caminho a cujo fim jamais podem chegar, porque a constituição do espírito não é suficiente para isso. E por isso caem numa profundeza, que os faz despedaçarem-se, porque antes quiseram ser superiores demais.

Apenas os seres criados são imagens de Deus. São os primordialmente criados, espíritos primordiais naquela verdadeira Criação, da qual tudo o mais pôde se desenvolver. Nas mãos desses encontra-se a direção suprema de todo o espiritual. São os ideais, modelos eternos para a humanidade inteira. O ser humano terreno, porém, só pôde desenvolver-se como cópia dessa Criação constituída. Do pequenino germe espiritual inconsciente até uma personalidade autoconsciente.

Somente plenamente desenvolvido pela observância do caminho certo na Criação torna-se cópia das imagens de Deus! Ele mesmo, de modo algum, é a própria imagem! De permeio jaz ainda um grande abismo até ele, embaixo!

Mas também das legítimas imagens, o próximo passo fica ainda longe de Deus. Por isso uma criatura humana terrena, finalmente, devia reconhecer tudo aquilo que se encontra entre ela e a sublimidade da Divindade, que tanto se esforça por arrogar a si. O ser humano terreno julga tornar-se Divino, quando plenamente desenvolvido, ou pelo menos uma parte disso, ao passo que em sua máxima elevação apenas se tornará a cópia de uma imagem de Deus! Permitido lhe é chegar até o átrio, aos vestíbulos de um Templo do Graal, como máxima distinção que possa ser conferida a um espírito humano.

Lançai fora, finalmente, essa presunção que só vos pode tolher, uma vez que com isso perdeis o caminho luminoso. Os que se acham no Além, querendo dar doutrinas bem-intencionadas nos círculos espíritas, nada sabem a respeito, pois a eles próprios ainda falta o necessário reconhecimento para tanto. Poderiam rejubilar-se, se lhes fosse permitido ouvir a respeito disso. Igualmente entre eles não deixará de vir o grande lamento, quando chegar o reconhecimento do tempo perdido em brincadeiras e obstinações.

Assim como na região espiritual, também é no enteal. Aqui os guias de todos os elementos são os enteais primordialmente criados. Todos os enteais se conscientizam, como as ondinas, os elfos, os gnomos, as salamandras etc., não são entes criados, mas apenas desenvolvidos, oriundos da Criação. Desenvolveram-se, portanto, da parte enteal, desde a semente enteal inconsciente até o enteal consciente, pelo que, na conscientização, adquirem também formas humanas. Isso se processa sempre, simultaneamente com a conscientização. Existe no enteal a mesma gradação que no espiritual.

Os primordialmente criados dos elementos no enteal, da mesma maneira que os primordialmente criados no espiritual têm, segundo a espécie de sua atividade, forma masculina ou feminina. Daí o conceito na antiguidade de deuses e deusas. É aquilo a que já me referi na minha dissertação “Deuses, Olimpo, Valhalá”.

Uma grande e uniforme disposição perpassa a Criação e o Universo!

[…]

Quando sementes espirituais partem da Criação, isto é, do Paraíso, seguindo um impulso por elas escolhido, a fim de proceder a uma peregrinação por aquele mundo, então pode se dizer, evidentemente e de modo figurado, que os filhos deixam a terra natal, a fim de aprender e depois voltar, se for tomada figuradamente. Tudo, no entanto, deve permanecer sempre figuradamente, não devendo ser transformado no sentido pessoal, conforme tenta-se por toda a parte.

Visto que o espírito humano só se carrega de culpa no mundo, por ser impossível algo assim no espiritual, evidentemente também não pode voltar para o reino espiritual, antes que se liberte da culpa que nele pesa. A tal respeito eu poderia tomar milhares de imagens, todas poderiam ter em si somente o único sentido fundamental que muitas vezes já dei na efetivação das simples três leis básicas.

Sou estranho a tantos, quando descrevo o fenómeno de modo objetivo, porque p que é figurado lisonjeia a sua presunção e o amor-próprio. Prefere permanecer no seu mundo de sonhos, pois aí tudo soa muito mais bonito, aí ele próprio se sente muito mais importante do que realmente é. Comete assim o erro de não querer ver o que é objetivo nisso, excedendo-se em fantasias, perde assim o caminho e seu apoio, ficando, apavorado, talvez até revoltado, quando lhe mostro agora com toda a simplicidade e sobriamente, como a Criação é, e qual o papel que ele realmente representa nela.

É para ele uma transição, como a de uma criança pequena que ouvisse nos braços afáveis da mãe ou da avó contos, com os olhos cintilantes e as faces empolgadas de entusiasmo, para então ver, finalmente, o mundo e os seres humanos na realidade. Completamente diferente do que soa nos belos contos, contudo idêntico no fundo, numa análise mais rigorosa e retrospetiva desses contos. O momento é amargo, porém necessário, senão criança alguma poderia progredir, sucumbindo como “estranha ao mundo”, com grande sofrimento.

Aqui não é diferente. Quem quiser ascender mais, terá que conhecer finalmente a Criação em toda a sua realidade. Terá que andar firme nos pés, não deve mais devanear em sentimentos que servem bem para uma criança irresponsável, mas não para uma pessoa madura, cuja força de vontade traspassa a Criação de modo beneficente ou perturbador, e assim a soergue ou a destrói.

Moças que leem romances, os quais apresentados inveridicamente apenas encobrem a vida real, experimentarão mui rapidamente amargas deceções na vida com a fantasia assim despertada, mui frequentemente ficarão até traumatizadas por toda a sua existência terrena, como presa fácil da falsidade inescrupulosa, da qual se aproximaram confiantemente. Não é diferente na evolução dum espirito humano na Criação.

Por isso, fora com tudo o que é figurado, que o ser humano nunca aprendeu a entender por ter sido demasiadamente comodista para a seriedade de uma interpretação certa. É chegado o tempo dos véus caírem, e ele ver claramente, de onde veio, quais as obrigações impostas pela sua incumbência e também para onde terá de ir. Para tanto necessita do caminho! E esse caminho ele o vê claramente desenhado na minha Mensagem do Graal, pressuposto que o queira ver.

A Palavra da Mensagem do Graal é viva, de modo que só se deixa encontrar profusamente por aquelas pessoas que têm na alma realmente sincero anseio! Tudo o mais ela repele automaticamente. Para os presunçosos e para os que procuram apenas superficialmente, a Mensagem permanece o livro com sete selos!

Somente quem se abrir espontaneamente, receberá. Se ele começa a leitura de antemão com disposição certa e autêntica, tudo o que procura florescer-lhe-á em maravilhosa realização! Todavia os que não forrem de coração inteiramente puro serão repelidos por essa Palavra, ou ela se fechará ante os falsos olhares. Não encontrarão nada!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 68 “Criatura Humana” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

E mil anos são como um dia!

Novembro 01, 2015

Quem das criaturas humanas já compreendeu o sentido dessas palavras; em que igreja é interpretado direito? Em muitos casos é considerado apenas como um conceito de vida sem tempo. Todavia, na Criação nada existe sem tempo e nada ausente de espaço. Já o conceito da palavra Criação há-de contradizer isso, pois o que é criado, é uma obra, e cada obra tem uma limitação. Mas o que tem limitação não é sem espaço. E aquilo que não é sem espaço, também não pode ser sem tempo.

Há diversos mundos que formam a morada de espíritos humanos, segundo sua maturidade espiritual. Esses mundos são de densidade maior ou menor, mais próximos ou mais afastados do Paraíso. Quanto mais afastados, tanto mais densos e com isso mais pesados.

O conceito de tempo e de espaço restringe-se com a crescente densidade, com a mais firme compactação da matéria, com a maior distância do reino espiritual.

A diversidade do conceito de tempo e de espaço origina-se da maior ou menor capacidade de assimilação do vivenciar pelo cérebro humano, que por sua vez está ajustado ao grau de densidade do respetivo ambiente, portanto, à espécie daquela parte do Universo em que o corpo se encontra. Sucede assim que devemos falar da diferença dos conceitos referentes a espaço e tempo nas diversas partes do Universo.

Existem, pois, partes do Universo que se acham muito mais próximas do Paraíso, do que aquela a que pertence a Terra. Essas mais próximas são de outra espécie de matéria, mais leve e menos compacta. Consequência disso é a possibilidade de um vivenciar mais amplo com plena consciência. Aqui denominamos isso vivenciar consciente.

As matérias de outra espécie pertencem à matéria grosseira de consistência mais fina, bem como à parte de consistência grosseira da matéria fina e, ainda, a matéria fina absoluta, ao passo que nos encontramos, atualmente, no mundo da matéria grosseira absoluta. Quanto mais refinada for a matéria, tanto mais permeável também é. Contudo, quanto mais permeável for uma matéria, tanto mais amplo e mais extenso para o espírito humano que se encontra no corpo, será o campo da possibilidade de vivenciar conscientemente, ou digamos da possibilidade de impressão.

O espírito humano que habita num corpo mais grosseiro e mais denso, dispondo de um cérebro correspondentemente mais denso como estação intermediária dos fenómenos exteriores, se encontra de modo natural mais firmemente isolado ou circumurado, do que em uma espécie matéria mais penetrável, menos densificada. Por conseguinte, na mais densa ele somente pode perceber em si acontecimentos ou deixar-se impressionar por eles até um limite mais restrito.

Quanto menos densa, porém, for uma espécie de matéria, tanto mais leve ela será naturalmente; com isso terá de se encontrar tanto mais alta e será, igualmente, também mais translúcida e por conseguinte também mais clara. Quanto mais perto se encontrar do Paraíso, em decorrência de sua leveza, tanto mais luminosa e radiante será também por esse motivo, por deixar passar as irradiações provenientes do Paraíso.

Quanto mais, pois, um espírito humano recebe, por meio de seu corpo, a possibilidade de um sentir vivo, devido a um ambiente mais leve, menos denso, tanto mais capaz será de vivenciar em si, de modo que no decorrer de um dia terreno poderá assimilar muito mais vivências em seu ambiente, do que uma criatura humana terrena com seu cérebro mais denso, em seu ambiente mais pesado e assim mais firmemente compactado. Conforme a espécie da permeabilidade, portanto, conforme a espécie mais leve e mais luminosa do ambiente, um espírito humano consegue no decorrer de um dia terreno vivenciar tanto como num ano terreno, devido à assimilação mais fácil, e no próprio reino espiritual, no decorrer de um dia terreno tanto como em mil anos terrenos!

Por isso está dito: “Acolá mil anos são como um dia”. Portanto, na riqueza do vivenciar, cuja intensificação se orienta segundo o amadurecimento crescente do espírito humano.

O ser humano pode imaginar isso melhor, pensando em seus sonhos! Aí consegue frequentemente sentir de modo intuitivo, vivenciar realmente no espírito uma vida humana inteira num único minuto de tempo terreno! Vivencia aí coisas as mais alegres, bem como as mais dolorosas, ri e chora, vivencia seu envelhecer e, no entretanto, gastou aí apenas o espaço de um único minuto. Na própria vida terrena necessitaria, para esse mesmo vivenciar, de muitos decénios, porque o tempo e o espaço do vivenciar terreno são demasiadamente limitados, prosseguindo assim cada degrau mui lentamente.

E como o ser humano na Terra somente em sonho pode vivenciar tão rapidamente, porque as algemas do cérebro foram aí tiradas parcialmente do espírito pelo sono, assim, nas partes mais luminosas do Universo, como espírito não mais tão fortemente algemado e mais tarde completamente livre, ele se encontra sempre nesse vivenciar ativo e rápido. Para o vivenciar real de mil anos terrenos não precisará mais tempo do que um dia!

Abdruschin

                        

Dissertação 69 “E mil anos são como um dia!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Intuição

Novembro 01, 2015

Cada intuição forma imediatamente uma imagem. Nessa formação de imagem participa o cerebelo, que deve ser a ponte da alma para domínio do corpo. É aquela parte do cérebro que vos transmite o sonho. Essa parte se acha por sua vez em ligação com o cérebro anterior, de cuja atividade se originam os pensamentos, mais ligados ao espaço e ao tempo, e dos quais, por fim, é composto o raciocínio.

Atentai bem, portanto, no processo! Podeis aí distinguir nitidamente quando a intuição vos fala por meio do espírito, ou o sentimento por meio do raciocínio!

A atividade do espírito humano provoca no plexo solar a intuição, impressionando assim, concomitantemente, o cerebelo. A efetivação do espírito. Portanto, uma onda de força que sai do espírito. Essa onda o ser humano intui, naturalmente, ali onde o espírito dentro da alma se acha em ligação com o corpo, no centro do assim chamado plexo solar que transmite o movimento para o cerebelo, o qual fica então impressionado.

Esse cerebelo, segundo a espécie determinada das diversas impressões, forma, igual a uma chapa fotográfica, a imagem do acontecimento desejado pelo espírito, ou que o espírito formou com sua poderosa força, através de sua vontade. Uma imagem sem palavras! O cérebro anterior recebe essa imagem e procura descrevê-la com palavras, com o que se dá a geração dos pensamentos que chegam à expressão na linguagem.

O processo todo é na realidade muito simples. Quero repetir ainda uma vez: o espírito, com o auxílio do plexo solar, impressiona a ponte a ele dada, imprime, por conseguinte, em ondas de força uma determinada vontade no instrumento a ele entregue para tanto, o cerebelo, que logo retransmite ao cérebro anterior o que recebeu. Nessa retransmissão já se processa uma pequena modificação, pela condensação, visto o cerebelo acrescentar algo de sua própria espécie.

Como os elos que se articulam numa corrente, atuam os instrumentos no corpo humano, os quais estão à disposição do espírito para utilização. Todos eles agem, porém, apenas formando; não podem diferentemente. Tudo quanto lhes é transmitido formam de acordo com sua própria espécie peculiar. Dessa maneira também o cérebro anterior recebe a imagem transmitida pelo cerebelo e, de acordo com sua estrutura um pouco mais grosseira, comprime-a pela primeira vez em conceitos mais restritos de espaço e tempo, condensando-a assim, e retransmitindo-a dessa maneira ao mundo de matéria fina, já algo mais palpável, das formas de pensamentos.

Logo a seguir, porém, já forma também palavras e frases, que então, por meio dos órgãos da linguagem, penetram como ondas sonoras formadas na fina matéria grosseira, para aí por sua vez, provocarem um novo efeito, o qual acarreta o movimento dessas ondas.

A palavra falada é, portanto, uma manifestação das imagens através do cérebro anterior. Este, porém, também pode dar a direção da manifestação, em vez de para os órgãos da linguagem, aos órgãos da movimentação, pelo que se origina, em lugar da palavra, a escrita ou a ação.

Este é o curso normal da atividade do espírito humano desejada pelo Criador na matéria grosseira.

É o caminho certo que teria conduzido ao desenvolvimento sadio da Criação, pelo qual nem era possível a humanidade perder-se.

No entanto, o ser humano saiu voluntariamente dessa via, que lhe foi prescrita pela constituição do corpo. Com teimosia interferiu no curso normal da corrente de seus instrumentos, fazendo do raciocínio o seu ídolo. Dessa maneira lançou toda a energia na educação do raciocínio, unilateralmente, apenas sobre esse ponto. O cérebro anterior, como gerador, foi forçado desproporcionalmente em relação aos demais instrumentos cooperadores.

Isto naturalmente se vingou. O funcionamento uniforme e em comum de todos os elos individuais foi derrubado e tolhido; com isso também qualquer desenvolvimento correto. O esforço máximo do cérebro anterior, exclusivamente, durante milénios, provocou seu crescimento muito acima de tudo o mais.

A consequência é a diminuição forçada da atividade de todas as partes negligenciadas, que tinham que ficar mais fracas pela menor utilização. A isso pertence em primeira linha o cerebelo, que é o instrumento do espírito. Disso decorre que a função do espírito humano, propriamente, não somente ficou fortemente impedida, mas muitas vezes intercetada e desligada totalmente. A possibilidade de correto intercâmbio com o cérebro anterior através da ponte do cerebelo está enterrada, ao passo que uma ligação direta do espírito humano com o cérebro anterior fica totalmente excluída, visto que sua constituição nem é adequada para isso. Depende, categoricamente, do pleno funcionamento do cerebelo, em cuja sucessão se encontra de acordo com a Vontade de Deus, se quiser cumprir corretamente a função que lhe cabe.

Para receber as vibrações do espírito é necessária a espécie do cerebelo. Isso nem pode ser contornado, pois o cérebro anterior, já pela atividade, tem de preparar a transição para a fina matéria grosseira e, por isso, é também de constituição completamente diferente, muito mais grosseira.

No cultivo excessivo e unilateral do cérebro anterior encontra-se, portanto, o pecado hereditário do ser humano terreno contra Deus, ou expresso de modo mais nítido, contra as leis Divinas que, na distribuição correta de todos os instrumentos corpóreos, estão inseridas do mesmo modo como em toda a Criação.

A conservação dessa distribuição correta teria trazido em si, também, o caminho certo e reto para a ascensão do espírito humano. Assim, no entanto, o ser humano, em sua presunção ambiciosa, interferiu nas malhas do sadio atuar, destacando e cuidando de modo especial de uma parte disso, não atentando às demais. Isso tinha de acarretar desigualdade e estagnação. Mas se o curso do processo natural for impedido desse modo, então a doença, o falhar e por último uma emaranhada confusão e ruína, hão-de ser a absoluta consequência.

Aqui, no entanto, não entra em consideração apenas o corpo, mas em primeira linha o espírito! Com esse abuso do cultivo desigual de ambos os cérebros no decorrer dos milénios, o cérebro posterior foi oprimido pela negligência, e com isso impedido o espírito em sua atividade. Tornou-se pecado hereditário, porque com o tempo o cultivo excessivo e unilateral do cérebro anterior já é transmitido a cada criança, como herança de matéria grosseira, pelo que lhe dificulta de antemão, incrivelmente, o despertar e o fortalecimento espiritual, porque a ponte do cérebro posterior, indispensável para tanto, não lhe ficou mais tão facilmente transitável e mui frequentemente foi até cortada.

A criatura humana nem sequer pressente que ironia há nas expressões criadas por ela própria “cérebro e cerebelo”, condenando-a gravemente! Essa acusação não poderia ter sido formulada de modo mais terrível contra o seu abuso da determinação divina! Ela marca com isso exatamente o pior de sua culpa terrena, uma vez que com criminosa teimosia mutilou de tal modo o instrumento fino do corpo de matéria grosseira que devia auxiliá-la nesta Terra, que este não somente não lhe pode servir assim como foi previsto pelo Criador, mas tem de conduzi-la até às profundezas da perdição! Pecaram assim muito pior que beberrões ou aqueles que, entregando-se a todas as paixões, destroem seus corpos!

E, além disso, ainda têm a arrogância de querer que Deus se lhes deva tornar de tal modo compreensível, que eles, no invólucro arbitrariamente desfigurado de seu corpo, também possam compreender! Por cima desse crime já praticado, ainda essa exigência!

A criatura humana teria podido, em desenvolvimento normal, escalar os degraus para as alturas luminosas de maneira fácil e cheia de alegria, se não tivesse interferido na obra de Deus com mão criminosa!

Os seres humanos do futuro terão cérebros normais que, trabalhando com uniformidade, se apoiarão então mutuamente, de modo harmonioso. O cérebro posterior, que se chama cerebelo, por estar atrofiado, robustecer-se-á então, porque chegará à atividade certa, até ficar em relação correta com o cérebro anterior. Então haverá novamente harmonia, e o contorcido e doentio terá que desaparecer!

Agora, sigamos para as demais consequências do modo de vida errado de até então: o cérebro posterior, demasiadamente pequeno na relação, dificulta, aos que hoje procuram de modo realmente sincero, distinguir o que neles seja legítima intuição e o que é simplesmente sentimento. Eu já disse anteriormente: o sentimento é gerado pelo cérebro anterior, ao atuarem seus pensamentos nos nervos do corpo, que irradiando retroativamente obrigam ao cérebro anterior o estímulo da assim chamada fantasia.

Fantasias são imagens criadas pelo cérebro anterior. Não podem ser comparadas com as imagens formadas pelo cerebelo sob pressão do espírito! Temos aqui a diferença entre a expressão da intuição como consequência duma atuação do espírito, e os resultados dos sentimentos provenientes dos nervos corpóreos. Ambos dão imagens que para os leigos são difíceis ou até impossíveis de reconhecer, apesar de existir aí uma tão enorme diferença. As imagens da intuição são legítimas e contêm força viva; as imagens do sentimento, porém, a fantasia, são simulações duma força emprestada.

Nas imagens da intuição, que é a atividade do cerebelo, como ponte para o espírito, surge primeiro a imagem imediatamente, e só depois se transforma em pensamentos, pelo que então a vida sensitiva do corpo fica influenciada pelos pensamentos.

No entanto, nas imagens geradas pelo cérebro anterior dá-se o contrário. Aí os pensamentos têm que anteceder, a fim de estabelecerem as bases das imagens. Mas tudo isso se passa tão depressa, que quase parece uma só coisa. Com um pouco de prática em observar, contudo, uma pessoa pode, em pouco tempo, distinguir com exatidão de que espécie é o processo.

Uma outra consequência desse pecado hereditário é a confusão dos sonhos! Por esse motivo as pessoas hoje não podem mais dar aos sonhos aquele valor que lhes caberia, propriamente. O cerebelo normal transmitiria os sonhos, influenciado pelo espírito, de maneira clara e inconfundível. Quer dizer, nem seriam sonhos, mas vivências do espírito acolhidas e retransmitidas pelo cerebelo, enquanto o cérebro anterior repousa em sono. A atual força dominadora do cérebro anterior ou diurno, porém, exerce também durante a noite sua influência, irradiando sobre o sensível cérebro posterior. Este, em seu enfraquecido estado atual, acolhe as fortes irradiações do cérebro anterior, simultaneamente com as vivências do espírito, originando-se assim uma mistura semelhante à exposição dupla duma chapa fotográfica. Isso resulta, então, nos sonhos confusos atuais.

A melhor prova disso é que muitas vezes também surgem nos sonhos palavras e frases, que só se originam do funcionamento do cérebro anterior, o único a formar palavras e frases por estar ligado ao espaço e ao tempo mais intimamente.

Por essa razão, o ser humano agora também não está mais acessível, ou de modo precário apenas, a advertências e ensinamentos espirituais através do cérebro posterior, e devido a isso muito mais exposto a perigos, dos quais, em caso contrário, poderia desviar-se pelas advertências espirituais!

Assim existem, além dessas mencionadas consequências más, muitas outras, que a interferência do ser humano nas determinações Divinas trouxe consigo, pois na realidade todo o mal se originou somente desse único falhar hoje tão visível a qualquer um e que foi tão-só um fruto da vaidade, originado pela aparição da mulher na Criação.

Liberte-se, portanto, o ser humano finalmente das consequências do mal hereditário, se não quiser se perder.

Tudo, evidentemente requer esforço, assim também isto. O ser humano deve, sim, despertar de seu comodismo, para se tornar finalmente aquilo que já deveria ter sido desde o início! Beneficiador da Criação e transmissor de Luz para toda a criatura!

Abdruschin

                        

Dissertação 70 “Intuição” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

A vida

Novembro 01, 2015

O conceito do ser humano sobre a vida tem sido errado até agora. Tudo quanto ele denominava vida, nada mais é do que um movimento impulsionado, que deve ser considerado apenas como efeito natural da verdadeira vida.

Na Criação inteira é, portanto, formador, maturativo, conservador e desintegrador apenas o efeito posterior do movimento mais ou menos forte. O raciocínio humano pesquisou esse movimento como sendo o mais elevado e aí encontrou os seus limites. Não pode ir além em suas pesquisas, por ser ele mesmo um produto desse movimento. Por isso denominou-o, por ser o máximo de seu reconhecimento, simplesmente de “força” ou “força viva”, ou denominou-o também de “vida”.

Contudo, não é força nem vida, mas tão-somente um efeito natural e inevitável disso, pois força existe apenas na própria vida, é uma só coisa com ela, inseparável. Uma vez, pois, que a força e a vida são inseparáveis, a Criação, porém, apenas formada, conservada, e novamente desintegrada pelo movimento, também não se pode falar de força nem de vida dentro da Criação.

Quem, portanto, quiser falar em descoberta da força primordial ou até em aproveitamento dessa força primordial por meio de máquinas, está enganado, porque nem poderá encontrar essa força dentro da Criação. Considera como tal algo diferente e o denomina, apenas segundo a sua aceção, erroneamente de “força”. Uma tal pessoa prova com isso, porém, não ter ideia alguma dos fenómenos na Criação ou dessa própria Criação; contudo, não pode ser censurada a respeito, pois coparticipa dessa ignorância com todos os seus semelhantes, instruídos ou não instruídos.

Por isso falei desde o começo na minha Mensagem de uma “força” que perflui a Criação, porque só dessa maneira eu podia tornar muitas coisas compreensíveis aos seres humanos.

Do contrário nem teriam compreendido minhas explanações. Mas agora posso prosseguir e dar uma imagem que reflete de modo realístico os acontecimentos de todos os fenómenos. Essa descrição é nova, mas não altera nada de meus esclarecimentos até aqui dados, pelo contrário, tudo permanece exatamente assim como eu disse e é real. O novo em minha atual transmissão é apenas aparente, porque desta vez eu o ilumino de maneira diferente.

Dou com isso uma base firme, uma grande taça em que a pessoa pode colocar tudo o que foi dito na presente Mensagem como um conteúdo borbulhante em contínuo movimento, perfazendo um todo, algo absolutamente entrelaçado, confluente. Assim, o ser humano ganha uma visão global inteiramente harmoniosa e inesgotável para ele, do grande fenómeno até aí desconhecido dele, o qual encerra em si seu próprio evoluir e existir.

O ouvinte e leitor procurem, pois, conceituar em imagens o que eu lhes desenrolo:

Vida, vida real, é algo completamente autónomo, completamente independente. Do contrário não deveria ser denominado de “vida”. Essa, contudo, só se encontra em Deus! E uma vez que fora de Deus nada é realmente “vivo”, só Ele tem a força que está na vida. Unicamente Ele, portanto, é a frequentemente chamada força primordial ou, aliás, a “força”! E na força reside, por sua vez, a Luz! A expressão “Luz primordial” para isso é identicamente errada como a expressão “força primordial”, pois existe simplesmente apenas aquela Luz única e aquela força única: Deus!

A existência de Deus, da força, da Luz, portanto da vida, já por si só condiciona as Criações! Pois a Luz viva, a força viva não pode evitar irradiações. E essas irradiações, pois, encerram todo o necessário para a Criação.

A irradiação, porém, não é a própria Luz!

Portanto, tudo o que existe fora de Deus tem sua origem exclusivamente na irradiação de deus! Essa irradiação, contudo, é para a Luz um efeito evidente. E esse efeito sempre existirá, desde a eternidade.

A intensidade da irradiação é, pois, nas proximidades da Luz, evidentemente mais forte, de maneira que ali não pode haver nenhum outro movimento senão o absoluto e rigoroso movimento para a frente, que reside na irradiação. Assim emana de Deus para longe, para distâncias lendárias, cuja extensão um espírito humano não consegue imaginar.

Lá, porém, onde esse incondicional impelir para a frente, equivalente a uma pressão contínua e descomunal, diminui por fim um pouco, o movimento apenas impulsionador de até então passa para um sentido circular. Esse sentido circular é provocado pelo facto de que a concomitante atração atuante da força viva retrai novamente tudo o que foi lançado além do limite da irradiação integral, até o ponto onde predomina o movimento que impele apenas para a frente. Originam-se assim os movimentos circulares em forma elíptica, por não ser uma movimentação própria, mas apenas produzida através do lançamento para além de certo ponto e o seguinte retraimento provocado pela atração que reside na força, portanto no próprio Deus.

Além disso age aqui ainda o processo de cisão da irradiação em espécie positiva e negativa, o que ocorre na saída da esfera Divina de incandescência branca.

[…]

A Luz branca, isto é, a irradiação de Deus, onde tão-somente o que é Divinal pode manter-se consciente, contém portanto em si todos os componentes fundamentais da Criação, os quais, no resfriamento lento, sedimentam para baixo, formam-se no movimento e congregam-se formados, contudo sem mais se absorverem reciprocamente, visto lhes faltar a pressão específica para tanto. Em cada grau que fica para trás. Primeiro o Divinal, depois o espiritual e a seguir o enteal, até que finalmente apenas a matéria fina e a grosseira continuam descendo.

Assim a Criação é propriamente a sedimentação da irradiação da Luz viva, no progressivo resfriamento da Luz branca. O espiritual, bem como o enteal, só podem formar-se conscientizar-se em um bem determinado grau de resfriamento, o que equivale à diminuição da pressão da irradiação de Deus.

Quando falo aqui de um derreter-se ou dissolver-se do espírito humano, sob uma pressão excessiva da irradiação da Luz, não é de se considerar acaso, com esse limite, o nirvana dos budistas, como estes talvez queiram interpretar meu esclarecimento. Meu atual esclarecimento trata apenas dos fenómenos na direção da luz para baixo, ao passo que o nirvana seria o ponto culminante do caminho para cima.

Aí seria passado um ferrolho, pois para chegar desta Terra até o reino espiritual, o Paraíso, em cujo supremo limite se deve procurar aquele ponto, cada espírito humano, no estado “autoconsciente”, já deve ter alcançado a máxima maturidade. Maturidade segundo a Vontade Divina e não acaso segundo a opinião humana. Do contrário, não poderá entrar nesse reino. Estando, porém, como espírito autoconsciente, amadurecido até esse ponto, será rigorosamente retido, repelido pela aumentada pressão da esfera Divina, já no limite. Mais adiante, não pode! E nem quer. Na esfera Divina jamais conseguiria deleitar-se com as alegrias, visto não poder ser mais espírito humano lá, pelo contrário, seria fundido, ao passo que no reino espiritual, no Paraíso, encontra alegrias eternas e, com gratidão, nem mais pensa querer ser dissolvido totalmente.

Além disso, ele é necessário em seu pleno amadurecimento para o soerguimento e o aperfeiçoamento dos planos que ficam abaixo dele, que em sedimentos ulteriores só são capazes de resistir a uma pressão ainda menor do que ele próprio. Lá ele, o espírito humano, é o maior, porque resiste a uma pressão maior, necessitando dela até.

A missão do espírito humano, pois, nessas camadas inferiores, é tornar acessível à influência das puras irradiações da Luz, tanto quanto possível, tudo o que estiver abaixo dele, com a força nele inerente, e assim poder agir como mediador, através da pressão mais forte, proporcionando bênçãos para tudo o mais, porque pode receber essa pressão superior e, repartindo, transmiti-la, a qual, purificando, desintegra tudo o que é impuro.

Infelizmente, nisso a criatura humana procedeu mal. Certamente desenvolveu-se nas Criações tudo o que devia se desenvolver até agora, seguindo a pressão ou impulso, porém de modo errado, porque a criatura humana não somente falhou aqui, mas até conduziu enganadoramente para baixo, ao invés de para o alto! Por esse motivo originaram-se somente feias caricaturas de tudo, em lugar de beleza natural.

Ser natural, porém, significa subir, esforçar-se em direção ao alto, seguindo a atração da força viva. Pois pela naturalidade tudo se esforça somente para cima, como cada erva, cada flor, cada árvore. Assim, lamentavelmente, aquilo que a vontade humana conduziu, só ainda exteriormente apresenta semelhança com o que devia estimular.

Uma rica vida interior, por exemplo, muitas vezes é confundida exteriormente, em observação superficial, com o vazio que se mostra no snobismo. A veneração pura de tudo quanto é belo é, em suas manifestações iniciais, também semelhante à baixa cobiça, pois ambas apresentam certo grau de entusiasmo, mas apenas uma é legítima, a outra é falsa, servindo tão-só como meio à finalidade. Assim, a verdadeira graça é substituída pela vaidade, o verdadeiro servir simulado pela ambição. Dessa maneira prossegue tudo o que o ser humano criou. Raramente seus caminhos conduzem à Luz. Quase tudo propende para as trevas.

Isso tem de ser extirpado, para que dessa Sodoma e Gomorra venha, agora, o Reino de Deus na Terra! Tudo finalmente ao encontro da Luz para o que o ser humano é o mediador!

- - -

Da própria Luz, de Deus, não falo aqui. É-me demasiado sagrado! Além disso, o ser humano jamais poderia compreender isso; tem de se contentar por toda a eternidade de que Deus é!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 71 “A Vida” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Índice do volume 3

Novembro 01, 2015

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A obra, Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal, apresentada neste espaço, contém todas as dissertações, algumas demonstrativas; se desejar adquirir a obra completa ou colocar questões sobre os temas da leitura entre em contacto. Boa leitura!

__________________________________________

01 - No País da penumbra33 - O circular das irradiações              
02 - Cismadores34 - Evitai os fariseus!
03 - Mártires voluntários, fanáticos religiosos 35 - Possesso
04 - Servos de Deus36 - Pedi e dar-se-vos-á
05 - Instinto dos animais37 - Agradecimento
06 - O beijo da amizade38 - Faça-se a Luz!
07 - A ferramenta torcida39 - Inenteal
08 - A criança40 - Natal
09 - A missão da feminilidade humana 41 - Não caiais em tentação!
10 - Instinto dos animais42 - Conceito de família
11 - Cristo falou...!43 - Doce lar
12 - Lei da Criação: "Movimento"44 - Fiéis por hábito
13 - O corpo terreno45 - Vê o que te é útil!
14 - O mistério do sangue46 - Onisciência
15 - O temperamento47 - O sexo fraco
16 - Vê criatura humana, como tens de caminhar através...   48 - A ponte destruída
17 - Uma nova lei49 - A guardiã da chama
18 - Dever e fidelidade50 - Visão geral da Criação
19 - Beleza dos povos51 - Alma
20 - Está consumado!52 - Natureza
21 - No limite da matéria grosseira                                                53 - Germes espirituais
22 - O reconhecimento de Deus54 - Germes enteais                                  
23 - O nome55 - O Círculo do enteal
24 - O enteal56 - Os planos espírito-primordiais I
25 - Os pequenos enteais57 - Os planos espírito-primordiais II
26 - Na oficina da matéria grosseira dos enteais58 - Os planos espírito-primordiais III
27 - Peregrina uma alma59 - Os planos espírito-primordiais IV
28 - Mulher e homem60 - Os planos espírito-primordiais V
29 - Almas torcidas61 - Os planos espírito-primordiais VI
30 - O guia espiritual do ser humano62 - Os planos Espírito-primordiais VII
31 - Fios de Luz sobre vós!Epílogo: Como assimilar a Mensagem
32 - A Rainha primordial                                                       

  

 

No País da penumbra

Novembro 01, 2015

Deixa-te guiar, alma humana, um passo para dentro do reino da matéria fina! Percorramos o país das sombras, sem parada, pois dele já falei. É aquele país onde têm de permanecer os que ainda são demasiadamente broncos para se utilizar corretamente do seu corpo de matéria fina. Exatamente todos aqueles que aqui na Terra se consideraram excecionalmente sagazes. No reino da matéria fina são mudos, cegos e surdos, porque o raciocínio terreno, como produto de seu corpo de matéria grosseira, não pôde chegar junto até aí, mas sim permaneceu nos limites restritos que ele, por ser preso à Terra, jamais pode transpor.

A primeira consequência de seu grande erro nisso tornar-se-á logo evidente a uma alma humana depois da morte terrena, por ser imprestável no reino da matéria fina, desamparada e fraca, muito pior do que uma criança recém-nascida na Terra de matéria grosseira. Por isso são chamadas sombras. Almas que ainda sentem intuitivamente sua existência, mas não conseguem ficar conscientes da mesma.

Deixemos para trás esses tolos, que nesta Terra, querendo saber tudo melhor, tagarelavam sobre coisas insignificantes e agora têm de ficar calados. Entramos na planície da penumbra! Um sussurro chega a nossos ouvidos, bem consentâneo com a pálida luz da penumbra que nos rodeia, deixando reconhecer, de modo impreciso, contornos de colinas, prados e arbustos. Tudo aqui é sintonizado de modo lógico à penumbra, podendo acarretar um despertar. Mas pode apenas, não acaso obriga.

Aqui não é possível nenhum som livre e alegre, nenhuma visão clara; apenas um semidespertar ou um permanecer enclausurado, consentâneo com o estado das almas que aqui se encontram. Todas elas têm um movimento lânguido, deslizando cansadamente, apáticas, com exceção de um incerto impelir a uma direção donde parece emergir, ao longe, um ténue róseo, anunciando luz que atua como doce encantamento sobre as almas aparentemente tão cansadas. Almas apenas aparentemente cansadas, pois são preguiçosas no espírito e por isso seus corpos de matéria fina são fracos.

O vislumbre róseo na distância longínqua acena promissoramente! Despertando esperanças, incentiva à movimentação mais vivaz. Com o desejo de atingir esse vislumbre, os corpos de matéria fina se aprumam cada vez mais, em seus olhos surge a expressão de mais forte conscientização e, cada vez mais firmes, caminham naquela direção.

Caminhamos juntos. O número de almas em nosso redor aumenta, tudo se torna mais móvel e mais nítido, o falar se torna mais alto, transformando-se num forte murmúrio, de cujas palavras depreendemos que os que avançam proferem orações incessantemente, de modo apressado, como que em estado febril. As massas tornam-se cada vez mais densas, o avançar transforma-se num empurrar, grupos se aglomeram diante de nós, são compelidos para trás pelos dianteiros, para novamente pressionarem para a frente. Assim verifica-se um ondular sobre as massas aglomeradas, das orações sobressaem gritos de desespero, palavras de medo suplicante, de medrosas exigências, e aqui e acolá, outrossim, sufocado lamento de extrema desesperança!

Passamos rapidamente por cima da luta de milhões de almas e vemos que diante delas se encontra de modo rígido e frio um obstáculo ao prosseguimento, contra o qual investem em vão, banhando-se inutilmente em lágrimas.

Grandes e fortes barras, mui próximas umas das outras, impõem de modo inexorável uma parada ao seu avanço!

E mais forte clareia o róseo vislumbre ao longe, mais ansiosos se arregalam os olhos daqueles que o escolheram como alvo. Suplicantes são estendidas as mãos, que convulsivamente ainda se agarram aos rosários, deixando correr por entre os dedos as contas, uma após outra, balbuciando! As barras, porém, permanecem inabaláveis, rígidas, separadoras do belo alvo!

Passamos por densas filas. É como se não tivessem fim. Não centenas de milhares, mas milhões! São todos aqueles que na Terra se julgavam deveras “fiéis”. Quão diferentes haviam imaginado tudo! Julgavam que seriam aguardados de modo alegre, respeitosamente bem-vindos.

Bradai-lhes: “De que vos valem, fiéis, as vossas preces, se não deixastes a Palavra do Senhor se tornar ação, naturalidade, em vós próprios!

O vislumbre róseo ao longe é o anseio pelo reino de Deus, que arde dentro de vós! Tendes dentro de vós o anseio para tanto, mas obstruístes o caminho para lá com formas rígidas de conceções falsas, as quais vedes agora diante de vós como barras que impedem igual a uma grade! Deixai cair aquilo que assimilastes de conceções erróneas durante a existência terrena, aquilo que além disso construístes para vós próprios! Lançai fora tudo e ousai levantar o pé livremente em prol da Verdade, como ela é, em sua grande e simples naturalidade! Então estareis livres para o alvo do vosso anseio!

Mas vede, não ousais devido ao constante medo; poderia estar errado talvez o que assim fazeis, porque até aqui pensastes diferentemente! Com isso vos tolheis e tendes de permanecer onde estais, até ser demasiado tarde para o prosseguimento e terdes de sucumbir com a destruição! Nisso nada vos poderá ser auxiliado, se vós próprios não começardes a deixar o errado para trás de vós!”

Bradai, pois! Bradai a essas almas o caminho para a salvação! Vereis que é tudo em vão, pois somente recrudesce o ruído das infindáveis orações, impedindo que esses rogadores escutem qualquer palavra que lhes permitiria caminhar para diante, ao encontro do vislumbre róseo e da luz. Assim agora têm de ficar perdidas, não obstante alguma boa vontade, como vítimas de sua indolência que não as deixou reconhecer mais do que as exterioridades de suas igrejas, templos e mesquitas.

Entristecidos prossigamos. – Mas ali, diante de nós, está uma alma de mulher, sobre cujo rosto subitamente se espraia uma serenidade cheia de paz; novo brilho surge em seus olhos que até agora olhavam cismadoramente e com temerosa reflexão; conscientizando-se, ela se apruma, torna-se mais clara… forte vontade da mais pura esperança faz com que erga o pé… e respirando aliviada, encontra-se além das barras! Para essa alma de mulher as barras não constituem mais qualquer impedimento, pois na profunda reflexão, intuindo com sensibilidade, chegou à convicção de que tudo aquilo quanto imaginava tinha de ser errado, e corajosamente, com alegre fé no Amor de Deus, lançou fora esse errado.

Surpresa, vê agora quão fácil isso foi. Agradecendo, ergue seus braços, e um inenarrável sentimento intuitivo de felicidade quer se manifestar jubilosamente, no entanto, isso sobreveio-lhe demasiadamente grande, intensamente poderoso; os lábios permanecem mudos, sua cabeça se inclina com leve estremecer, os olhos se fecham e pesadas lágrimas correm vagarosamente pelas suas faces, enquanto suas mãos se juntam numa oração. Numa oração diferente das de até então! Num agradecimento. Numa grande intercessão em favor de todos aqueles que ainda se encontram atrás daquelas rígidas barras. Por causa das próprias conceções, que não querem relegar como erradas.

Um suspiro de profunda compaixão lhe enche o peito, e com isso se desprende dela como que uma última algema. É agora livre, livre para o caminho rumo ao alvo por ela interiormente almejado.

Erguendo o olhar, vê diante de si um guia, e alegremente lhe segue os passos para o novo e desconhecido país, ao encontro do vislumbre róseo que cada vez se torna mais intenso!

Assim se desprendem daquelas massas outras almas que, atrás das barras das conceções erróneas, têm de esperar por sua própria decisão, por sua própria resolução, que as pode conduzir adiante, ou as retém até à hora da destruição de tudo aquilo que não pode animar-se para abandonar o errado antigo. Só poucas se salvarão ainda dos liames das conceções erróneas. Estão nisso demasiadamente emaranhadas. Tão rígido como o seu agarrar a isso são também aquelas barras que lhes impedem um prosseguimento ascensional. Estender-lhes as mãos para vencer esse impedimento é impossível, porque para isso se faz necessária absolutamente a decisão própria das almas. O próprio vivenciar dentro de si, que proporciona movimento a seus membros.

Desse modo, pesada maldição recai sobre todos aqueles que ensinam ideias erróneas às criaturas humanas a respeito da Vontade de Deus na Criação, a qual outrora podia ser encontrada na palavra do Salvador, mas não permaneceu pura no texto da bíblia e menos ainda nos esclarecimentos terrenos.

Deixai-as, pois, em sua obstinação, continuar a recitar monotonamente orações, na ilusão de que a quantidade destas lhes possa e deva ajudar, porque a igreja assim ensinou, como se a Vontade de Deus se deixasse mercadejar.

Prossigamos pelo país da penumbra. Interminável parece a fortaleza de barras, atrás da qual, a se perder de vista, empurram-se os retidos por ela.

São, porém, outros. Grupos que, ao invés de rosários, seguram Bíblias nas mãos, nelas procurando desesperadamente. Aglomeram-se em redor de algumas almas, que doutrinando querem dar informações, ao mesmo tempo que leem trechos da Bíblia sempre de novo. Exigindo, várias almas exibem aqui e acolá suas Bíblias; muitas vezes, de joelhos, são elas erguidas como em oração… as barras, todavia, persistem, impedindo-as de prosseguir.

Muitas almas insistem em seu conhecimento da Bíblia, algumas no seu direito de entrar no reino do céu! Mas as barras não oscilam!

Eis que uma alma de homem abre passagem entre as filas, sorrindo. Vitorioso, acena com a mão.

“Tolos”, brada, “por que não quisestes ouvir? Gastei a metade de minha existência terrena estudando o Além, ou seja para nós agora o Aquém. As barras, que vedes diante de vós, desaparecerão depressa por um ato de vontade; elas são criadas pela ilusão. Segui-me apenas, eu vos guio! Tudo isso já é familiar para mim!”

As almas em seu redor dão-lhe passagem. Avança apara as barras, como se não existissem. Com um grito de dor, contudo, recua cambaleando subitamente. O choque foi duro demais e convence-o mui rapidamente da existência das barras. Com ambas as mãos ele segura sua testa. As barras diante dele continuam inabaláveis. Com um acesso de cólera as agarra e as sacode impetuosamente. E grita com raiva:

“Então fui enganado pelo médium! E gastei anos e anos nisso!”

Não se lembra que foi ele quem gerou os erros e os propalou pela palavra e pela escrita, após ter interpretado as imagens dadas pelo médium segundo suas aceções, sem primeiro estudar as leis de Deus na Criação.

Não procureis ajudar esse homem ou outrem, pois todos se acham tão convencidos de si, que nem querem ouvir algo diferente do que a própria intuição. Primeiro terão de se cansar disso, conhecer ou reconhecer a impossibilidade, onde unicamente está ancorada a condição de ainda escapar desse emaranhamento de convicções erróneas, após longo vagar pelo país da penumbra.

Não é que se trate de criaturas humanas ruins, mas sim daquelas que pura e simplesmente apenas se aferraram a conceções erróneas no seu pesquisar, ou que foram demasiado preguiçosas para meditar profundamente a respeito de tudo, ao invés de examinar com cuidadosíssima pesquisa intuitiva, se aquilo que foi recebido pode ser considerado como certo ou se contém lacunas, que numa sadia reflexão intuitiva não são mais capazes de se manter como naturais. Deixai, portanto, cair as vazias exterioridades!

Tudo quanto é místico, o espírito humano afaste de si, uma vez que jamais lhe pode trazer proveito. Somente o que ele mesmo sente intuitivamente de modo nítido, levando assim ao próprio vivenciar dentro de si, ser-lhe-á de proveito no amadurecimento de seu espírito.

A palavra “Desperta!” que Cristo empregou com frequência, quer dizer: “Vivencia!”. Não passes pela existência terrena dormindo ou sonhando. “Ora e trabalha” significa: “Faz do teu trabalho uma oração!” Espiritualiza aquilo que crias com tuas mãos! Cada trabalho, em sua execução, deve tornar-se uma adoração respeitosa a Deus, como agradecimento pelo que te é outorgado por Deus, de realizar algo de extraordinário entre todas as criaturas desta Criação posterior, bastando que o queiras!

Principia em tempo com o despertar, com o próprio vivenciar interior de tudo, o que equivale à pesquisa intuitiva de modo consciente, inclusive do que lês e ouves, para que não tenhas de permanecer no país da penumbra, do qual hoje esclareci apenas uma bem pequena parte.

 

Abdruschin

 

Dissertação 01 “No País da Penumbra” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Cismadores

Novembro 01, 2015

A pessoa que passa os seus dias terrenos cismando a seu próprio respeito jamais poderá ascender, pelo contrário, permanece tolhida.

Tantas pessoas, porém, vivem na opinião de que exatamente esse cismar e auto observar sejam algo extraordinariamente grande, com o que progridem rumo ao alto. Empregam muitas palavras para isso, as quais escondem o verdadeiro núcleo. Um cisma no arrependimento, o outro na humildade. Ainda há aqueles que, cismando intensamente, procuram descobrir seus defeitos e o caminho para evitá-los, e assim por diante. Permanece um constante cismar, que raramente ou nunca lhes permite chegar à verdadeira alegria.

Assim, não é desejado. O caminho é falso, não conduz nunca aos reinos luminosos e livres. Pois com o cismar o ser humano se ata! Dirige o seu olhar forçosamente para si, ao invés de voltá-lo para um alvo elevado, puro e luminoso!

Um riso alegre, cordial, é o maior adversário das trevas. Só que não deve ser um riso malicioso!

Ao contrário disso o cismar deprime. Só nisso já reside um esclarecimento de que ele retém em baixo e também puxa para baixo.

O verdadeiro núcleo do constante cismar não é, outrossim, uma vontade boa, mas tão só vaidade, ambição e presunção! Não é anseio puro pela Luz, mas sim mania de auto presunção que dá o motivo para o cismar, incentivando-o sempre de novo e nutrindo-o continuamente!

Atormentando-se a si mesma, uma tal pessoa medita sempre e sempre de novo a seu próprio respeito, observa com afinco os prós e contras que se alternam no processo de sua alma, irrita-se, consola-se, para finalmente, com um profundo suspiro de repousante auto satisfação, verificar ela mesma que mais uma vez conseguiu “superar” algo, tendo avançado mais um passo. Digo aqui, propositalmente, “verificar ela mesma”, pois realmente só ela verificará a maior parte, e essas verificações próprias são sempre apenas auto ilusões. Na realidade não progrediu passo algum, pelo contrário, comete sempre de novo os mesmos erros, não obstante julgar que não sejam mais os mesmos. Mas são eles, sempre os antigos, apenas se altera a forma.

Assim, tal pessoa jamais progride. Contudo, com a auto observação julga superar um erro após o outro. Com isso gira sempre em círculo em redor de si própria, enquanto o mal fundamental, nela inerente, cria apenas novas formas, permanentemente.

Uma pessoa que sempre se observa e cisma a seu próprio respeito é a corporificação do lutador contra a serpente de nove cabeças, para a qual cresce de novo cada cabeça, tão logo seja decepada, pelo que a luta não chega a um fim, e nem se nota vantagem alguma do lado do lutador.

Assim é realmente o fenómeno de matéria fina, na atuação do cismador, o que na antiguidade as pessoas ainda podiam ver, quando outrora consideravam tudo quanto não fosse de matéria grosseira como deuses, semideuses ou demais espécies de entes.

Apenas quem visa um alvo elevado, livremente, com vontade alegre, portanto, dirigindo os olhos na direção do alvo, sem mantê-los, porém, sempre voltados sobre si próprio, esse progride e ascende rumo às alturas luminosas. Nenhuma criança aprende a andar sem levar muitos tombos, mas quase sempre sorrindo se levanta novamente, até adquirir firmeza nos passos. Assim tem de ser a criatura humana, no caminho através do mundo. De forma alguma desanimar ou queixar-se de modo lastimoso, se cair uma vez. Levantar-se corajosamente e experimentar de novo! Apropriar-se ao mesmo tempo dos ensinamentos da queda, porém na intuição, e não com o raciocínio observador. Então chegará também o momento, inteiramente repentino, em que não é de se temer mais qualquer queda para ele, por ter assimilado tudo o que assim aprendeu.

Assimilar, porém, ele só pode pelo próprio vivenciar. Não pela observação. Um cismador nunca chega ao vivenciar, pois pela observação se coloca sempre fora de cada vivência, olhando para si próprio como para um estranho, dissecando e decompondo, ao invés de intuir plenamente a respeito de si próprio. Mas se ele olha para si, tem de ficar ao lado da intuição; isso já está na expressão: olhar para si, observar-se!

Com isso está explicado, outrossim, que ele somente serve ao raciocínio, que não só tolhe o verdadeiro vivenciar na intuição, mas exclui totalmente. Ele não deixa que o efeito de cada fenómeno externo da matéria ultrapasse além do cérebro anterior, o qual é o primeiro a recebê-lo. Ali é retido, presunçosamente dissecado e decomposto, de modo que não alcança o cérebro da intuição, somente através do qual o espírito poderia assimilá-lo para um vivenciar.

Portanto, atentai nas minhas palavras: assim como o espírito humano tem de canalizar sua atividade de dentro para fora, de modo lógico, através do cérebro da intuição para o cérebro do raciocínio, do mesmo modo fenómenos externos somente podem atuar retroativamente pelo mesmo caminho, se tiverem de ser recebidos pelo espírito humano como vivências.

A impressão de fenómenos externos, provenientes da matéria, tem de passar, portanto, sempre oriunda de fora, através do cérebro anterior do raciocínio, pelo cérebro posterior da intuição até o espírito. Não diferentemente. Ao passo que a atuação do espírito tem de seguir o mesmo percurso em sentido inverso, em direção para fora, porque só o cérebro da intuição possui a faculdade de receção das impressões espirituais.

O cismador, porém, retém obstinadamente a impressão do fenómeno externo no cérebro anterior do raciocínio, dissecando-o e decompondo-o aí, e não o retransmite, integralmente ao cérebro da intuição, mas apenas em parte, e essas partículas ainda são transmitidas adulteradas, devido à atividade mental forçada; portanto, não mais tão verdadeiro como era.

Por isso também não lhe pode advir nenhum progresso, nenhum amadurecimento espiritual, que só o verdadeiro vivenciar de fenómenos externos propicia.

Sede, nisso, como as crianças! Assimilai integralmente, e vivenciai-o em vós, imediatamente. Então refluirá de volta através do cérebro da intuição para o cérebro do raciocínio, podendo daí, ou sair preparado para uma eficaz e vigorosa defesa, ou atuar para uma ampliada capacidade de receção, segundo a espécie dos fenómenos externos, cujas irradiações se denominam influências ou impressões de fora.

Para o aprendizado nisso servirá também o Reino do Milénio, que deverá ser o reino da paz e da alegria, o Reino de Deus na Terra. Com isso os seres humanos entendem, novamente, algo errado com seus exigentes desejos, porque devido à sua presunção nada mais pode se formar de modo certo e sadio. Com a expressão Reino de Deus na Terra, surge um alegre estremecer pelas fileiras de todos aqueles que o esperam. Imaginam com isso, realmente, uma dádiva de alegria e de felicidade que corresponda plenamente a seu anseio de uma vida tranquila e folgada. Será, porém, a época de absoluta obediência para toda a humanidade!

Hoje ninguém quer supor que haja nisso uma exigência! Que a vontade dos seres humanos e seu desejar tenham, finalmente, que se orientar inteiramente de acordo com a vontade de Deus!                                                                                                       

E surgirá paz, alegria, porque tudo quanto perturba será removido à força da Terra e mantido afastado no futuro. A isso pertence agora, em primeira linha, a criatura humana. Porque unicamente ela trouxe a perturbação na Criação e na Terra. Mas de determinada hora em diante um perturbador não mais conseguirá viver nesta Terra.

Isto será realizado pela alteração das irradiações, que chegará a efetivar-se através da estrela do Filho do Homem. A paz será imposta, não presenteada, e a manutenção da paz, então, exigida de modo rigoroso e implacável!

Assim será o reino da paz e da alegria, o Reino de Deus na Terra, no qual o ser humano terá de ser destituído do domínio de sua vontade, que até agora lhe foi permitido, uma vez que ele, como espiritual entre os desenvolvidos nesta Terra, como a criatura mais elevada, também tem que dominar, correspondendo incondicionalmente às leis primordiais da Criação.

Somente esse ser humano ainda poderá subsistir no futuro, e toda a criatura que voluntariamente se orientar pela vontade de Deus! Portanto, vive, pensa e atua segundo essa Vontade! Isso, unicamente, oferece a possibilidade de vida no vindouro Reino do Milénio!

 

Abdruschin

 

Dissertação 02 “Cismadores” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Mártires voluntários, fanáticos religiosos

Novembro 01, 2015

Repugnantes são as pessoas que voluntariamente se impõem dores físicas e provações, para assim se tornarem agradáveis a Deus! Todas elas jamais alcançarão o reino dos céus!

Ao invés de se alegrarem com a bela Criação, como agradecimento pela sua existência, martirizam e torturam da maneira mais criminosa o corpo anteriormente muitas vezes sadio, ou prejudicam-no com uma carga intencional de múltiplas privações, renúncias, somente… para nisso parecerem grandes diante dos seres humanos ou perante si mesmas, para satisfação própria e enaltecimento próprio, na ilusória consciência de uma ação toda especial.

Tudo isso é, sim, apenas a má e repugnante excrescência de uma grande presunção da mais baixa espécie! A vontade de sobressair a todo custo. Trata-se aí, quase sempre, de pessoas que estão convencidas de que de outro modo jamais conseguiriam se pôr em evidência. Que, portanto, intuem exatamente que são incapazes de realizar algo de grande e, com isso, se sobressaírem. São as convictas de sua própria pequenez.

Enganam-se a si próprias, imaginam como humildade a convicção de sua pequenez! Mas não o é, pois logo comprovam isso pelo desejo de se evidenciar. Só a presunção e a vaidade é que as impulsionam para coisas tão repugnantes. Não são devotas ou humildes servas de Deus, não se deve considerá-las como santas mas sim apenas como pecadoras petulantes! Como tais, que ainda esperam admiração por seus pecados e recompensa por sua preguiça de trabalhar!

Mesmo que esse grande pecado nem chegue à consciência de muitas delas, porque não querem considerá-lo como pecado diante de si mesmas, para próprio “enaltecimento”, isso em nada altera o facto de que no efeito permanece sempre apenas aquilo que realmente é, não porém como o ser humano pretende fazer crer a si mesmo e a outrem.

Esses seres humanos são diante de Deus apenas pecadores, visto que se opõem às Suas leis primordiais da Criação, com procedimento petulante e teimoso, porque não alimentam nem tratam os corpos a eles confiados assim como é necessário, a fim de desenvolver nos corpos aquela força que os torna aptos a proporcionar um solo forte ao espírito na Terra, um instrumento sadio e vigoroso para a defesa e a assimilação, a fim de poder servir, poderosamente e ao mesmo tempo, como escudo e espada, para o espírito.

Querer investir contra as leis da natureza é apenas uma consequência da doença dos cérebros, para deste modo se destacar e exibir, pois uma pessoa sadia jamais se imaginará ser capaz de desviar ou melhorar, sequer pela espessura de um fio de cabelo, a Vontade de Deus nas leis primordiais da Criação, sem prejuízo para si mesma.

Como parece tolo, pueril e caprichoso, ou ridículo, quando uma pessoa se instala, durante o seu tempo de vida, numa árvore oca ou deixa enrijecer completamente um membro do corpo, se dilacera ou se suja!

O ser humano pode esforçar-se como quiser, para descobrir um motivo que resulte numa justificativa, ou mesmo apenas um sentido para isso; é e permanecerá um crime contra o corpo a ele confiado, e com isso um crime contra a Vontade de Deus!

A isso pertencem também os inúmeros mártires da vaidade e da moda!

Não presteis atenção a tais pessoas! Vereis como se modificarão depressa, quão pouco profunda é a convicção.

Um fanático perece por sua própria obstinação! Não vale a pena entristecer-se por ele, pois tal espírito humano jamais tem valores a apresentar.

E assim como milhares pecam dessa maneira gravemente contra o seu corpo terreno, voltando-se com isso criminosamente contra a Vontade de Deus, exatamente assim se procede milhares de vezes também contra a alma!

Grande é, por exemplo, o número daqueles que vivem permanentemente sob a pressão, por eles mesmos criada, de serem os desprezados no mundo. Deserdados da felicidade, desconsiderados pelos seus semelhantes e tantas coisas mais. No entanto, são eles próprios que aí apresentam pretensões totalmente injustas aos seus semelhantes, atuam de modo desintegrante sobre seu ambiente, cheios de inveja, carregando-se com isso somente de culpa sobre culpa, como pesado fardo. Constituem os vermes que têm de ser esmagados no Juízo, para que finalmente possa haver entre os seres humanos paz serena, alegria e felicidade.

Contudo, não só atormentam seu próximo com caprichos, mas sim ferem com isso os próprios corpos da alma, da mesma forma como os fanáticos religiosos causam danos a seu corpo de matéria grosseira. Deste modo transgridem, especialmente, a lei Divina, ao ferirem, inconsideravelmente, todos os invólucros indispensáveis confiados a seu espírito, de maneira que eles não podem ser utilizados pelo espírito com saúde vigorosa e força plena.

Longe vão, pois, as consequências de tal atuação dos violadores de seus corpos terrenos ou anímicos! Atinge os espíritos, tolhendo-os, prejudicando o seu inadiável e indispensável desenvolvimento, podendo mesmo levar à decomposição eterna, à condenação. Mas todos eles, mesmo na queda, ainda terão a ilusão de com isso sofrer uma injustiça!

No fundo, são apenas seres desprezíveis, indignos de poderem se alegrar!

Portanto, não lhes presteis atenção e evitai-os, pois não merecem sequer uma boa palavra!

 

Abdruschin

 

Dissertação 03 “Mártires voluntários, fanáticos religiosos” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Servos de Deus

Novembro 01, 2015

De modo completamente infundado, muitas pessoas têm suposto até agora que os servidores das igrejas, templos, aliás, de todas as práticas religiosas, devam ser considerados como servos de Deus.

Esse conceito foi semeado outrora, na época do início e do estabelecimento dos cultos de todas as espécies, pelos servos desses próprios cultos, que assim se empenharam em conseguir um prestígio que, pessoalmente, apenas de modo difícil poderiam ter conseguido. E ele foi conservado, sem que alguém tivesse aí procurado se tornar ciente de que nisso havia dano em vez de proveito para a humanidade e, o que é o principal, uma incompreensão em relação a Deus!

Uma pessoa que esteja com espírito desperto na Criação, que não se mantenha fechado ao subtil vibrar do sentimento intuitivo de sua alma, jamais conseguirá reconhecer como verdade, que se possa, realmente, servir ao grande e vivo Deus pelo exercício de cultos, pelo mendigar, a que os seres humanos chamam de “orar”, ou pelas mortificações! Com isso, no entanto, nada dais ao vosso Deus! Com isso, nada Lhe ofertais! Que pretendeis, aliás, com isso? Vós próprios não sabereis responder, quando estiverdes diante do trono do julgamento de Deus. Tereis que ficar calados, pois fizestes tudo isso apenas para vós! Para a vossa tranquilização íntima e para vosso enaltecimento, ou no desespero, na aflição.

Eu vos digo: somente aquele ser humano que estiver direito na Criação de seu Deus, reconhecendo-se como uma parte da Criação e vivendo de acordo, esse é o verdadeiro servo de Deus, pouco importando de que maneira ele trabalhe para o seu indispensável sustento terreno. Esforçar-se-á nisso sempre como parte da Criação a se adaptar também àquelas leis, que atuam na Criação beneficiadoramente. Dessa forma ele beneficia a própria Criação e serve assim ao seu Deus da única maneira certa, porque pela adaptação certa somente felicidade e alegria, bem como desenvolvimento progressivo, podem se originar!

Mas, para tanto, evidentemente, tem de aprender a conhecer a Criação.

Eis o que vos falta! Reconhecer a Vontade de Deus, que repousa na Criação e nela se efetiva contínua e automaticamente. Exatamente a esse respeito, porém, nunca vos ocupastes até agora de modo certo. Contudo, não acontece de maneira diferente com todos vós; é como se estivésseis dentro de uma gigantesca engrenagem, na qual deveríeis movimentar-vos, sem jamais poder alterá-la ou melhorá-la.

Mas se não estiverdes e não andardes direito nela, correreis perigo por toda a parte, tereis que vos chocar, podeis também cair e ser dilacerados. Exatamente como numa gigantesca casa de máquinas, onde inúmeras correias em contínuo movimento, perturbando a visão, deslizam entrelaçando-se, as quais ameaçam gravemente cada leigo, por toda a aparte, a cada passo, porém ao entendido somente servem e são úteis. Diferente não é com o ser humano na Criação.

Aprendei, finalmente, a conhecer direito essa engrenagem; podeis e deveis utilizá-la então para a vossa felicidade! Mas para isso tendes de ser antes aprendizes, como em todo lugar! E nisso também não faz exceção a maior de todas as obras, esta Criação; pelo contrário, é exatamente como nas obras humanas. Mesmo o automóvel só dá prazer ao entendido. A quem não sabe dirigi-lo, traz a morte!

Tendes, aliás, de modo palpável, milhares de exemplos diante de vós em coisas pequenas! Porque ainda não aprendestes com eles?

Tudo isso, pois, se reconhece de modo simples e natural! Mas exatamente nisso estais como que diante de um muro! Broncos, indiferentes, com uma teimosia que não é explicável. Contudo, finalmente diz respeito, justamente nisso, à nossa vida, a toda vossa existência!

Somente o próprio construtor pode explicar-vos um mecanismo, ou aquele a quem ele instruiu! Assim é aqui na Terra, e não diferentemente na Criação! Mas exatamente aí querem os seres humanos, que propriamente são apenas uma parte da Criação, saber por si tudo melhor do que o mestre, não querem qualquer instrução para a utilização da engrenagem, pelo contrário, eles mesmos querem ensinar as leis básicas, as quais procuram estabelecer apenas por observação superficial de bem fracas derivações daquilo que é grande, verdadeiro, para cujo pressentir sempre se mantiveram fechados; por isso, de saber, jamais se pode falar

Contudo, a possibilidade de um reconhecer já vos foi oferecida com todo amor pelo Filho de Deus, que procurou transmiti-la para vós em parábolas e imagens.

O conteúdo, porém, não foi reconhecido, mas sim muito desfigurado, obscurecido e torcido pelo querer saber melhor humano.

Agora vos é dada mais uma vez oportunidade de ver claramente as leis de Deus na Criação, para que os seres humanos possam tornar-se verdadeiros servos de Deus, de modo plenamente consciente, em alegra e jubilosa ação, conforme exige o verdadeiro serviço a Deus!

Alegria e felicidade podem existir em toda a Criação. Miséria e aflição, doença e crime, vós, seres humanos, sozinhos os criais, porque até hoje não quisestes reconhecer onde se encontra a incomensurável força que vos foi outorgada no caminho através de todos os mundos, que tendes de peregrinar para o desenvolvimento, por vosso próprio desejo.

Se sintonizar-vos direito, então a força vos trará, obrigatoriamente, luz do Sol e felicidade! Como sois hoje, porém, vos encontrais desamparados e minúsculos nessa imensa engrenagem, contudo sempre vos vangloriais, com as pomposas palavras, de vós mesmos e de vosso saber, até que finalmente tereis de cair devido a esses vossos erros, que só se originaram da ignorância e da má vontade de aprender.

Acordai finalmente! Tornai-vos primeiro aprendizes para receber o saber, pois do contrário jamais conseguireis algo.

Perante o Criador sois agora muito menos do que um inseto. Este cumpre fielmente a finalidade que tem por cumprir, ao passo que vós, como espírito humano, falhais! Falhais devido ao vosso vaidoso querer saber, que não é saber algum. As escolhas que erigistes, construídas sobre esse falso saber, são cadeias que vos mantêm firmemente acorrentados, que sufocam qualquer ascensão espiritual já na tentativa, porque vossos próprios mestres não podem segui-la!

Agradecei ao Senhor por vos tirar à força a possibilidade de continuação de uma existência tão vazia e somente prejudicial a tudo; do contrário, jamais poderíeis chegar no reconhecimento da indignidade que hoje vos circunda por toda a parte, fazendo-vos parecer ridículos na Criação inteira, como bonecos vazios e grotescamente enfeitados, que trazem em si espíritos adormecidos!

 

Abdruschin

 

Dissertação 04 “Servos de Deus” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Instinto dos animais

Novembro 01, 2015

Muitas vezes as pessoas ficam admiradas ante os atos instintivos dos animais. Atribuem aos animais um sentido especial, que aos seres humanos falta por completo ou deixaram que se atrofiasse.

Aos seres humanos é inexplicável, quando por exemplo observam que um cavalo, um cão ou qualquer outro animal, habituado talvez a percorrer diariamente um caminho, de repente em determinado lugar se recusa a prosseguir, e quando depois vêm a saber que logo em seguida, exatamente naquele lugar ocorrera um acidente.

Desse modo a vida de uma ou mais pessoas foi muitas vezes salva. Há tantos desses casos, conhecidos em geral por todos, que não é especialmente necessário entrar aqui em pormenores.

A humanidade cognominou instinto, pressentimento inconsciente, a essas qualidades do animal. Tão logo ela tenha um nome para uma coisa, geralmente já se dá por satisfeita, forma qualquer ideia a respeito e se contenta com isso, pouco importando se seu pensar sobre isso seja certo ou não. Assim, também aqui.

O motivo para tais ações do animal é, no entanto, totalmente outro. O animal não possui a propriedade e nem a capacidade daquilo que o ser humano entende por instinto! Nesses acontecimentos apenas obedece a uma advertência que lhe é dada. Essas advertências o animal consegue ver muito bem, ao passo que apenas por poucas pessoas elas podem ser notadas.

Conforme já esclareci numa dissertação anterior, a alma animal não provém do espiritual, como a criatura humana, mas do enteal. Da parte enteal da Criação originam-se também os seres elementares: gnomos, elfos ondinas etc., que têm sua atuação naquela parte que os seres humanos sempre chamam natureza, portanto, água, ar, terra, fogo. Do mesmo modo aqueles que se ocupam com o desenvolvimento e o crescimento das pedras, plantas e outras coisas. Esses todos, porém, originam-se de uma parte do enteal, diferente daquela das almas animais. Todavia, a sua mútua afinidade na igual espécie de origem acarreta a possibilidade de maior reconhecimento recíproco, de forma que um animal tem de reconhecer categoricamente melhor essas criaturas enteais, do que o ser humano o conseguiria, cuja origem se encontra no espiritual.

Os seres elementares sabem, pois, muito bem onde e quando ocorrerá uma alteração na natureza, tais como desmoronamentos, avalanches, queda de uma árvore, o ceder do solo motivado pela ação erosiva das águas, rutura de diques, irrompimento de águas, erupções vulcânicas, maré alta, terremotos e tudo o mais que a isso pertença, uma vez que eles próprios se ocupam com isso, preparando e realizando tais alterações, as quais os seres humanos denominam desastres e catástrofes.

Se é de se esperar um tal acontecimento imediatamente, pode suceder que um animal ou uma pessoa que se aproxime seja advertido por esses seres elementares. Antepõem-se no caminho, procurando, por meio de gritos e gesticulações, ou mesmo por repentinas impressões sobre os sentidos, provocar o retorno; o animal se assusta, eriça o pelo e se recusa energicamente a prosseguir, contrariando completamente o seu costume normal, de modo que, muitas vezes, mesmo o animal mais bem adestrado nega, excecionalmente, obediência ao seu dono. Esse o motivo do estranho comportamento do animal em tais casos. Mas o ser humano não vê esses seres elementares e por isso segue, muitas vezes, ao encontro do perigo, no qual perece ou fica gravemente ferido.

Por isso o ser humano devia observar mais os animais, a fim de aprender a compreendê-los. O animal tornar-se-á então realmente amigo da criatura humana, pois consegue preencher lacunas e com isso tornar-se ainda muito mais útil ao ser humano do que até agora.

 

Abdruschin

 

Dissertação 05 “Instinto dos animais” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O beijo da amizade

Novembro 01, 2015

Muito se tem falado disso no mundo todo. Em poesias o beijo de amizade foi embelezado e erguido bem alto nos mundos de pensamentos. Tudo isso, porém, apenas é uma configuração da fantasia, que se distancia muito do solo da naturalidade.

É um mantozinho bonito que o próprio ser humano terreno, como em tantas coisas, confecionou, para nele admirar a si ou a outrem. Entretanto, admiração é absolutamente inadequado, pois na realidade é hipocrisia, nada mais. Uma tentativa vergonhosa de alterar as leis da Criação, desviá-las, privá-las de sua maravilhosa e simples naturalidade de modo deformador!

Certamente diversa é muitas vezes a intenção de um beijo; isso, porém, não modifica em nada o facto de cada beijo ser sempre um beijo, portanto um contato de teor corporal que, naturalmente, provoca um sentimento que jamais poderá ser diferente do que apenas corporal! Quem conhece a minha Mensagem já sabe disso. O ser humano não deve encobrir-se sempre de covardia, querer negar o que realmente faz, mas deve sempre estar consciente disso de modo bem claro! Um hipócrita é ainda pior do que um malfeitor!

A expressão “beijo da amizade” já pressupõe, bem determinantemente, a idade madura.

O beijo entre dois sexos, na idade madura, mesmo com intencionada pureza, está sujeito às vibrantes leis primordiais da Criação! Ridículas são nisso as evasivas. A criatura humana sabe muito bem que as leis da natureza não indagam a sua opinião. O beijo do amigo, do irmão, do pai a uma jovem ou a uma mulher, continua sempre, apesar da mais forte autoilusão, um beijo entre dois sexos, não diferentemente o beijo da mãe para o filho, tão logo este tenha idade madura. As leis da natureza não conhecem nem concedem nisso qualquer diferença. Por isso, cada pessoa deve conservar muito maior reserva!

Só a mania do ser humano querer adaptar as leis da natureza, aos seus desejos, estabelece ideias tão contrárias às leis naturais, como os beijos da amizade, bem como as carícias entre parentes e os inúmeros excessos que há nisso. Sob o manto da maior hipocrisia o ser humano muitas vezes procura pecar até intencionalmente!

Nada se altera no facto de tais contrariedades às leis da natureza, só porque muitas pessoas se consideram realmente inocentes nessas transgressões, imaginando-se estar aí completamente puras! É e continua sendo uma desfiguração das mais puras leis da natureza, quando estas devam ser despidas de sua bela simplicidade por interpretações erróneas! E aí só se origina, sempre, algo doentio, porque cada abuso e cada desvio só desvaloriza, conspurca e rebaixa o originalmente sadio que se encontra na lei!

Fora, portanto, com essa hipocrisia! Honrai finalmente as leis da natureza em sua grandiosidade simples e por isso mesmo sublime, conforme realmente são! Sintonizai-vos nelas e vivei de acordo com as mesmas, orientai também vosso pensar dessa forma, vosso atuar, vossos costumes, dentro e fora de vossas famílias; tornai-vos, portanto, naturais no mais puro sentido, então sereis também felizes! A vida doentia fugirá então de vós. Estabelecer-se-á recíproca sinceridade entre vós, e muitas inúteis lutas de alma vos serão poupadas, uma vez que só resultam de erróneas ilusões para, frequentemente, vos atormentar e molestar durante toda a vida terrena!

O doentio dessas brincadeiras nocivas, dessas carícias falsas, que apresentam, sem exceção, bases puramente de matéria grosseira, vede vós próprios, de modo mais nítido, em crianças imaturas e ingénuas de tenra idade. Crianças que são excessivamente cobertas de carícias pelos parentes, digamos simplesmente, “importunadas”, têm sempre aspeto doentio. Outrossim, quase toda a criança manifesta, intuitivamente, uma aversão contra tais carinhos importunos, jamais vontade, porque a criança é na realidade “naturalmente ingénua”! De início precisa sempre ser ensinada para suportar e corresponder aos carinhos!

O ensinamento para tal, no entanto, é apenas desejo de adultos que, devido à maturidade de seu corpo de matéria grosseira, sentem de modo instintivo a necessidade para tal! A criança não! Tudo isso fala bastante claro da perigosa violação a que uma criança é criminosamente submetida! Contudo, pouco a pouco, finalmente, ela se habitua a isso e, por hábito, sente necessidade disso depois, até que no próprio corpo, em amadurecimento, desperte o instinto!

É vergonhoso que a humanidade procure acobertar repetidamente suas cobiças e próprias fraquezas com hipocrisias! Ou comete aí atos impensados.

O ser humano deve saber que o legítimo amor só vem da alma! E tudo o mais é apenas instinto! O amor da alma, porém, não tem nada a ver com o corpo de matéria grosseira, e nem pede por isso, uma vez que a separação de todas as espécies da Criação permanece sempre perfeita. Espiritual é espiritual, anímico é anímico e corporal é e permanece sempre exclusivamente corporal!

Com a morte do corpo, não morrerá uma só partícula da alma. Isso mostra com toda a simplicidade que cada um existe por si só, não ocorrendo qualquer mistura.

Um beijo cheio de alma, por exemplo, existe apenas na imaginação, porque qualquer beijo é e permanece, exclusivamente, um ato de matéria grosseira. O que a pessoa animicamente sente aí, de modo intuitivo, é coisa inteiramente à parte. O amor da alma caminha ao lado do instinto corporal, e não com ele nem dentro dele.

Qualquer outra apresentação é uma grosseira autoilusão, por não corresponder às leis da natureza. Apenas o raciocínio inventou aí diversidades para desculpa própria a fim de visar uma nova caricatura para mutilação da verdade, que em forma pura devia levar as criaturas humanas ao despertar, ao reconhecimento, e com isso à pureza e à veracidade de seus conceitos e, por fim, à ascensão em direção à Luz.

Ó ser humano, tem finalmente coragem de ser verdadeiro em tudo quanto fazes! Também no beijo. Rompe as configurações enganadoras que a tua vaidade e a sensualidade te criaram! Desperta!

 

Abdruschin

 

Dissertação 06 “O beijo da amizade” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

A ferramenta torcida

Novembro 01, 2015

O maior fardo com que a alma humana se sobrecarregou, e que lhe impedirá qualquer possibilidade de ascensão, é a vaidade! Trouxe desgraça para a Criação inteira. A vaidade tornou-se o mais forte veneno da alma, porque o ser humano acabou por apreciá-la como escudo e manto para todas as suas falhas.

Qual entorpecente, ela ajuda sempre de novo a passar facilmente pelos abalos da alma. Que seja apenas ilusão, isso não representa papel algum para os seres humanos terrenos, contanto que aí sintam satisfação e atinjam, com isso, um alvo terreno, mesmo que frequentemente sejam apenas alguns minutos de ridícula presunção. Não precisa ser legítimo, a aparência basta aos seres humanos.

Fala-se dessa vaidade, da presunção, da arrogância espiritual, da malícia e de tantas propriedades de todos os seres humanos terrenos, de modo benevolente e enfeitado, como sendo armadilhas do princípio de Lúcifer. Tudo isso, porém, é apenas uma frágil autodesculpa. Lúcifer nem precisou esforçar-se tanto. Bastou-lhe ter levado os seres humanos ao cultivo unilateral do raciocínio terreno, com a tentação de se deleitarem com o fruto da “árvore do reconhecimento”, portanto, de se entregarem ao prazer do conhecimento. O que se seguiu além disso, o próprio ser humano o fês.

A vaidade, que traz em seu séquito tantos males, como a inveja e o ódio, a difamação, a ânsia por prazeres terrenos e bens de toda a espécie, deve ser considerada como a maior excrescência do dominante raciocínio preso à Terra. Tudo quanto é feio neste mundo está ancorado propriamente na vaidade, que se apresenta de tantas maneiras.

A ânsia pela aparência externa criou a “caricatura do ser humano” hoje predominante! O fantoche, que nem merece ser chamado de “ser humano”, porque em sua vaidade, por causa da aparência, solapou a possibilidade para a indispensável ascensão espiritual, atravancou obstinadamente todos os caminhos naturais de ligação que lhe foram dados para atuação e amadurecimento de seu espírito e soterrou-os completamente e de modo injurioso, contra a vontade de seu Criador.

Só o facto de elevar o raciocínio preso à Terra a ídolo foi o suficiente para mudar todo o caminho do ser humano, que o Criador lhe designou em Sua Criação.

Lúcifer registou para si, como triunfo, o facto de ter a alma do ser humano terreno ousado uma intervenção no corpo terreno de matéria grosseira, que tornou totalmente impossível a atuação desejada das almas na Criação. A fim de aguçar o raciocínio, entrou em atividade febril o cultivo unilateral daquela parte do cérebro que só deve atuar para a matéria grosseira: o cérebro anterior. A parte espiritual recetora do cérebro humano ficou dessa maneira automaticamente reprimida e impedida em sua atividade. Com isso ficou também dificultada qualquer compreensão do espiritual e, no decorrer de milénios, uma perceção espiritual até completamente perdida para o ser humano terreno

Este, pois, encontra-se com isso solitário e imprestável na Criação. Desligado da possibilidade de um reconhecer espiritual e de uma ascensão e, com isso, desligado também de Deus!

Essa é a obra de Lúcifer. Ele não precisou fazer mais. Pôde então deixar o ser humano terreno entregue a si mesmo, e vê-lo cair de degrau em degrau, distanciando-se assim cada vez mais de Deus, em consequência daquele passo.

Observar isso, pois, não é difícil para as pessoas que se esforçam sinceramente, pelo menos uma vez, em pensar objetivamente. É facilmente compreensível que a atividade do raciocínio encerra também um querer saber melhor, a obstinada persistência em tudo o que tal atividade considera certo, pois a pessoa com isso “pensou” o que era capaz de pensar. Atingiu seu limite supremo no pensar.

Que esse limite seja baixo, devido ao facto de o cérebro anterior estar preso à Terra, e que, por isso, o ser humano não pode ir além com o raciocínio, ele não consegue saber, e por esse motivo sempre pensará e afirmará haver atingido o certo com seu limite. Se alguma vez ouvir algo diferente, colocará então sempre em lugar mais elevado aquilo por ele pensado, considerando-o certo. Essa é a característica de cada raciocínio e, com isso, de cada criatura humana de raciocínio.

Conforme eu já disse uma vez, cabe a uma parte da massa cerebral a tarefa de captar o que é espiritual, como uma antena, ao passo que a outra parte, que gera o raciocínio, transforma então o captado para utilização na matéria grosseira. Da mesma forma em sentido inverso deve o cérebro anterior, que gera o raciocínio, captar da matéria grosseira todas as impressões, transformá-las para uma possibilidade de receção do cérebro posterior, a fim de que as impressões deste possam servir para o desenvolvimento progressivo e amadurecimento do espírito. Ambas as partes, porém, devem efetuar trabalho em comum. Assim está nas determinações do Criador.

Como, porém, pela intervenção do cultivo unilateral do cérebro anterior, este acabou se tornando desmesuradamente dominante em sua atividade, assim ficou perturbada a harmonia indispensável do trabalho conjunto de ambos os cérebros e, com isso, o atuar sadio na Criação. A parte recetora do espiritual ficou retardada no desenvolvimento, enquanto o cérebro anterior, cada vez mais crescido em sua atividade consequente do aprendizado, já desde muito não recebe mais as vibrações puras das alturas luminosas através do cérebro posterior, para o seu trabalho e para a retransmissão à matéria grosseira, mas absorve a substância para a sua atividade, na maior parte, somente do ambiente material e das formas de pensamentos, para retransmiti-las transformadas como produto próprio.

São apenas poucas as criaturas humanas em quem a parte recetora do cérebro se encontra mais ou menos em colaboração harmoniosa com o cérebro anterior. Essas pessoas sobressaem do costumeiro padrão, destacando-se por grandes inventos ou por impressionante segurança em sua capacidade intuitiva, que permite captar rapidamente muita coisa a que outras só podem chegar mediante penosos estudos.

São aqueles dos quais se diz, com inveja, que “recebem durante o sono”, e que constituem a confirmação do dito: “Aos Seus o Senhor presenteia durante o sono!”

Com os “Seus”, entende-se as pessoas que ainda se utilizam de suas ferramentas de tal maneira, como devem trabalhar segundo a determinação do Criador, portanto, que ainda estão de acordo com a Sua Vontade e que, como as virgens prudentes, conservaram em ordem o óleo de suas lâmpadas, pois só essas podem “reconhecer” o noivo quando ele vier. Apenas essas estão realmente “acordadas”. Todas as outras “dormem” em sua autorrestrição, tornaram-se incapazes para o “reconhecer”, porque não mantiveram em ordem as “ferramentas” indispensáveis para isso. Qual uma lâmpada sem óleo é o cérebro anterior, sem a colaboração harmoniosa da parte recetora do espiritual.

Não se deve incluir entre essas, sem mais nem menos, as pessoas dotadas de faculdades mediúnicas. Certamente nelas também a parte recetora do cérebro deve trabalhar mais ou menos bem, contudo, durante a receção, nessas pessoas mediúnicas, o cérebro anterior, destinado a retransmissões terrenas, cansar-se-á, porque esse processo, devido a determinada vontade de alguém do Além, pressiona o cérebro recetor de modo especialmente forte e, por isso, necessário aí se faz dele um maior dispêndio de contrapressão. Isso subtrai, automaticamente, sangue do cérebro anterior, isto é, calor de movimentação, pelo que ele, por sua vez, se torna inativo parcial ou totalmente. Trabalha apenas preguiçosamente ou nem um pouco. Essa subtração de sangue não seria necessária se o cérebro recetor não tivesse sido tão enfraquecido pela opressão.

Eis o motivo por que a retransmissão de um médium, pela palavra ou pela escrita, não se evidencia de tal maneira moldada à compreensão terrena como devia ser, se deva ser compreendida exatamente com noções terrenas e cálculos de espaço e tempo.

Nisso está também o motivo dos médiuns muitas vezes divisarem acontecimentos que se aproximam da Terra, catástrofes ou algo semelhante, e sobre isso falarem ou escreverem, contudo raramente acertando a época terrena.

[…]

Em todas essas coisas a vaidade da criatura humana desempenha papel completamente devastador e sinistro, arrastando-a ao descalabro, irremediável e tenazmente, porque a ela se afeiçoou!

Pavor apoderar-se-ia dela, se uma vez pudesse superar-se a si mesma para refletir sobre isso, objetivamente, sem presunção. Mas já aí existe novamente aquele obstáculo: sem presunção, nada consegue! Assim, pois, terá que permanecer, certamente, para muitas pessoas, até que sucumbam nisso!

Essa realidade, em toda a sua tristeza, é o resultado que o impedimento do desenvolvimento harmonioso do cérebro do confiado corpo terreno acarretou pelo pecado original em sua consequência! O torcer da ferramenta, necessária nesta matéria grosseira, pelo excessivo cultivo unilateral, vingou-se com isso. Agora o ser humano se encontra, com sua ferramenta de matéria grosseira, seu corpo terreno, de modo desarmonioso na Criação, incapaz para a missão que nela deve cumprir, imprestável por si próprio para isso.

Para extirpar essa raiz de todo o mal, porém, necessário se faz uma intervenção de Deus! Qualquer outra força e poder, por maiores que sejam, são insuficientes para isso. É a maior e também a mais devastadora contaminação no falso querer da humanidade, que já achou entrada nesta Criação. Tudo, nesta Terra, teria que sucumbir, antes que possa surgir uma melhora nisso, visto que nada existe que já não esteja irremediavelmente impregnado disso!

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 07 “A ferramenta torcida” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

A criança

Novembro 01, 2015

Quando as pessoas perguntam a si próprias como podem educar de modo certo seus filhos, elas devem observar em primeiro lugar a criança, e se orientarem correspondentemente. Desejos próprios do educador devem aí ser completamente postos de lado. A criança deve seguir o seu caminho na Terra e não o caminho do educador.

Bem-intencionado é um educador quando deseja, de bom grado, colocar á disposição de seu filho, para proveito deste, aquelas experiências que ele próprio tivera que colher em sua vida terrena. Quer muito poupar à criança deceções, perdas e dores. Contudo, na maioria dos casos não consegue muito com isso.

Tem de reconhecer, por fim, que todos os seus esforços nisso e sua boa vontade foram totalmente em vão, pois a criança em seu desenvolvimento segue, de súbito e de modo inesperado, em determinado tempo, seu próprio caminho, esquecendo ou desprezando todas as exortações, nas decisões para si mesma importantes.

A tristeza do educador a tal respeito não é justificada, pois em sua boa vontade ele nem levou em consideração que a criança que ele queria educar não tem de seguir, absolutamente, um caminho idêntico ao dele, se ela quiser cumprir direito a finalidade de sua existência nesta Terra.

Todas as experiências que o educador pôde ou teve que vivenciar em si próprio tinham sido destinadas a ele e a ele eram necessárias, tendo também por isso trazido proveitos somente ao educador, se foi capaz de assimilá-las de modo correto.

Esse vivenciar do educador, contudo, não pode trazer à criança o mesmo proveito, visto que o seu espírito, por sua vez, tem de vivenciar algo completamente diferente para o seu desenvolvimento conforme os fios do destino que com ela estão entretecidos.

Nem sequer dois, dentre os muitos seres humanos na Terra, têm caminhos idênticos, que possam beneficiá-los para o amadurecimento de seus espíritos!

Por isso, as experiências de uma pessoa não adiantam espiritualmente para uma segunda. E se uma criatura humana trilhar, imitando com exatidão, o caminho de outrem, terá malbaratado sua própria existência terrena!

Deveis apenas preparar o instrumento para a criança, até o seu amadurecimento, do qual ela necessita para a sua vida terrena, nada mais. Isto é, o corpo terreno com todos os seus organismos de matéria grosseira.

Atentai nisso com todo o cuidado para não torcê-lo ou até torná-lo completamente imprestável por exagero ou unilateralidade! Ao lado das necessárias capacitações de movimento, o aprendizado da atividade certa de seus cérebros representa um papel importante. A primeira fase educacional termina quando a maturidade se inicia, e só então é que deve seguir-se a segunda, a qual deve ensinar o espírito a dominar certo o corpo todo.

Os filhos desses seres humanos terrenos, até os anos de sua maturidade, quando então o espírito se manifesta, sentem, predominantemente, somente de modo enteal. Evidente que interiormente já estão incandescidos pelo espírito. Portanto, não acaso somente como um animal nobre em seu desenvolvimento máximo, mas muito mais até; mesmo assim é predominante aí o que é enteal e, por isso, determinante. Cada educador tem de manter isso incondicionalmente em vista; nesse sentido tem de ser severamente orientada a base de uma educação, se o êxito deve ser perfeito e sem prejuízos para uma criança. A criança deve primeiramente obter plena compreensão do grande atuar de tudo quanto é enteal, já que nessa época ela se acha ainda mais aberta para o enteal do que para o espiritual. Assim seus olhos se abrirão cheios de alegria e puros para as belezas da natureza que vê em seu redor!

As águas, montanhas, florestas, campinas, flores, bem como os animais, tornam-se então familiares a cada criança, e ela ficará solidamente ancorada no mundo, o qual deve oferecer-lhe, para sua existência terrena, o campo de atuação. A criança estará então completamente firme e plenamente consciente na natureza, em toda a atuação enteal, compreensiva, e com isso bem aparelhada e pronta para atuar com o seu espírito, elevando e beneficiando ainda, outrossim, tudo aquilo que está em sua volta como um grande jardim! Só assim pode tornar-se um verdadeiro jardineiro na Criação.

Desta forma e não diferentemente deve estar cada criança em desenvolvimento, quando seu espírito desabrochar. Sadia de corpo e alma! Desenvolvida de modo alegre e preparada naquele terreno ao qual cada criança pertence. O cérebro não deve ser sobrecarregado unilateralmente com coisas das quais nem necessita na vida terrena e que lhe exigem muitos esforços para assimilá-las, com o que tem de desperdiçar energia, enfraquecendo o corpo e a alma!

Se, no entanto, a educação primária já consome toda a força, nada mais resta a uma criatura humana para a verdadeira atuação!

Com uma educação certa e preparação para a vida, propriamente dita, o trabalho só se torna alegria, prazer, uma vez que com isso tudo na Criação é capaz de vibrar conjuntamente em completa harmonia, e desse modo apoia beneficiando e fortalecendo o desenvolvimento da juventude.

Quão insensatamente agem, porém, os seres humanos com seus descendentes! De que crimes se tornam culpados em relação a eles!

 […]

O ser humano que foi realmente criança mostrar-se-á também mais tarde de pleno valor como adulto. Mas somente então! E uma criança normal se reconhece já pelo facto de possuir, perante os adultos, o legítimo respeito em seu próprio sentimento intuitivo, que nisso corresponde exatamente à lei da natureza!

Tudo isso cada criança já traz em si como dádiva de Deus! E desenvolver-se-á, se não o soterrardes. Por conseguinte, deixai as crianças afastadas de onde os adultos conversam, pois não é lugar delas! Devem também, em tal caso, saber sempre que são crianças e como tais ainda não de pleno valor, ainda não maduras para o atuar terreno. Nessas aparentes ninharias há muito mais do que hoje pensais. É o cumprimento de uma lei básica na Criação e à qual muitas vezes não dais atenção. Externamente as crianças, que se encontram, todas, ainda no enteal, precisam disso como um apoio! Conforme a lei do enteal.

Os adultos devem dar proteção às crianças! Nisso se encontra mais do que dizem somente as palavras; devem, porém, dar proteção também apenas lá onde a criança a mereça. Esse dar proteção não deve realizar-se sem uma retribuição, para que a criança já aprenda, pela experiência, que em tudo tem de haver equilíbrio, havendo nisso harmonia e paz. Também isso condiciona a espécie do enteal.

Exatamente isso, porém, tantos pais e educadores têm negligenciado, não obstante ser condição básica da educação certa, desde que ela deva ser realizada conforme as leis primordiais da Criação. A falta do conceito de equilíbrio absoluto leva qualquer um a vacilar e a cair, não importa se já mais cedo ou só mais tarde. E a consciência da inevitável necessidade desse conceito deve ser inculcada na criança já desde o primeiro dia, para que se torne de tal modo sua propriedade, inserindo-se-lhe completamente na carne e no sangue, tão naturalmente, como aprende o senso de equilíbrio de seu corpo, o qual está sujeito, sim, à mesma lei básica!

Se essa tese fundamental for cuidadosamente posta em prática em cada educação, haverá finalmente seres humanos livres, que são do agrado de Deus!

Mas exatamente essa lei básica, a mais indispensável e principal nesta Criação, foi excluída pelas criaturas humanas por toda a parte! Com exceção do senso de equilíbrio do seu corpo terreno, ela não é obedecida nem observada na educação. Isso força a unilateralidade de uma maneira nociva, que faz com que todas as criaturas humanas sigam apenas cambaleando animicamente através da Criação, com constantes tropeços e quedas!

É triste que esse senso de equilíbrio só seja considerado para o corpo terreno, como necessidade de todos os movimentos; anímica e espiritualmente, porém, não é cuidada, faltando muitas vezes de modo total. Desde as primeiras semanas deve a criança ser cuidadosamente auxiliada nisso mediante a influência de pressão exterior. A omissão acarretará a cada ser humano medonhas consequências para toda a sua existência na lei da reciprocidade!

Olhai somente em redor. Na vida individual bem como na família, nos governos bem como na maneira das igrejas, por toda a parte falta justamente isso, somente isso! E contudo, encontrais essa lei visivelmente demonstrada por toda a parte, se apenas desejardes ver! Até o corpo de matéria grosseira vo-la mostra; vós a encontrais na alimentação e na eliminação, sim, até nas próprias espécies de alimentação, se o corpo deva sentir-se bem, no ajuste entre o trabalho e o descanso, até em todas as minúcias, sem se considerar a já citada lei do equilíbrio que faz com que cada corpo se mova, tornando-o só assim útil para a missão da atuação terrena. Ela mantém e permite existir todo o Universo, pois só no ajustamento do equilíbrio podem os astros, podem os mundos seguir suas órbitas e se manter!

E vós, pequenos seres humanos na Criação, que não sois mais do que uma partícula de pó diante do grande Criador, vós a derrubais por não querer dar-lhe inteira atenção e cumpri-la.

Pôde, sim, suceder que por algum tempo a tivésseis torcido; agora, porém, ela volta rapidamente à forma original e, no regresso rápido, tem de atingir-vos dolorosamente!

Desse erro proveio todo o mal que hoje atinge a Criação. Também nos países o descontentamento torna-se revolta, lá onde, de um lado, falta o equilíbrio certo! Contudo, é apenas uma continuação, o avolumar daqueles erros que o educador comete com a juventude!

O novo Reino, o Reino de Deus sobre a Terra, criará o equilíbrio e, com isso, uma nova geração! Primeiramente, porém, terá que forçar impiedosamente o verdadeiro conceito de equilíbrio, antes que possa ser compreendido. Forçar pela transformação de todo o torcido, que já agora se processa pela auto exaustão de todo o falso e insano, impulsionado para isso pelo invencível poder e força da Luz! Seguir-se-á então a dádiva da verdadeira compreensão de todas as leis primordiais da Criação. Esforçai-vos por reconhecê-las direito desde já e estareis certos nesta Criação! O que, por sua vez, como consequência, trará para vós somente felicidade e paz.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 08 “A criança” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

A missão da feminilidade humana

Novembro 01, 2015

Uma grande pressão pesa sobre toda a feminilidade terrena, desde que foi difundida a ilusão de que o destino principal de uma mulher seria a maternidade. Muitas pessoas, com falsa compaixão e frequentemente, até com velada e maliciosa alegria, olham para as moças que não se casam e igualmente para as senhoras que ficam sem filhos no matrimónio. A expressão “solteirona”, que na realidade é um título honroso, é muitas vezes pronunciada com leve zombaria, com um lastimoso encolher de ombros como se o matrimónio fosse, para a mulher terrena, a mais alta de suas finalidades, sim, até seu destino.

Que esse falso conceito haja-se difundido e alojado por milénios, de modo tão nocivo, faz parte das principais conquistas de Lúcifer que, com isso, visava a degradação da feminilidade, aplicando o golpe mais duro à verdadeira essência humana. Olhai, pois, em redor! As danosas excrescências dessa conceituação falsa sintonizaram, de antemão, o sentido dos pais e das moças, em linha bem reta, para o sustento terrenal por meio de um matrimónio! Tudo converge para aí. Já a educação, todos os pensamentos, as conversas, as ações, desde os dias da infância de cada moça até à maturidade. Depois, busca-se e proporciona-se a oportunidade ou, onde isso não se consegue, estabelece-se até à força, a fim de que se travem conhecimentos com o objetivo final de um casamento!

É inculcado na moça, literalmente, que passará pela vida sem alegria, se não puder andar ao lado de um homem! Que, de outro modo, jamais será levada a sério! Para onde quer que uma criança do sexo feminino olhe, ela vê as glorificações do amor terreno, tendo como alvo supremo a felicidade materna! Assim se forma a ideia, artificialmente imposta, de que cada jovem que não pode ter isso é digna de lástima e tem a sua existência terrena perdida em parte! Todo seu pensar e querer é orientado nesse sentido, literalmente inoculado na carne e no sangue desde o momento do nascimento. Tudo isso, porém, é obra bem hábil de Lúcifer, objetivando a degradação da feminilidade humana.

E esse malefício tem de ser agora tirado dessa feminilidade terrena, se é que ela deva elevar-se! Somente dos escombros dessa ilusão de até agora é que pode resultar o elevado, o puro! A nobre feminilidade, desejada por Deus, não conseguiu desenvolver-se sob essa investida das mais astuciosas de Lúcifer contra os espíritos humanos, os quais, todos, desde o início, poderiam ter-se esforçado somente rumo à Luz, se tivessem seguido firmemente as leis primordiais da Criação, deixando-se guiar por elas.

Tornai-vos finalmente espirituais, ó criaturas humanas, pois sois do espírito! Reconhecei e sede também suficientemente fortes para assimilar que a felicidade maternal, tida como a suprema meta da feminilidade terrena e o seu destino mais sagrado, tem suas raízes somente no enteal! O destino mais sagrado da mulher humana, no entanto, é muito mais elevado, está no espírito!

Nem sequer uma vez vos veio à mente que tudo aquilo que até agora decantastes pertence exclusivamente à Terra, à vida terrena em sua limitação! Pois o casamento e a procriação existem apenas na parte de matéria grosseira desta Criação posterior. A feminilidade, contudo, existe na Criação inteira! Isto, pois, deveria dar-vos motivo para uma reflexão! Mas não, seria esperar demais de vós!

Assim como se procura levar os animais livres, pouco a pouco, para uma trilha impercetível, previamente construída de modo cuidadoso, e a qual não podem distinguir da livre e bela floresta, levando, contudo, ao cativeiro, da mesma forma levastes vossas filhas apenas na direção daquele único alvo… o homem! Como se fosse seu destino principal!

A ilusão dessa falsa conceituação assemelha-se a tabiques, colocados à direita e à esquerda, que nem deixavam as pobres crianças, por fim, pensarem de modo diferente senão na mesma direção. Tantas moças “se salvaram” então com um salto violento ainda para um casamento que a elas próprias muito custou, apenas para na velhice não sofrer as consequências desses falsos conceitos, os quais, como espadas ameaçadoras, pendem sobre cada moça.

[…]

A missão suprema na existência da feminilidade na Terra é a mesma que desde sempre existiu nas regiões mais altas: enobrecimento de seu ambiente e constante suprimento da Luz, que só a feminilidade, na delicadeza de seu sentimento intuitivo, pode transmitir! O enobrecimento, porém, acarreta incondicional ascensão rumo às alturas luminosas! Isso é lei do espírito! Por isso, tão-só a existência da legítima feminilidade condiciona também a ascensão de modo inamovível, o enobrecimento e a conservação da pureza de toda a Criação.

Lúcifer sabia disso, porque está nas leis da Criação, e procurou impedir o processo natural, em seu desenvolvimento, pela prejudicial e falsa ideia básica, que apresentava sedutoramente o instinto do corpo terreno e seus feitos como o mais elevado. Com isso gotejou veneno em toda a verdadeira humanidade, que em decorrência disso torceu, sem pressentir, o movimento ascendente dos caminhos retos dessas leis primordiais da Criação, para prejuízo próprio, de maneira que eles tiveram que causar paralisação, conduzindo depois para baixo, portanto, trazendo anos a todos os espíritos humanos, ao invés de bênçãos!

Ele sabia o que com isso fazia. Submergindo no enteal, e assim se perdendo, a feminilidade humana não pôde desenvolver-se, teve que ficar confusa quanto a si e a sua finalidade principal, trazendo com isso confusão até mesmo a esse enteal, porque ela não lhe pertence.

O enobrecimento do seu ambiente é, portanto, a missão principal de uma mulher também aqui na Terra, na matéria. Tendo vindo de cima e mantendo-se em cima, mediante seu delicado sentimento intuitivo, e assim, por sua vez, conduzindo para cima, ela é a ancoragem do homem com a Luz, o apoio de que ele precisa para a sua atuação na Criação. Para isso, porém, não é necessário nenhum matrimónio nem mesmo conhecimento ou encontro pessoal. Unicamente a existência da mulher na Terra já traz a realização.

O homem encontra-se na Criação com a frente voltada para fora, a fim de lutar; a mulher, no entanto, protegendo-lhe as costas, mantém a ligação com a Luz e forma assim o núcleo, o suprimento de energia e fortalecimento. Onde, porém, a podridão possa imiscuir-se no núcleo, também a frente está perdida! Mantende isso diante dos olhos sempre. Nada mais adiantará, então, se a mulher procurar colocar-se na frente, ao lado do homem, posição a que não pertence. Em tal luta somente se enrijece sua intuição delicada, esgotando-se com isso a mais alta capacidade e a força que outrora lhe foram outorgadas, e tudo tem de acabar em escombros!

É conhecido de todos, contudo, que os homens, mesmo nas regiões mais retiradas desta Terra, aprumam-se imediatamente, procurando até se comportar de modo mais decente, tão logo se aproxime apenas uma criatura feminina, com a qual não precisam trocar sequer uma palavra.

Só a existência e o aparecimento de uma mulher já produzem esse efeito! Nisso se evidenciam nitidamente, mesmo que somente ainda atrofiados, o mistério feminino e o poder, o apoio, que dela promanam segundo as leis na Criação, e os quais nada têm a ver diretamente com a procriação na Terra. A procriação é em grande parte de espécie enteal.

Vós, moças, e vós, senhoras, lembrai-vos antes de mais nada de que sois as portadoras das mais altas missões nesta Criação, que Deus vos confiou! Nem o matrimónio, nem a maternidade são a vossa mais alta finalidade, por mais sagrados que também sejam! Sereis autónomas e firmes, tão logo estiverdes certas no íntimo.

Quão ridícula e repulsiva parecer-vos-á a loucura da moda, à qual sempre vos subjugastes voluntariamente e até de modo incondicional. O que foi lançado no mercado pelos fabricantes da moda, de maneira insensata, para fins lucrativos, aceitastes como bichos aos quais são atirados gulodices!

Reconhecereis ainda a vergonha que nisso havia, já somente na aceitação das aberrações, às vezes bastante duvidosas, dos conceitos de beleza autêntica. De pureza, nem se pode falar aí absolutamente. Nisso ela sempre foi conspurcada de uma maneira que não podia mais ser superada em descaramento. Depois de anos ainda subirá em vossas faces o rubor da vergonha, quando aprenderdes a reconhecer quão profundamente tínheis afundado nisso!

Pior ainda é, sim, a exibição consciente e intencional do corpo, que a cada um deve ser sagrado, o que já esteve tantas vezes em moda. Somente a vaidade mais baixa poderia permitir uma queda da feminilidade a tal profundidade. E essa vaidade, que já desde muito faz parte notoriamente da mulher, é a imagem vergonhosa daquilo que deveria ser a atuação verdadeira da feminilidade, segundo as leis Divinas.

Aí, porém, o homem é igualmente culpado como a mulher! Precisaria, sim, apenas desprezar tais coisas e a feminilidade logo ficaria de lado, envergonhada e isolada, mesmo que houvesse antes passado por ela uma raiva injusta. Ele, no entanto, regozijou-se assim com a queda da mulher, pois com isso ela correspondia melhor às fraquezas e desejos, que ele já trazia em si aumentados de modo doentio por causa da ideia luciferiana.

A feminilidade não pode cumprir sua missão na Terra com a vaidade, que sempre condiciona a falta de pudor, mas com a graça, que só a ela é outorgada, como a mais bela dádiva do espírito! Cada expressão do rosto, cada movimento, cada palavra deve trazer, na feminilidade, o cunho de sua nobreza de alma! Nisso reside sua missão e também seu poder e sua grandeza!

Instruí-vos nisso, deixai-vos aconselhar a tal respeito, deixai que se torne legítimo o que agora procurais substituir pela baixa vaidade! A graça é o vosso poder terreno, deveis cultiva-la e utilizá-la. Mas não se pode imaginar graça sem pureza! Já o nome sozinho, no seu conceito, dirige os pensamentos e o sentido rumo à pureza e às alturas, atuando de modo dominador, intangível e sublime! A graça faz a mulher! Só ela traz em si a verdadeira beleza para cada idade, para cada forma corpórea, pois torna tudo belo, visto ser a manifestação de um espírito puro, no qual se encontra sua origem! A graça não deve ser confundida por isso com a insinuação que se origina do enteal.

Assim deveis e tendes de encontrar-vos na Criação! Tornai-vos, por isso, espiritualmente livres em vós, senhoras e moças! A mulher que apenas quer viver como mãe em sua existência terrena malogrou em sua verdadeira finalidade e em sua missão.

 

Abdruschin

                                                                                    

Excerto da Dissertação 09 “A missão da feminilidade humana” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Onipresença

Novembro 01, 2015

Deus é Onipresente! Isso já é ensinado às crianças nas escolas! É tão familiar e tão evidente aos seres humanos que ainda acreditam em Deus, que nem julgam necessário refletir direito a respeito, se realmente sabem o que com isso dizem.

Quando, porém, se exige um esclarecimento de como imaginam isso, logo termina a sabedoria e eles próprios reconhecem que na palavra “Onipresente”, contudo, ainda não se encontra o saber do significado.

As criaturas humanas têm, sim, a palavra, mas não a compreensão. E isso, finalmente, é o principal em todas as coisas. E também não adianta nada o saber, onde falta a compreensão! O significado da denominação “Onipresente” o ser humano conhece. Mas conhecer o significado não é ainda compreender nem entender o sentido.

Assim indico a minha dissertação: “A Vida”. Deus é a vida! Unicamente Ele! Tudo o mais é apenas consequência da movimentação que só se origina pela pressão da irradiação da vida.

A pessoa, que na mais íntima das preces implorar por algo, devido à sua sintonização, alcança ligação com o lugar donde lhe pode advir auxílio. Isso eu já disse em meus esclarecimentos sobre o efeito da oração. Com oração, porém, não se deve imaginar o pedir, mas sim adoração, adoração e veneração! Cada aprofundamento do espírito humano nesse sentido não é outra coisa senão um procurar por ligação! Procurar ligação com a Luz, com a pureza e com a vida! Os desejos e os anseios do espírito humano expandem-se com isso. Ele tateia espiritualmente à procura das alturas luminosas! E se procurar aí realmente de modo sério, então encontra, como já foi prometido por Cristo. Ele encontra a ligação com a vida! Mas somente ligação, não a própria vida!

Encontrais, portanto, na oração ou no procurar sincero um caminho de ligação para Deus, e esse facto O faz parecer tão Onipresente a vós, como até agora pensastes. Contudo, Deus nunca pode ser visto por uma criatura!

A Onipresença tem sido compreendida erroneamente. Talvez seja melhor designar a Onipresença com a expressão: sempre presente! Encontrável a qualquer tempo, quando procurado.

A aparência do efeito exterior do fenómeno apenas iludiu as criaturas humanas. Partiram aí de uma tese errada de seu raciocínio de que Deus, de modo inteiramente pessoal, se interessa por elas, cortejando-as e envolvendo-as também protetoramente, sem pensar que elas próprias devem fazer tudo, para conseguir a ligação indispensável, o que inconscientemente, de acordo com as leis da Criação, sempre preencheram na verdadeira oração! Não quiseram acreditar de bom grado que só as leis de Deus na Criação as envolvem e que, atuando automaticamente desencadeiam cada recompensa e cada castigo.

Estar Onipresente nada mais quer dizer realmente do que poder ser alcançado de qualquer lugar da Criação.

Mas também isso, por sua vez, deve ser tomado com restrições: pois é literalmente certo quando se diz: “Diante de Deus tudo se desfaz!” Aí está um gigantesco abismo! Criatura alguma consegue se colocar diretamente diante de Deus, portanto, alcançá-Lo, a não ser que ela mesma se origine imediatamente de Deus! Isso só é possível a dois, ao Filho de Deus e ao Filho do Homem. Tudo o mais iria e teria que se desfazer diante Dele. Portanto, jamais poderia estar diante Dele conscientemente.

Ao espírito humano só é possível o encontro do caminho de ligação para Deus.

 

Abdruschin

 

Dissertação 10 “Onipresença” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Cristo falou...!

Novembro 01, 2015

Pateticamente se ouve hoje, milhares de vezes, essa expressão. Cristo falou! Com essa introdução deve ser tornada sem efeito, de início, qualquer contradição. Todavia, quem assim fala quer com isso afastar de si também a própria responsabilidade. No entanto, em vez disso, assume dessa forma uma colossal responsabilidade… perante Deus!

Contudo, não pensa sobre isso, até que role sobre ele com um ímpeto que terá de emudecê-lo para sempre! A hora se aproxima, já estão rolando as pedras da ação retroativa! A maior de todas, contudo, originou-se, para muitos espíritos humanos, nas palavras introdutórias: Cristo falou!

A essas palavras segue-se então alguma sentença das “sagradas escrituras”, que deve servir para consoladora tranquilização, para estímulo, também para advertência e até para ameaça ou defesa e para a luta. É aplicada como bálsamo e como espada, como escudo e também como suave almofada de descanso!

Tudo isso seria belo e grande, seria até mesmo o certo, se as palavras citadas ainda vivessem no mesmo sentido com que Cristo as pronunciou realmente!

Mas não é assim! As criaturas humanas formaram muitas dessas palavras por si mesmas, na mais deficiente recordação, e aí não puderam reproduzir o mesmo sentido das palavras de Cristo.

Precisais, pois, apenas ver como é hoje. Quem desejar esclarecer com palavras próprias ou escritos, apenas de memória, algo da Mensagem do Graal, que aliás está impressa e que por mim foi escrita, este já hoje não o transmite assim como corresponde ao verdadeiro sentido. Passando por uma segunda boca, por uma segunda pena, surgem sempre alterações; com novas palavras o verdadeiro sentido é torcido, às vezes até deformado, na melhor boa vontade de intervir a favor dela. Nunca é aquela palavra que eu falei.

E tanto pior outrora, uma vez que do próprio Filho de Deus, pois, não existem escritos de sua Palavra e tudo pôde ser transmitido a essa posteridade apenas através de segundas e terceiras pessoas. Somente muito depois da época em que Cristo havia deixado a matéria grosseira! Tudo surgiu somente da falha memória humana; os escritos, narrativas e todas as palavras, às quais se acostumou agora a antepor sempre com certeza: Cristo falou!

Já naquela época a obra de Lúcifer, elevando o raciocínio humano a ídolo, tinha feito os preparativos, em seu nefasto desenvolvimento, para que as palavras de Cristo não pudessem encontrar aquele solo, que torna possível uma compreensão acertada. Foi um artifício sem par das trevas. Pois a compreensão certa de todas as palavras que não falam da matéria grosseira só é possível pela colaboração, não enfraquecida, de um cérebro de intuição, mas que no tempo de Cristo já se achava bastante descuidado em todas as criaturas humanas, e com isso atrofiado, não podendo cumprir toda sua função. Com isso Lúcifer também tinha a humanidade terrena em seu poder! E essa era a sua arma contra a Luz!

Conservar recordações de modo inalterado só consegue o cérebro humano de intuição, isto é, o cérebro posterior, não porém o raciocínio do cérebro anterior!

Aí o pecado hereditário da humanidade se vingou de modo profundamente incisivo nela própria, que levianamente deixou atrofiar tanto o cérebro posterior, o único capaz de gravar todos os acontecimentos e vivências como tais, em imagens e intuições, de tal forma que em qualquer tempo também ressurgiam com exatidão, como realmente foram, de modo inalterado, até sem enfraquecimento.

O cérebro anterior não consegue isso, por estar mais ligado ao conceito de espaço e tempo de matéria grosseira, e não haver sido criado para a receção, mas sim para a emissão no terrenal.

Dessa maneira, pois, também surgiu a retransmissão das descrições daquilo que foi vivenciado e ouvido durante o tempo terreno de Cristo, misturado exclusivamente com as conceções terreno-humanas, provenientes da memória, moldado terrenalmente de maneira completamente inconsciente, não porém com aquela pureza que um vigoroso cérebro de intuição teria mantido e avistado. As garras dos vassalos de Lúcifer já haviam aberto seus sulcos bem profundamente, mantendo presos firmemente seus escravos do raciocínio, de modo que estes não mais puderam compreender ou segurar direito o maior tesouro, a Mensagem de Deus, sua única possibilidade de salvação, tendo que deixá-la passar sem proveito.

Aprofundai-vos no pensar; não custa muito esforço orientar-se nisso. Muitas pessoas se aproximavam de Cristo, fazendo-lhe perguntas, pedindo-lhe este ou aquele conselho, que ele de bom grado sempre lhes dava, em seu grande Amor, que nunca falhava, pois ele era o Amor vivo e ainda o é hoje.

Ele deu, portanto, orientação aos que perguntavam e pediam, conforme eles necessitavam. Tomemos um exemplo.

O daquele jovem rico, que estava ansioso por saber qual o caminho que poderia conduzi-lo ao reino do céu! O Filho de Deus aconselhou-o a repartir os seus bens entre os pobres e depois segui-lo.

Seguir Cristo não significa outra coisa senão viver exatamente de acordo com suas palavras.

As pessoas presentes tomaram imediatamente conhecimento desse episódio, assim como de tantos outros, para retransmiti-lo segundo a maneira como cada um por si, de modo humano, havia entendido. E isso correspondia apenas raramente ou nunca ao verdadeiro sentido das palavras originais de Cristo. Pois poucas palavras sob forma diferente já conseguem alterar todo o sentido.

Os primeiros divulgadores contentavam-se, no entanto, em fazer narrativas, simples relatos. Mais tarde, porém, esses conselhos individuais foram instituídos como leis básicas para toda a humanidade! Isso, contudo, foi feito então pela humanidade, não pelo próprio Cristo, o Filho de Deus!

E essa humanidade também se atreveu a afirmar mui simplesmente: Cristo falou! Põe-lhe na boca aquilo que as próprias criaturas humanas, apenas de memória e de conceções erradas, exprimem em formas e palavras, as quais hoje, pois, devem permanecer determinantes e intocáveis para os cristãos, como sendo a Palavra de Deus.

Nisso há milhares de vezes assassínio da verdadeira Palavra do Filho de Deus!

Cada pessoa sabe muito bem que é incapaz, após semanas ou meses, de relatar fielmente aquilo que vivenciou anteriormente e o que ouviu! Nunca consegue repeti-lo textualmente com absoluta exatidão. E quando são duas, três, quatro ou dez pessoas, que ouviram ou enxergaram simultaneamente a mesma coisa, receber-se-ão então outras tantas diversidades nas descrições. Desse facto ninguém mais tem dúvida hoje em dia.

Aí, finalmente se evidencia, portanto, que com esse reconhecimento havereis de tirar conclusões retrospetivas! Conclusões que são categóricas, intocáveis.

Pois também não foi diferente na época terrena do Filho de Deus!

[…]

Imperdoável, porém, é que mais tarde as criaturas humanas simplesmente, como sendo certo, ousassem afirmar: Cristo falou! E com isso elas atribuem ao Filho de Deus as erróneas aceções humanas, os produtos da falha capacidade de memória humana, sem mais nem menos, com segurança, apenas para assim fundar e manter uma estruturação doutrinária, com empenhos egoísticos, cujas lacunas, já desde o início, tinham de mostrar a construção toda frágil e quebradiça a qualquer vigoroso sentimento intuitivo, de modo que apenas na exigência de fé cega havia a possibilidade de que as inúmeras falhas na construção não pudessem ser vistas de imediato!

Mantiveram-se e mantêm-se ainda hoje apenas com a exigência rígida de uma fé cega e com as palavras incisivas: Cristo falou!

E essa frase, essa afirmativa calculista há-de tornar-se para eles um terrível juízo! Pois é tão falsa como a ousadia de dizer que a crucificação de Cristo fora desejada por Deus a fim de redimir, com aquele sacrifício, todos os pecados dessas criaturas terrenas! O que há em tudo isso, de deformar de tal modo o assassínio do Filho de Deus, com tão incrível presunção humana; que ousada injúria está ligada a isso, o futuro ensinará a reconhecer, a humanidade experimentá-lo-á em si.

Ai das criaturas humanas que outrora assassinaram o Filho de Deus na cruz! Mas cem vezes ai de vós, que depois disso milhares de vezes o tendes crucificado em sua Palavra! E que ainda hoje o assassinais dia a dia, hora a hora, sempre de novo! Cairá sobre vós um pesado juízo!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 11 “Cristo falou…!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Lei da Criação: Movimento

Novembro 01, 2015

Olhai em redor, criaturas humanas, e vereis de que maneira deveis viver aqui na Terra! Não é difícil reconhecer as leis primordiais na Criação, se apenas vos esforçardes em observar direito tudo quanto vos rodeia.

Movimento é uma lei básica em toda esta Criação, bem como sobre a Terra. Movimento de modo certo. Mas exatamente essa lei tem sido desrespeitada e igualmente mal aplicada.

Somente pelo movimento se pôde formar tudo, e o movimento, o movimento contínuo, é por isso também a conservação, o saneamento de tudo quanto se acha na Criação. O ser humano não pode ser considerado nisso como uma exceção, não pode ficar como único entre as criaturas, parado em meio à movimentação vivificante, ou seguir seus próprios caminhos, sem prejuízo para si.

O objetivo atual do raciocínio de tantos seres humanos terrenos é descanso e vida cómoda. Passar ainda os últimos anos terrenos na comodidade é, por muitos seres humanos terrenos, considerado como o coroamento de suas atividades. Todavia, é veneno o que com isso almejam. É o começo de seu fim, que assim criam!

Por certo ouvistes, em casos de morte, muitas vezes, pesarosamente: “Não pôde usufruir por muito tempo o seu descanso. Faz somente um ano que se aposentou!”

Tais observações são feitas mui frequentemente. Quer se trate de homens de negócios, de funcionários públicos ou de militares, não importa, pois tão logo uma pessoa, como se costuma dizer, “se aposenta” iniciam-se, muito em breve, a decadência e a morte. Quem abrir corretamente seus olhos para seu ambiente, muito aí reconhecerá; verá que tais acontecimentos se lhe apresentarão com surpreendente frequência, acabando outrossim por procurar uma bem determinada causa nesse fenómeno, reconhecendo nisso uma lei.

A criatura humana que aqui na Terra se aposenta realmente, que quer descansar de suas atividades até o seu fim terreno, devido à lei do movimento rítmico desta Criação, é expelida como fruta superamadurecida, porque todo o vibrar, o movimento em seu redor, é muito mais forte do que o movimento nela própria, que tem de manter passo igual. Tal pessoa tem então que cansar e adoecer. Só quando seu autovibrar e seu estado de alerta mantiverem passo igual ao do movimento existente na Criação, só então pode permanecer sadia, bem-disposta e alegre.

Na expressão: Parar é retroceder, jaz o pressentimento da grande lei. Somente movimentação é construção e conservação! Em tudo quanto se acha na Criação. Já afirmei isso na minha dissertação “A Vida”!

Quem aqui na Terra quer, literalmente, entregar-se ao descanso total, não tem mais nenhum alvo diante de si e, com isso, nenhum direito de continuar a viver nesta Criação, por ter posto, por sua vontade, “fim” a si próprio! O vibrar da Criação, porém, não apresenta nenhum fim, não tem fim! Evolução permanente através do movimento é lei na vontade de Deus e isso, por essa razão, jamais poderá ser contornado sem danos.

Certamente já notaram que as pessoas, que têm de lutar continuamente por sua manutenção terrena, frequentemente são muito mais sadias, alcançando mais idade do que as pessoas que desde a infância têm passado muito bem, tendo sido protegidas e tratadas da maneira mais cuidadosa. Também já tendes observado que as pessoas que cresceram no bem-estar, fazendo tudo em favor de seus corpos, pelos meios alcançáveis, vivendo comodamente, sem agitação, tais pessoas mais depressa mostram os sinais exteriores da velhice se aproximando, do que as terrenalmente não bastadas, que precisam preencher sempre os seus dias com trabalho!

Indico aqui como exemplo aqueles casos de vida laboriosa onde não haja exagero desnecessário, onde não haja a ânsia frenética pelo acúmulo de riquezas terrenas ou outros motivos para sobressair, que nunca deixam descansar realmente aqueles que trabalham. Quem se entrega como escravo a uma tal mania, esse encontra-se sempre sob alta tensão, atuando assim também de modo desarmonioso no vibrar da Criação. As consequências são aí idênticas às daqueles que vibram lentamente demais. Portanto, também aqui o áureo caminho do meio é o certo para cada um que quiser viver direito nesta Criação e na Terra.

O que tu, criatura humana, fizeres, fá-lo integralmente! O trabalho durante o tempo do trabalho, o descanso durante o tempo necessário ao descanso! Nada de mistura.

O maior veneno contra o cumprimento harmonioso da vossa condição humana é a unilateralidade!

Uma vida laboriosa sem finalidade espiritual, por exemplo, de nada vos adianta! O corpo terreno então, sim, vibrará nesta Criação; o espírito, porém, estará inativo! E quando o espírito não se movimenta simultaneamente no vibrar da Criação, desejado por Deus, o corpo terreno, que vibra em conjunto, não é conservado e fortalecido pelo trabalho; pelo contrário, ficará prostrado, gasto! Porque aí não recebe a força proveniente do espírito, da qual necessita através da mediação do enteal. O espírito parado impede todo o florescimento do corpo, consequentemente este terá que se consumir em suas próprias vibrações, murchando e se decompondo, não podendo mais se renovar por faltar a fonte para isso, o vibrar do espírito.

[…]

Existe uma tal simplicidade na efetivação das leis da Criação e nas próprias leis, que não é preciso curso universitário para reconhecê-las com acerto. Cada pessoa possui capacidade para isso, se apenas quiser! Cada observação é facílima, acessível até a uma criança, torna-se difícil apenas pela arrogância de saber desta humanidade, que gosta de empregar grandes palavras para o que é mais simples, e assim pateia pesadamente com ares de importância na Criação, como na límpida água, turvando a original clareza sadia.

Com toda a sua falsa sabedoria o ser humano, como única das criaturas, falha no cumprimento de seu lugar na Criação, por não vibrar conjuntamente e não atuar corretamente.

A Vontade de Deus, porém, é que a criatura humana finalmente chegue à consciência e cumpra integralmente a sua missão nesta Criação! Se não o fizer, chegará agora à supermaturação e decomposição, como fruto podre da Criação. A Luz Divina, que Deus agora irradia para a Criação, age sobre ela como sobre as plantas de uma estufa que, sob o aumentado calor, devem produzir flores e frutos de maneira acelerada.

Aí se evidencia aquilo que se move direito nas leis da Criação ou que nelas agiu errado. Os frutos serão de acordo. A pessoa que se dedicou a afazeres que não tinham finalidade para sua necessária ascensão desperdiçou seu tempo e suas forças. Ela se desviou do vibrar da Criação e não pode mais prosseguir com ele, nem recuperar-se na indispensável harmonia, uma vez que ela própria a perturba.

Aprendei, por conseguinte, através da observação, a valorizar a simplicidade das leis Divinas em toda a sua grandeza e a utilizá-las para vós, do contrário terão agora de destruir-vos, por estardes como obstáculos no caminho de sua atuação. Sereis arrastados como estorvo prejudicial!

Movimento é o principal mandamento para tudo o que existe nesta Criação, pois ela se originou do movimento, é mantida e renovada por ele!

Como se dá no além, sobretudo nas regiões mais luminosas, assim tem de ser agora também aqui na Terra, provocado pelo poder da Luz! O ser humano que vibra com as leis primordiais da Criação sobreviverá, mas aquele que malbarata seu tempo com falso cismar do raciocínio será agora destruído pelo impulso mais forte do movimento, produzido pela Luz!

Por isso, deveis finalmente aprender a conhecer todas as leis e vos guiar por elas.

Quem não associar, à sua atuação terrena, um alvo elevado, luminoso, não poderá subsistir no futuro. Terá que se decompor segundo as leis de Deus, intensificadas pela Luz, que estão na Criação; será também espiritualmente reduzido a pó, como fruto imprestável que não cumpre sua finalidade nesta Criação.

Esse fenómeno é totalmente objetivo e simples, mas de indizível horror em seus efeitos para a humanidade, como ela hoje ainda se apresenta! Nada vos será dispensado. O querer ou o não querer na decisão ainda vos deverá ser mantido, porque está inserida na espécie de tudo quanto é espiritual, porém rápida sequência até o desfecho final ocorrerá para vós então imediatamente, de modo tão rápido, como não acreditais que na Terra, na lentidão desta matéria, possa ocorrer!

Também terrenamente a humanidade será agora obrigada a guiar-se de modo absoluto, segundo todas as leis primordiais da Criação!

Quando uma pessoa pôde atingir determinada altitude aqui, isso não basta para o futuro. Ao contrário, é obrigada a se manter nela mediante contínuos esforços, pois de outro modo novamente decairá logo. Cada pessoa tem de deixar novamente o lugar onde não pôde se manter, porque ela somente pode valer aquilo que realmente é e não o que foi! O “foi” desaparece a cada modificação e não é mais. Unicamente o “é” tem valor e validade no Reino do Milénio.

Por isso, criatura humana, permanece no futuro com tua maneira de ser, sempre de tal forma, assim como queres ser considerada. Cairás ou subirás a cada alteração que apareça.

Sem movimentação permanente não existe mais nenhum apoio para ti na Criação. Não podes banhar-te no brilho de teus antepassados. O filho, jamais na glória de seu pai. A mulher não participa nos feitos de seu marido. Cada um está nisso exclusivamente por si. Unicamente o presente vale para ti, pois o presente, que realmente “é”, vale também para um espírito humano! Assim é em toda a Criação, assim deverá ser também no futuro entre estes, até agora nisso pesados, seres humanos terrenos.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 12 “Lei da Criação: Movimento” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O corpo terreno

Novembro 01, 2015

O ser humano usa o seu invólucro terreno, de que necessita para o amadurecimento de seu espírito na matéria grosseira, com irresponsável negligência e falta de compreensão. Enquanto não sente dores, negligência a dádiva que com isso recebeu e nem pensa em dar ao corpo o que este necessita, antes de tudo, o que lhe é útil. Só presta atenção ao seu corpo sempre depois que o prejudicou, sentindo por isso dores; ou então quando por ele for impedido de alguma forma em seus trabalhos diários, na prática de tantos divertimentos ou passatempos.

Ingere, sim, alimentos e bebidas, mas impensadamente e com frequência em excesso, assim como lhe pareça agradável, totalmente despreocupado de que com isso prejudica o seu corpo. Pessoa alguma se lembra de observar cuidadosamente o corpo, enquanto este não sente alguma dor. Mas exatamente a observação do corpo sadio é uma necessidade urgente.

O ser humano deve dar ao corpo sadio aquilo de que ele precisa, deve observá-lo com todo o cuidado que se dá à ferramenta mais indispensável, para a atuação acertada nesta matéria grosseira. É sim, pois, o bem mais precioso que cada ser humano terreno recebeu, para o seu tempo na Terra.

Observai os estudantes que de modo predominante cultivam o raciocínio unilateralmente, através de seus estudos. Com que orgulho cantavam e ainda hoje cantam canções referentes à euforia estudantil!

Indagai-vos, porém, sinceramente, no que se apoia tal orgulho, então precisareis examinar o conteúdo dessas canções, para descobrir o motivo. Em pessoas que pensam de modo sadio brota aí uma profunda vergonha, pois essas canções só encerram glorificações das bebedeiras e dos namoros, do ócio, do desperdício da melhor época de desenvolvimento da existência terrena humana! Exatamente daquela época em que os seres humanos devem tomar o seu impulso para o desenvolvimento de uma criatura humana completa nesta Criação, para uma maturidade do espírito, a fim de preencher o lugar que uma pessoa, como tal, deve preencher e cumprir na Criação, de seu Senhor!

As canções mostram nitidamente demais o que é considerado como o mais belo e mais ideal numa época em que o ser humano, agradecido e alegre, devia intuir de modo puro como o seu espírito se põe em contacto, através do corpo terreno, com o ambiente todo que o rodeia, a fim de atuar nele integralmente consciente e assim com plena responsabilidade perante seu Criador! Onde cada espírito, através das irradiações da sexualidade, começa a formar e enviar sua vontade para longe, dentro da matéria grosseira com suas muitas gradações.

Todavia, as canções são um grito de escárnio contra as leis primordiais da Criação, às quais se opõem até à última palavra!

Em contraste a isso está aquela juventude que não frequenta a universidade. Aí encontrareis também todas as bases mais adequadas para o tratamento certo de seus corpos terrenos, mais sadias e naturais. Na pressuposição de que esses jovens não pratiquem esportes. Pois então desaparece aí também tudo o que é sensato e sadio.

Para onde olhardes de modo perscrutador, tereis de reconhecer que o ser humano ainda nada sabe das Leis da Criação.

Não tem ideia alguma de qual a responsabilidade a ser incondicionalmente assumida por ele, com referência ao corpo terreno a ele confiado! Nem vê também o valor do corpo terreno quanto à posição na Criação, mas sim mantém seu olhar dirigido somente para esta Terra aqui. Contudo, para a Terra, a importância do seu corpo terreno constitui somente a menor parte!

E essa ignorância das leis da Criação permitiu que se imiscuíssem erros, os quais, reproduzindo-se, prejudicam muitas pessoas. Perpassam contaminando tudo!

Somente por isso pôde acontecer que, mesmo em todas as igrejas de até agora, tenha encontrado entrada a insensata conceção de que o sofrimento por sacrifício e holocausto, sob certas circunstâncias, seja bem visto por Deus! Inclusive na arte, essa conceção errónea ancorou-se profundamente, pois nela essa ideia encontra muitas vezes a glorificação de que uma pessoa poderia trazer “libertação” a outra, mediante holocausto voluntário ou morte por amor!

Isso apenas confundiu ainda mais essa humanidade.

A lei de Deus, porém, em sua justiça infalível, não permite que alguém possa assumir a culpa de outrem. Tal ato faz rolar simplesmente uma culpa sobre aquele que se sacrifica, que assim força o abreviamento de sua existência terrena. A isso se acrescenta ainda a ilusão da alma em realizar, dessa forma, algo de grande e agradável Deus. Aquele que se sacrifica torna-se assim duplamente culpado na presunção de poder libertar um outro de seus pecados. Teria agido melhor, sim, se implorasse perdão somente para si, como grande pecador perante o Senhor, pois dessa maneira designa o seu Deus de juiz injusto, que seria capaz de tal ato arbitrário, permitindo que se negocie com Ele. Isso, na realidade, é ainda por cima uma blasfémia! Portanto, eis uma terceira culpa com tal ato que, brusca e categoricamente, contraria todo o sentimento intuitivo de justiça.

É uma autopresunção, e não amor puro, que leva a atos dessa espécie! No Além as almas veem rapidamente a diferença, quando têm de sofrer sob as consequências que os seus atos acarretam, ao passo que para o outro isso nada adiantou e se ele ciente esperava dessa maneira ser ajudado, sobrecarregar-se-á ainda mais.

Assim é de se lastimar que mesmo grandes artistas se tenham entregado àquela nefasta ilusão de redenção em suas obras. Um artista sensível deveria, pois, chocar-se com isso, por ser antinatural, contrariar o equilíbrio das leis da Criação e permanecer totalmente sem base!

A verdadeira grandeza de Deus é assim diminuída.

É mais uma vez apenas presunção da humanidade, que se arroga esperar, da ininfluenciável Justiça de Deus, que seja capaz de aceitar tal sacrifício! O ser humano coloca com isso, sim, mais alto o seu julgamento terreno na prática da justiça, pois nessa prática não lhe chega aquele pensamento!

Com tal atuação o ser humano mostra menosprezo pelo corpo terreno, mas nenhum agradecimento pelo instrumento de matéria grosseira outorgado para o amadurecimento, o qual não pode ser suficientemente observado e mantido limpo e puro, já que é indispensável a cada vida terrena.

[…]

O corpo terreno está ligado àquela parte da Terra onde nasceu! Intimamente ligado também com todas as estrelas dessa bem determinada parte e com todas as irradiações que a ela pertencem. De maneira ampla, muito mais do que podeis imaginar! Somente aquela parte desta Terra dá ao corpo exatamente aquilo de que ele precisa, a fim de florescer direito e permanecer vigoroso. E a terra produz, em cada uma de suas regiões, sempre em tempo certo, aquilo de que todos os corpos de matéria grosseira, que nasceram nessa bem determinada região, necessitam! Ervas e frutos atuam, por isso de forma melhor sobre o corpo humano, de modo vantajoso e edificante, naquela época em que a terra os produz!

O corpo precisa semelhante alimentação em tais épocas épocas e naquela região onde nasceu, com a qual fica permanentemente ligado.

Morangos no tempo do amadurecimento dos morangos, maçãs no tempo da colheita das maçãs e assim por diante! Assim é com todas as frutas, com todas as ervas. Por isso o tratamento pelas ervas é vantajoso no tempo em que as ervas se acham em plena viçosidade. Também para os corpos sadios!

Nisso o próprio enteal oferece ao corpo terreno variedade na alimentação, permanentemente, assim como este realmente necessita! Exatamente como o sol, a chuva e o vento são a melhor para a atuação sadia da pele! A Criação dá ao ser humano tudo quanto ele necessita para o seu corpo terreno e dá também com a variação certa, no tempo certo!

Com todos os artifícios adicionais o ser humano nunca pode obter aquilo que a Criação lhe proporciona espontaneamente!

Atentai nisso! Aqui na Terra o corpo terreno está estreitamente ligado àquela região onde se encontra o lugar do seu nascimento! Se é que também deva ficar sadio numa região estranha, conservar o vigor pleno para a atuação terrena, deverá prevalecer como base da alimentação de seu corpo somente aquela da região em que nasceu. Com cuidado pode, então, criar uma ponte que lhe proporcione por algum tempo eficiência completa, mas nunca permanentemente! Tem de voltar, de vez em quando, a fim de buscar sempre novas energias! Apesar de tudo, porém, encurtará com isso a sua vida terrena!

Não é arbitrariedade ou por acaso, que as criaturas humanas terrenas são de estrutura e cor diferentes.

As leis primordiais da Criação já as colocam em bem determinado lugar, o qual, unicamente serve para a sua maturação terrestre! E aparelham-nas correspondentemente.

O enteal forma, para vós, vossos corpos terrenos, e ao mesmo tempo a alimentação para o sustento! Mas somente produz efeito, de modo uniforme, na determinada região e no determinado continente! Convosco, criaturas humanas, não se passa de modo diferente nisso, do que com as plantas e com os animais pois também vós sois um fruto da Criação, sois apenas uma criatura, que está e permanece ligada estreitamente à região e às irradiações daquele continente de onde se originou.

Por isso, observai e aprendei em cada atuação da Criação! É vosso dever obedecer às leis primordiais da Criação, se quiserdes conseguir o que vos serve para proveito e para ascensão!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 13 “O corpo terreno” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O mistério do sangue

Novembro 01, 2015

O sangue! Quanto não vibra nesta palavra, quão ricas e fortes são todas as impressões que ela é capaz de produzir, e que fonte originadora jamais esgotável de suposições abrange esta tão significativa palavra.

E dessas suposições muitos conhecimentos já se concretizaram, os quais se comprovaram de modo benéfico para o corpo humano terreno. Com penoso pesquisar e dedicada atuação, agraciados encontraram, em sua pura vontade de ajudar abnegadamente a humanidade, através de apuradas observações, vários caminhos que conduzem à verdadeira finalidade do sangue, mas que ainda não é a própria finalidade.

Mais indicações a esse respeito ainda devem ser dadas aqui sobre isso, com as quais aqueles que trazem em si vocação para tanto fiquem capacitados a construir no saber das vibrantes leis de Deus. Surgirão como auxiliadores para os seres humanos aqui na Terra, auxiliadores no mais verdadeiro sentido, aos quais, como preciosa recompensa, orações de agradecimento de todos aqueles tornarão seus caminhos ensolarados, aqueles a quem eles puderam, com seus novos conhecimentos sobre os mistérios do sangue, trazer auxílios de maneira inimaginável como não houve até então.

Menciono logo a finalidade principal de todo o sangue humano: ele deve constituir a ponte para a atuação do espírito na Terra, portanto, na matéria grosseira!

Isso soa tão simples e, contudo, contém em si a chave de todo o saber sobre o sangue humano.

O sangue deve, portanto, constituir uma ponte para a atuação do espírito, ou digamos neste caso “alma”, a fim de que os leitores me compreendam melhor, visto que a expressão “alma” lhes é mais familiar.

Para que a atuação do espírito do ser humano também possa se processar de maneira certa, o espírito forma o sangue humano.

Que o sangue está ligado ao espírito pode ser facilmente fundamentado. Basta considerar que somente com a entrada do espírito no corpo em formação da criança, portanto na encarnação, a qual ocorre em bem determinado estado de desenvolvimento, no meio da gravidez, provocando os primeiros movimentos, também o próprio sangue do pequeno corpo principia a circular, ao passo que por ocasião da morte terrena, quando o espírito abandona o corpo, o sangue finda seu pulsar e de mais a mais cessa de existir.

O sangue em si existe, pois, apenas entre o tempo de entrada e saída do espírito, enquanto o espírito se encontrar no corpo. Sim, pela falta do sangue pode-se constatar que o espírito se desligou definitivamente do corpo terreno, tendo, portanto, ocorrido o falecimento.

Na realidade é assim: só com a entrada do espírito no corpo consegue o sangue humano formar-se e com a saída do espírito ele não pode mais existir em sua condição verdadeira.

Mas não queremos nos contentar com esse conhecimento, portanto prossigo. O espírito, ou a “alma”, contribui para a formação do sangue, mas ele ou ela não consegue atuar diretamente, através do sangue, terrenamente para fora. Para isso, a diferença entre ambas as espécies é grande demais. A alma, que contém o espírito como núcleo, é em sua camada mais densa ainda fina demais e só consegue atuar para fora através da irradiação do sangue.

A irradiação do sangue é, portanto, na realidade, a ponte propriamente dita para a atuação da alma, e mesmo assim só quando este sangue tiver uma bem determinada composição, adequada para a referida alma.

Cada médico responsável poderá aí interferir conscientemente no futuro, auxiliando, tão logo tiver obtido o saber disso e assimilado corretamente. Exatamente isso tornar-se-á um dos maiores e mais incisivos auxílios dos médicos para toda a humanidade, pois nisso os efeitos são tão múltiplos, que os povos, com a utilização certa, terão de florescer até atingir um admirável querer e poder, uma vez que se tornarão capazes de desenvolver toda a sua força, que não impulsiona para a destruição, mas para a paz e para o anseio de ascender em direção à Luz, cheios de gratidão.

Já muitas vezes mencionei a importância da composição do sangue que, naturalmente, com a modificação da composição, também altera, sempre de novo, a irradiação, a qual então, correspondentemente, consegue efeitos variados para a respetiva pessoa, bem como para seu ambiente terreno.

Em minha dissertação sobre a importância da força sexual, eu disse que somente com uma bem determinada maturação do corpo, a força sexual se inicia e com isso abaixa-se uma ponte levadiça que até agora havia protegido e separado a alma do mundo exterior, ponte que naturalmente não somente deixa a alma atuar para fora, mas sim, pelo mesmo caminho, também deixa chegar os efeitos de fora para a alma.

Somente com isso o ser humano, individualmente, torna-se plenamente responsável perante as leis Divinas da Criação, como também mais ou menos está introduzido nas leis terrenas.

O abaixar da ponte levadiça, porém, ocorre automaticamente, pela transformação da composição do sangue, provocada pela maturação do corpo terreno e pelo impulsionar da alma, composição a qual, então, proporciona ao espírito, devido a sua irradiação alterada, a possibilidade para a atuação na Terra.

Não estou me referindo aqui, naturalmente, às ações mecânicas e aos trabalhos do corpo terreno, mas sim ao que realmente aí é “condutor”, ao que é desejado, que depois o cérebro e o corpo, como instrumentos, transformam em ação.

Também em minha dissertação sobre os temperamentos mencionei o sangue, que constitui, por suas irradiações de diversas espécies, a base para os temperamentos, por estar a alma em suas efetivações presa até certo limite às espécies das irradiações do sangue.

Também em minha dissertação sobre os temperamentos mencionei o sangue, que constitui, por suas irradiações de diversas espécies, a base para os temperamentos, por estar a alma em suas efetivações presa até certo limite às espécies das irradiações do sangue.

[…]

No tecer da Criação tudo está tão admiravelmente entrelaçado, que certamente nenhum dos meus leitores ficará surpreendido, se eu lhes afirmar ainda que até a espécie da irradiação sanguínea de uma futura mãe pode se tornar decisiva para a espécie do espírito que nela está por se encarnar, o qual tem de seguir a lei da atração da igual espécie, pois cada uma das diversas espécies de irradiações sanguíneas prepara a aproximação e a entrada apenas para uma bem correspondente espécie de alma, da mesma forma como é compreensível que espécies de almas análogas também devam procurar produzir idênticas composições de sangue, porque sempre somente podem atuar com real sucesso através de uma bem determinada espécie de irradiação, a qual, por sua vez, varia nas diversas idades da vida.

Quem quiser compreender com acerto essa indicação, inclusive a respeito do nascimento, deveria, certamente, familiarizar-se concomitantemente com as minhas explicações na dissertação “O mistério do nascimento”, visto que eu, seguindo as leis da Criação em suas atuações automáticas, sou obrigado a elucidar uma vez isto, outra vez aquilo, apesar de que tudo, conjuntamente, forme um todo inseparável e nada disso possa ser narrado como sendo existente separadamente, mas somente como algo que a isso pertence e intimamente ligado ao todo, que sempre de novo se torna visível cooperando em lugares diferentes, e aparecendo como fio colorido, inserido de acordo com as leis.

Mais tarde ainda falarei sobre todos os pormenores, bem detalhadamente, necessários para completar o quadro de maneira perfeita, daquilo que hoje apenas dei em traços largos.

Espero que isto, um dia, possa se tornar uma grande bênção para a humanidade.

Uma indicação talvez seja ainda propícia: que o sangue não pode ter conexão apenas com o corpo é facilmente reconhecível pelas diferenças imediatamente verificáveis entre o sangue humano e o sangue animal!

As composições básicas de ambas as espécies de sangue são tão diferentes, que devem saltar à vista. Caso somente o corpo formasse o sangue, então a semelhança teria de ser bem maior. Assim, porém, algo diferente contribui nisso: no sangue humano, o espírito! A alma do animal, porém, que atua através do corpo, compõe-se de outra espécie e não do espiritual, que faz do ser humano um ser humano. Por isso, também o sangue tem de ser totalmente diferente!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 14 “O mistério do sangue” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O temperamento

Novembro 01, 2015

Existem pessoas que desculpam muitos dos seus erros com o temperamento, inclusive diante de si mesmas!

Tal procedimento está errado. Quem assim age, mostra apenas que se tornou escravo de si próprio. O ser humano é do espírito, que nesta Criação posterior permanece o mais elevado autoconsciente, influenciando assim tudo o mais, formando e conduzindo, não importa se isso está em sua vontade plenamente consciente, ou se nada sabe disso.

O dominar, isto é, a grande influência na atuação na Criação posterior, está ancorado na espécie do espírito, de acordo com as leis da Criação! O espírito humano atua, por isso, nela, correspondentemente, apenas através da sua existência, por originar-se do reino espiritual. O temperamento, porém, não deve ser atribuído ao espírito, pois é gerado apenas por irradiações de determinada espécie da matéria, tão logo esta seja totalmente transpassada e vivificada pelo enteal, que movimenta, aquece e forma toda a matéria. É do sangue que provém a irradiação.

A voz do povo fala, frequentemente, não sem razão, a respeito desta ou daquela particularidade de uma criatura humana: “Está no sangue dela!” Com isso deve ser expresso, na maioria dos casos, o “herdado”. Muitas vezes é assim mesmo, visto ocorrerem hereditariedades de matéria grosseira, ao passo que hereditariedades espirituais são impossíveis. No espiritual a lei de atração da igual espécie entra em consideração, cujo efeito, exteriormente, na vida terrena, traz a aparência de uma hereditariedade, podendo, por isso, ser confundida facilmente com ela.

O temperamento, no entanto, provém da matéria e por isso é em parte também hereditário. Permanece também sempre estreitamente ligado com toda a matéria. A causa disso é a atuação enteal. Um pressentimento a tal respeito se encontra, também aqui, mais uma vez na voz do povo, cujas sabedorias sempre surgiram da intuição natural daquelas pessoas que ainda não estavam torcidas e se encontravam de maneira simples e com os sentidos sadios na Criação. A voz do povo fala de sangue leve, sangue quente, sangue pesado e sangue facilmente irritadiço. Todas essas denominações se referem ao temperamento, com a intuição certa de que o sangue representa nisso o papel de maior relevo. Na realidade, é uma determinada irradiação que se desenvolve de cada vez, pela espécie da composição do sangue, produzindo em primeira linha uma reação correspondente no cérebro e que a seguir se manifesta fortemente em todo o corpo. Assim, conforme a composição do sangue, predominará sempre uma espécie determinante entre os temperamentos nas diversas pessoas.

Todas as irradiações estão ancoradas no sangue sadio de uma pessoa, as quais o sangue, aliás, pode produzir e, com isso, também todos os temperamentos. Falo sempre apenas do corpo terreno sadio, pois doença traz confusão nas irradiações.

Com a idade do corpo terreno modifica-se também a composição sanguínea. Assim, com a alteração da idade do sangue sadio ocorre, concomitantemente, uma modificação correspondente do temperamento.

Além da idade do corpo, porém, cooperam ainda outros fatores na alteração do sangue, como o tipo da região e tudo quanto dela faz parte, portanto, o clima, as irradiações astrais, espécies de alimentação e outros mais ainda. Tudo isso age diretamente sobre os temperamentos porque estes pertencem à matéria e estão por isso estreitamente ligados a ela.

Diferenciam-se, em geral, quatro temperamentos básicos na criatura humana, segundo os quais também os próprios seres humanos são designados, como sanguíneos, melancólicos, coléricos e fleumáticos. Na realidade, contudo, existem sete e, com todas as gradações, até doze. Mas os principais são quatro.

Com o estado sanguíneo bem sadio, estes devem ser distribuídos em quatro períodos de idade, nos quais cada composição sanguínea se altera. Como primeira, temos a idade infantil, correspondente ao temperamento sanguíneo, à vida despreocupada do momento; em seguida, a idade dos moços ou das moças, correspondente ao temperamento melancólico, ao estado sonhador, saudoso; a seguir, a idade do homem e da mulher, correspondente ao temperamento colérico, da ação; e por fim a idade da velhice, correspondente ao temperamento fleumático, do raciocinar sereno.

Assim é o estado normal e sadio nas regiões temperadas, portanto, não extraordinárias. Quão íntimo tudo isso está ligado à matéria, nela atuando de modo análogo, verificais mesmo na Terra de matéria grosseira, nas estações da primavera, do verão, do outono e do inverno. Na primavera, o despertar impetuoso; no verão, o crescimento sonhador com o impulso para o amadurecimento; no outono, a frutificação, e no inverno, o sereno passar para o outro lado, um novo despertar, com as experiências vivenciais colhidas.

[…]

A pessoa que se aproveita bem de todos os quatro temperamentos, sucessivamente, nas épocas a isso necessárias, somente ela se encontra realmente firme nesta Criação, pois necessita desses temperamentos para galgar segura e acertadamente os degraus de sua vida terrena e nada perder do que é necessário à maturação de seu espírito.

Temperamentos bem dominados e bem aproveitados são como boas botas no caminho através da matéria na Terra! Cuidai deles mais do que foi feito até agora! Não podeis dispensá-los, porém não deveis curvar-vos sob eles, pois do contrário tornam-se tiranos, que vos atormentam, inclusive no vosso ambiente, em vez de serem úteis!

Contudo, utilizai-os, são para vós os melhores guias do caminho através da existência terrena. São amigos para vós, se vós os dominardes. A criança desenvolve-se melhor quando é sanguínea, eis por que isso lhe é destinado pela composição do seu sangue. Este altera-se na época do progressivo amadurecimento do corpo, acarretando então o temperamento melancólico.

Este, por sua vez, é o melhor auxiliador para o período de amadurecimento! Pode dar ao espírito uma orientação rumo à Luz, à pureza e à fidelidade, naqueles anos em que ele é ligado completamente com a Criação, interferindo assim de modo condutor em todo o tecer, em todo o atuar que aí se encontra em constante movimento. Pode tornar-se assim o maior auxiliador do espírito humano na própria existência e mais incisivo do que ele pode imaginar agora.

Por isso se deve deixar à criança sua alegria natural do momento, que o temperamento sanguíneo lhe dá; ao moço e à moça, outrossim, aquele sadio estado sonhador, que frequentemente lhes é peculiar. Quem o destrói, com o fito de converter essas jovens pessoas ao realismo do ambiente, torna-se um salteador do espírito em seu caminho para a Luz! Acautelai-vos de fazer tal coisa, pois todas as consequências disso recairão sobre vós!

Cada homem de ação necessita de temperamento colérico em forma equilibrada! Em forma equilibrada, digo aí bem expressamente, pois o espírito tem de dominar, nos anos adultos do homem e da mulher, enobrecendo e iluminando tudo, emitindo e espalhando irradiações luminosas para a Criação inteira!

Na velhice, porém, já contribui o temperamento fleumático para desligar lentamente o espírito do corpo, cada vez mais, abrangendo com o olhar, mais uma vez, de modo examinador, as vivências havidas até então na existência terrena, a fim de tirar delas os ensinamentos como algo próprio e assim, pouco a pouco, preparar-se para o indispensável passo à matéria fina da Criação, o qual lhe será dessa forma facilitado como um acontecimento bem natural, que só significa progresso, em obediência à lei desta Criação, mas nenhuma dor.

Por conseguinte, respeitai e cultivai os temperamentos, sempre que puderdes, mas em suas respetivas épocas, contanto que não se tornem tiranos devido à maneira desenfreada! Quem quiser alterá-los ou suprimi-los destrói os melhores auxílios para o caminho evolutivo da criatura humana terrena, desejado por Deus, perturbando com isso também a saúde, trazendo confusão, bem como excessos inimaginados, que para a humanidade resultam em discórdia, inveja, ódio e ira, sim, até em roubo e assassínio, porque os temperamentos foram desprezados e destruídos pelo raciocínio frio na sua necessária época, quando deviam, ter sido cultivados e observados!

Eles vos foram outorgados pela vontade de Deus nas leis da natureza, que são sempre cuidadas e conservadas para vós pelos enteais, a fim de vos facilitar o caminho do percurso terreno, se o seguirdes no sentido desejado por Deus! Agradecei ao Senhor por isso, e tomai alegremente as dádivas que vos são oferecidas por toda a parte na Criação. Esforçai-vos apenas em reconhecê-las finalmente direito!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 15 “O temperamento” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Vê, criatura humana, como tens de caminhar através desta Criação...

Novembro 01, 2015

Conquanto a Mensagem contenha em si tudo para mostrar aos seres humanos seu caminho, o qual têm de seguir através da Criação, se quiserem subir às alturas luminosas, repete-se sempre de novo, individualmente, a pergunta angustiante: que devo eu fazer para realmente andar direito!

Esse sentimento intuitivo atormenta a muitos, visto que o ser humano procura tornar tudo mais complicado do que realmente é. Precisa dessa maneira esquisita de dificultar tudo para si, porque não possui dentro de si força para cultivar com seriedade e fervor aquilo que é simples. Para isso toda a sua capacidade não é mais suficiente.

Quando não vê dificuldades diante de si, nunca consegue reunir forças que possa utilizar, pois a falta de dificuldades torna-o logo comodista, paralisando por fim toda a sua atividade. Por esse motivo nem dá atenção ao que é simples, pelo contrário, logo que pode, ele próprio torna ainda mais incompreensível tudo o que é simples, através de torções, apenas para ter dificuldades em reconhecer, finalmente, o que está certo no torcido, certo esse que permanece ancorado exclusivamente no que é simples. Assim a criatura humana desperdiça continuamente força e tempo!

O ser humano precisa de obstáculos para alcançar a meta, só assim ainda reúne as suas forças, facto que não consegue mais, quando vê as coisas diante de si de modo simples. De início, isso soa como se fosse uma grandeza, no entanto é apenas o sinal da maior fraqueza! Tal como um corpo enfraquecido necessita de estimulantes, a fim de ainda executar as suas atividades, da mesma forma o espírito humano, como incentivo, precisa primeiro ter a consciência de que tem de superar algo para alcançar um alvo, a fim de empregar nisso suas forças! Disso se originou também outrora a assim chamada ciência, que despreza tudo o que é simples e lança mão até do ridículo, apenas para ter algo mais que outrem e para brilhar.

Todavia, não é apenas a ciência que assim age, já desde longo tempo, tendo erigido penosamente uma construção imaginária, que deve aparentar como grandioso algo que, para a Criação, é medíocre, artificial, convulsivo e torcido, sim, muitas vezes até estorvante.

O ser humano, individualmente, erigiu a estrutura de sua vida terrena de modo errado, desde a base! Demasiadamente complicada para ser sadia, apenas para ainda incentivar o indolente espírito, em sua presunção, a destacar-se diante de outrem, pois tão-somente esse esforço é também a legitima causa das mutilações e confusões de toda a naturalidade e simplicidade por intermédio desses espíritos humanos. A ambição de sobressair, a presunção de pesquisar e nisso estabelecer leis de um saber, que jamais poderá tornar-se verdadeiro saber, enquanto o ser humano ainda se recusar a receber de modo simples, com humilde devoção diante da grandeza de Deus. Isso tudo, porém, o retém embaixo.

Nada existe que o ser humano de facto pudesse criar, se não tirasse daquilo que já se originou pela Vontade de Deus! Nem um único grão de areia conseguiria ele próprio tornar a criar, sem já encontrar na Criação toda a matéria para isso!

Agora ainda não pode reconhecer quão ridícula impressão ele dá, mas tempo virá em que se envergonhará indizivelmente, desejoso de apagar de bom grado a época em que se julgou tão grande sabido!

Complacentemente, às vezes inclusive com um sorriso escarnecedor, o ser humano passa, agora, por cima de toda a grande simplicidade das leis Divinas. Não sabe que assim mostra a sua maior fraqueza, que é capaz de apresentar como ser humano, pois coloca-se com isso no lugar mais baixo de todas as criaturas, porque tão só ele desaprendeu de como receber e utilizar de maneira certa as dádivas da Criação. O ser humano julga-se grande e elevado demais para receber com gratidão, de seu Criador, tudo quanto necessita e, por isso, nem é mais digno de continuar usufruindo as graças.

E todavia deviam as leis da Criação ser algo totalmente evidente a cada criatura, simples e ordenado, uma vez que cada criatura se originou delas.

[…]

Lei de Deus Todo-Poderoso para vós é:      

Concedido vos é peregrinar através da Criação! Caminhai de tal maneira, que não causeis sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça! Do contrário entrarão fios no tapete de vossos caminhos, que vos impedem a escalada aos páramos luminosos da atividade consciente e cheia de alegria, nos jardins de todos os reinos do vosso Deus!

Essa é a lei básica que contém para vós tudo quanto precisais saber. Seguindo-a, nada poderá acontecer-vos. Sereis conduzidos só para cima, por todos os fios criados por vosso pensar, vosso querer e vosso atuar.

Por isso disse outrora o Filho de Deus com toda a simplicidade: “Amai vosso próximo como a vós mesmos!” No fundo, é exatamente o mesmo sentido.

Permitido vos é peregrinar através das Criações! Nisso reside a lei da movimentação contínua! Não deveis parar! Não poderíeis, aliás, porque os fios que vós mesmos produzistes e que formam os vossos caminhos sempre vos impulsionam para diante, conforme sua espécie; ou para cima, ou para a frente durante algum tempo, ou também para baixo. Nunca podereis ficar parados, mesmo se vós próprios o quiserdes!

E durante a peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que iguais a vós também peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça!

Não é difícil compreender isso corretamente, pois sentindo intuitivamente de modo sereno, sabeis muito bem quando, onde e como causais sofrimento a outrem. O que aí vos resta fazer ainda é saber claramente tudo quanto se compreende por cobiça! Mas isso já vos foi claramente dito nos mandamentos! Não é necessário que eu repita mais uma vez.

Podeis desfrutar de tudo aqui na Criação, provar de tudo, só que não deve ser em prejuízo de vosso próximo! Isso, por sua vez, acontece exclusivamente quando vos tornais escravos de vossas cobiças.

Não deveis, todavia, considerar a cobiça de maneira por demais unilateral. Não se refere apenas a bens terrenais e ao corpo, mas também à cobiça de difamar a reputação de vosso próximo, dar lugar às próprias fraquezas e tantas coisas mais!

O dar lugar às próprias fraquezas, porém, é exatamente hoje ainda muito pouco considerado, e contudo faz parte da satisfação da própria cobiça, para prejuízo ou sofrimento de vosso próximo! Espessos são os fios que aí se entrelaçam, detendo assim cada alma que tenha atuado dessa maneira.

Fazem parte disso a desconfiança e a inveja, a irritabilidade, a grosseria e a brutalidade, numa palavra, a falta de autodomínio e de educação, que não significa outra coisa senão a indispensável consideração para com o próximo, a qual tem de existir, onde a harmonia deva permanecer. E unicamente a harmonia beneficia a Criação e a vós próprios!

É uma espessa tessitura que disso se origina, pelo que tantos têm de cair, exatamente porque isso ainda é muito pouco considerado, causando, todavia, ao próximo, inquietação, opressão, aborrecimento e frequentemente também pesado sofrimento. Em qualquer caso, porém, danos.

Quando os seres humanos se desleixam desse modo, origina-se logo através da irradiação do sangue, leve ou fortemente irritado, uma camada muito turva, que se coloca separadoramente entre o seu espírito e seus guias luminosos! Ele fica assim logo sozinho, totalmente desprotegido, e isso pode acarretar danos de tal monta, que nunca mais podem ser reparados!

Grave isto, todo aquele que quer subir!

Esse conselho é um salva-vidas que pode livrá-lo de submergir e de se afogar. É o que há de mais importante para todos na vida terrena!

Permitido vos é peregrinar conscientemente através da Criação! Entretanto, não deveis causar nenhum sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso uma cobiça própria! Vivei segundo esta norma e sereis felizes, ascendereis aos jardins luminosos de vosso Deus, para ali colaborar alegremente nos ulteriores e eternos desenvolvimentos desta Criação.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 16 “Vê, criatura humana, como tens de caminhar através desta Criação, para que fios do destino não impeçam, mas auxiliem tua ascensão!”, da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Uma nova lei

Novembro 01, 2015

Eu vos disse: “Permitido vos é peregrinar através das Criações por vosso desejo, tornando-vos autoconsciente; contudo, não deveis causar sofrimento algum a outrem, a fim de satisfazer com isso a própria cobiça.”

Nada existe na Criação que não vos seja permitido usufruir, no sentido em que a Criação vos dá, isto é, com a mesma finalidade para o que foi desenvolvido. Mas em muitas coisas não conheceis as finalidades específicas, cometendo o erro de muitos exageros, que têm de acarretar dano ao invés de proveito. Assim, muitas vezes o querer experimentar, o querer conhecer e o usufruir, crescendo, se tornam em pendor, que por fim vos mantém agrilhoados, escravizando rapidamente a livre vontade, de modo que vos tornais, por vós próprios, servos ao invés de senhores!

Nunca vos deixeis subjugar pelos prazeres, porém tomai apenas aquilo que é necessário na vida terrena para a manutenção dos bens confiados a vós e respetivo desenvolvimento. Com o exagero impedis qualquer desenvolvimento, não importa tratar-se aí do corpo ou da alma. Com o exagero impedis da mesma maneira como com a omissão ou a imperfeição. Estorvais o grande desenvolver desejado por Deus! Tudo quanto quiserdes contrapor a esses erros, na melhor boa vontade de equilibrar, para reparar, permanece apenas serviço de reparação, deixando lugares remendados de feia apresentação e que jamais podem ter o aspeto de uma obra uniforme, sem remendos.

Na realização da promessa: “Tudo deve tornar-se novo”, não se encontra o sentido de transformação, mas de uma nova formação após o desmoronamento de tudo quanto o espírito humano entortou e envenenou. E visto nada existir que o ser humano, em sua presunção, ainda não tenha tocado nem envenenado, assim tudo tem que ruir, para então se tornar novo, mas não segundo a vontade humana, como até agora, e sim segundo a Vontade de Deus, que nunca foi compreendida pela ainda alma humana corroída devido à vontade própria.

A humanidade tocou em tudo quanto a vontade de Deus criou, todavia não reconheceu, conforme teria sido a obrigação de cada espírito humano. Tocou presunçosamente, considerando-se mestre e com isso apenas desvalorizou e conspurcou toda a pureza.

Que sabe afinal o ser humano sobre o conceito da pureza! O que ele já fez de modo injurioso e mesquinho da ilimitada excelsitude da verdadeira pureza! Turvou esse conceito, falsificou-o, arrastou-o aos seus baixios de suja cobiça, onde não conhece mais a intuição do seu espírito, seguindo exclusivamente os limites estreitos do sentimento, criado pelo seu raciocínio através do efeito retroativo de seu próprio pensar. Mas o sentimento deverá tornar-se novamente puro no futuro!

O sentimento é, com relação à intuição, aquilo que o raciocínio deve se tornar com relação ao espírito: um instrumento para a atuação na vida de matéria grosseira! Hoje, porém, o sentimento está sendo degradado e rebaixado a instrumento do raciocínio e com isso desonrado. Assim como com o pecado hereditário de um domínio do raciocínio, o espírito já fora rebaixado e algemado, o qual tem a intuição como expressão de sua atuação, da mesma forma o sentimento, mais grosseiro produzido, pelo raciocínio, teve que, simultânea e automaticamente, triunfar sobre a pureza da intuição espiritual, oprimindo-a e intercetando-lhe uma possibilidade de atuação sadia na Criação.

Aquele erro acarretou logicamente outro como consequência natural. Acontece assim que as criaturas humanas, hoje, também nisso seguram chumbo em lugar de ouro, sem se darem conta disso, e consideram esse chumbo como ouro, ao passo que nem conhecem mais a pura intuição.

Como, porém, o espírito deve ficar ligado com o raciocínio na graduação certa, o espírito dominando e conduzindo e o raciocínio servindo como instrumento na abertura do caminho e criando possibilidades para a execução da vontade do espírito na matéria, assim também deve a intuição, simultaneamente, agir conduzindo e vivificando, enquanto o sentimento, seguindo a condução, transmite a atuação para a matéria grosseira. Então o sentimento assumirá também, finalmente, formas mais nobres mui rapidamente, apagando depressa, no voo às alturas, o desmoronamento do lastimável conceito moral que só pode surgir devido ao domínio do sentimento da época atual!

[…]

Na matéria grosseira precisais mais mandamentos do que nos mundos de matéria fina, onde todos os espíritos humanos só podem conviver com a sua igual espécie, mesmo que essa igual espécie tenha muitas gradações, apresentando com isso múltiplas formas.

Pelo cumprimento deste conselho vós vos tornais agora livres de um pesado e inútil fardo com que a humanidade sempre de novo se sobrecarrega.

Não tomeis nenhum exemplo do Além, que está submetido a leis mais simples. Também os que lá se encontram têm de aprender primeiro na nova era prometida como a era do milénio. Não são mais inteligentes do que vós, e sabem também apenas aquilo que é necessário saber para seu plano. Por isso ainda terá de ser cortada essa ligação dos espíritas, lá onde somente traz desgraça, através de equívocos e tola presunção que já trouxe tantas interpretações erradas de muitas coisas de valor, confundindo com isso as massas ou impedindo-as agora de reconhecer a verdade.

Não vos deixes confundir, mas atentai em meu conselho. É para vosso auxílio e poderíeis desde já reconhecer facilmente o valor, se olhásseis mais atentamente em vosso redor! Não deveis agora, sem motivo, suprimir algo que acaso já existe. Com isso não se consegue nenhuma solução. Seria a tentativa de uma transformação errada e insalubre! Mas agora deveis agir nisso de modo diferente, não mais impensada e levianamente. Deveis construir de maneira totalmente nova. O velho rui por si mesmo.

E se eu ainda vos disser:

“Uma pessoa nunca deve conviver com uma outra, a quem não pode prezar!” Então tereis para vossa existência terrena aquilo, a fim de poder permanecer livre de carma. Tomai isto como princípio em vosso caminho.

Contudo, para poder subir, tem de existir em vós o anseio pelo puro e luminoso Reino de Deus! O anseio para isso soergue o espírito! Por conseguinte, pensai permanentemente em Deus e em Sua Vontade! Contudo, não formeis disso uma imagem! Teria de ser errada, porque o espírito humano não pode conceber o conceito de Deus. Por isso lhe é dado compreender a Vontade de Deus, a qual tem de procurar sinceramente e com humildade. Tendo reconhecido a Vontade, então nela reconhecerá Deus! Tão-somente esse é o caminho para Ele!

Até agora, entretanto, o ser humano ainda não se empenhou direito em compreender a Vontade de Deus, em encontrá-la; pelo contrário, tem anteposto sempre a vontade humana, exclusivamente! Vontade essa que se originou dele próprio, como corporificação dos desejos humanos e do instinto de autoconservação, o que está em desacordo com as automáticas vibrações ascendentes de todas as leis primordiais da Criação!

Encontrai, portanto, o caminho para a verdadeira Vontade de Deus na Criação; nisso, então, reconhecereis Deus!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 17 “Uma nova lei” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Dever e fidelidade

Novembro 01, 2015

O cumprimento do dever foi sempre considerado como virtude máxima de um ser humano. Ocupava em todos os povos um nível mais alto do que tudo mais, mais alto ainda do que a própria vida. Foi de tal modo apreciado, que até conservou o primeiro lugar também entre os seres humanos de raciocínio, aos quais, por fim, nada era mais sagrado do que o próprio raciocínio, a quem se submetiam como escravos.

A consciência do indispensável cumprimento do dever permaneceu, e nem o domínio do raciocínio pôde intervir nisso. As trevas, porém, descobriram um ponto de ataque e roeram a raiz. Também nisto, como em tudo, alteraram o conceito. Ficou a ideia do cumprimento do dever, porém, mas os deveres em si foram estabelecidos pelo raciocínio, tornando-se assim presos à Terra, portanto, fragmentários e imperfeitos.

É, portanto, natural que muitas vezes uma pessoa intuitiva não possa reconhecer como certos determinados deveres a ela atribuídos. Chega a um dilema consigo mesma. O cumprimento do dever é considerado também por ela como uma das leis mais altas que uma pessoa deve cumprir e, não obstante, tem ao mesmo tempo de dizer a si mesma que, cumprindo os deveres que lhe são impostos, age às vezes contra sua própria convicção.                              

A consequência disso é que não só no íntimo da pessoa que assim se aflige, mas também no mundo da matéria fina, surgem, devido a essa circunstância, formas que causam descontentamento e discórdias também em outros. E devido a isso transmite-se em círculos muito amplos uma mania de crítica e descontentamento, cuja causa propriamente dita ninguém é capaz de encontrar. Não é reconhecível porque o efeito vem da matéria fina. Por intermédio das formas vivas que uma pessoa intuitiva cria, na discordância entre o seu anseio para o cumprimento do dever e o anseio diferente de sua intuição.

Aqui, pois, tem de ocorrer uma modificação, a fim de acabar com esse mal. Dever e convicção íntima devem sempre estar de acordo um com o outro. É errado um ser humano empenhar a vida no cumprimento de um dever, que intimamente não pode reconhecer como certo!

Somente na concordância entre a convicção e o dever, cada sacrifício ganha realmente valor. Mas se a criatura humana empenha a sua vida no cumprimento de um dever, sem convicção, rebaixa-se então a um soldado venal, que luta a serviço de outrem por causa de dinheiro, semelhante aos mercenários. Dessa forma, tal maneira de lutar se torna assassínio!

Se alguém, porém, empenha sua vida por convicção, então possui mesmo amor à causa pela qual resolveu lutar voluntariamente.

E somente isso tem para ele alto valor! Tem de fazê-lo por amor. Por amor à causa! Dessa forma também o dever que ele assim cumpre se tornará vivo e erguido tão alto, a ponto de colocar o seu cumprimento acima de tudo.

Separa-se assim automaticamente o morto e rígido cumprimento do dever, do vivo. E só o que é vivo tem valor e efeito espiritual. Tudo o mais pode servir apenas a finalidades terrenas e do raciocínio, proporcionando vantagens às mesmas, e isso também não permanentemente, mas somente de modo passageiro, uma vez que unicamente o que é vivo consegue existência permanente.

Assim o cumprimento do dever, proveniente da convicção, torna-se legítima fidelidade pela própria vontade, e natural para quem o exerce. Não pretende e nem pode agir de modo diferente, não pode aí tropeçar e nem cair, pois a fidelidade lhe é legítima, está intimamente ligada a ele, sim, é até uma parte dele, a qual não é capaz de colocar de lado.

Obediência cega, cumprimento cego do dever é, por isso, de tão pouco valor como crença cega! A ambas falta a vida, porque nelas falta o amor!

Só nisso o ser humano reconhece logo a diferença entre a legítima consciência do dever e o senso do dever simplesmente cultivado. Um brota da intuição, o outro é compreendido somente pelo raciocínio. Amor e dever nunca podem estar em oposição, pois são uma só coisa, onde sejam intuídos de maneira legítima, florescendo deles a fidelidade.

Onde falta o amor, também não há vida, ali tudo está morto. A tal respeito Cristo já se referiu muitas vezes. Está nas leis primordiais da Criação, por isso é universal, sem exceções.

O cumprimento do dever que brota de uma alma humana, espontâneo e radioso, e aquele que é feito por uma recompensa terrenal, jamais poderão ser confundidos um com o outro, ao contrário, são mui facilmente reconhecíveis. Deixai, portanto, a legítima fidelidade surgir em vós ou permanecei afastados dali onde não puderdes manter a fidelidade.

Fidelidade! Tantas vezes cantada e, não obstante, nunca compreendida! Como em tudo, o ser humano terreno também rebaixou profundamente o conceito da fidelidade, restringiu-o e comprimiu-o em formas rígidas. O grande, o livre e o belo disso se tornaram inexpressivos e frios. O que é natural foi forçado!

Pelos conceitos de hoje, a fidelidade deixou de pertencer à nobreza da alma, foi transformada em uma qualidade do caráter. Uma diferença como entre o dia e a noite. Assim a fidelidade ficou sem alma. Tornou-se um dever, onde é indispensável. Desse modo foi declarada autónoma, encontra-se sobre bases próprias, inteiramente por si e, por isso… errada! Também ela foi torcida e deformada pelo sentido das criaturas humanas.

Fidelidade não é algo autónomo, mas somente qualidade do amor! Do verdadeiro amor que tudo abrange. Abranger tudo, porém, não significa acaso abarcar tudo ao mesmo tempo, segundo a conceção humana, que chega à expressão nas conhecidas palavras: “Abraçar o mundo!” Abranger tudo significa: poder ser estendido para tudo! Para o que é pessoal, como também para o que é objetivo! Não está ligado a algo bem definido, nem destinado a ser unilateral.

O verdadeiro amor nada exclui do que é puro ou do que é conservado puro, quer se trate de pessoas ou da pátria, bem como do trabalho ou da natureza. Nisso reside o abrangimento. E a qualidade desse amor verdadeiro é a fidelidade, que não deve ser imaginada de modo mesquinho e restrito terrenamente, como conceito da castidade.

Verdadeira fidelidade sem amor não existe, da mesma forma que não há verdadeiro amor sem fidelidade. O ser humano terreno de hoje, porém, designa o cumprimento do dever como fidelidade! Uma forma rígida, onde a alma não precisa vibrar em conjunto. Isso é errado. A fidelidade é somente uma qualidade do verdadeiro amor, que está fundido com a justiça, mas que nada tem a ver com estar enamorado.

A fidelidade reside nas vibrações intuitivas do espírito, tornando-se assim uma qualidade da alma.

Hoje, muitas vezes, no cumprimento do dever, uma pessoa serve fielmente a outra pessoa, a quem interiormente tem de desprezar. Isso naturalmente não se pode designar como fidelidade, mas sim permanece exclusivamente cumprimento de deveres terrenos assumidos. É uma questão puramente externa, que pode trazer à pessoa, reciprocamente, também somente proveitos exteriores, quer seja prestígio ou vantagens terrenas.

Verdadeira fidelidade não se pode estabelecer em tais casos, uma vez que ela exige oferecimento voluntário juntamente com o amor, do qual não pode ser separada. Por essa razão a fidelidade nem pode atuar isoladamente!

Mas se os seres humanos vivessem de acordo com o verdadeiro amor, conforme é desejado por Deus, então essa circunstância, unicamente, daria a alavanca para modificar muito entre as criaturas humanas, sim, tudo! Então nenhuma pessoa, interiormente desprezível, conseguiria persistir mais, ainda menos ter sucessos aqui na Terra. Dar-se-ia imediatamente uma grande purificação.

Pessoas interiormente desprezíveis não usufruiriam honras terrenas, nem ocupariam cargos, pois saber do raciocínio, unicamente, não deve dar direito a exercer um cargo!

Dessa forma, o cumprimento do dever tornar-se-ia sempre absoluta alegria, e cada trabalho, um prazer, porque todos os pensamentos e todos os atos estariam completamente perpassados pelo verdadeiro amor desejado por Deus, conduzindo consigo também a fidelidade, ao lado de um inabalável sentimento intuitivo de justiça. Aquela fidelidade que por si própria permanece imutável, como algo natural, não considerada como mérito que deva ser recompensado.

 

Abdruschin

 

Dissertação 18 “Dever e fidelidade” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Beleza dos povos

Novembro 01, 2015

A Terra está sendo agora cingida pela Luz. Fecha-se de modo firme um forte invólucro em redor do globo, para que as trevas não possam escapar, e a pressão se torna cada vez mais forte, comprimindo incisivamente todo o mal, de maneira que círculo após círculo de todos os acontecimentos tem de se fechar, para que o fim seja ligado ao começo. Lanças de Luz e flechas de Luz atravessam o ar zunindo, espadas de Luz cintilam, e os asseclas de Lúcifer são duramente açoitados até o aniquilamento.

Sagrada vitória para a Luz aqui na Terra! Assim é a Vontade Onipotente de Deus, luz haja por toda a parte, inclusive entre todos os erros da humanidade, para que ela reconheça agora a veracidade.

Para a bênção de todos os povos, deve iniciar-se a nova e grande era, para que se sintam felizes no solo a que pertencem e, exatamente de acordo com a sua raça, cheguem então à plena florescência e possam dar riquíssimos frutos, sendo toda a sua atuação, para com a humanidade terrena inteira, apenas harmoniosamente beneficiadora.

Assim ressurgirá a beleza! A Terra inteira tornar-se-á um quadro de beleza, como se tivesse saído da mão do grande Criador, pois então os espíritos humanos vibrarão no mesmo sentido e seu alegre atuar elevar-se-á às alturas luminosas qual jubilosa oração de agradecimento, refletindo lá no alto toda a harmonia da felicidade que esta Terra mostra!

Mas essa beleza desejada por Deus não poderá surgir, enquanto os dirigentes procurarem introduzir à força hábitos e costumes estranhos, estranhas roupas e estranhos estilos de construções ao seu povo, ao seu país, na ilusão de que assim se efetue um progresso para o seu povo. Imitação não é elevação, não é nenhuma obra própria! Uma uniformização nesse sentido é errada!

Nisso a melhor medida é o senso de beleza que vos é dado para reconhecerdes o que está direito e o que está errado em tais coisas! Entregai-vos ao original e verdadeiro senso de beleza e nunca podereis errar, pois ele está ligado às leis primordiais da Criação, é a expressão de uma sabedoria ainda oculta de perfeição, um indicador de caminho infalível para cada espírito, pois unicamente todo o espiritual, nesta Criação posterior, tem a faculdade de reconhecer, numa bem determinada maturidade, a verdadeira beleza com consciência plena!

Mas também nisso apagastes, infelizmente, já desde muito, a singela intuição, através do pecado original agora conhecido por vós e suas nefastas consequências, através do domínio do raciocínio, que criou caricaturas em tudo. A forma que ele colocou no lugar do conceito da verdadeira beleza é a tolice da moda, à qual vossa vaidade se submeteu de muito bom grado. Essa loucura da moda sepultou completamente o vosso senso de beleza por formas nobres e graciosas, o qual foi dado ao vosso espírito como orientação e bastão nesta existência grosso-terrenal, de maneira que assim tínheis de perder um forte apoio por culpa própria!

Do contrário sentiríeis intuitivamente, saberíeis sempre e logo, em todas as situações da vida e em todos os lugares, onde algo não estivesse certo, porque por toda a parte onde vosso senso de beleza não puder vibrar alegremente, a harmonia severamente condicionada pela lei da Criação não existe assim como deve ser. E onde falta harmonia, também não há beleza.

Olhai para o chinês de cartola, igualmente o japonês e o turco. Caricaturas de cultura europeia. Olhai para a japonesa que agora se veste à europeia e depois olhai-a nos trajes de sua própria terra! Que diferença! Quanto ela perde nos trajes estranhos a sua terra! Para ela é uma grande perda.

Somente o soerguimento da própria cultura constitui verdadeiro progresso para cada povo! Sim, em tudo deve haver ascensão, e nenhuma estagnação. Mas essa ascensão no progresso deve sempre ocorrer no próprio solo e partindo deste, e não pela aceitação de coisas estranhas, do contrário nunca será progresso. A própria palavra progresso, em seu verdadeiro sentido, já rejeita imitações. O progresso de um povo, pois, só pode florescer daquilo que já possui, e não da aceitação de algo emprestado. Aceitação não é progresso algum, o qual se mostra nas consequências do que existe; isso já deveria incentivar a reflexão. O emprestado ou aceito também não é propriedade, mesmo quando se quer apropriar-se disso. Não é aquisição própria, não é o resultado do próprio espírito de um povo, unicamente do que poderia e deveria orgulhar-se!

Nisso reside também uma grande incumbência para todos os que vivem além-mar: deixai crescer lá cada povo em si mesmo, completamente por si, com as próprias capacidades, que são tão diferentes entre os muitos povos desta Terra. Todos devem florescer segundo a espécie do solo em que se originaram. Devem permanecer adaptados a esse solo, a fim de desenvolver nele aquela beleza que vibra harmoniosamente com os demais na Terra. A verdadeira harmonia, porém, origina-se exatamente pela heterogeneidade, e não acaso pela uniformização de todos os povos. Se isso tivesse sido desejado, então existiria apenas um país e um povo. Contudo, ocorreria aí em breve uma estagnação e por fim um fenecer e morrer. Por faltar o revigoramento que se efetiva pela complementação.

Contemplai, nesse sentido, as flores nas campinas, que, justamente devido às suas diferentes variedades, vivificam e refrescam, sim, proporcionam felicidade!

Mas a inobservância de tais leis de evolução vingar-se-á amargamente nos povos, pois também traz, por fim, retrocesso e ruína, jamais ascensão, porque falta nisso toda salubridade. O ser humano não pode opor-se às coisas, às quais ele, como cada criatura, está sujeito, de forma que jamais conseguirá algo onde não leve em conta as leis vivas entretecidas nesta Criação. Onde atuar contra elas, não as observando, mais cedo ou mais tarde terá de naufragar. Quanto mais tarde, tanto pior. Nisso cada dirigente terá de arcar com a responsabilidade principal daquilo que errou em virtude de sua conceção errada. Terá de sofrer então pelo povo inteiro, que em sua aflição se agarra espiritualmente a ele, de modo firme!

Repito mais uma vez: somente o soerguimento da própria cultura constitui verdadeiro progresso para cada povo! Adaptado ao solo, ao clima e à raça! O ser humano tem de se enraizar ao solo, no mais puro sentido, se quiser crescer e se espera auxílio da Luz! Nada de aceitação dos hábitos e costumes de povos de índole estranha, bem como de aceções estranhas. O enraizamento ao solo é condição básica e só ela garante a saúde, a força e o amadurecimento!

Acaso o ser humano ainda não aprendeu suficientemente com as tristes experiências, que frequentemente provocou com as dádivas da sua própria cultura a povos estranhos, tendo que depois vivenciar a sua própria decadência? Apenas bem poucos foram levados a refletir a esse respeito. Mas também essas reflexões até agora sumiram na areia e não acharam nenhuma base que pudesse segurar uma âncora.

Remover o mal e criar uma vida nova, alegre e rica nos países de além-mar é uma missão incisiva. Tal obra é de caráter revolvente, porque atingirá, em suas consequências, todos os povos da Terra, de modo beneficiador e saneador, e até feliz!

 

Abdruschin

 

Dissertação 19 “Beleza dos povos” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Está consumado!

Novembro 01, 2015

Está consumado! Estas graves palavras do Filho de Deus foram acolhidas pela humanidade e apresentadas como conclusão da obra de salvação, como coroação de um sacrifício de expiação, que Deus ofereceu para toda culpa dos seres humanos terrenos.

Por isso os fiéis cristãos deixam atuar sobre si com um estremecimento de gratidão o eco dessas palavras, desencadeando-se então, com um profundo suspiro, a confortável sensação de estarem abrigados.

Todavia essa sensação não tem aqui nenhum fundamento legítimo, mas sim decorre exclusivamente de uma imaginação vazia. Mais ou menos oculta jaz nisso sempre em cada alma humana uma temerosa pergunta: como foi possível tamanho sacrifício da parte de Deus? A humanidade vale tanto para Ele?

E essa temerosa pergunta é justificada, pois provém da intuição e deve ser uma advertência!

O espírito revolta-se contra isso e quer se pronunciar através da intuição. Por isso essa advertência jamais se deixa aplacar por palavras vazias que jazem na afirmação de que Deus é Amor e que o Amor Divino permanece incompreensível ao ser humano.

Com tais palavras pretende-se preencher lacunas, onde falta um saber.               

Contudo, o tempo para frases vazias passou. O espírito agora tem de despertar! É obrigado, pois não lhe resta outra escolha.

Quem se satisfaz com evasivas em coisas que contém a bem-aventurança dos seres humanos, apresenta-se espiritualmente indolente ante as questões mais importantes desta Criação e, com isso, indiferente e preguiçoso em face das leis de Deus, que residem nesta Criação.

Está consumado! Este foi o derradeiro suspiro de Jesus ao encerrar sua existência terrena e com isso seu sofrimento provocado pelos seres humanos!

Não para os seres humanos, como estes em sua presunção irresponsável procuram se iludir, mas sim pelos seres humanos! Foi a expressão de alívio por ter o sofrimento chegado ao fim e com isso a confirmação especial da gravidade daquilo que já tinha sofrido.

Com isso não quis acusar, porque ele, como corporificação do Amor, jamais acusaria, contudo as leis de Deus, apesar disso, atuam imutáveis e inevitáveis por toda a parte, portanto também aqui. E justamente aqui de modo duplamente grave, pois esse grande sofrimento sem ódio recai, segundo a lei, dez vezes sobre os autores desse sofrimento!

O ser humano não deve esquecer que Deus também é a própria Justiça em intangível perfeição! Quem duvidar disso peca contra Deus e blasfema contra a perfeição!

Deus é lei viva e imutável de eternidade em eternidade! Como pode atrever-se uma criatura humana a duvidar disso, mediante o desejo de que uma expiação possa ser aceita por Deus, por intermédio de alguém que não pôs a culpa na Criação, que não é o causador!

Algo assim nem mesmo terrenamente é possível, tanto menos ainda no Divino! Quem entre vós, criaturas humanas, julgaria provável que um juiz terreno fosse capaz, conscientemente, de mandar executar uma pessoa absolutamente inocente da ação, em lugar de um assassino, deixando assim passar sem castigo o verdadeiro assassino! Nenhum entre vós consideraria certo tal absurdo! Com relação a Deus, porém, permitis que as pessoas vos contem tal coisa, sem vos opordes a isso, mesmo que seja apenas interiormente!

Aceitais isso até agradecidos e procurais sempre abafar a voz como algo injusto, que se manifesta dentro de vós, para vos estimular a refletir a respeito!

Digo-vos que a atuação da lei viva de Deus não atenta para as falsas conceções, às quais procurais entregar-vos contra a vossa própria convicção, pelo contrário, ela recai agora pesadamente sobre vós, trazendo simultaneamente seus efeitos também devido ao delito de tal pensar errado! Despertai, a fim de que não seja tarde demais para vós! Libertai-vos de conceções entorpecedoras, as quais jamais se deixarão harmonizar com a Justiça Divina, do contrário poderá acontecer que dessa sonolência preguiçosa, resulte o sono da morte para vós, devendo advir como consequência a morte espiritual!

Tendes pensado até agora que o Divino deve se deixar escarnecer e perseguir impunemente, ao passo que vós, seres humanos terrenos, quereis reclamar para vós próprios a verdadeira justiça! A grandeza de Deus deve consistir, segundo vós, no facto de que Ele pode sofrer por vós e oferecer a vós ainda algo de bom em troca do mal que Lhe fazeis! Chamais a isso Divino, porque segundo as vossas conceções, apenas um Deus poderia realizar isso.

Definis o ser humano, portanto, como muito mais justo do que Deus! Em Deus quereis reconhecer apenas tudo quanto é inverosímil, mas somente lá onde isso vos sirva da melhor forma! Nunca diferentemente! Pois do contrário logo gritais pelo justo Deus, quando algo ameace se voltar contra vós!

Vós próprios deveis, pois, reconhecer como é pueril tal conceção unilateral! Devíeis corar de vergonha, se fizésseis apenas uma vez a tentativa de refletir direito sobre isso!

Segundo vossa opinião, pois, Deus, então, por intermédio de Sua indulgência, cultivaria e fortaleceria o que é vil e baixo! Vós, ó tolos, assimilai esta verdade:

Deus age com relação às criaturas humanas, portanto também convosco, nesta Criação, exclusivamente através das leis férreas que nela estão firmemente ancoradas desde o início! São inflexíveis, intangíveis e sua atuação ocorre sempre com infalível segurança. É também irresistível e esmaga o que procurar se antepor no seu caminho, em vez de se inserir sabiamente em seu vibrar.

Saber, no entanto, é humildade! Pois quem possui o verdadeiro saber nunca pode excluir a humildade. São como uma só coisa. Com o verdadeiro saber urge, concomitantemente, a humildade como algo natural. Onde não existe humildade, jamais existe, igualmente, verdadeiro saber! Humildade, porém, é liberdade! Só na humildade reside a legítima liberdade de cada espírito humano!

Tomai isso como guia! E jamais esqueçais que o Amor de Deus não se deixa separar da justiça!

Assim como Deus é o Amor, também Ele é também a justiça viva! Ele é, sim, a lei! Assimilai, finalmente, esse facto e colocai-o agora como base para sempre em todo o vosso pensar. Então jamais perdereis o caminho certo para a convicção da grandeza de Deus, e a reconhecereis em vosso redor, bem como na observação da vida quotidiana! Por isso estejais espiritualmente alertas!

 

Abdruschin

 

Dissertação 20 “Está consumado!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

No limite da matéria grosseira

Novembro 01, 2015

Milhões de seres humanos terrenos se consideram buscadores, mas não o são! Entre a busca humilde e a pesquisa arrogante existe grande diferença.

Mesmo assim eles se denominam buscadores da Verdade e até presumem já serem sábios nesse pesquisar.

Poder-se-ia classificar tal presunção, simplesmente, como ridícula e grotesca, se tantas vezes não tivesse perigos em si, facto que sempre ocorreu. Pois pesquisar, perscrutar, é apenas trabalho do intelecto. O que pode, porém, esse raciocínio, que provém de cérebros de matéria grosseira e por isso também sujeitos às leis primordiais da Criação de matéria grosseira, pesquisar do que é espiritual, do qual em espécie nada tem de análogo. Nesse único facto, inteiramente natural, já tem de malograr tudo!

Já no limite da parte fina da matéria grosseira o ser humano não pode prosseguir com a sua vontade de pesquisar.

A matéria fina é e permanecerá para o raciocínio humano uma espécie estranha, com a qual não pode estabelecer ligação. Sem ligação, porém, nunca pode haver uma compreensão, nem mesmo um enxergar ou um escutar, menos ainda um pesquisar, examinar ou classificar nos conceitos de matéria grosseira que ao raciocínio não podem faltar, como prova de que se encontra sob as leis de matéria grosseira, às quais permanece firmemente ligado.

Assim, cada “buscador” de até então, ou “perscrutador espiritual”, permaneceu sempre estreitamente ligado à matéria grosseira e nunca pôde ir além de seus limites mais finos, mesmo com reais feitos de valor. A lei primordial da Criação o retém ferreamente. Não há para ele qualquer possibilidade de prosseguir.

Por essa razão tinham também de malograr frequentemente, de modo tão calamitoso, muitas das chamadas comissões examinadoras, que se dignavam a “examinar” propriedades mediúnicas e os seus resultados, ou se sentiam incumbidas disso, no que se refere à sua legitimidade, a fim de pronunciar um julgamento, segundo o qual a humanidade devesse se orientar.

Calamitoso malogro esteve sempre ao lado desses examinadores, embora quisessem deixar parecer o contrário, acreditando também eles mesmos, certamente, no seu julgamento. A consequência das inflexíveis leis da Criação, porém, prova o contrário e fala contra eles. Qualquer outra argumentação é contra a imutabilidade das leis Divinas, portanto obra humana falsa e errónea, à qual a baixa vaidade e presunção da mais estreita limitação servem como motivo propulsor.

Pelo mesmo motivo também os tribunais terrenos enfrentam hostilmente todos os acontecimentos de matéria fina, porque simplesmente não estão em condições de se familiarizar com coisas que se encontram tão extremamente distantes da sua compreensão.

Isto, porém, é erro deles próprios, como consequência de seu estreitamento, que criaram para si devido à indolência de seu espírito, o qual deixam calmamente dormir, enquanto consideram o raciocínio terreno, que se origina da matéria grosseira, como seu espírito, prezando-o como tal. Não são sempre, absolutamente, erros daqueles a quem eles intimam. Não obstante, jamais hesitariam em julgar coisas que não compreendem, de modo contrário às leis Divinas! Mais ainda, devido a essa incompreensão, muitas vezes procuraram atribuir a reais fenómenos de matéria fina, bem como espiritual, o propósito de consciente mistificação, de fraude até!

[…]

Tudo quanto não utilizardes zelosamente de maneira certa, tem de se atrofiar e se perder para vós com o tempo. A adaptação auto atuante é mera consequência da lei da Criação do movimento! É apenas um de seus múltiplos efeitos. Tudo quanto não se move de maneira certa, naturalmente também o que não se mantém permanentemente no movimento necessário, tem de se atrofiar e por fim perder totalmente também qualquer forma de matéria grosseira, pois cada forma se molda somente segundo a espécie do movimento.

Não objeteis, acaso, que isso se contrapõe ao saber da frase de que o espírito molda o corpo. Nisso está apenas a confirmação, mostra a inamovibilidade dessa lei, pois cada vontade de um espírito é movimento, que prosseguindo gera outros movimentos!

Ide e procurai na natureza. Observai a própria Criação. Encontrareis peixes que não podem nadar, porque tiveram dificuldade para se manter nas correntezas fortes das águas, tendo por isso preferido permanecer no fundo. Atrofiou-se-lhes a vesícula natatória, perdendo-se também com o tempo totalmente. Tendes também as aves que não podem voar. Pensai nos pinguins, nos avestruzes e ainda em muitas outras. Desenvolve-se e conserva-se sempre apenas aquela parte, aquela capacidade, que também for utilizada, que, portanto, atua na lei do movimento necessário.

Vós, porém, despendestes milénios para agarrar-vos literalmente com todas as forças ao mais baixo e limitadíssimo reino da matéria grosseira, porque o considerastes como sendo tudo para vós; enterrastes-vos nele e agora não podeis mais olhar para cima! Para tanto perdestes a capacidade, desacostumastes-vos dela devido à indolência de vosso espírito, que não quer mais se movimentar em sentido ascendente, e hoje em muitos já não pode mais se movimentar!

Por isso agora torna-se também difícil para vós compreender a Palavra proveniente das alturas máximas, e para muitos será completamente impossível. Quem quiser medi-la exclusivamente com o raciocínio jamais reconhecerá o verdadeiro valor, pois terá então que arrastar para baixo a Palavra de Deus, para a compreensão de matéria grosseira, de nível inferior. Ele, que ainda pode pensar somente de modo restrito, diminuirá também a Palavra segundo a sua própria compreensão, portanto, não a reconhecerá e facilmente a colocará de lado, por não distinguir aquilo que realmente contém!

Contudo, nessa sua mesquinhez gostará de falar sobre ela e de criticá-la, talvez até quererá aviltá-la, pois tais pessoas fazem exatamente tudo aquilo que testemunha a estreiteza de seu querer saber, que fala nitidamente da incapacidade de um profundo pesquisar. Podeis presenciar a mesma coisa, diariamente, por toda a parte, como pessoas realmente estúpidas se julgam especialmente inteligentes e procuram falar sobre tantas coisas, a respeito do que uma pessoa sensata se cala. A estupidez é sempre importuna.

Observai, pois, todos aqueles que gostam de falar ostensivamente de acontecimentos de matéria fina ou até de acontecimentos espirituais. Logo percebereis que nada sabem realmente sobre isso. Principalmente aqueles que muitas vezes falam sobre o carma! Deixai tais pessoas dar-vos uma explicação sobre o carma. Ficareis atónitos ante a desordenada confusão que aí ouvireis.

E quem não fala a respeito, mas pergunta com humildade, primeiramente olhai-o mais de perto, antes de responderdes. A maioria dos que fazem perguntas a esse respeito quer somente descobrir no carma uma desculpa para si e para as suas fraquezas. Estão sequiosos por isso, a fim de, na crença em seu carma, conservar calmamente suas fraquezas e às vezes até impertinências, com a autodesculpa, de que a causa é seu carma, se lhes resultar algo desagradável disso. Com expressão hipócrita suspiram prazerosamente: “É meu carma, que tenho de resgatar!” Mesmo se com um pouco de consideração para com o próximo e um pouco de autoeducação pudessem modificar e evitar muita coisa, continuam com o suspirar, com o que se tornam tiranos do ambiente, destruindo a harmonia!

Não pensam e nem querem pensar que justamente assim acarretam um carma que os faz retroceder séculos!

Tagarelice, nada mais do que tagarelice é tudo isso, oriunda da falta de verdadeira boa vontade e da vaidade! É uma pena por todo o minuto que uma criatura humana sacrifica a tais indolentes do espírito. Não vos importeis com eles e tomai a sério uma coisa: quem realmente sabe, jamais tagarelará!

Ele não utiliza seu saber para conversa, nem o oferecerá para isso! Apenas dará resposta a uma pergunta séria e mesmo assim de modo hesitante, até ficar ciente de que se trata de vontade realmente sincera que impele o indagador a isso.

A conversa das criaturas humanas a esse respeito é, na maior parte, apenas som vazio, pois a compreensão de todos os seres humanos terrenos não pode ultrapassar os limites da matéria grosseira, devido aos erros que cometeram na Criação e que os mantêm embaixo devido à indolência de seus espíritos, espíritos que confundiram com raciocínio terreno, criando assim para si próprios a limitação inferior.

Deixai, doravante, ó criaturas humanas terrenas da época atual, de formar juízo sobre coisas que não podeis compreender!

Demasiado pesada é a culpa, que com isso atirais sobre vós. Não menos pesada do que aquela que outrora os seres humanos lançaram sobre si, quando por bronca cegueira jogaram muitos milhares ao sofrimento e à miséria, tirando de muitos também a vida terrena com a morte pelo fogo, após dias cheios de martírios. Perante a lei do Senhor é o mesmo se hoje acusardes tais pessoas de fraude ou apenas de grosseira mistificação!

Esforçai-vos, finalmente, em cumprir vossos deveres para com vosso Deus e em reconhecer as leis de Deus, antes de quererdes julgar! Não tendes direito algum de esperar por perdão. Vós mesmos perdestes o direito a isso, devido a vossa própria lei de que o desconhecimento não pode proteger ninguém do castigo!

Olho por olho, dente por dente, assim sucederá agora com aquelas criaturas humanas que não querem de modo diferente e não ouvem a lei do Senhor!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 21 “No limite da matéria grosseira” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O reconhecimento de Deus

Novembro 01, 2015

Embora já tenha declarado que um ser humano nunca poderá realmente ver Deus, porque a sua espécie não possui absolutamente a capacidade para isso, mesmo assim ele traz em si o dom para reconhecer Deus em Suas obras.

Isso não se dá, porém, da noite para o dia, nem lhe é dado durante o sono, pelo contrário, custa sério esforço, grande e forte vontade, sendo imprescindível também a pureza.

A vós, criaturas humanas, é dado o insaciável anseio pelo reconhecimento de Deus; está incutido em vós para que não possais encontrar sossego algum nas vossas peregrinações através da Criação posterior, que vos são permitidas realizar com a finalidade de vosso desenvolvimento, a fim de que, tornando-vos conscientes, aprendais, cheios de gratidão, a usufruir as bênçãos que os Universos encerram e vos oferecem.

Se encontrásseis sossego em vós durante essas peregrinações, esse sossego vos traria então como consequência a paralisação, que encerra para vosso espírito enfraquecimento, decadência e por fim também a inevitável desintegração, uma vez que assim não obedece à lei primordial do movimento necessário. Contudo, a engrenagem das leis automáticas na Criação é para o espírito humano como uma correia em movimento que o transporta sem interrupção, na qual, no entanto, cada um que não souber se manter em equilíbrio, poderá escorregar, tropeçar e cair.

Manter o equilíbrio é neste caso o mesmo que não perturbar a harmonia da Criação, observando as leis primordiais da Criação. Aquele que tropeça e cai, aquele que não sabe manter-se aí de pé, será arrastado, pois por sua causa a engrenagem não parará um segundo sequer. O arrastamento, porém, fere. E para poder tornar a levantar-se, esforços aumentados serão então necessários, e maiores ainda para a recuperação do respetivo equilíbrio. Com o constante movimento do ambiente, isso não é tão fácil. Se não conseguir, o ser humano será lançado para fora da rota, para o meio das rodas da engrenagem e aí triturado.

Por isso sede gratas, ó criaturas humanas, que o anseio pelo reconhecimento de Deus não vos dê sossego em vossas peregrinações. Dessa forma escapais, sem o saberdes, de múltiplos perigos na engrenagem universal. Não compreendestes, porém, o anseio que existe dentro de vós, também o torcestes, fazendo dele apenas uma inquietação inferior.

Procurais então atordoar ou contentar a inquietação novamente com qualquer coisa, de modo errado. E como para tanto só empregais o raciocínio, naturalmente também lançais mão de desejos terrenos, esperais satisfazer esse anseio no acúmulo de riquezas terrenas, na correria do trabalho ou em divertimentos dispersivos, na comodidade enfraquecedora e, quando muito, talvez numa espécie pura de amor terreno por uma mulher.

Contudo, nada disso vos traz proveito, nem vos auxilia. Poderá, talvez, atordoar por curto tempo o anseio que convertes em inquietação; não consegue, porém, apagá-lo para sempre, mas somente reprimi-lo aqui e acolá. Esse anseio não reconhecido por vós impele a alma humana sempre de novo e empurra a criatura humana terrena, se por fim não procurar compreender o sentido desse anseio, através de muitas vidas terrenas, sem que com isso amadureça, a fim de, como é desejado, poder ascender às regiões leves, mais luminosas e mais belas desta Criação posterior.

O erro é do próprio ser humano, que dá pouquíssima ou nenhuma atenção a todos os auxílios que lhe são presenteados, na ilusão do seu próprio querer e poder, por causa dos emaranhados do raciocínio que ele amarrou em torno de suas asas espirituais.

Agora, finalmente está no fim de suas forças! Exausto pelas pressões sofridas de forças por ele ainda não reconhecidas, a cujos auxílios obstinadamente se fechou pelo pueril querer saber melhor e também querer poder melhor de seu teimoso comportamento, que se evidencia como consequência do cérebro violentamente atrofiado por ele mesmo.

[…]

Somente nas próprias leis da Criação, outorgadas por Deus, pode o espírito humano chegar ao reconhecimento de Deus. E ele precisa impreterivelmente desse reconhecimento para sua ascensão! Só nisso obterá aquele apoio, que lhe permite trilhar inabalavelmente o caminho prescrito e útil a ele para o aperfeiçoamento! Não diferentemente!

Quem quiser saltar por cima da atuação dos enteais, dos quais os povos antigos tinham exato conhecimento, nunca alcançará o autêntico reconhecimento de Deus. Esse saber exato é um degrau inevitável para o reconhecimento, porque o espírito humano tem de se esforçar de baixo para cima. Jamais aprenderá a imaginar o espiritual primordial e o Divino, que se encontram acima de sua capacidade de compreensão, se antes, como fundamento para isso, não conhecer com exatidão os degraus inferiores da Criação a ele pertencentes. Isso é inevitavelmente necessário, como preparo para a possibilidade de reconhecimentos mais elevados.

Conforme já disse, o conhecimento de Deus foi sempre dado somente àqueles povos que já se achavam cientes da atuação dos enteais, jamais de outro modo.

[…]

O ser humano de hoje deve estar amadurecido como fruto da Criação de tal maneira, que tenha reunido em si todo o resultado do desenvolvimento humano de até agora!

Por isso, o que hoje é para cada um individualmente apenas a infância, foi anteriormente em todo o desenvolvimento da Criação uma grande época da humanidade como desenvolvimento global.

Atentai bem no que digo com isto!

O primeiro desenvolvimento, que abrange milhões de anos, comprime-se agora, nas criaturas humanas do atual degrau de desenvolvimento da Criação, nos anos da infância!

Quem não for capaz de acompanhar isso tem de atribuir a sua própria culpa, ficará para trás e, por fim, terá que se desintegrar. O desenvolvimento da Criação não se detém por causa da indolência dos seres humanos, mas prossegue irresistivelmente segundo as leis nela inseridas, que trazem em si a vontade de Deus.

Antigamente o degrau da Criação era de tal maneira, que as criaturas humanas, interiormente, tinham de ficar durante muitas vidas terrenas como hoje são as crianças. Estavam ligadas diretamente apenas com a atuação do enteal, num desenvolvimento lento através de vivências, o que, unicamente leva ao saber e reconhecimento.

Já desde muito, porém, a Criação, evoluindo permanentemente chegou a tal ponto, que os primeiros degraus de desenvolvimento, de milhões de anos, hoje se comprimem aqui na Terra, quanto aos frutos humanos, no período da idade infantil. Deve e pode a época antiga da humanidade ser agora interiormente percorrida nestes poucos anos terrenos, porque as experiências das vidas anteriores estão latentes no espírito.

Têm, porém, de ser despertadas e chegarem assim à consciência, pois não devem permanecer dormitando ou até ser afastadas, conforme hoje acontece. Tudo tem de se tornar e permanecer vivo através de sábios educadores e professores, para que a criança adquira base firme e apoio no enteal, do que ela precisa para o reconhecimento de Deus no espiritual. Um degrau só se desenvolve do outro, quando este estiver pronto, não antes, e o anterior também não deve ser tirado, se a escada deva ser mantida, sem se quebrar.

Só com o amadurecimento corporal da criança se estabelece a ligação com o espiritual. O impulso para isso, porém, somente pode ocorrer de maneira viva, quando ela, de modo ciente, concomitantemente se apoia no enteal. Aí não adiantam lendas e contos de fadas, mas somente vivência, que já deverá estar concluída por ocasião do início do amadurecimento. Tem também de permanecer inteiramente viva, para deixar que o espiritual se torne vivo conscientemente. Isso é condição inabalável da Criação, que todos vós devíeis ter aprendido nas observações do passado!

Agora precisais disso, ou não podereis prosseguir. Sem um claro saber da atuação enteal, jamais haverá reconhecimento espiritual. Sem um claro saber do espiritual e de sua atuação não pode surgir o reconhecimento de Deus! Tudo quanto se encontrar fora dessa concordância da lei é imaginação presunçosa e arrogância, mui frequentemente também uma mentira bem consciente.

Perguntai ao vosso semelhante algo a respeito das inquebrantáveis leis de Deus na Criação. Se ele não vos puder dar uma resposta certa, então não passará de um hipócrita que se engana a si próprio quando fala de reconhecimento de Deus e de verdadeira fé em Deus!

Pois, segundo as imutáveis leis de Deus, ele não os pode ter, porque, diferentemente, permanecem-lhe inacessíveis!

Tudo na Criação prossegue sem interrupção, uniformemente, segundo a lei inabalável! Somente vós, criaturas humanas, em vossa cegueira, em vossa ridícula presunção de sabedoria, que carece de humilde observação, não a acompanhais!

As crianças e os adultos dos tempos de hoje andam, no reconhecimento de Deus, como que sobre pernas de pau! Eles lutam, sim, por isso, porém pairam no ar, não têm ligação viva alguma com o solo, indispensavelmente necessário para o apoio. Entre a sua vontade e a base necessária para a edificação há madeira morta, sem capacidade de intuição, como se dá com as pernas de pau!

A madeira morta das pernas de pau é a crença aprendida, para a qual falta completamente mobilidade e vitalidade. O ser humano, sim, tem a vontade, mas nenhuma base firme e nenhum apoio certo, que residem somente no saber do desenvolvimento de até agora na Criação, à qual o espírito humano permanece inseparavelmente para sempre! Razão porque ele está e também ficará sempre estreitamente ligado a esta Criação, não podendo ir jamais além dela!

Criaturas humanas despertai! Recuperai o perdido. Uma vez mais aponto o vosso caminho! Dai vida e movimento, finalmente, à vontade rígida que tendes, e então encontrareis o grande reconhecimento de Deus que já devíeis possuir desde muito, se não tivésseis ficado para trás no progresso do desenvolvimento das grandes Criações!

Atentai, nada deveis excluir do que toda a humanidade aqui na Terra já teve de vivenciar, pois ela vivenciou sempre aquilo que lhe foi necessário. E se nisso andou errada, segundo a própria vontade, sobreveio a destruição. A Criação avança ininterruptamente para a frente e sacode todos os frutos apodrecidos.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 22 “O reconhecimento de Deus” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O nome

Novembro 01, 2015

É uma lástima que até mesmo perante coisas sérias os seres humanos passem como broncos, e em sua indolência espiritual somente reconheçam tudo, quando são obrigados a reconhecer. Todavia nessa indolência mortífera encontram-se apenas os efeitos da livre vontade de toda a humanidade, até agora empregada tão pecaminosamente.

Todos os seres humanos encontram-se dentro da lei, como qualquer criatura; são cingidos e perpassados pela lei, e dentro da lei e através da lei também se originaram. Vivem nela e com a livre vontade tecem eles próprios o seu destino, os seus caminhos.

Esses caminhos tecidos por eles próprios também os levam acertadamente, nas encarnações aqui na Terra, àqueles pais de que necessitam imprescindivelmente para a sua infância. Assim chegam, também, àquelas condições que lhe são úteis, porque recebem assim exatamente aquilo que, como fruto dos fios da própria vontade, amadureceu para eles.

Na vivência daí resultante continuam a amadurecer, pois se a vontade anterior foi má, então também os frutos serão correspondentes, os quais eles têm de chegar a conhecer. Esse acontecer, com as indesviáveis consequências finais, é simultaneamente também a satisfação constante dos desejos já tidos, que sempre dormitam escondidos em cada vontade, que constituem, sim, o impulso para cada vontade. Tais frutos, porém, muitas vezes só chegam numa vida terrena posterior, mas nunca deixam de vir.

Além disso, residem nessas consequências, concomitantemente, ainda os resgates de tudo aquilo que o ser humano formou até aí, seja de bem ou de mal. Tão logo extraia disso ensinamentos para o reconhecimento de si mesmo terá também a possibilidade absoluta de subir a cada instante, bem como de qualquer situação da vida, pois nada é tão difícil, que não se possa modificar com sincera vontade para o bem.

Assim atua tudo em constante movimento, sem interrupção na Criação toda e, continuamente também o espírito humano, como toda criatura, tece nos fios da lei o seu destino, o modo de ser do seu caminho. Cada manifestação do seu espírito, cada oscilação de sua alma, cada ação de seu corpo, cada palavra ata para ele, inconsciente e de modo automático, sempre novos fios aos já existentes, uns aos outros, uns com os outros, uns através dos outros. Forma e forma, forma-se até com isso já de antemão o nome terreno que, numa vindoura existência terrena, terá de usar, e que, inevitavelmente, usará, já que os fios de sua própria tecedura, segura e imutavelmente, o conduzem para lá!

Por isso cada nome terreno também está na lei. Nunca é casual, nunca sem que o próprio portador tenha antes estabelecido a base para tanto, porque cada alma, na encarnação, corre pelos fios da própria tecedura, como sobre trilhos, irresistivelmente para lá, onde pertence com exatidão, segundo a lei primordial da Criação.

Esticam-se com isso finalmente os fios, cada vez mais, na progressiva densificação material, lá onde as irradiações da parte densa da matéria fina se tocam estreitamente com as irradiações da parte fina da matéria grosseira, dando-se as mãos para uma interligação firme, de espécie magnética, para o período de uma nova existência terrena.

A respetiva existência terrena perdura então tanto, até que a intensidade original dessas irradiações da alma se modifique através de resgates de toda a sorte na vida terrena, com o que, simultaneamente, aquela força de atração magnética se dirige mais para cima do que para baixo na matéria grosseira, pelo que, por sua vez, resulta finalmente na separação da matéria fina da alma, do corpo de matéria grosseira, de acordo com a lei, visto que uma verdadeira mistura nunca ocorreu, mas, tão só uma ligação, que foi mantida de maneira magnética através de uma bem determinada intensidade de grau de calor das irradiações mútuas.

Contudo, assim também acontece que a alma de um corpo destruído por violência, ou combalido por doença, ou enfraquecido pela velhice tenha que se separar no instante em que este, devido ao seu estado alterado, não possa gerar mais aquela intensidade de irradiação, que produza tal força de atração magnética necessária, a fim de cooperar na interligação firme da alma com o corpo!

Disso resulta a morte terrena, ou o cair para trás, o afastamento do corpo de matéria grosseira, do invólucro de matéria fina do espírito, portanto, a separação. Um processo que ocorre segundo leis estabelecidas, entre duas espécies que apenas podem ligar-se devido à irradiação produzida num bem correspondente grau de calor, nunca porém fundir, e que se afastam uma da outra, quando uma das duas espécies diferentes não pode mais cumprir as condições a ela estipuladas.

Mesmo durante o sono do corpo material grosseiro ocorre um afrouxamento daquela ligação firme da alma, porque o corpo durante o sono emite outra irradiação, que não segura tão firmemente como aquela exigida para uma firme ligação. Uma vez que ela ainda existe, ocorre somente um afrouxamento, nenhuma separação. Esse afrouxamento é imediatamente desfeito em cada despertar.

Quando, porém, uma pessoa se inclina, por exemplo apenas para o que é de matéria grosseira, como aqueles que tão orgulhosamente se designam de realistas ou materialistas, concomitantemente ocorre então que suas almas, com essa tendência, produzam uma irradiação especialmente intensa inclinada para a matéria grosseira. Esse processo tem como consequência uma mui difícil morte terrena, uma vez que a alma procura agarrar-se unilateralmente ao corpo de matéria grosseira, formando-se assim uma condição que se denomina agonia. A espécie da irradiação é portanto decisiva para muitas coisas, sim, para tudo na Criação. Nisso explicam-se todos os fenómenos.

Como então uma alma chega justamente ao corpo de matéria grosseira a ela destinado, já esclareci em minha dissertação sobre o mistério do nascimento. Os fios com os futuros pais foram atados mediante a igualdade de suas espécies, que inicialmente atuaram apenas atraindo, mais e mais, até que os fios se ligassem e se atassem ao corpo em formação, numa determinada maturidade, obrigando então uma alma à encarnação.

E os pais também já trazem aquele nome que adquiriram segundo a maneira com que teceram os fios para si. Por essa razão o mesmo nome também tem de ser adequado à alma de mesma espécie que se aproxima e que tem de se encarnar. Até mesmo os prenomes do novo ser humano terreno são então dados, não obstante aparente reflexão, sempre somente numa forma correspondente à igual espécie, uma vez que o pensar e o raciocinar sempre se amoldam, exclusivamente, à determinada espécie. A espécie é sempre exatamente reconhecível no pensar, e por isso também nas formas de pensamento, não obstante suas variedades aos milhares, diferenciam-se de maneira clara e nítida aquelas espécies a que pertencem. Sobre isso já falei nas explicações a respeito das formas de pensamento.

A espécie é básica para tudo. Consequentemente, mesmo com o máximo de reflexão sobre os nomes de um batizando, escolher-se-á sempre de tal forma, que esses nomes correspondem à lei, que a espécie condiciona ou merece, porque diferentemente o ser humano aí nem pode, visto se encontrar nas leis que atuam sobre ele segundo a sua espécie.

Todavia isso tudo nunca exclui o livre-arbítrio, pois cada espécie do ser humano é, na realidade, apenas um fruto da própria e real vontade que traz em si.

Trata-se apenas de uma desculpa, bastante reprovável, quando ele procura iludir-se de que não possui a liberdade de sua vontade, sob a pressão das leis da Criação. Tudo o que ele tem de vivenciar em si, sob a pressão dessas leis, são frutos da própria vontade, que precedeu a eles, tendo antes colocado os fios, que então deixaram amadurecer os frutos correspondentemente.

Assim, cada ser humano na Terra traz exatamente aquele nome que adquiriu. Por isso ele não somente se chama assim como soa o nome, nem é apenas chamado assim, mas ele é assim. O ser humano é aquilo que seu nome diz!

Nisso não há acasos. De alguma maneira a prescrita conexão advém, pois os fios permanecem indestrutíveis para as criaturas humanas, até que sejam desfeitos pela vivência daqueles espíritos humanos aos quais correspondem e nos quais pendem.

Esse é um saber que a humanidade ainda hoje não conhece e do qual, por isso, mui provavelmente ainda zomba, conforme faz com tudo quanto não pode compreender. Mas, essa humanidade também desconhece as leis de Deus, que já desde os primórdios da Criação estão nela esculpidas firmemente, às quais ela mesma deve a sua própria existência, atuando a cada segundo sobre o ser humano, constituindo-se-lhe em auxiliares bem como em juízes de tudo o que faz e pensa, sem as quais ele não conseguiria sequer respirar! E tudo isso desconhece!

Por isso não é de se admirar que ele não queira reconhecer muitas coisas como consequências inalteráveis dessas leis, e procure, pelo contrário, zombando, rir das mesmas. Mas exatamente aquilo que o ser humano categoricamente devia e tinha de saber, nisso é totalmente inexperiente ou, expresso sem retoques, mais estúpido do que qualquer outra criatura nesta Criação, que com ela vibra simplesmente com toda a sua vida. E devido a essa estupidez, apenas ri de tudo o que não lhe é compreensível. A zombaria e o riso são, pois, exatamente a prova e também a confissão de sua ignorância, de que em breve se envergonhará, depois que desabar o desespero sobre ele, por causa do seu desconhecimento.

Só o desespero poderá ainda conseguir quebrar as duras camadas que agora cingem os seres humanos, mantendo-os de tal forma encurralados!

 

Abdruschin

 

Dissertação 23 “O nome” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O enteal

Novembro 01, 2015

Em minha Mensagem falei muitas vezes do enteal na Criação. Falei de sua espécie e de sua atuação, bem como da significação para o espírito humano, para o qual ele aplaina os caminhos da Criação, em prol de seu desenvolvimento até o aperfeiçoamento.

Tudo isso já vos é conhecido.

Apesar disso, considero necessário falar agora ainda uma vez de modo mais pormenorizado de tudo quanto é enteal, para que o ser humano tenha ensejo de assimilar em si todo o quadro desse atuar.

O “enteal” é uma expressão que eu próprio vos dei, porque expressa melhor aquilo, e que é capaz de vos dar uma determinada forma para vossos conceitos sobre o atuar, bem como sobre a espécie desse componente da Criação, importante para todo o criar

Denominemos o “enteal” também de “essencial” para a Criação ou melhor ainda “aquilo que se evidencia visivelmente” na Criação; então talvez se torne ainda mais compreensível para vós o que de facto quero dizer com a expressão o “enteal”.

Podemos ainda empregar outras definições do vosso vocabulário, para formulá-lo ainda melhor. A isso pertence a expressão: o que “une”, ou simplesmente: o que “liga” e o que, com isso, fica “atado”.

Depois de todas estas expressões transitórias, posso por fim dizer calmamente: o que “molda formas”, sem que aí penseis que o enteal criaria as formas por sua própria vontade, pois isso seria errado, visto que o enteal somente pode apenas moldar formas, quando por trás dele estiver impulsionando a Vontade de Deus, a viva lei primordial da Criação.

Podemos chamar também o enteal de a força propulsora que executa e mantém a moldagem das formas! Assim talvez vos seja mais fácil dar à vossa capacidade raciocinadora o conceito aproximadamente certo.

Enteal, isto é, o que se evidencia visivelmente pela forma, e por isso também transmissível em imagem, é tudo fora de Deus. O próprio Deus, tão só, é inenteal. Assim denominado para a diferenciação do conceito do enteal.

Por conseguinte, tudo quanto está fora de Deus inenteal é enteal e formado!

Tomai isso, pois, como noção básica da compreensão.

Portanto, enteal é tudo fora de Deus. E como fora de Deus só existe a irradiação de Deus, por conseguinte o enteal é então a natural e inevitável irradiação de Deus.

O enteal é, portanto, muito mais amplo e elevado do que pensastes. Está fora de Deus, abrangendo tudo, porém divide-se em muitas gradações segundo o grau de resfriamento e a distância de Deus a isso condicionado.

Conhecendo direito a Mensagem, sabereis que nela já falei a respeito do Divino-Enteal, que se encontra na esfera Divina e também do espírito-enteal que, por sua vez, se divide em espírito-primordial enteal, e em espírito-enteal; a seguir mencionei o degrau do simplesmente enteal, ao qual se ligam, em escala descendente, a matéria fina e, por fim, a matéria grosseira com todas as suas diversas transições.

Como, porém, tudo é enteal, afora o próprio Deus, apenas denominei as diversas espécies simplesmente de Divinal, espírito-primordial, espiritual e enteal, e mais ainda a matéria fina e a matéria grosseira como diferentes gradações para baixo.

Basicamente, de um modo geral existem, porém, somente duas: inenteal e enteal. Inenteal é Deus, ao passo que Sua irradiação deve ser chamada enteal. Algo diferente não existe, pois tudo quanto se encontra fora de Deus se origina e se desenvolve exclusivamente da irradiação de Deus.

Muito embora isto já se evidencie bem claro da Mensagem, se a considerais de maneira certa, ainda assim muitos ouvintes e leitores por enquanto compreendem como enteal somente a região da Criação que se encontra entre o espiritual e a matéria fina, a região donde provêm os seres elementares, como os elfos, as ondinas, os gnomos, salamandras; mais ainda, as almas dos animais que nada contêm em si de espiritual.

Em si isso até agora não foi imaginado de modo errado, visto que essa região entre o espiritual e a matéria fina é o simplesmente enteal, do qual já se separaram o Divino, o espírito-primordial e o espiritual. É a mais pesada das camadas ainda móveis por si mesmas, enquanto desta então se separa e desce ainda a matéria em resfriamento progressivo, a qual em seu resfriamento inicial permanece como matéria fina lenta, da qual então ainda se separa a massa da matéria grosseira, imóvel por si mesma.

Mas também entre essas duas matérias, uma estranha à outra em suas espécies, encontram-se ainda muitas gradações distintas. Assim, por exemplo, a Terra não é a mais lenta delas. Existem ainda na matéria grosseira gradações que são muito mais pesadas e muito mais densas e onde, por essa razão, o conceito de espaço e de tempo se torna ainda muito mais restrito, totalmente diferente do que aqui, com um movimento, a isso condicionado, mais vagaroso ainda, e por essa razão com possibilidade de desenvolvimento também mais difícil.

Conforme as espécies de capacidade de movimento, formam-se nas regiões os conceitos de espaço e tempo, pois na maior densidade e peso não só os astros se movem mais vagarosamente, como também os corpos carnais são mais pesados e mais compactos, e com isso também os cérebros são menos ágeis, em suma, tudo é diverso devido à espécie e aos efeitos das irradiações mútuas, também totalmente diferentes, as quais são o impulso para o movimento e ao mesmo tempo, por sua vez transformadas, também suas consequências.                                                         

Exatamente porque tudo na Criação se acha submetido a uma lei, têm que se mostrar sempre diferentes nas diversas regiões as formas e os conceitos, segundo a espécie de mobilidade, que por sua vez está ligada ao respetivo resfriamento e à densidade daí decorrente.

Todavia, com isto novamente me desvio demais, pois hoje quero, antes de mais nada, ampliar um pouco mais o conceito sobre o enteal.

Volto a usar uma expressão figurada, a qual já dei anteriormente, e resumidamente afirmo:

O inenteal é Deus. O enteal é o manto de Deus. Algo diferente não existe, absolutamente. E esse manto de Deus tem de ser conservado limpo por aqueles que o tecem ou que podem abrigar-se em suas dobras, aos quais pertencem também os espíritos humanos.

Portanto, enteal é tudo quanto se acha fora de Deus, e por essa razão a entealidade atinge até a esfera Divina, sim, essa própria esfera deve ser denominada de enteal.

Por esse motivo devemos agora estabelecer uma diferenciação mais subtil, a fim de não deixar surgir erros. O melhor será separarmos os conceitos entre o “enteal” e “os enteais”!

[…]

Ponderai que aquilo que aqui vedes à vossa volta é apenas uma imagem grosseira de tudo o que se encontra mais alto, moldando-se sempre de forma mais esplêndida, mais nobre e mais luminosa, quanto mais perto da esfera Divina lhe for permitido estar. Mas em todas essas esferas os entes atuam sempre exatamente segundo a Vontade de Deus, que está nas leis!

Todos os entes se encontram a serviço de Deus, para o qual os espíritos têm primeiro que se declarar voluntariamente, se quiserem atuar de maneira benéfica na Criação. Seguindo o caminho que nela lhes é indicado com exatidão, o qual facilmente podem reconhecer, bastando que o queiram, dessa forma lhes está reservado um caminho de felicidade e de júbilo, pois então vibrarão em comum com os entes, que os ajudam a aplainar os caminhos. 

Para cada caminho errado, porém, os espíritos têm de se esforçar mediante uma decisão bem especial. Com isso, porém, produzem apenas o infortúnio, criando para si mesmos o sofrimento e, por fim, a queda e a expulsão da Criação, para o funil da decomposição, como imprestáveis para o desenvolvimento progressivo, desejado por Deus e condicionado de acordo com a lei, de tudo quanto até agora se originou.

Somente o espiritual desenvolvido evoluiu para o lado errado, para a perturbação da harmonia. Ser-lhe-á concedido, depois do Juízo, mais uma vez um prazo para a modificação, por intermédio do Reino do Milénio desejado por Deus. Se até aí não conseguir alcançar a sua absoluta firmeza para o bem, então o espiritual humano desenvolvido terá de ser recolhido novamente até aquele limite, onde não poderá se desenvolver para a autoconsciência, a fim de que finalmente reinem a paz e o júbilo para as criaturas nos Reinos de Deus!

Assim és tu, criatura humana, a única que age perturbadoramente na desejada beleza desta Criação, quando ela agora deverá ser erguida, para o necessário retorno à condição de um paraíso de matéria grosseira. Apressai-vos, pois só através do saber ainda podereis soerguer-vos, criaturas humanas! A força recebê-la-eis, tão logo abrirdes vossas almas para isso.

 

Abdruschin

 

Dissertação 24 “O enteal” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Os pequenos enteais

Novembro 01, 2015

Prossigo com as minhas explanações sobre o enteal e sua atuação na Criação. Necessário é que eu aí dê primeiro uma pequena perspetiva sobre o ambiente mais próximo dos seres humanos terrenos, que é mais fácil para a compreensão terrena antes que, partindo de cima para baixo, eu deixe tornar vivo diante de vossos olhos o grande quadro de todos os acontecimentos.

Por isso tomemos, inicialmente, aqueles enteais que se ocupam com a matéria grosseira. Eles, em si, compõem-se de muitos setores específicos, formados pela espécie de sua atividade. Existem, por exemplo, setores que agem completamente independentes dos espíritos humanos e que, somente guiados do alto, se ocupam com o permanente desenvolvimento de novos corpos celestes. Favorecem sua manutenção, bem como seu curso, e também sua desintegração, onde se tornar necessária na supermaturação, a fim de, segundo as leis primordiais da Criação, poderem surgir em nova forma, e assim por diante. Mas esses não são aqueles setores dos quais hoje nos queremos ocupar.

São os pequenos para os quais nos queremos voltar. Já ouvistes falar muitas vezes dos elfos, das ondinas, dos gnomos e das salamandras, que se ocupam aqui com a matéria grosseira da Terra visível a vós, bem como da mesma maneira em todos os outros corpos celestes de matéria grosseira. São os mais densos de todos e por isso também mais fáceis de serem vistos por vós.

Sabeis deles, porém ainda ignorais a sua real ocupação. Acreditais, pelo menos, já saber com o que eles se ocupam; falta-vos, porém, qualquer conhecimento a propósito da maneira pela qual sua atuação ocorre, e como esta se realiza sempre de acordo com as leis da Criação.

Aliás, tudo isso a que já designais de saber, não é um reconhecimento real e intocável, mas apenas um inseguro tatear, erguendo-se grande alarde, quando aqui e acolá algo é encontrado, quando as tentativas de descobrimento, em si desordenadas e tão ínfimas em relação à Criação, deparam ocasionalmente com uma partícula de pó, cuja existência muitas vezes se constitui numa surpresa.

Contudo, também não quero ainda hoje revelar-vos isto, mas sim primeiro contar daquilo que se acha estreitamente relacionado convosco pessoalmente, ligado ao vosso pensar e ao vosso agir, a fim de que possais adquirir, pouco a pouco, a faculdade de observar cuidadosamente, pelo menos nestas coisas.

Estes setores, de que vos falo hoje, também pertencem aos pequenos enteais. Não deveis esquecer-vos aí, contudo, que cada um deles, por menor que seja, é extraordinariamente importante e, em sua atuação, mais digno de confiança do que um espírito humano.

Com grande exatidão, que nem sequer podeis imaginar, processa-se a execução do trabalho atribuído, porque mesmo o aparentemente mais ínfimo dos enteais é uno com o todo, atuando, por isso, também a força do todo através dele, atrás do qual se encontra a única Vontade – a Vontade de Deus, beneficiando, fortalecendo, protegendo, conduzindo!

Assim é, aliás, no enteal todo e assim podia, assim também já devia ser há muito tempo convosco, com os espíritos da Criação posterior desenvolvidos à autoconsciência.

Essa conexão firmemente estabelecida tem como consequência automática que cada um desses enteais, se um dia falhar de alguma forma, é logo expulso pelo ímpeto do todo, ficando assim desligado. Terá então que fenecer, porque não lhe aflui mais força alguma.

Dessa forma, tudo o que é fraco rapidamente é posto fora e nem chega a poder tornar-se nocivo.

Desses apenas aparentemente pequenos, contudo tão grandes em sua atuação, os quais ainda não conheceis e de cuja existência até agora nada sabíeis, quero falar agora.

Mas de sua atuação já ouvistes em minha Mensagem. Certamente, porém, não a relacionastes com o enteal, porque eu próprio não fiz qualquer referência a respeito, visto que anteriormente teria sido ainda prematuro.

Aquilo que então mostrei, objetivamente, com breves palavras, agora vos apresento em sua real atuação.

Falei anteriormente que os pequenos enteais ao vosso redor são influenciáveis pelo espírito humano e, de acordo com isso, podem fazer o bem ou até o mal.

Essa influência, porém, não ocorre naquele sentido como imaginais. Não que possais ser senhores desses entes, que possais dirigi-los!

Aliás, poder-se-ia até certo grau denominar isso assim, sem dizer algo errado, pois para vossos conceitos e em vossa língua está corretamente expresso desse modo, porque vedes tudo do vosso lado e, de acordo com isso, também julgais. Por essa razão muitas vezes tive que falar-vos em minha Mensagem da mesma maneira, para que me compreendêsseis. Eu também podia fazê-lo aqui, por não constituir nenhuma diferença, neste caso, para a vossa atuação certa.

Intelectivamente, naquela ocasião, isso estava muito mais perto de vós, porque correspondia mais à sintonização do vosso raciocínio, quando vos disse que sempre influenciais fortemente com a vossa vontade todo o enteal à vossa volta e que este também se orienta segundo o vosso pensar, vosso atuar, porque sois espirituais!

Isto permanece literalmente certo, porém a causa disso é outra, pois a condução propriamente dita de todas as criaturas que se acham dentro da lei desta Criação, as quais, portanto, vivem dentro da Vontade de Deus, procede tão-só de cima! E a isso pertencem todos os enteais.

Nunca se acham submetidos à vontade alheia, nem passageiramente. Nem ali onde vos assim pareça.

Os pequenos enteais, que citei, orientam-se de facto em sua efetivação segundo a vossa vontade e segundo o vosso agir, ó espíritos humanos, contudo sua atuação se encontra, apesar disso, tão-só na Vontade de Deus!

Isso é um aparente enigma, cuja solução, porém, não é tão difícil, pois necessito para isso apenas mostrar-vos agora o outro lado daquele de onde vós a tudo observais.

Visto do vosso lado, vós influenciais os pequenos enteais!

Visto, porém, do lado da Luz, eles apenas cumprem a Vontade de Deus, a lei! E como toda a força, para atuar, só pode vir da Luz, então esse, que constitui para vós o outro, é o certo!

Não obstante, consideremos primeiro, para melhor compreensão, a atividade vista do vosso lado. Com o vosso pensar e o vosso agir influenciais os pequenos enteais, segundo a lei de que o espírito aqui na matéria exerce com cada vontade uma pressão, também sobre o pequeno enteal. Esses pequenos enteais formam então na parte fina da matéria grosseira tudo quanto aquela pressão lhes transmite. Digamos, portanto, observado do vosso lado, que eles executam tudo quanto vós quereis!

Em primeira linha, aquilo que quereis espiritualmente. O querer espiritual, porém, é intuição! Os pequenos enteais formam isso na parte fina da matéria grosseira, exatamente de acordo com a vontade emitida pelo espírito. Eles pegam imediatamente o fio que surge do vosso querer e do vosso agir e formam, no fim desse fio, aquela configuração que corresponde exatamente a esse fio do querer.

É dessa maneira a atuação dos pequenos enteais, que ainda não conheceis em sua verdadeira atuação.

Desse modo eles criam, ou, melhor dito, formam o plano da parte fina da matéria grosseira, que vos espera, quando tiverdes de passar para o mundo da matéria fina! É a soleira para a vossa alma, onde ela, segundo vossas expressões, tem de “se purificar” depois da morte terrena, antes de poder entrar na matéria fina.

Lá, a permanência da alma é de mais longa ou de mais curta duração, conforme a sua disposição interior e conforme tendia ela para a matéria grosseira, se de modo mais forte ou mais fraco, com seus diversos pendores e fraquezas.

Esse plano da parte mais fina da matéria grosseira já foi visto por até agora por muitas pessoas. Pertence, por conseguinte, ainda à matéria grosseira e é formado por aqueles enteais que preparam por toda a parte o caminho do espírito humano.

É muito importante para vós saber isto: os enteais preparam para o espírito humano, portanto dessa forma também para a alma humana, e igualmente para o ser humano terreno, o caminho que ele tem de seguir, quer queira quer não queira!

Esses enteais são influenciados pelo ser humano e, aparentemente, também dirigidos. Mas só aparentemente, pois o verdadeiro dirigente aí não é a criatura humana, mas a Vontade de deus, a lei férrea da Criação, que colocou esse setor dos enteais naquele lugar, dirigindo sua atuação no vibrar da lei.

[…]

Quando eu antes, nas dissertações sobre a reciprocidade, falei de fios que, saindo de vós, são repelidos e atraídos, até aí decerto vistes apenas um emaranhado de fios figuradamente diante de vós. Mas não era de se supor, porém, que esses fios, semelhantes a vermes, avançassem sozinhos; pelo contrário, têm de ser guiados por mãos, e essas mãos pertencem aos pequenos enteais aí atuantes, dos quais até agora nada podíeis saber.

Mas esse quadro, agora tornado vivo, está diante de vós. Imaginai estardes constantemente rodeados por esses pequenos enteais, que vos observam, tomando imediatamente cada fio e conduzindo-o para lá onde pertence. Contudo, não só isso, mas eles ancoram-no e dele cuidam até a germinação da sementeira, sim, até a floração e a frutificação, da mesma forma como aqui na pesada matéria grosseira todas as sementes de plantas são cultivadas pelos enteais, até que possais, então, ter os frutos disso.

É a mesma lei básica, a mesma atuação, só que executada por enteais de outras espécies, que são especialistas nisso, como diríamos terrenamente. E assim, o mesmo tecer, a mesma atuação, a sementeira, a germinação, o crescimento, a floração e a frutificação perpassam a Criação inteira, sob a supervisão e o cuidado dos enteais em tudo, não importando o que e de que espécie seja. Para cada espécie há também a atuação enteal, e sem a atuação enteal não haveria por sua vez espécie alguma.

Assim surgiu da atuação dos enteais, sob o impulso do baixo querer dos seres humanos, na ancoragem dos fios que disso se originaram, também o assim chamado inferno. Os fios do querer malévolo ancoraram-se lá, cresceram, floresceram e produziram por fim também frutos correspondentes, que aquelas criaturas humanas, que geraram tal sementeira, tiveram que receber.

Por isso reina, nesses baixios, a volúpia devoradora com seus correspondentes centros, a sede de assassínio, briga e todas as excrescências das paixões humanas. Tudo, porém, se origina da mesma lei, em cujo cumprimento os pequenos enteais também formam o maravilhosamente belo, dos reinos mais luminosos!

Assim faço surgir agora quadro após quadro da Criação, até que recebais uma visão uniforme e ampla, que jamais vos permitirá cambalear em vossos caminhos, nem deixará que vos percais, pois então estareis cientes. Aquele que, ainda então, não quiser orientar seu caminho para as alturas luminosas, este, já desde a base, teria de estar completamente corrompido e sujeito à condenação.

 

Abdruschin

 

Dissertação 25 “Os pequenos enteais” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Na oficina da matéria grosseira dos enteais

Novembro 01, 2015

Observamos até agora a atuação dos pequenos enteais quanto ao que provém dos seres humanos terrenos, como a sua intuição, seu pensar e agir.

Agora queremos ficar, igualmente, perto dos seres humanos terrenos, mas observando aí a atividade daqueles enteais que exercem sua esfera de atividade em direção às criaturas humanas terrenas. Portanto, não aqueles que constroem os caminhos da alma, conduzindo para fora da pesada matéria grosseira terrena, mas sim em direção oposta, rumo a esta matéria grosseira terrena.

Tudo mostra movimento, nada é sem forma. Assim, parece como uma gigantesca oficina em redor do ser humano, em parte afluindo para ele e em parte desviando-se dele, entrelaçando-se aí, amarrando e desligando, construindo e demolindo, em mudança permanente, em crescimento contínuo, florescimento, maturação e decomposição, a fim de dar, nisso, ensejo às novas sementes para o desenvolvimento, em atendimento ao nascer e morrer de todas as formas na matéria, condicionado pelo ciclo regular da Criação. Condicionado através da lei do movimento constante, sob a pressão da irradiação de Deus, do Único Vivo.

Brame e ondula, derrete e esfria, martela e bate, sem interrupção. Punhos fortes empurram e puxam, mãos carinhosas conduzem e protegem, unem e separam os espíritos que peregrinam nessa movimentação intensa.

Todavia, embotado, cego e surdo ante tudo isso, cambaleia o ser humano desta Terra em suas vestes de matéria grosseira. Ávido por prazeres e saber, o seu raciocínio só mostra aquela única finalidade: alegrias terrenas e poder terreno, como recompensa de seu trabalho e coroa da existência. O raciocínio procura embalar os preguiçosos e os indolentes com imagens de tranquilo bem-estar, as quais, como entorpecente, paralisam, de modo hostil ao espírito, a vontade para a atividade na Criação.

O ser humano desta Terra não quer enquadrar-se, porque ficou com o livre-arbítrio! E por essa razão acorrenta o seu espírito vivo à forma transitória, cuja origem nem sequer conhece.

Continua um estranho nesta Criação, ao invés de utilizar para si, de modo construtivo, as suas dádivas. Só o conhecimento certo dá possibilidade a um aproveitamento consciente! Por isso o ser humano tem de sair agora de sua ignorância. Só sabendo pode, no futuro, agir sob a irradiação do astro novo, que separará o útil do inútil na Criação inteira.

O útil não julgado segundo o pensar humano, pelo contrário, mas sim somente segundo a sagrada lei de Deus! De acordo com isso, a tudo o que é inútil pertence em primeira linha o ser humano, que não é capaz de receber humildemente as bênçãos e as graças de Deus, o que ele só poderá conseguir com o conhecimento de toda a atuação na Criação.

Unicamente da Palavra consegue ele receber todo o saber de que precisa para isso. Nela encontrará, se procurar com seriedade. Encontrará exatamente aquilo de que precisa para si! Contudo, agora mais do que nunca é lei a Palavra de Cristo: “Procurai e achareis!”

Quem não procurar com verdadeiro afinco de seu espírito, não deverá receber e também não receberá nada. E por essa razão quem dorme, ou o indolente de espírito, também não encontrará nada na Palavra, que é viva. Ela não lhe dará nada.

Cada alma, primeiramente, tem de abrir-se por si para isso e bater na fonte que se encontra na Palavra. Nisso se encontra uma lei férrea e selecionadora, que agora se cumpre com todo o rigor.

[…]

Distingamos, antes de mais nada, três espécies básicas de matéria grosseira. Existem, porém, além disso, diversas espécies intermediárias e colaterais. Por enquanto consideremos somente a fina, a mediana e a mais pesada matéria grosseira. Nesse sentido, o corpo terreno pertence à espécie terrestre mais pesada, e o corpo astral à espécie de transição da matéria grosseira mediana, portanto àquela que se encontra mais perto da espécie mais pesada.

Esse corpo astral é formado primeiro pelos enteais, quando uma encarnação deve ocorrer, e logo após este, o corpo terreno, de modo que parece que ambos ocorrem simultaneamente. Mas a formação do corpo astral precede, na realidade, ao processo na matéria grosseira pesada; tem de preceder, do contrário aquele outro não poderia ser completado e, de outra maneira, a alma não poderia empreender nada com o corpo terreno.

Dou com isso apenas o quadro do acontecimento, para que possa surgir a compreensão disso. Mais tarde talvez acompanhemos passo a passo o crescer, a maturação e a decomposição com todas as divisões e fios a isso pertencente, tão logo o conjunto surja em imagens diante de vós.

O corpo astral está ligado com o corpo terreno, porém não depende dele, como se tem suposto até agora. A falta de conhecimento do verdadeiro processo evolutivo na Criação teve como consequência os numerosos erros, especialmente porque o ser humano sempre colocou como base, considerado sob seu ponto de vista, o pouco saber que adquiriu para si.

Enquanto ele próprio julgar ser o ponto mais importante na Criação, onde na realidade não representa absolutamente nenhum papel de especial importância, pelo contrário é simplesmente uma criatura como inúmeras outras, caminhará sempre erradamente, inclusive em suas pesquisas.

É certo que, após desprender-se a alma do corpo terreno, o corpo astral se decompõe com o corpo terreno. Mas isso não deve servir de prova de que ele deve depender, por essa razão, do corpo terreno. Não chega sequer a dar uma base justificada para tal suposição.

Na realidade, o processo é diferente: ao desprender-se a alma, esta, como parte móvel, puxa consigo o corpo astral do corpo terreno. Falando figuradamente: ao sair e se afastar, a alma puxa consigo o corpo astral para fora do corpo terreno. Assim parece. Na realidade, ela apenas o afasta, porque nunca houve uma fusão, mas apenas um embutimento, como num telescópio encaixável.

Não puxa consigo para muito longe o corpo astral, visto que este não se acha ancorado só nela, mas também no corpo terreno, e além disso porque a alma, da qual parte o movimento propriamente dito, também quer se libertar do corpo astral e, por conseguinte, dele procura se afastar-se.

Assim, o corpo astral fica sempre perto do corpo terreno, depois do desenlace terreno da alma. Quanto mais se distancia então a alma, tanto mais fraco se torna o corpo astral, e, o desprendimento cada vez mais progressivo da alma acarreta, por fim, a destruição e decomposição do corpo astral que, por sua vez, acarreta imediatamente a decomposição do corpo terreno, assim como também influenciou a formação dele. Assim é o processo normal, de acordo com a lei da Criação. Intervenções especiais aí acarretam, naturalmente, circunstâncias e alterações especiais, sem contudo poder excluir nisso o que é da lei.

O corpo astral é em primeira linha o mediador, dependente da alma, para o corpo terreno. O que acontecer ao corpo astral, o corpo terreno também sofrerá, infalivelmente. Mas os sofrimentos do corpo terreno atingem o corpo astral de modo muito mais fraco, apesar de estar estreitamente a ele ligado.

Quando, por exemplo, quando é amputado qualquer membro do corpo terreno, suponhamos um dedo, não é amputado simultaneamente também o dedo do corpo astral, mas sim ele permanece, não obstante, sossegadamente como até então. Por isso acontece que uma criatura humana terrena ainda possa às vezes realmente sentir dores ou uma pressão, onde não possui mais um membro no corpo terreno.

Tais casos são, pois, suficientemente conhecidos, sem que o ser humano tenha encontrado a explicação certa para tanto, por lhe faltar a esse respeito uma visão global.

Assim os enteais atam e ligam todas as almas a seus corpos astrais, que vamos denominar corpos de matéria grosseira mediana, ao passo que os corpos terrenos pesados, já na formação, se encontram em conexão direta com o corpo de matéria grosseira mediana e se desenvolvem moldando-se de acordo com ele.

Como se processa o modo de ação da alma, através desse invólucro, sobre o pesado corpo terreno, deve ficar reservado para eventuais dissertações posteriores, uma vez que antes de chegar a tal ponto tem de ser esclarecido ainda muito, a fim de poder pressupor uma compreensão certa daquilo.

Mas também tudo isso é perpassado por uma única lei, que os pequenos enteais cumprem de modo diligente e fiel, sem dela se desviarem. Nisso eles são exemplos para os espíritos humanos, que aí só podem e também devem aprender, até que finalmente atuem junto com os pequenos construtores nesta Criação, de mãos dadas e sem presunção, para, com tal atividade em prol de uma harmonia plena, louvar jubilosamente, cheios de gratidão, a sabedoria e o amor de seu Criador!

 

Abdruschin

 

Dissertação 26 “Na oficina da matéria grosseira dos enteais” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Peregrina uma alma

Novembro 01, 2015

Expliquei nas duas últimas dissertações os processos ligados diretamente à estada terrestre do ser humano, que ocorrem nos planos da matéria grosseira mediana, denominada até agora plano astral pelos que disso têm conhecimento.

Além dos processos ali mencionados, existem ainda muitos outros, que também pertencem ao campo de atividade dos enteais. Mas como essas espécies de trabalho só se põem indiretamente em contato com as almas humanas, por hoje ainda silenciaremos a esse respeito, passando antes a tratar do que está mais próximo: a própria alma humana em ligação com o que já foi explicado.

Acompanhai-me, portanto, num breve trecho do caminho que uma alma tem de perfazer após se desprender do seu corpo terreno. Observemos os primeiros passos.

Encontramo-nos na matéria grosseira mediana. Diante de nós vemos fios do destino com espessuras e cores diversas, dos quais falamos nas últimas dissertações, quando examinamos a atuação dos pequenos enteais. Desliguemos tudo o mais, pois na verdade, bem junto e entrelaçando-se, existe muito mais no trajeto, do que apenas esses fios. Tudo na mais severa ordem, vibrando de acordo com as leis da Criação. Não olhemos, porém, nem para a direita nem para a esquerda, e sim apenas para esses fios.

Aparentemente, esses fios se movem apenas de leve, sem atividade especial, pois se tratam de fios que já há tempo foram urdidos. De súbito, um deles principia a estremecer. Estremece e se movimenta cada vez mais, incha, toma cor mais intensa e começa a se tornar mais vivo em tudo… Uma alma desprendeu-se do corpo terreno, a qual está ligada a esse fio. E aproxima-se do lugar onde estamos aguardando.

A cena parece-se com uma mangueira de bombeiro, por onde de repente principia a irromper água. Pode-se observar exatamente o caminho da água que se aproxima, à medida que ela vai avançando na mangueira. Assim é o processo com os fios do destino que chegam ao resgate, quando a alma tem de peregrinar pelo caminho traçado. As irradiações do espírito na alma adiantam-se a ela e vivificam o fio do seu caminho, mesmo que tal fio até então tenha sido fraco em sua atuação. Nesse vivificar se reforça a tensão, puxando a alma mais energicamente para o ponto onde se encontra a ancoragem mais próxima desse fio.

Nesse lugar de ancoragem há um formigar de espécies congéneres desses fios, ligados a almas que ainda se encontram na Terra, em corpos terrenos de matéria grosseira. Outras almas, por sua vez, já se encontram no lugar, caso já tenham partido da Terra e agora tenham de colher ali, nesse lugar, os frutos que amadurecem pela atuação e pelos cuidados dos pequenos enteais, segundo as espécies dos fios, que agem como cordões espermáticos.

As formas desses frutos são, nesse lugar, de uma espécie bem determinada e uniforme. Suponhamos que seja um lugar de inveja, que na Terra é área tão difundida, tendo entre os seres humanos terrenos um solo excelente.

Por isso o lugar de ancoragem desses fios é imenso e variado. Paisagens ao lado de paisagens, cidades e aldeias com as correspondentes atividades de toda sorte. 

Em toda a parte, porém, espreita a repugnante inveja. Tudo está impregnado disso. Ela tomou formas grotescas que se movem e atuam nessas regiões. Atuam em todas as almas que foram atraídas para esse lugar, de modo mais acentuado e forte, para que vivenciem em si mais fortemente de que modo importunaram os seus semelhantes aqui na Terra.

Não vamos nos ocupar com descrições pormenorizadas desse lugar, pois é constituído de espécies tão múltiplas e variadas, que uma imagem fixa disso não é suficiente para proporcionar sequer a sombra de uma noção. Mas a expressão repugnante é uma denominação suave e muito atenuada para tudo isso.

[…]

O que nisso acabei de vos escrever vale tão-somente para os espíritos humanos, pois está inserido na atuação da vontade livre. Com os enteais, por sua vez, é diferente!

Deixai surgir esses processos vivificados diante de vossos olhos. Esforçai-vos nisso, pois vale a pena e vos trará, como efeito recíproco, rica recompensa. Tornar-vos-eis com isso, por sua vez, cientes quanto a um trecho da Criação.

Assim foi o processo de até agora, que eu vos esbocei. E eis que irrompe agora como que um raio vindo da Luz! Força Divina cai súbita e inesperadamente nos fios do destino de todos os seres humanos terrenos, bem como de todas as almas que se encontram nas planícies da Criação posterior.

Devido a isso vai agora tudo direta e inesperadamente para o remate final! Os enteais serão reforçados para que disponham de inaudito poder. Em sua atuação se voltam contra todos os seres humanos que mediante seus atos e comportamento forçaram-nos até agora a formar coisas feias, obedecendo às leis da Criação. Mas agora a força de Deus paira acima de toda a vontade humana na Criação inteira, a Vontade de Deus, que só deixa formar o puro, o bom e o belo, e que aniquila tudo o mais!

A força de Deus também já penetrou na Criação posterior, para agir aqui mesmo, e todos os enteais, apoiados por essa força suprema, pegam depressa com alegria e orgulho nas malhas inumeráveis do tecido de todos os fios do destino dos seres humanos, a fim de dirigi-los prazerosamente para o seu fim!

Obedecendo ao mandamento da Luz, eles rompem os fios ancorados apenas fracamente ancorados no espiritual, para que as almas fiquem completamente desligadas da Luz, quando os cordões escuros retornarem pesadamente sobre seus autores, com tudo quanto neles pende!

Mas também o romper desses fios se processa de maneira bem consentânea com a lei, para o que concorre decisivamente a espécie dos seres humanos, visto que os enteais não agem de modo arbitrário.

A força da Luz Divina cai agora como relâmpago em todos os fios! Os fios que trazem em si semelhança com a espécie que aspira pela Luz e através de verdadeira e forte vontade daqueles, que estão ligados a esses fios, também se tornaram bastante fortes para suportar a repentina penetração dessa inusitada força da Luz, alcançam com isso firmeza e vigor, de modo que as almas humanas aí ligadas são arrancadas em forte atração dos perigos das trevas, e com isso também do perigo de serem arrastadas conjuntamente na decomposição.

Fracos fios de Luz, porém, gerados apenas por uma vontade fraca, não suportam a repentina pressão colossal da força Divina, mas sim são queimados e com isso desligados pelos enteais auxiliadores, com o que os que assim estavam ligados ficam abandonados às trevas. A causa desse processo natural é a sua própria indiferença, a qual foi incapaz de gerar fios suficientemente firmes e fortes.

Vedes assim que em todo e qualquer acontecimento reina sempre justiça. Por isso está prometido que os indiferentes serão cuspidos fora, conforme acontece literalmente por parte da Luz.

Todos os auxiliares enteais, grandes e pequenos, serão agora libertados de, em cumprimento da lei, terem de produzir formas trevosas, forçados pelo querer malévolo ou errado dos seres humanos. E das trevas, que foram separadas, será retirado ao mesmo tempo tudo o que é enteal, pela força da Luz, à qual eles, em jubilosa alegria, se associam estreitamente, a fim de agora formarem e conservarem aquilo que é desejado pela Luz. Nisso eles se revigoram em nova força, a fim de vibrarem no bramante acorde juntamente com toda a Criação, no meio da flutuante Luz de Deus!

Honra seja feita a Deus, que somente semeia o Amor! Amor que também se manifesta na lei da destruição das trevas!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 27 “Peregrina uma alma” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Mulher e homem

Novembro 01, 2015

Com as minhas dissertações sobre “O Enteal”, “Os pequenos Enteais”, “Na Oficina da Matéria Grosseira” e “Peregrina uma Alma” dei uma parte do saber da contínua atuação da Criação. Expliquei uma pequena parte do vosso ambiente mais próximo, e somente daquele que se acha bem intimamente ligado convosco. Não vos dei tais esclarecimentos apenas para que ficásseis conscientes deles, mas sim com aquela finalidade de poderdes tirar proveito disso para a vossa vida aqui na Terra, agora, no corpo de matéria grosseira. Bem como, simultaneamente para a bênção daqueles que estão convosco e ao redor de vós.

O saber a tal respeito não vos dá vantagem nenhuma, pois cada espírito humano tem o dever sagrado de utilizar, beneficiadoramente, todo o saber a respeito da Criação, para o progresso e a alegria de todos que estejam ligados a ele ou que apenas entrem em contacto com ele. Então o seu espírito terá alto lucro; do contrário, nunca.

Ficará assim livre de todos os empecilhos e será, pela lei da reciprocidade, infalivelmente soerguido até uma altitude em que possa possa haurir forças constantemente, as quais são transpassadas de luz e têm de proporcionar bênçãos onde encontrarem solo adequado aqui na Terra. Dessa forma a pessoa que sabe torna-se forte mediadora da elevada força de Deus.

Por isso quero mostrar-vos o que podeis deduzir das últimas dissertações para o caminho terreno e o que também tendes de deduzir, pois a Palavra não deve ficar sem utilização.

Chamei vossa atenção, em traços gerais, para uma pequena parte do tecer e do atuar de bem determinadas espécies de enteais na Criação, e mostrei-vos também que nisso o espírito humano se movimentou até agora em total ignorância.

O enteal atua e tece com fidelidade no lar da grande Criação, enquanto o espiritual deve ser considerado nela como hóspede peregrino, que tem a obrigação de adaptar-se harmoniosamente à ordem do grande lar, apoiando beneficiadoramente como melhor puder o atuar do enteal. Deve, pois, colaborar na conservação da grande obra que lhe oferece morada, pátria e possibilidade de existência.

Considerando corretamente, deveis imaginar assim: o elevado enteal soltou de si o espírito, ou deu-o à Luz, e lhe oferece no seu grande lar da Criação a possibilidade de uma existência cheia de alegria!

Pressuposto, naturalmente, que tal espírito não perturbe a harmonia da casa, pois em tal hipótese torna-se um hóspede mal visto, sendo tratado correspondentemente. Nunca poderá então receber e usufruir uma verdadeira existência cheia de alegria.

O hóspede tem, logicamente, também o dever de não estorvar a organização do lar, mas sim de adaptar-se à ordem vigente e até mesmo de apoiá-la e de protegê-la, como retribuição pela hospitalidade.

Pode-se, finalmente, para melhor compreensão, expressar isso de maneira diversa, sem alterar o sentido real: O grande Divino-enteal, que tudo abrange, apartou-se em dois, uma parte ativa e uma parte passiva, ou em uma parte positiva e uma parte negativa.

A parte passiva ou negativa é a parte mais fina, mais sensível e mais dócil; a parte ativa ou positiva é a parte mais grosseira, não tão sensível!

A mais sensível, isto é, a parte passiva, é porém a mais forte e predominante, aquela que na realidade atua dirigindo. Em sua sensibilidade ela está mais apta a receber, é mais impressionável e por conseguinte capaz de se manter e de atuar mais seguramente na força da sagrada Vontade de Deus, isto é, na pressão suprema. Sob pressão entende-se aqui a impressão, conforme a lei, da espécie mais elevada sobre a espécie mais baixa, e não acaso um ato arbitrário de força, uma pressão de violento e instável despotismo.

Assim vedes diante de vós o grande quadro vindo de cima, já não sendo mais difícil compreender que os desenvolvimentos ulteriores na Criação sempre se repetem naturalmente da mesma maneira, e finalmente também têm de ser transmitidos para as apartações dos espíritos humanos da Criação posterior, como efeito de uma lei uniforme que atravessa a Criação inteira. Só que nas diversas planícies e nos diversos graus de esfriamento isso é designado de maneira diferente.

Assim, a mulher humana da Criação posterior corporifica, nas gradações, o enteal mais intuitivo, como parte negativa, passiva, e o homem o mais grosseiro espiritual, como parte positiva, ativa, pois a apartação uma vez já iniciada vai-se repetindo sempre de novo nas partes já apartadas, continuamente, a ponto de se poder dizer que a Criação inteira consiste, propriamente, só de apartações! A parte efetivamente mais forte, portanto, que domina de facto é aí sempre a parte mais intuitiva; portanto, entre os seres humanos, a feminilidade! É-lhe muito mais fácil, de acordo com sua espécie, obedecer intuitivamente à pressão da Vontade Divina. Com isso ela tem e também proporciona a melhor ligação com a única força verdadeiramente viva!

Essa lei da Criação deve ser também levada em consideração pelos pesquisadores e inventores. A parte realmente mais poderosa e mais forte é sempre a mais intuitiva, isto é, a parte negativa ou passiva. A parte mais intuitiva é a parte determinante de facto, e a parte ativa é apenas a executante!

Por isso, num desenvolvimento normal, toda a feminilidade exerce também, nos começos inconscientes de vibração sempre pura, uma forte influência, exclusivamente ascendente, sobre a masculinidade, tão logo esta atinja a maturidade física. Com a maturidade física desperta ao mesmo tempo o grande sentido sexual, que forma a ligação ou a ponte para a atividade do núcleo espiritual dos seres humanos no plano da matéria grosseira, isto é, aqui na Terra.

[…]

O ser humano apenas pode sobressair produtivamente na Criação, se permanecer aquilo que deve ser, procurando aperfeiçoar sua espécie através do enobrecimento. Isso, porém, ele só pode alcançar vibrando de acordo com as leis e não se colocando fora delas.

Por isso a fidelidade é a mais alta virtude de cada mulher; permite-lhe, outrossim, cumprir integralmente sua alta missão nesta Criação!

Atentai, pois, nisto, seres humanos:

O elevado e fino enteal, portanto o mais sensível e delicado, dirige o lar na grande Criação! Com isso também é indicado à mulher o cargo, para cujo desempenho ela está inteiramente habilitada: dirigir o lar na existência terrena, oferecer pátria no verdadeiro sentido! Tornar esta Terra um solo pátrio e harmonioso é a missão da mulher, missão que ela pode desenvolver até o ponto de fazer dela verdadeira arte! Nisso reside tudo, e nisso tudo tem de ser fundamentado, se é que deva prosperar a florescer!

O lar deve tornar-se um santuário através da mulher! Deve tornar-se um templo para a Vontade de Deus! Nisso repousa a veneração a Deus, se escutardes Sua sagrada Vontade na Criação e se orientardes vossa vida e vossa atividade na Terra de acordo com ela.

E também o homem, cujo trabalho até agora dava provas de ser exclusivamente uma escravidão ao raciocínio, modificar-se-á pelo modo de ser da mulher, se ele for obrigado a reconhecer na mulher indícios de algo mais nobre.

Olhai sempre para o lar desta Criação, e sabereis como organizar a vossa vida na Terra!

O homem, porém, não deve quebrar a ordem de uma casa, agindo egoisticamente, seja pelo desrespeito negligente ou pela arrogância tirânica, pois a atuação da mulher no lar é tão importante quanto a dele em sua profissão. Só que é diversa, não podendo ser dispensada. A missão da mulher no lar vibra na lei de Deus, para a qual o corpo terreno apela insistentemente, procurando no lar recuperação, sossego, alimento e não como último… harmonia da alma, que refresca e dá novo estímulo, novas forças para toda a atividade do homem!

O equilíbrio aí tem de ser totalmente harmonioso. Por isso a mulher também deve respeitar o trabalho do homem e não pensar que somente a sua atividade é que pode ser decisiva. A atuação das duas partes deve ser entrelaçada, em vibração harmónica. Uma não deve perturbar a outra.

O homem não deve, por conseguinte, prejudicar nem destruir a ordem doméstica com seu egoísmo; pelo contrário, tem de ser ainda prestativo, através da pontualidade e compreensão crescente, para que tudo conserve o ritmo harmonioso.

É isso que podeis e tendes de aprender na Criação. No Reino do Milénio ainda sereis obrigados a isso, do contrário jamais podereis subsistir nele.

Todos os seres humanos que agora não quiserem obedecer às leis desta Criação são revoltados contra sua própria pátria, contra seu Criador, seu Deus! Serão expulsos e destruídos pelas próprias leis, que fortalecidas pela força de Deus se voltam agora, rápidas e invencíveis, contra tudo o que destrói a harmonia desejada por Deus.

Observai, portanto a vossa pátria, seres humanos, aprendei a compreender esta Criação posterior! Tendes de aprender a conhecê-la e finalmente vos orientar também aqui na Terra conforme a ordem!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 28 “Mulher e homem” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Almas torcidas

Novembro 01, 2015

O ser humano tem perguntas sobre perguntas! Logo que eu lhe ofereço um novo saber, ele já vem com novas perguntas, antes mesmo de haver assimilado com discernimento tudo quanto lhe ofereci.

Este é o seu grande erro! Quer prosseguir sempre apressadamente. Se eu me deixasse orientar por ele, nunca poderia ele atingir nada, pois com suas perguntas permanece sempre no mesmo lugar, como um peregrino preguiçoso, que descansa sossegadamente na sombra de um bosque e deixa que outros lhe contem como é seu alvo, ao invés de se animar e dirigir-se para ele.

Ao longo de sua jornada, todavia, ele mesmo avistará e vivenciará tudo que gostaria de saber pelas respostas às perguntas que sempre deixa surgir em si. Precisa movimentar-se, senão não atingirá o alvo!

Eu disse, na dissertação “Mulher e Homem”, que cada ser humano deve extrair das minhas palavras a aplicação útil para a sua atual existência terrena! Caso queira seguir tal conselho, não lhe resta outra coisa a fazer, senão tornar viva dentro de si próprio a minha Palavra, configurando-a assim como eu a dou, pois sei exatamente do que o ser humano necessita e oriento minhas dissertações sempre nesse sentido. Ele tem de seguir as preleções palavra por palavra, pois elas contêm uma sequência gradativa, que conduz sua alma para cima, cuidadosamente. Um caminho por onde a alma pode escalar, se apenas quiser!

Suas rápidas perguntas mostram, logo, porém, que ele em sua habitual maneira de refletir, quer aprender, pondo de lado novamente a necessária vivência.

O aprender nada adianta para a alma, pois o que foi aprendido fica para trás, com o corpo terreno, já no primeiro passo para fora desta Terra. Apenas aquilo que foi vivenciado é que a alma leva consigo. Já disse isso muitas vezes, mas ainda assim o ser humano terreno procede sempre erroneamente quanto à Palavra Sagrada! Quer saber melhor ou não quer de bom grado abandonar sua maneira habitual.

Na construção de minhas dissertações existe uma direção, que ele não compreende. Também não é indispensável que ele a reconheça, contanto que a siga e não procure apressar-se em sua ânsia de querer saber, como os leitores superficiais de um livro, que o leem por causa da sensação, apenas para preencherem horas livres e distraírem-se do seu pensar unilateral sobre suas atividades diárias.

Durante a leitura, não veem os personagens do livro surgirem vivos diante de si, não atentam aos respetivos desenvolvimentos que os personagens em pauta têm de vivenciar, não veem as nítidas conclusões que dali se desenvolvem e que são capazes de modificar sempre e constantemente as circunstâncias e o ambiente. Nada disso é observado por eles, mas sim prosseguem saltando para a frente, a fim de rapidamente ainda se informarem sobre este ou aquele ponto de ação! Não extraem nenhum proveito dos melhores livros, que reproduzem um trecho da existência terrena e de onde o leitor poderia haurir muito para si, se coparticipasse de tudo, direito!

Como tais leitores, que procuram devorar literalmente todos os livros em seu entusiasmo, mas cuja verdadeira finalidade e sentido jamais reconhecem, sabendo apenas distinguir e indicar duas categorias: a dos livros sensacionais e a dos livros desinteressantes, assim são os seres humanos, em cujo íntimo se levantam imediatamente novas perguntas, tão logo leem uma dissertação do saber da Criação.

Devem, antes de tudo, procurar com a maior energia e esforço haurir aquilo que cada dissertação lhes oferece!

Caso algo ali não lhes pareça logo bem claro, não devem procurar, olhando mais para diante, mas sim têm de olhar para trás, na Mensagem, a fim de pesquisar dentro dela e nela encontrar o esclarecimento.

[…]

Todas as consequências das ações involuntárias, intuitivas, que poderemos designar como naturais, atuam, porém, de maneira educativa sobre as almas torcidas, que assim passam por dolorosas vivências e desilusões e se veem encaminhadas novamente para rumos certos, pelo menos em muitos casos. Mas isso não exclui que mais tarde sempre de novo venham a cair nesses ou em semelhantes erros. Se não se fortalecerem com as experiências, ficarão como os juncos que oscilam ao vento. Muito, muito podem os seres humanos, porém, agora, através do saber, evitar para o futuro. Muito sofrimento e muita perda de tempo! Pois até então não podia uma alma tornar-se consciente de sua distorção.

Exatamente como sucede com as almas masculinas em corpos femininos, ocorre com as almas femininas em corpos masculinos. Ambas as partes apresentam as mesmas consequências de uma lei uniforme e inflexível.

Uma coisa sobressairá com a observação do ambiente que vos rodeia e que já mencionei: o modo estranho pelo qual as almas femininas nos corpos masculinos se sentem atraídas pelas almas masculinas nos corpos femininos, e vice-versa. Justamente em semelhante contingência, uma mulher com vontade intelectiva mais forte e caráter predominantemente masculino se sente, na maioria dos casos, inconscientemente atraída por um homem com traços de caráter mais delicado.

Nisso reside não só uma procura inconsciente de equilíbrio, mas sim atua a grande lei de atração da igual espécie!

A igual espécie jaz aqui na distorção das almas! Ambas as almas são torcidas e possuem nessa contingência uma verdadeira espécie igual, que se atrai de acordo com a lei.

A atração que o homem sente pela mulher, excluindo disso o instinto sexual, é consequência ou efeito de uma outra lei, e não daquela da atração da igual espécie. Para melhor compreensão é oportuno que eu diga aqui alguma coisa sobre a espécie igual e explique o que se deve entender por espécie igual, pois nisso se encontra o fator decisivo.

A atração da igual espécie não é a única maneira que aparentemente atua atraindo. Nos processos de atração aparente jaz uma grande diferença. A atração da igual espécie, esta grande lei da Criação, é, porém, básica em todas as tendências de união da Criação, seja qual for a maneira pela qual se efetive. Essa grande lei condiciona primeiramente todos esses processos, conduzindo-os e regulando-os também. Paira sobre todos os acontecimentos e age impulsionando dentro deles e através deles, no tecer da Criação inteira.

Por isso, quero primeiramente separar as espécies de atração, conforme a designação de sua verdadeira atuação, isto é, segundo a sua atividade: na verdadeira atração, e no desejo de ligação de partes apartadas de uma determinada espécie, produzido forçosamente por essa grande lei, que tudo domina e condiciona!

Existem, pois, na atuação da Criação uma atração e um desejo de ligação! O efeito de ambos os processos exteriormente parece idêntico. A força interna, que a isso impulsiona, é, porém, totalmente diferente.

A atração resulta de espécies iguais, fechadas em si, e o desejo de ligação reside nas apartações das espécies, que permanecem almejando formar novamente uma espécie!

A sentença estabelecida pelos seres humanos de que os contrários se tocam, ao passo que os polos iguais se repelem, encontra-se por isso apenas aparentemente em contradição com a lei de atração da igual espécie.

Na realidade não há nenhuma contradição nisso, pois a sentença estabelecida pelos seres humanos é válida e certa, quanto ao processo do desejo de ligação das diferentes apartações de espécies, objetivando uma espécie determinada e de pleno valor. Mas unicamente nesse caso! É somente entre as próprias espécies fechadas que a lei de atração da igual espécie, propriamente dita, entra em função, produzindo, para tanto, o efeito impulsionador da procura de ligação, objetivando uma espécie determinada e de pleno valor. Essa lei vibra acima disso e dentro disso.

Até agora o que o ser humano reconheceu, em sua ciência, são somente os pequenos processos entre as apartações das espécies. Ainda não descobriu de maneira nenhuma a atividade e o efeito das espécies propriamente ditas, porque na Terra e em suas proximidades só existem apartações de espécies, isto é, partículas, cujas atuações e efeitos ele conseguiu observar.

Assim também o espírito feminino e o espírito masculino constituem cada um apenas uma apartação de espécie, que procura unir-se à outra, conforme as leis da Criação, portanto, partículas apenas, que mesmo em sua ligação dão somente uma parte para a verdadeira espécie do espiritual!

O aqui mencionado refere-se, por sua vez, somente ao essencial entre o feminino e o espiritual, ao passo que os invólucros da alma e finalmente os invólucros da matéria grosseira são apartações de outras espécies em partes muito menores, que se manifestam segundo a maneira básica do seu desejo de ligação, mostrando nisso determinadas consequências.

O próprio ser humano, por exemplo, não é uma espécie determinada, e sim apenas uma apartação, que tem em si o desejo de ligação.

Mas o seu mau pensar ou o seu mau agir apresenta uma determinada característica que atrai a espécie igual e por ela é atraído! Vedes que de uma apartação de espécie pode sair uma espécie pronta e não acaso somente apartações.

Quero dar aqui ainda uma indicação: na atração da igual espécie se encontra uma bem determinada e imutável condição. Nessa contingência reside também uma força maior, que está ancorada na lei básica. No desejo de ligações das apartações de espécies, porém, existe maior liberdade de movimento, ocasionado por força já diminuída. Por tal motivo, podem as apartações de espécies associar-se de diversas maneiras e assim produzirem efeitos e formas variadas.

Hoje posso apresentar novamente apenas um quadro restrito, pois todos esses pontos desdobram-se aos milhares e não encontraríamos um fim. Se eu não vos abrir um caminho bem determinado, que se adapte ao vosso conhecimento humano, jamais podereis receber uma visão realmente global dos acontecimentos na Criação!

Por isso tendes de seguir-me lentamente. Não deveis tentar dar um passo avante, antes de haverdes compreendido de maneira certa e indelével tudo quanto por mim foi explicado, pois então poderíeis e teríeis de ficar desamparados durante o percurso, não obstante a minha orientação. Prosseguir inconscientemente não vos traz nenhum proveito.

Considerai que me seguis num caminho, pelo qual não voltarei mais convosco. Escalamos juntos uma escada, na qual não deve faltar um único degrau para vós. Subimos degrau por degrau.

Se não vivenciardes corretamente cada degrau, de modo que se tornem realmente familiares para vós, pode suceder que facilmente percais de súbito o apoio, vindo a cair. Se não se tornaram familiares para vós, como algo que vos pertence, ver-vos-eis um dia, talvez já em considerável altura, completamente confusos e não podereis mais prosseguir por falta de apoio seguro sob vossos pés. E voltar também não podereis mais, porque os degraus não se tornaram suficientemente familiares para vós; assim tereis que despencar em queda brusca.

Não tomeis esta advertência e exortação de modo displicente, pois dizem respeito a vossa existência inteira.

 

Abdruschin

 

Dissertação 29 “Almas torcidas” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

O guia espiritual do ser humano

Novembro 01, 2015

Depois que contemplamos o ambiente mais próximo do ser humano terreno, já está preparado o solo a fim de lançarmos também um olhar para a condução que se encontra a seu lado e o auxilia.

Faz-se mister também que seja dito algo a tal respeito, pois exatamente disso e quanto a isso se fala muito disparate entre os seres humanos que ainda acreditam numa condução ou dela sabem algo, que se teria vontade de rir às vezes, se não fosse tão triste.

Triste é, porque mais uma vez mostra nitidamente a constituição do espírito humano em sua esquisita tendência de se considerar muito valioso, custe o que custar. Não acredito que seja preciso apresentar exemplos a tal respeito, pois cada um dos meus ouvintes já deve alguma vez ter travado conhecimento com tais indivíduos, que falam de sua “elevada” condução ou do próprio guia, que querem intuir nitidamente e… no entanto, não agem segundo sua leve pressão.

Isto eles não dizem, mas juntamente aqueles que tanta coisa contam de sua condução e que julgam viver em camaradagem confidencial com ela, agem raramente, ou só pela metade, segundo a vontade de sua condução; na maioria das vezes, no entanto, de maneira alguma. Em se tratando de tais indivíduos, pode-se quase que seguramente contar com isso. É-lhes apenas um agradável entretenimento, nada mais. Comportam-se mais ou menos como crianças muito mimadas, vangloriando-se com isso e querendo mostrar, em primeiro lugar e principalmente, quanto trabalho se dão os “de lá de cima” por causa deles.

Seu guia é naturalmente sempre uma personalidade “muito elevada”, quando não prefiram pressentir nisso um parente muito amado e carinhoso que se preocupa muito com eles. Em mais de mil casos deve ser, porém, o próprio Jesus, que da Luz desce para eles, a fim de adverti-los ou, elogiando, fortalecê-los, sim, que também às vezes, interrogado, fala de modo favorável ou desfavorável de pessoas bem conhecidas deles.

Então falam disso de bom grado, com temor cheio de veneração, mediante o que se pode desde logo reconhecer que essa veneração não se refere ao Filho de Deus, e sim à circunstância de terem sido pessoalmente dignos de um tal cuidado. Usando palavras claras: veneração de si próprios!

Cada ser humano a quem tais indivíduos fazem confidência, e eles insistem em comunicar isso ao maior número possível de pessoas, pode reconhecer sem demora a verdade do que afirmei a respeito, se colocar em dúvida tais comunicações! Então esses palradores mostram-se magoados, facto esse que só pode decorrer de suas vaidades feridas!

Estais liquidados para eles ou “por baixo”, conforme diz tão pitorescamente a linguagem popular, falando da disposição dos tais magoados. Somente com desdém olham para vós.

Também é certo que depois se informam junto a sua condução a respeito de vós, tão logo se apresente uma oportunidade; e com muita satisfação acolhem a resposta, que outra não é senão a que já esperavam, pois esse guia é ao mesmo tempo amigo deles e caso não seja o próprio Filho de Deus, segundo sua opinião, então veem em seu guia mais o zeloso criado particular, a quem confiam tudo, pois já sabe e apenas aguarda ensejos para confirmar ou dar os indispensáveis conselhos.

[…]

Minhas explicações nada têm a ver com as inúmeras e confusas tagarelices dos pequenos médiuns, falo apenas a respeito de conduções sérias, e não de tagarelas, que podem ser encontrados também entre aqueles falecidos, que povoam densamente o ambiente mais próximo desta Terra de matéria grosseira. Isso constitui um outro capítulo, do qual nos ocuparemos em outra oportunidade mais minuciosamente.

Dou-vos somente aquilo que possa ser realmente útil e que por isso vos conduz para cima. Nos setores, que não precisais conhecer de perto, tocaremos apenas de leve. Por enquanto nem merecem ser mencionados.

Que os seres humanos gostam tanto de ocupar-se justamente com isso, e prefiram ouvir falar disso, é apenas um triste sinal do baixo nível espiritual atual. Deixai de lado tais entusiastas, que só querem deleitar-se ou envolver-se em presunçoso bem-estar, onde jamais pode haver uma ascensão, nem uma possibilidade para isso. Tagarelas do Além somente vos afastam da atividade séria, bem como do pensar sério, pois se trata de uma peculiaridade deles, visto que também eles desperdiçam e malbaratam seu tempo, ao invés de aproveitá-lo cheios de gratidão. Levarão um grande susto, quando de repente, reconhecendo, têm de resvalar para baixo, por serem totalmente imprestáveis para os novos tempos.

Resumindo, quero dizer-vos mais uma vez:

Primeiramente se trata somente de auxiliares que, devido à igualdade com os vossos erros, puderam deixar-se ligar a vós; somente mais tarde, quando já não tiverdes de carregar erros e apenas possuirdes o anseio pelas alturas luminosas, então entram em consideração para vós legítimos guias, que são ligados a vós devido à igualdade de vossos predicados e virtudes.

Estes, na verdade, passam então a conduzir-vos para cima, fortalecendo vossas virtudes e atuando sobre vós por meio de sua grande força, como um poderoso imã.

Somente estes são então os guias que podeis realmente denominar guias! Seguram-vos já agora firmemente, de maneira misteriosa e completamente desconhecida de vós, porque a sua força perpassa os Universos. Mas logicamente seguram apenas aqueles que ainda trazem em si virtudes vivas, não demasiadamente soterradas.

Destes guias, porém, não podeis falar ainda aqui na Terra, pois para vós, antes de mais nada, os auxiliares ainda têm de desenvolver sua atividade, a fim de apoiar-vos, para que possais limpar vossas vestimentas de toda a sujeira que atraístes. Todos os auxiliares, porém, ainda têm, eles próprios, que resgatar, o que se dá na ajuda concedida a vós.

Acima de todos eles, entretanto, já se encontram os verdadeiros guias, esperando-vos e segurando-vos nesse ínterim, para não cairdes nem naufragardes durante a vossa grande purificação.

Também aqui tudo se efetiva de acordo com a lei de atração da igual espécie! São os primordialmente criados, que tão poderosamente atuam.

Aquele primordialmente criado, por exemplo, que corporifica o heroísmo, atua dessa forma sobre todos os posteriormente criados que trazem em si o heroísmo como virtude, e os outros, por sua vez, em sua bem determinada espécie.

Para cada espécie existe sempre no reino espírito-primordial um determinado primordialmente criado. Em sua irradiação ele atua então sobre grupos de igual espécie que se encontram ainda no espiritual primordial, mais abaixo. E descendo mais ainda, existem também no Paraíso grupos de todas as espécies, entre os perfeitos dos espíritos humanos criados posteriormente e desenvolvidos, e de lá se estendem então as irradiações sempre mais para baixo, para toda a Criação posterior, para aqueles onde ainda podem obter ligação.

Assim se encontra no espiritual primordial, no ponto mais elevado para as virtudes, somente uma personificação, que nisso é guia para todos os espíritos humanos da mesma espécie! E somente esses poucos são os verdadeiros guias, mas somente na mais pura e abrangedora objetividade por meio de sua irradiação, nunca pessoalmente.

Também isto já foi dito claramente na Mensagem.

Jamais pode o ser humano, portanto, designar um primordialmente criado como seu guia pessoal. Seria errado. E muito menos ainda Jesus, o Filho de Deus.

Compenetrai-vos, seres humanos, de que a respeito dessa grande e verdadeira condução só os que estão realmente despertos podem sentir algo no verdadeiro saber, o qual proporciona a convicção. E nem todos que disso se vangloriam estão realmente despertos no espírito e com isso nascido de novo!

É muito melhor que faleis primeiro dos auxiliares, que se acham muito mais perto de vós do que os vossos guias, e que vos trazem grande proveito nos imensos esforços que despendem por vós! Estendei para eles com gratidão e alegremente a vossa mão e ouvi suas advertências, que constituem uma parte de vossa consciência!

 

Abdruschin

 

Dissertação 30 “O guia espiritual do ser humano” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III

Fios de Luz sobre vós

Novembro 01, 2015

Juntai as dissertações que vos dei a respeito do enteal e do ambiente mais próximo dos seres humanos terrenos, nas quais falei do ondular e tecer que vos rodeiam constantemente, e procurai observar as ditas dissertações em conjunto, como um só quadro.

Absolutamente não é tão difícil assim. De maneira rápida e fácil podereis reconhecer nisso as conexões que aí existem entre si e com vós próprios. Colocai, como num jogo de armar, tudo em movimento, através de vossa capacidade de imaginação; primeiro nos efeitos isolados em diversas direções, um após o outro, e por fim agindo conjuntamente um dentro do outro; e vereis como com o tempo o quadro se desenrolará de modo vivo perante vós.

Procurai ver então como todo e qualquer pensamento e querer mau corre como sombra através do tecer, turvando com maior ou menor intensidade as áreas claras e destruindo aqui e acolá a beleza, ao passo que todo puro e bom pensamento ou querer atravessa iluminando os fios, espalhando beleza e brilho ao longo dos caminhos percorridos.

Tal mecanismo tornar-se-vos-á tão familiar, que constituirá para vós um apoio, fazendo-vos pensar, querer e, finalmente, também fazer apenas o bem.

Não poupeis esforços para tanto, pois disso vos advirá rica recompensa, que ninguém poderá diminuir. E quando afinal tiverdes o quadro em movimento diante de vós, acrescentai-lhe então ainda algo que lhe dê remate e moldura condigna do quadro.

Imaginai no lugar do teto fios luminosos e delicados que pendem como um fino e transparente véu acima do “tecer ao vosso redor” e do qual emana um perfume delicioso capaz de fortalecer e vivificar de maneira singular, tão logo uma pessoa se capacite a senti-lo conscientemente, dando-lhe atenção.

Trata-se de incontáveis fios, com múltiplas possibilidades de aproveitamento, e que se acham sempre prontos a baixar sobre aqueles lugares que mostrem anseio por eles.

Caso no movimento inferior apareça uma fagulha em qualquer lugar, evidenciando um anseio, um pedido ou um forte desejo, os fios de uma espécie igual estendem-se imediatamente em direção a essa fagulha, unindo-se magneticamente com ela, fortalecendo-a para que se torne mais luminosa e clara, e consequentemente afastando em sua volta rapidamente tudo o que é mais escuro e turvo. E quando a fagulha se inflama, tornando-se uma chama, queima todos os lugares que ainda ligam aquele fio grosso com as trevas ou com o mal, e por onde a fagulha procurou desenvolver-se. Por causa disso aquele fio grosso será rapidamente libertado de tudo que o segurava em baixo.

Mas somente desejos ou pedidos luminosos e puros podem obter ligação com os fios luminosos, continuamente suspensos acima do movimento que cerca constantemente uma alma humana ou uma criatura humana terrena. Desejos trevosos jamais encontrarão apoio aí, visto não poderem criar a ligação necessária.

 A ligação desses fios, provenientes do enteal, efetua-se para cada ser humano terreno através do invólucro ou corpo de matéria grosseira mediana, que se costuma chamar corpo astral. Este é adequadamente transpassado pelas irradiações da alma, em cada uma de suas manifestações. Se as manifestações da alma são de categoria escura, os fios luminosos que pendem sempre prontos não encontram nenhuma passagem para o auxílio. Somente quando há manifestações luminosas pode o corpo astral irradiar de tal forma, que se abre espontaneamente para aqueles fios vindos de cima e que são da mesma espécie que as respetivas manifestações da alma.

Assim, pois, esse corpo astral de matéria grosseira mediana é a verdadeira porta de ingresso e saída da alma. Na realidade, agem os citados fios, pois, no plano de matéria grosseira mediana, que denominamos plano astral, e atuam por meio dele, conforme a espécie de sua incandescência.

Imaginai bem tudo isso. É tão simples, e ao mesmo tempo tão seguro e justo, que é impossível qualquer pensamento ou desejo para o bem permanecer sem auxílio. Tudo é tão facilitado ao espírito humano. Demasiadamente fácil para que ele, em sua maneira esquisita, ainda saiba apreciar devidamente o valor que esses fenómenos merecem e encerram.

Contudo, para que em vossa capacidade de imaginação não fique nenhuma lacuna, quero mostrar-vos também a origem desses fios, do contrário considerá-los-íeis pendurados ainda no ar, o que é impossível, visto que nesta Criação tudo possui e tem de possuir um bem determinado ponto de origem, sem o qual não poderia existir.

Tais fios são as irradiações de muitos mediadores enteais, os quais, em sua atividade, ainda não se tornaram bem familiares para vós, mas que já eram bem conhecidos de povos antigos.

Assim como vós, na qualidade de espíritos humanos, deveis na Terra ser coletores e em seguida mediadores para a transmissão de todas as irradiações daqueles espíritos humanos, que mais amadurecidos do que vós se encontram em planos mais elevados da Criação, e os quais, por sua vez, fazem a mesma coisa em ligação com outros espíritos humanos ainda mais elevados, mais amadurecidos e mais luminosos, até que, finalmente, através disso se efetue a ligação com o Paraíso, onde os espíritos humanos perfeitos e completamente desenvolvidos desta Criação posterior vivem em alegre atividade e que, da mesma forma, têm contacto superior, através de uma cadeia de mediadores, com os mais perfeitos dos primordialmente criados no espiritual primordial; da mesma forma e em escala igual, acontece também com todos os enteais que atuam convosco auxiliando na Criação inteira, porém sempre meio degrau acima de vós.

O que nisso desenvolve atividade, em redor ou abaixo de vós, encontra-se em parte certamente também ligado a vós, porém não daquela mesma maneira. Atenhamo-nos primeiramente àqueles fios que eu mencionei.

Os fios são tão multilaterais, que nada existe onde o ser humano terreno, e também a alma já distanciada da Terra, não pudessem encontrar e receber ajuda, fortalecimento, consolo e apoio no momento em que o seu ansiar ou rogar por isso dispuserem de uma bem determinada força, no verdadeiro querer. Não antes, pois palavras formadas jamais conseguem sozinhas estabelecer a ligação. E nem qualquer pensamento fugaz.

Tem de ser um ardente, legítimo e verdadeiro anseio ou desejo, sem cálculo interesseiro, sem espera de recompensa, sem qualquer coisa aprendida que, contudo, nunca pode vir realmente do coração ou da alma, pois para isso a palavra terrena formada já ata forte demais. A palavra terrena apenas pode dar o rumo ao querer de uma alma, abrir uma estrada para o caminho por onde queira seguir a intuição, mas não deve nunca bastar por si como um todo.

Quando o ser humano não pode reunir os dois, a palavra com o seu querer, quando tem de pensar sobremodo, a fim de dar forma certa às suas palavras, então será melhor apenas orar e agradecer, ou rogar com a intuição, sem palavras! Então, certamente será mais puro! A palavra formada turva facilmente demais, restringindo cada intuição.

Será mais belo e também mais forte, se puderdes abandonar as vossas palavras e deixardes surgir em seu lugar apenas uma imagem espiritual, onde possais derramar o sentimento intuitivo grande e puro! Deveis experimentar o que vos seja mais fácil e que não vos restrinja.

[…]

Como tereis de envergonhar-vos, quando o reconhecimento chegar! Vós, seres humanos, sois absolutamente os únicos que não transmitem direito o recebido, e que neste caso também falharam completamente como mediadores, porque já faz muito tempo que não sois capazes de receber.

A tal respeito já não há muita coisa a dizer. Tristes se quedam todos os mediadores da entealidade, que estão em ligação convosco, ó seres humanos. Acusadoramente levantam os fios, que também a eles, através da utilização pelos seres humanos terrenos, deveriam trazer correntes recíprocas, as quais vivificam com o mais belo colorido a unilateralidade da irradiação isolada, deixando-a dessa maneira fortalecer-se e incandescer-se de modo mais poderoso e benfazejo ainda. Os fios secaram nas extremidades e definharam.    

Apenas aqueles mediadores que se encontram em ligação com animais, plantas e pedras ainda se mantém firmes e alegres, pois seus fios de irradiação estão esticados no circular da reciprocidade, através do dar e receber, que também tem de residir nisso, obedecendo alegremente à lei da Criação, gratos por ter sido dada a possibilidade para isso, no Amor Universal de Deus, que nisso se revela.

Por incentivardes o pensar erróneo, abristes um rasgão feio e prejudicial no quadro que mostra aquela parte do tecer da Criação, que está mui estreitamente ligada a vós. Desse modo espalhais coisas feias em redor de vós, seres humanos, por onde quer que estejais e andeis. Até onde vossos pensamentos puderam alcançar, lá destruístes a harmonia, e com isso a beleza e também a possibilidade do amadurecimento conforme as leis.

Muito tendes de responder e também expiar.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 31 “Fios de Luz sobre vós” da obra “Mensagem do Graal” Na Luz da Verdade, volume III

A Rainha Primordial

Novembro 01, 2015

Desde muito vibra nos seres humanos um saber a respeito da Rainha primordial, designada por alguns também Mãe primordial ou Rainha do céu. Há ainda muitas outras denominações e, como sempre, os seres humanos imaginam com a denominação algo bem determinado, que corresponde mais ou menos à respetiva denominação, a qual somente serve para despertar um quadro no espírito.

Tal quadro se orienta sempre naturalmente de acordo com a respetiva espécie de uma denominação e não por último também fortemente de acordo com o caráter e grau de cultura da pessoa que, ao ouvir, deixa surgir em si o quadro. Sempre, porém, cada denominação diferente deixará surgir também um quadro diferente. Nem pode ser de outra maneira com o espírito humano. A denominação verbal desperta um quadro, que, por sua vez, forma a seguir o conceito. Nessa sequência jaz o círculo de movimentação do ser humano terreno ou, melhor dito, do espírito humano encarnado na Terra.                                                                                

Após partir desta Terra, cai para ele também a denominação verbal, como é condicionada e conhecida durante a permanência na Terra, permanecendo-lhe ainda o quadro, que nele então tem de formar o conceito.

A palavra terrena e o quadro que surge no espírito são, portanto, para o espírito humano, os meios auxiliares para a formação do conceito. A tais meios auxiliares juntam-se ainda finalmente a cor e o som, para completarem direito o conceito. Quanto mais alto o espírito humano subir na Criação, tanto mais forte sobressaem a cor e o som em seus efeitos; na realidade, não são duas coisas separadas, mas sim uma só. Para o ser humano parecem ser duas, porque em sua condição terrena não está capacitado a abrangê-las como uma só coisa.

A coparticipação da cor e do som na formação de um conceito também já encontramos aqui na Terra, nesta matéria grosseira, mesmo que proporcionalmente seja esboçado somente de modo fraco, pois muitas vezes, na formação do conceito a respeito de uma pessoa, a escolha das cores para seu ambiente e seu vestuário, mesmo que inconsciente na maioria dos casos para os seres humanos, representa um papel que não deve ser subestimado. 

E no falar, através da entonação alternada, utilizada involuntariamente ou também de maneira propositada, fica este ou aquele dito formalmente sublinhado, evidenciado e, conforme se diz muito bem: “acentuado”, a fim de despertar com o que foi dito uma “impressão” bem determinada, o que não significa outra coisa senão querer deixar surgir com isso o conceito certo nos ouvintes.

Na maioria dos casos isso também é alcançado, porque de facto facilita aos ouvintes, com a entonação correspondente, formarem uma melhor “noção” referente ao dito.

De maneira diferente não é também quanto ao efeito das diversas denominações a respeito da Rainha primordial. Com a denominação Rainha primordial surge uma imagem bem diversa da que decorre com a denominação Mãe primordial. Também a expressão Rainha primordial cria desde logo uma certa e justificada distância, ao passo que a expressão Mãe primordial quer ligar mais intimamente.

De mais a mais, tudo a esse respeito terá de permanecer sempre para os seres humanos um vago conceito, visto cada uma de suas tentativas para discernimento só poder redundar em imensa restrição e diminuição do que é verdadeiro, não lhe transmitindo aquilo que é!

[…]

Todavia, quero falar-vos da Rainha primordial!

No Divino, entre os arcanjos e aqueles que se tornaram autoconscientes, os eternos, denominados anciãos, e que têm sua existência diante dos degraus do trono de Deus, lá, onde o Supremo Templo do Graal se acha na esfera Divina, ocorre necessariamente uma transformação que abrange mundos.

Não deveis imaginar o quadro pequeno demais. Distâncias que abrangem Universos existem entre os arcanjos e o ponto de saída da esfera Divina, onde o Supremo Templo do Graal no Divino está ancorado desde a eternidade, onde, portanto, é o limite do efeito imediato das irradiações de Deus.

Os degraus do trono de Deus até aí já abrangem por si só distâncias de Universos e, na verdade, também Universos.

Conforme vós próprios podeis concluir após alguma reflexão sobre minha dissertação “Mulher e Homem”, é necessário que, em cada transformação na Criação exista incondicionalmente a feminilidade, como ponte! Essa lei não é transgredida nem na esfera Divina.

Os anciãos eternos no Divino, que no limite da esfera Divina puderam tornar-se autoconscientes porque a grande distância da imediata proximidade de Deus o permitiu, não poderiam existir, tampouco poderia haver a formação dos arcanjos, se antes não houvesse a Rainha primordial, na qualidade de feminilidade primordial, como medianeira para essa transformação e formação, como ponte necessária. 

Naturalmente isso nada tem a ver com a maneira e o pensar terrenal de matéria grosseira. Não há nisso nada de pessoal, absolutamente, mas encerra acontecimentos bem maiores, que certamente jamais podereis imaginar. Precisais procurar seguir nisso, conforme vos é possível.

Elisabeth é a primeiríssima corporificação das irradiações Divino-enteais, que como única dentro delas tomou a forma feminina mais ideal. Ela é, portanto, a configuração primordial da irradiação do Amor de Deus, que nela se manifesta como primeira forma!

Jesus é a forma do próprio Amor vivo e inenteal de Deus, como uma parte de Deus.

Apenas falo dessas coisas para que não vos surja nenhuma imagem falsa e para que ao menos possais pressentir a conexão além daquele ponto onde vós, em vossa compreensão progressiva, tendes de permanecer estacionados, se tomardes como base que as leis também mais acima continuam uniformes, já que elas promanam de lá. São até mais simplificadas, porque somente mais tarde, seguindo para baixo, nas muitas apartações, também têm de fragmentar-se e por isso parecem muito mais ramificadas do que são na realidade.

Quando vos digo que cada intuição, cada movimento lá em cima se torna um acontecimento, que faz irradiar o seu efeito para todos os mundos, descendo sobre bilhões de personalidades menores, ao lado de tudo o que é material, assim estas palavras deficientes que eu vos posso dar a respeito são somente palavras de vosso próprio idioma, com as quais tendes de procurar formar uma imagem.

A grandeza real do facto em si é completamente impossível de reproduzir em palavras, mal pode ser esboçada.

Lá se encontra, portanto, a Rainha primordial.

Ela tem sua origem no Divino, possui o grande Divino-enteal dos arcanjos e traz em si, apesar disso, a autoconsciência na forma mais pura. Ao lado dela encontram-se os arcanjos e, mais para baixo, os eternos jardins de todas as virtudes, nos quais age uma configuração principal em cada um, e como o mais alto deles o jardim da pureza, do “lírio puro”, aos pés da Rainha primordial, emanado de suas irradiações.

Na parte mais baixa dessa esfera Divina encontram-se então os anciãos, que somente são chamados dessa maneira porque são eternos e assim sempre foram, desde a eternidade, da mesma forma que o Supremo Templo do Graal no Divino, como ancoragem da irradiação de Deus, a qual, tal como Ele, foi e é eterna, como também é Elisabeth, a rainha primordial da feminilidade.

Todavia ela é virgem! Apesar de ser chamada Mãe primordial e Parsival chamá-la de mãe. Um mistério Divino, que o espírito humano jamais conseguirá compreender, por se achar demasiado distante de tudo isso e assim tem de permanecer sempre. Ela é no Divino a imagem primordial de toda a feminilidade, de acordo com a qual se formou a feminilidade dos primordialmente criados, como cópias.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 32 “A Rainha primordial” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III

O circular das irradiações

Novembro 01, 2015

Tenho ainda muita coisa a esclarecer a respeito dos enteais grandes e maiores, sem falar por enquanto dos pequenos auxiliares desses grandes, pois dos pequenos e dos ainda menores há tal número, que nem podeis imaginar.

Muitas vezes chego a perder o ânimo, quando procuro imaginar de que maneira vos devo explicar tudo isso, utilizando as palavras disponíveis do idioma, sem que percais a grande visão, e principalmente de tal maneira, que, apesar disso, compreendais integralmente as conexões.

É exatamente a grande simplicidade existente na multiplicidade inapreensível para vós, que torna o caso tão difícil, porque o ser humano terreno só é capaz de ver com nitidez determinado número de coisas, de forma que nunca pode chegar à situação de abranger ao mesmo tempo o conjunto como uno, donde resulta a simplicidade.

Cada separação aí em diversas partes tem de dificultar-vos a necessária visão do todo, pois cada parte já é tão grande por si e se acha tão estreitamente ligada com as outras através de efeitos recíprocos, que uma verdadeira parte isolada nem pode haver, porque não existem partes isoladas nesta Criação, que é um todo por si!

E o ser humano não pode abranger com a vista o todo, jamais poderá, porque lhe falta a faculdade para isso, visto que também ele somente é uma parte, aliás mínima, da Criação, que não pode ultrapassar seus próprios limites, naturalmente nem mesmo na compreensão.

Por isso vejo-me obrigado a ficar nesses vossos limites, e só posso dar-vos perspetivas de tudo ou a respeito de tudo quanto é e tem de permanecer inacessível para vós. Nisso, todo o empenho é inútil.

Quando, porém, em vosso saber vos tiverdes finalmente conformado com o facto de que não sois capazes para tudo na Criação, então também possuireis humildade e estareis felizes com aquilo que obtivestes de ampliação do vosso saber de até agora, por intermédio da minha Mensagem.

Ocupar-vos-eis então com o presente e com o vosso ambiente mais próximo muito mais minuciosamente do que até agora, porque aprendereis a conhecer e a utilizar tudo através de todas as perspetivas inatingíveis para vós, que eu pude dar, as quais, porém, deixam reconhecer nitidamente a estreita conexão que existe entre vós e aquilo que vos rodeia.

E é disso que necessitais, para entenderdes e utilizardes com proveito o presente. Com proveito para a ascensão!

As perspetivas podem levar-vos para cima, até os mais altos limites que jamais sois capazes de alcançar. Exatamente porque vos faço entrever o que para vós é inatingível, conseguireis utilizar-vos de tudo aquilo que aqui vos é dado, e do que ainda não conhecíeis muita coisa.

Precioso para vós é esse saber das conexões de vossa existência com tudo quanto se acha acima daquele limite, que ficará sempre rigorosamente determinado para vossa compreensão, devido à origem do vosso espírito.

É justamente isso que quero dar-vos com a mensagem: o saber das conexões! Quem procurar com seriedade e com vontade realmente sincera ganhará muito com isso. Aprendereis ainda a reconhecer o valor de tudo, pois aquilo que os seres humanos até agora denominaram saber, mal chega a ser a centésima parte daquilo que realmente poderiam saber. O limite do saber da humanidade em relação a toda a Criação é sem dúvida pequeno, porém, em comparação ao saber atual, duma grandeza que nem podeis imaginar e que se aproxima do milagroso.

E para que alcanceis esses limites máximos, as perspetivas daquilo que vos permanece sempre inatingível só vos ajudam, se eu descrever as vossas conexões com isso, bem como as de vossos ambientes. O saber disso proporcionar-vos-á, com o tempo, a possibilidade de reconhecerdes exatamente as leis dentro da parte dos vossos limites, o que sem essa ajuda, da transmissão das conexões com o que vos é inatingível, teria de permanecer impossível.

Procurai entender-me nisso agora e reconhecei aquilo que vos quero dar! Não ultrapasseis o real, pois só vos quero dar aquilo que pode favorecer-vos dentro dos vossos limites e ser-vos útil; não mais. Algo mais não teria nenhuma finalidade para a humanidade!

Por conseguinte, não vos tortureis com a ideia de querer transformar tudo isso em vosso saber, tudo quanto para vós jaz inatingível! Não o conseguireis nunca, e nem vos falo disso para que dirijais nesse rumo o vosso saber ou para que vos tortureis com inúteis tentativas de abranger tudo de modo total e real! Isso não podeis absolutamente, nem o dou nesse sentido, mas sim recebê-lo-eis de mim com aquela finalidade de aprenderdes a conhecer todas as conexões, que de lá se dirigem para vós.

Quando mais tarde estabelecerdes esse saber das conexões como alicerce orientador e inabalável para as vossas futuras pesquisas e a vontade de encontrar algo, então subireis mais alto em todas as capacitações e realizareis feitos em todos os campos, feitos esses que deixarão na sombra tudo quanto até agora pudestes realizar.

Seres humanos, vossas obras-primas devem assim ainda surgir, e vós podereis realmente criá-las dentro dos limites que vos foram demarcados e que nunca são transponíveis! Mas os limites são na realidade tão vastos para vós, que deveis rejubilar-vos com isso e agradecer a Deus por toda a graça que Ele vos proporciona.

Deveis, portanto, permanecer no terreno e solo de toda a humanidade no pensar e no agir e em todos os deveres para com vosso Criador. Nada mais será exigido de vós, pois nisso reside o mais sublime que podeis oferecer-Lhe como gratidão, e tudo quanto a tal respeito vós fizerdes será também para Sua honra!

Pois nos maiores feitos em que, como seres humanos, deveis e podeis tornar-vos mestres, jazem simultaneamente o oferecimento e a apresentação do agradecimento ao Criador, por vos ter concedido realizar tais coisas grandes através de Sua Vontade na Criação, que encerra Suas leis.

[…]

Esforçai-vos, pois, em compreender direito a minha Mensagem e em agir de acordo com ela.

Não tenho a intenção de apresentar-vos tudo comodamente analisado nos pormenores, pois vós próprios tendes de movimentar-vos e contribuir com aquilo que se acha ao vosso alcance.

Os limites de tudo quanto é possível aos espíritos humanos pensarem, intuírem e agirem, eu conheço exatamente, melhor ainda do que vós próprios, e espero dos leitores e ouvintes da minha Mensagem e de meus esclarecimentos o máximo do que é capaz o ser humano da Criação posterior, se realmente quiserem seguir-me, pois assim estará certo e será proveitoso para vós, segundo a Vontade de Deus, que exige movimento e vibração em conjunto, no circular de todas as irradiações que atravessam a Criação.

Animai-vos, por isso, nesse sentido! Vós é que deveis fazer aquilo que nos limites de vossa compreensão for possível assimilar. Deixo isso inteiramente para vós, apenas indico o rumo, construindo fundamentos sobre os quais deveis e podeis continuar a construir.

Se quiserdes omitir preguiçosamente o vosso próprio trabalho e se vos contentardes em receber tão-somente o sentido da Mensagem, sem aproveitá-lo de maneira certa para continuar a construir, então não tereis nenhum proveito da Palavra, pois o valor real terá de permanecer-vos fechado como um livro a sete selos.

Só mediante a vossa própria movimentação abrir-se-á também para vós a Mensagem, e rica bênção derramar-se-á sobre vós. Sede, portanto, ativos no espírito! Dou-vos o estímulo para isso através da minha Palavra!

 

Abdruschin

 

Excerto da dissertação 33 “O circular das irradiações” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III

Evitai os fariseus

Novembro 01, 2015

A expressão fariseu tornou-se um conceito que nada de bom encerra em si, mas sim significa uma associação de vaidade espiritual, hipocrisia, astúcia e às vezes também perfídia.

Indivíduos que merecem essa denominação vós os encontrais hoje por toda a parte, em todos os países e em todos os círculos.

Isso nada tem a ver com raças ou nações, e há deles hoje muito mais do que antigamente. Toda a profissão demonstra possuir os seus fariseus. A maioria, porém, pode ser encontrada lá, onde também já em todos os tempos podiam ser encontrados em grande número: entre os servos e os representantes dos templos e das igrejas.

E esquisito: onde quer que algum mensageiro da Luz teve de anunciar a Verdade, segundo a lei de Deus, sempre foi atacado, conspurcado, caluniado e perseguido em primeiro lugar pelos representantes e servidores dos cultos religiosos vigentes, que alegavam servir a Deus, bem como pelos seres humanos, que até se atreviam a ser representantes da Vontade Divina.

Isso sempre foi assim, desde o mais simples curandeiro e feiticeiro, até os mais altos sacerdotes. Todos, sem exceção, sempre se sentiram ameaçados pela Verdade, e agitavam por isso às escondidas ou instigavam abertamente contra cada ser humano que fora designado, agraciado ou enviado por Deus, a fim de trazer Luz a esses seres humanos terrenos.

Contra esse facto irrefutável não adianta qualquer negação, qualquer deturpação, qualquer atenuação, pois a história do mundo é testemunha disso. De maneira clara, inequívoca e inapagável, ela testemunha que isso nunca foi diferente e que em nenhum dos muitos casos houve uma exceção. Sempre, mas sempre, foram justamente os sacerdotes os mais ferrenhos adversários da Luz e por conseguinte inimigos de Deus, cuja Vontade não quiseram respeitar, pelo contrário, sempre combateram, opondo-lhe seu próprio querer.

Que adianta se depois vinha, às vezes, o reconhecimento, frequentemente quando para muita coisa já era demasiado tarde.

Isso apenas prova, ao contrário, que exatamente os sacerdotes nunca estiveram em condições de reconhecer em tempo certo a Verdade e a Luz.

O reconhecimento se encontrava sempre somente com alguns elementos do povo, mas não com os sacerdotes ou com aqueles que se ocupavam de maneira puramente profissional com a vontade de reconhecer Deus.

E esses poucos elementos do povo mantinham-se firmes até que mais tarde também os sacerdotes julgavam mais prudente seguir conforme a maneira deles, a fim de não perderem a supremacia. Os servidores e os representantes de uma crença nunca receberam de bom grado e com alegria um mensageiro de Deus. Significativo é o facto de que nem tais mensageiros nem o Filho de Deus puderam sair de suas fileiras! E é esquisito que nenhum ser humano reflita que o próprio Deus nisso sempre pronunciou a Sua sentença, mostrando assim nitidamente a Sua Vontade.

Experiências milenares confirmam continuamente que os sacerdotes nunca foram capazes de reconhecer a Verdade de Deus, mas sempre se fecharam em sua presunção diante dela; às vezes também por medo ou por indolente comodismo. Também confirmaram isso constantemente, porque sempre combateram cada mensageiro de Deus com os meios mais sórdidos que um ser humano é capaz de aplicar. Quanto a isso nem se pode discutir, pois o passado se encarrega de mostrar as mais irrefutáveis provas!

De todas as maneiras, e mesmo com o Filho de Deus. Também não foi o amor pela humanidade que incitou os sacerdotes, mas inveja profissional, nada mais! A verdade incomodava-os, porque nunca ensinaram fielmente a Verdade, que eles próprios não conheciam.

E para reconhecer que muito ainda não sabiam e por essa razão espalhavam conceções erradas em algumas coisas, para isso eram humanamente demasiado fracos e também incapazes, devido à preocupação de que seu prestígio pudesse ser abalado com isso.

Aprofundai-vos em pesquisas sérias da história mundial e verificareis que nunca foi diferente. Mas ser humano algum quis tirar disso uma lição. Ninguém deixa que isso sirva de advertência, porque o facto, constantemente igual, mostra-se sempre numa forma nova, de maneira que o ser humano pensa, novamente por comodidade, que justamente agora, em sua época, seja diferente. Mas conforme se deu antes, continua sendo ainda hoje. O presente não mostra qualquer diferença com relação ao passado. A tal respeito nada mudou; pelo contrário, ainda se agravou mais!

Ide perguntar às criaturas humanas sinceras que servem à igreja, e que apesar disso ainda têm coragem de confessar abertamente os seus sentimentos íntimos, aquelas que não têm receio de ser honestas para consigo mesmas… todas terão de confessar que ainda hoje a igreja quererá arrasar qualquer criatura humana, agitando contra ela, caso possa pôr em perigo os dogmas rígidos que apoiam as igrejas! Da mesma forma, se Jesus Cristo de súbito aparecesse caminhando novamente entre elas, como homem terreno, com a mesma aparência de outrora! E se Jesus não concordasse que elas em sua maneira possuem a única concessão certa, tratá-lo-iam logo como inimigo, e nem hesitariam em acusá-lo outra vez de blasfemador contra Deus! Lançar-lhe-iam imundícies, não deixando faltar as torpes difamações.

Assim é, e não de outra forma! O motivo de tal atuação errada não é, porém, o anseio de honrar a Deus Todo-poderoso, mas sim a luta pela influência humana, poder terrenal e sustento terreno!

Vós, seres humanos, porém, não tirais quaisquer conclusões úteis, para vós mesmos e para vossas pesquisas, desses muitos factos, os quais, pois, são tão facilmente reconhecíveis, já pelas brigas de todas as igrejas entre si. Levianamente vos conformais com isso.

Não penseis que também deus em Suas leis sagradas vos deixa passar! Sereis despertados de súbito e rudemente dessa preguiça irresponsável!

O segundo círculo dos inimigos da Verdade é constituído pelos presunçosos espirituais não pertencentes à casta sacerdotal.

São os vaidosos por quaisquer motivos. Trata-se por exemplo de um ser humano que talvez, segundo sua índole, tenha tido uma experiência vivencial íntima, não importa por que motivo. Não precisa ter sido sempre sofrimento, pode ser às vezes alegria, algum quadro, alguma festa; em suma, estímulos, para isso existem muitos.

Nesse único facto, que o comoveu tanto, ele se agarra, não percebendo que tal vivência mui provavelmente surgiu dele mesmo, nem sendo, por conseguinte, uma vivência verdadeira. Contudo, ele procura o quanto antes soerguer-se acima dos seus semelhantes com a autotranquilização: “Tive minha vivência e sei portanto que me encontro no verdadeiro reconhecimento de Deus!”

Mísero ser humano. A vivência de um espírito humano tem de ocorrer de milhares de maneiras, se ele quer realmente amadurecer para um reconhecimento mais elevado! E um tal indolente espiritual, que se julga um espírito humano terreno superior, guarda firmemente em si, como que num relicário, uma única vivência e procura não largá-la, porque pensa que com isso já aconteceu tudo e que ele já fez bastante em prol de sua vida. Os tolos, que assim agem, chegarão agora ao despertar, pois têm de verificar que dessa maneira dormiram.

Está certo, sim, se um ser humano alguma vez tem uma vivência, mas isso ainda não é o suficiente. Não deve parar, tem de continuar a andar constantemente, tem de permanecer ativo no espírito. Nesse caminho, então, logo teria constatado que sua vivência fora apenas uma transição, a fim de despertar para o reconhecimento verdadeiro.

Assim, porém, floresce nele a presunção espiritual, julgando-se superior aos outros que não seguem seu caminho e pertencem a outras crenças.

O ser humano tem de continuar, continuar em seu caminho através da Criação, e continuar sempre também no reconhecimento de tudo quanto encontra na Criação. Nunca deve sentir-se a salvo e vangloriar-se de uma vivência que lhe atingiu alguma vez. Continuar, continuar sempre para a frente, com toda a força. Parar é ficar para trás. E aqueles que ficam para trás correm perigo. Na ascensão, porém, os perigos estão sempre atrás de cada espírito humano, nunca na frente; disso deve estar ciente.

Por conseguinte, deixai de lado aqueles seres humanos que, tão convencidos procuram falar de si próprios. Prestai atenção em sua atuação, em seu modo de ser, e logo reconhecereis com quem estais lidando. São muitos, muitos os que pertencem a esse círculo. São frutos ocos que têm de ser jogados fora, pois não assimilam mais nada, porque em sua presunção julgam já possuir tudo.

O terceiro círculo dos imprestáveis são os fantasistas e os entusiastas, que, facilmente inflamáveis quanto às coisas novas prejudicam tudo o que é realmente bom. Querem sempre conquistar logo o mundo, porém desanimam logo rapidamente, quando é necessário mostrar força na perseverança, trabalhar continuamente em si próprios.

Como conquistadores se prestariam algumas vezes, se a resistência não fosse demorada e se valesse a pena cair sobre o próximo, querendo doutrinar, sem mesmo já possuir em si a base firme. Fogos-de-artifício, que depressa se inflam e logo apagam. Pertencem aos levianos, que não possuem muito valor.

A esse círculo se junta mais um, que contém aqueles seres humanos que não podem deixar de ligar seus próprios pensamentos a coisas dadas a eles, a fim de, na divulgação de uma gota de verdade, que tiveram ensejo de receber, conseguir algum brilho para si próprios!  Não podem deixar de imiscuir suas opiniões próprias, em coisas que leem ou escutam, e de continuar urdindo tudo conforme surge em sua fantasia.

Por sorte tais seres humanos não são numerosos, porém tanto mais perigosos, porque de um grãozinho de verdade criam e espalham falsos ensinamentos. São muito nocivos não só a si próprios, como também a muitos de seus semelhantes, na variada forma de suas atividades. Tomemos um pequeno exemplo, que todos conhecem. Romances e novelas fantásticas. Quanta coisa não é produzida criminosamente aí, baseada num aparente grãozinho de verdade, ou melhor dito, quanta coisa não produz um ser humano assim sobrecarregado de fantasias!

Não se pode admitir sempre, como motivo, que o escritor deseja apenas ganhar dinheiro, quando vai ao encontro da fantasia doentia de seus semelhantes, oferecendo-lhes as mais incríveis estórias, com as quais eles podem regalar-se arrepiados. Os motivos, na maioria das vezes, são mais profundos. Tais seres humanos querem principalmente brilhar com seus trabalhos e revelações. Querem que seu espírito brilhe perante os outros; pensam proporcionar perspetivas para pesquisas, e estímulos para feitos extraordinários.

Todavia, quantos disparates vêm com isso muitas vezes à luz do dia! Examinemos algumas das estórias fantásticas que foram escritas e impressas sobre marcianos! Cada linha demonstra incompreensão em face das leis de Deus na Criação. E no entanto, temos de incluir, pois, Marte na Criação, como tudo o mais.

São descritas aí criaturas que realmente se originam de uma fantasia doentia, tendo raízes no pensamento de que os seres humanos, lá, devem ser de formação completamente diferente do que aqui na Terra, porque Marte é um outro planeta.

Os esclarecimentos a tal respeito surgem através do conhecimento das leis da Criação. Esse conhecimento das leis abre então aos cientistas e aos técnicos perspetivas bem diferentes, com bases exatas, e traz com isso também, em todos os campos, progressos e êxitos bem diferentes.

Eu já afirmei muitas vezes que não há razão para imaginar algo diferente na Criação, porque se encontra mais longe da Terra ou porque não pode ser visto com olhos de matéria grosseira. A Criação surgiu de leis homogéneas, também é homogénea em seu desenvolvimento e é mantida também do mesmo modo homogéneo. É errado deixar agir livremente a fantasia doentia a tal respeito, ou mesmo dar-lhe atenção.

Cada ser humano da Criação posterior é uma cópia das primordialmente criadas imagens de Deus. Por isso, em toda a Criação os seres humanos trazem a única forma determinada a eles, como ser humano, mais ou menos enobrecida. Mas a forma em si é sempre reconhecível, e não pode ter, por acaso, três pernas ou, de modo geral, apenas um olho no meio da cabeça, a não ser que se trate de um monstro que apareça aqui ou acolá isoladamente. Mas nisso não há nada de básico.

Aquilo que não tem a forma básica humana, não pode ser denominado ser humano. Um germe espiritual, por exemplo, em seus respetivos degraus de desenvolvimento não é ainda um ser humano, mas não teria formas tão divergentes como as que são descritas pelos nocivos fantasistas.

São encontrados na matéria grosseira mediana e fina dos planos escuros e mais escuros formas fantásticas com rostos humanos, que se assemelham a animais, as quais correspondem sempre às espécies nas quais um espírito humano pensou e atuou na Terra, mas essas formas são produzidas geralmente apenas através do pensar humano. Têm temporariamente o rosto daquele ser humano que as gerou, porque descendem dele como produtos de sua mente.

E se um ser humano chegou mesmo a tal ponto, que fica literalmente absorvido pelo ódio ou pela inveja e outras paixões nocivas, acontece-lhe então que fora da gravidade terrestre se forma em redor de seu espírito um tal corpo. Com isso, porém, perdeu também todos os direitos de ser uma criatura humana, de maneira que também não deve nem pode ter mais semelhança com a forma das cópias das imagens de Deus. Na verdade ele não é mais um ser humano, mas decaiu para algo ainda desconhecido do ser humano terreno e por isso ainda não pôde ser designado por nenhum nome.

Contudo, falsas imaginações do cérebro de seres humanos fantasistas em breve deixarão de ser espalhadas, porque próximo está o tempo em que o saber das leis de Deus na criação terá progredido tanto, que tais coisas inverídicas desaparecerão automaticamente. E então os seres humanos rirão, quando olharem para trás, para o tempo atual, que mostra em tantas coisas nitidamente a sua ignorância.

 

Abdruschin

 

Dissertação 34 “Evitai os fariseus”, da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III

Possesso

Novembro 01, 2015

Rapidamente os seres humanos estão sempre prontos a emitir uma opinião sobre coisas que não entendem. Esse hábito, em si, ainda não seria tão mau, se não encontrasse tão frequentemente propagação, para então subitamente se estabelecer como um julgamento firme, aceito por muitos círculos de espíritos preguiçosos como sendo um determinado saber.

Esse saber então simplesmente aí está e mantém-se firme com uma surpreendente tenacidade, embora ninguém saiba dizer como surgiu.

Quantas vezes declarações levianas também desencadeiam ainda grandes danos. Mas isso não incomoda os seres humanos, que continuam a tagarelar, porque gostam. Tagarelam sem cessar, por obstinação, por teimosia, leviandade, por descuido, para passar o tempo, não raro até pela mania de se fazerem ouvir ou com premeditação num malquerer. Sempre se descobre nisso uma causa nociva. Raros são os seres humanos que de facto se entregam somente por divertimento ao péssimo hábito de tagarelar.

Também essa epidemia de falar se expandiu somente em consequência do corrosivo domínio do raciocínio. Falar em demasia, porém, suprime a faculdade pura de poder intuir, que requer maior aprofundamento em si próprio!

Não é sem fundamento que um tagarela não goza de confiança, mesmo quando é inofensivo, mas apenas aquele que sabe ficar calado. Há tanta coisa no instintivo temor pelos tagarelas, que cada ser humano devia tornar-se atento, a fim de tirar ensinamentos para as próprias relações com o seu próximo.

Tagarelas no mais verdadeiro sentido são, antes de tudo, aqueles que rapidamente têm sempre à mão palavras, onde se trata de coisas que não entendem.

São nocivos em sua leviandade, causam grande mal e indizível sofrimento.

Tomemos um acontecimento qualquer. Encontram-se muitas vezes nos jornais notícias sobre as chamadas aparições de fantasmas, que surgem de repente em casas onde anteriormente jamais sucedera tal facto. Objetos mudam de lugar ou são levantados; panelas são arremessadas, e outras coisas assim.

Vêm de diversas regiões ou países tais notícias. Em todos esses casos os acontecimentos se agrupam sempre em redor de uma bem determinada pessoa.

Onde esta se encontra é que ocorrem tais fenómenos.

Imediatamente aqui e acolá é emitida a opinião de que uma tal pessoa deve estar “possessa”. Qualquer outra hipótese nem entra em cogitação; simplesmente se fala de modo irrefletido e inescrupuloso de possessão.

Autoridades e igrejas foram em diversos países muitas vezes consultadas e quando se chegava à constatação de que não havia fraude de nenhum dos lados, então se faziam aqui e acolá também exorcismos eclesiásticos contra demónios. Mas estes não podem ajudar muito, porque permanecem estranhos aos factos.

Antigamente tais pessoas seriam submetidas – em sua maior parte crianças ou mocinhas – simplesmente a um interrogatório penosíssimo de um processo por bruxaria, até que a criatura atormentada declarasse tudo assim como os juízes e os servidores da igreja queriam. A seguir ainda procediam a um último espetáculo repugnante, livrando a humanidade devota de tal supliciado, através da morte na fogueira.

Na verdade tudo isso acontecia apenas para se entregarem a uma pecaminosa mania de poder terreno e para obter forte influência sobre os seres humanos terrenos outrora tão puerilmente crédulos, a qual, assim, aumentava cada vez mais. O motivo não estava na convicção sincera de com isso servir a Deus! Tais maquinações blasfemas contra Deus só faziam surgir medo nos seres humanos, medo que suprimia toda a confiança em Deus, dando plena liberdade ao vício da mais baixa difamação.

O triste final em qualquer caso podia ser previsto com certeza já no princípio e podiam ser assassinados sem mais nem menos todos os que tinham sido levianamente acusados. A culpa dos assassinos, dessa forma, teria sido ainda menor do que a culpa dos monstros daquele tempo, em suas vestes de servidores da igreja e em suas togas de juízes.

Não quero fazer comparações dos tempos antigos com os tempos de hoje, nem quero construir pontes mediante explicações especiais, mas espiritualmente o fenómeno causado por tagarelices irrefletidas é ainda inteiramente o mesmo! Só é atenuado agora de modo grosso-material terreno por causa das leis mais modernas. Os seres humanos ignorantes, apesar disso, ainda pensam erradamente como antes nessa direção e segundo ela também agiriam, se as leis não os impedissem.

Nas tribos negras inferiores tais seres humanos ainda são supersticiosamente perseguidos, mortos ou também… venerados. Os dois contrastes se encontram sempre bem próximos um do outro nos procedimentos humanos.

E em tribos inferiores e ignorantes vê-se o feiticeiro torturar a seu modo o “possesso”, a fim de banir da cabana tais espíritos malignos.

Encontramos semelhanças nas coisas por toda a Terra, entre todos os povos. Factos que cito apenas para que se possa compreender melhor.

As criaturas humanas, porém, que dessa maneira são consideradas “possessas”, são em todos esses casos completamente inocentes! Não têm nenhum sinal de possessas e menos ainda de demónios que aí se procura exorcizar. Tudo isso é apenas tagarelice pueril, superstição medieval, resíduos do tempo das bruxas. Carregam-se de culpa, na realidade, só aqueles que por ignorância, devido a falsos conceitos e juízos levianos, querem ajudar.

Possessos são encontrados nos manicómios, mais do que os seres humanos supõem. E esses são curáveis!

Hoje, porém, essas pessoas dignas de lástima são consideradas simplesmente como loucas, e não se faz diferença alguma entre os realmente doentes e os possessos, porque ainda nada se entende a respeito disso.

Tal incompreensão decorre somente da ignorância da Criação. Falta o saber da Criação, que pode dar a base para o conhecimento de todos os fenómenos e modificações que ocorrem dentro e ao redor dos seres humanos e que conduz, por conseguinte, ao verdadeiro saber, àquela futura ciência que não precisará tatear em tentativas deploráveis para conseguir chegar com isso primeiro a uma teoria, que em muitos casos, depois de dezenas de anos, se comprova como errada.

Aprendei, seres humanos, a conhecer a Criação com as leis nela vigentes e não precisareis mais tatear e procurar, pois então possuireis tudo quanto necessitais para vossa ajuda, nos acontecimentos durante a vossa existência na Terra, e ainda muito além, em toda a vossa existência.

Assim não haverá mais os chamados cientistas, pois então ter-se-ão tornado sábios, aos quais, na existência dos seres humanos, nada pode vir ao encontro que lhes seja estranho.

[…]

Indolência ou fraqueza do espírito decorre sempre de culpa própria, mas isso não pode ser reconhecido pela humanidade. Tal contingência é outra vez, uma consequência do predomínio do raciocínio, que constringe o espírito, encurrala-o e oprime-o. Portanto, a consequência do pecado hereditário, que descrevi exatamente em minha Mensagem, com todos os seus maus efeitos, entre os quais se conta também a possibilidade de ficar possesso.

Uma pessoa de espírito cansado pode, contudo, ser extraordinariamente viva no pensar, bem como no aprender, porque indolência de espírito nada tem a ver com raciocínio aguçado, conforme sabem os leitores de minha Mensagem.

Justamente o espírito de notáveis cientistas é muitas vezes fortissimamente preso à Terra e restrito. Como expressão adequada para isso poderia dizer-se “impossibilitado de voar espiritualmente”, porque dá uma melhor noção. O espírito de muitos grandes intelectuais cochila em verdade rumo já à morte espiritual, enquanto tal indivíduo na Terra é venerado sobremodo pelos seres humanos como um luminar especial.

Por conseguinte, uma tal pessoa pode ser extraordinariamente viva e inteligente e, contudo, ter um espírito cansado, que deixa seu corpo terreno ser disputado parcialmente por outro espírito humano imaterial.

Tornai-vos, portanto, seres humanos, mais sábios nas leis primordiais da Criação de Deus, e podereis afastar de vós muitas desgraças! Livrai-vos da vossa vazia presunção de saber, que só traz obra fragmentária, mal aproveitável nas mínimas necessidades.

Para conhecer essas coisas falta conhecimento à ciência atual, pois aquilo que a ciência até hoje ensina e quer saber, prova de maneira clara e inequívoca que realmente ainda nada sabe da Criação. Falta-lhe a grande conexão e, com isso, a imagem real do verdadeiro processo. Ela é míope, restrita e passou ao lado de todas as grandes verdades. Mas está chegando um tempo novo, que também nisso fará surgir tudo novo!

Não se pode por conseguinte, suspeitar sempre de uma criança ou de um adulto, quando desencadeiam coisas, tais como o barulho e o arremesso de objetos materiais. O solo para tais causas é tão variado, que somente em cada caso isoladamente e no devido local pode ser feita uma verificação por verdadeiros conhecedores.

Com o que aqui foi dito, nem de longe estão esgotadas todas as possibilidades, porém uma coisa é certa: possessão está fora de cogitação nesse caso!

Com pessoas que através da irradiação momentânea de seu sangue tornam possível tais efeitos de um espírito estranho preso à Terra, podem naturalmente ocorrer durante tais acontecimentos também convulsões do corpo, febre e até mesmo perda de consciência.

Tudo isso, porém, ocorre apenas porque o espírito humano estranho se apodera das respetivas irradiações que o ajudam, arrebatando-as formalmente com violência do corpo terreno, e acarretando assim perturbações na harmonia das irradiações normais do corpo, o que naturalmente se faz notar logo nesse corpo.

Trata-se porém, de fenómenos muito simples e que com uma boa observação podem de maneira fácil e lógica ser fundamentados, tão logo se saibam as verdadeiras conexões.

Tagarelices inúteis e suposições a tal respeito nada adiantam, só podem prejudicar esta ou aquela pessoa, que nada tem a ver com tudo isso.

Portanto, acautelai-vos com as vossas palavras, seres humanos! Porque também estas têm de puxar-vos para baixo, visto que tudo quanto é desnecessário perturba na Criação, e tudo o que perturba tem de afundar segundo a lei da gravidade!

Se, no entanto, falardes o que é verdadeiro e bom, então beneficiareis tudo e tornar-vos-eis, na luz das vossas palavras, mais leves e sereis elevados, porque também nisso correm e se entrelaçam fios, da mesma forma como no vosso pensar e atuar. E depois, não querendo mais falar a respeito de coisas inúteis, tornar-vos-eis mais calados, mais reservados, com o que se acumularão forças em vós, que já designei como o poder do silêncio!

Tornar-se-vos-á natural, tão logo vos habituardes a falar só o que é útil, conforme o ser humano deveria ter feito sempre desde o começo. Então mal preencherá, com suas conversas, a terça parte daquele tempo que ainda hoje emprega com isso.

Infelizmente, porém, prefere o falar leviano, ao silêncio tão nobre, e com isso deixa-se arrastar cada vez mais em sentido descendente, segundo a lei da gravidade, que comprime para baixo tudo quanto é desnecessário na Criação, deixando-o afundar como imprestável.

Por conseguinte, atentai para vossas palavras, seres humanos, não considereis tão levianamente o mal da irrefletida tagarelice!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 35 “Possesso” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III

Pedi, e dar-se-vos-á!

Novembro 01, 2015

O ser humano ainda permanece em dúvida sobre a forma da oração. Quer fazer o certo e não negligenciar nada. Cisma honestíssima vontade, e não encontra nenhuma solução que lhe dê a certeza de que não está seguindo caminhos errados.

Mas o cismar não conduz a nada, apenas mostra que ele sempre procura aproximar-se de Deus através de seu raciocínio, e isso nunca conseguirá, pois assim sempre ficará distante do Altíssimo.

Quem assimilou direito a minha Mensagem encontra-se a par de que as palavras têm limites demasiadamente restritos para, na espécie delas, poderem elevar-se às alturas luminosas. Somente os sentimentos intuitivos, que as palavras encerram, sobem mais para cima, além dos limites das palavras formadas, e isso conforme sua força e sua pureza.

As palavras valem, em parte, apenas como indicadoras de caminho, que mostram a direção que devem tomar as irradiações da intuição. A outra parte das palavras desencadeia a espécie das irradiações na própria pessoa, que usa as palavras formadas como apoio e invólucro. A palavra pensada durante a prece vibra no ser humano retroativamente, quando ele a experimenta ou se esforça em torna-la viva dentro de si.

Com essa explicação já vedes diante de vós duas espécies de orações. Uma espécie que surge da intuição, sem reflexão, no próprio vivenciar, que é, portanto, o intenso sentimento intuitivo de um dado momento, e que ao nascer ainda se forma em palavras; e então a outra espécie que, raciocinando, molda antes as palavras, e procura, através das palavras atuando retroativamente, produzir os respetivos sentimentos intuitivos, que, portanto, quer preencher com sentimentos intuitivos as palavras já formadas.

Não precisa ser dito qual a espécie dessas orações é a mais vigorosa, pois sabeis perfeitamente que o mais natural é também sempre o mais certo. Nesses casos, portanto, aquela oração que surge do brotar de um repentino sentimento intuitivo, e só então procura condensar-se em palavras.

Suponde que vos atinge inesperadamente um pesado golpe do destino, que vos faz estremecer até o vosso âmago mais profundo. O medo vos constringe o coração por causa de algo amado. No vosso desespero surge então um grito de socorro em vós, com tamanha força, que abala todo o corpo.

Nisso vedes a força da intuição, que é capaz de subir até as alturas luminosas, se… essa intuição contiver pureza humilde, pois sem ela já é interposto no caminho para qualquer escalada um bem determinado obstáculo, por mais forte e poderosa que seja a intuição. Sem humildade isso é completamente impossível, a intuição jamais conseguiria atingir a pureza, que rodeia em imenso arco tudo quanto é Divino.

Uma intuição assim forte será também sempre acompanhada somente de um balbuciar de palavras, porque a sua força nem admite que se deixe comprimir em palavras estreitas. A força flui para muito além dos limites de todas as palavras, pondo abaixo impetuosamente todas as barreiras que as palavras querem erigir com a limitadíssima atividade do cérebro terreno.

Qualquer um de vós já deve ter experimentado isso dessa forma em sua existência. Podeis, portanto, compreender o que quero dizer. E esse é o sentimento intuitivo que deveis ter durante a oração, se tendes a esperança de que ela seja capaz de subir até os páramos de Luz límpida, de onde vêm todas as concessões para vós.

Qualquer um de vós já deve ter experimentado isso dessa forma em sua existência. Podeis, portanto, compreender o que quero dizer. E esse é o sentimento intuitivo que deveis ter durante a oração, se tendes a esperança de que ela seja capaz de subir até os páramos de Luz límpida, de onde vêm todas as concessões para vós.

Contudo, não é somente nos medos que deveis dirigir-vos às alturas, mas também a alegria pura pode brotar com igual força em vós, bem como a felicidade, o agradecimento! E essa espécie cheia de alegria se projeta ainda mais depressa para cima, porque permanece mais límpida. O medo turva mui facilmente a pureza de vossa intuição e forma uma espécie errada. Com demasiada frequência encontra-se ligada a isso uma reprovação silenciosa de que tenha de acontecer justamente a vós, aquilo que tão pesadamente atingiu vossa alma; ou até rancor, e isso naturalmente não é o certo. Tem de reter embaixo vossos clamores.

[…]

A oração e o pedido devem significar duas coisas para vós, pois a oração pertence à adoração, ao passo que o pedido não pode pertencer a ela, se é que quereis realmente orientar-vos de acordo com o sentido.

E é necessário que desde já vos orienteis de acordo com isso e não mistureis tudo.

Dai-vos na oração! Eis o que vos quero bradar e na própria palavra tendes a explicação. Dai-vos ao Senhor em vossa oração, dai-vos a Ele inteiramente e sem reservas! Para vós a oração deve ser um abrir de vosso espírito aos pés de Deus, em veneração, louvor e agradecimento por tudo quanto Ele vos concede em Seu grande Amor.

É tão imenso e inesgotável. Só que até agora ainda não compreendestes, perdestes o caminho que vos é permitido usufruir com plena consciência de todas as faculdades do vosso espírito!

Só depois que tiverdes encontrado esse caminho, através do reconhecimento de todos os valores de minha Mensagem, então não vos restará mais nenhum pedido. Tereis somente louvor e gratidão, logo que dirigirdes as mãos e o olhar para cima, para o Altíssimo, que se revela a vós no Amor. Encontrar-vos-eis, então, constantemente em oração, segundo o Senhor espera de vós, pois podeis tomar da Criação o que necessitais. A mesa, pois, está posta dentro dela constantemente.

E pelas faculdades de vosso espírito vos é permitido escolher dela. A mesa vos oferece sempre tudo de que necessitais, e não tendes necessidade de pedidos, à medida que vos esforceis de maneira certa para movimentar-vos nas leis de Deus!

Tudo isso já foi dito nas palavras bem conhecidas de vós:

“Procurai, e achareis! Pedi, e dar-se-vos-á! Batei, e abrir-se-vos-á!”

Essas palavras ensinam-vos a atividade necessária do espírito humano na Criação; antes de tudo, também o emprego acertado de suas faculdades. Mostram-lhe exatamente de que maneira deve adaptar-se à Criação, e também o caminho que o faz progredir dentro dela.

Essas palavras não devem ser avaliadas somente de maneira cotidiana, porém seu sentido é mais profundo, ele abrange a existência do espírito humano na Criação, segundo a lei do movimento necessário.

O “Pedi e dar-se-vos-á!” indica bem claramente a faculdade do espírito que já mencionei na minha dissertação “O circular das irradiações”, que o induz sempre, sob um determinado e inevitável impulso, a querer ou a desejar algo, que depois em sua irradiação atrai imediatamente a igual espécie, na qual lhe é dado automaticamente o desejado.

O impulso de desejar, porém, deve permanecer sempre um pedido, não deve constituir-se numa exigência unilateral, conforme infelizmente todo o ser humano atual se habituou a fazer. Pois se permanece como pedido, então se encontra ancorado concomitantemente a humildade e por isso encerrará sempre o bem e também acarretará o bem.

Jesus demonstrou claramente com essas palavras como o ser humano deve agir, a fim de conduzir para o rumo certo todas as faculdades autónomas do seu espírito!

Assim é com todas as suas palavras. Infelizmente, porém, elas foram imprensadas no círculo estreito do raciocínio terreno dos seres humanos e, com isso, muito torcidas; por tal motivo nunca mais foram compreendidas nem interpretadas direito.

Que isso não se refere às relações com os seres humanos será facilmente compreensível para cada um, pois a sintonização dos seres humanos nunca foi, nem naquele tempo nem hoje, de maneira a se poder esperar deles o cumprimento de tais indicações.

Ide aos seres humano e pedi, e nada vos será dado. Batei, e não vos abrirão. Procurai entre os seres humanos e suas obras, e não encontrareis aquilo que procurais!

Jesus também não se referia à posição do ser humano para com Deus pessoalmente, omitindo todos os mundos imensos intercalados, os quais não podem ser postos de lado como se nem sequer existissem. Com isso também não se referia só à Palavra Viva, mas sim Jesus falou sempre partindo da sabedoria primordial e nunca a imprensou no mesquinho pensar ou nas situações terrenas. Quando falava, ele vi ante si o ser humano dentro da Criação e escolhia suas palavras abrangendo tudo.

Dessa omissão, de pensar nisso, padecem todas as reproduções, traduções e interpretações. Estas foram sempre apenas misturadas e executadas com o pensar humano mesquinho e terrenal, ficando assim torcidas e deformadas. E lá, onde faltou a compreensão, foi acrescida coisa própria, que nunca pôde preencher a finalidade, mesmo quando movida por boa intenção.

O que é humano sempre permaneceu mesquinhamente humano, ao passo que o Divino sempre abrange tudo! Por isso o vinho foi muito misturado com água e acabou surgindo coisa muito diversa do que foi originalmente. Nunca deveis esquecer isso.

Também com o “Pai Nosso” Jesus procurou apenas através dos pedidos nele mencionados dirigir o querer do espírito humano, da forma mais simples, naquele rumo que faz com que esse espírito humano deseje apenas o favorável para sua ascensão, a fim de que isso lhe fosse proporcionado pela Criação.

Não existe nisso nenhuma contradição, mas sim foi o melhor indicador de caminho, o apoio infalível para cada espírito humano naquela época.

O ser humano de hoje, porém, precisa de todo o seu vocabulário, que ele criou nesse ínterim, bem como a aplicação de cada conceito daí surgido, se deva abrir-se um caminho para ele na confusão dos sofismas do seu raciocínio.

Aprender isso é, portanto, agora, vosso dever, pois vos tornastes mais sabedores da Criação! Enquanto no saber não cumprirdes os deveres que as faculdades de vosso espírito impõem para o desenvolvimento, também não tereis nenhum direito de pedir!

Mediante o fiel cumprimento dos deveres na Criação, porém, recebereis reciprocamente tudo, e não haverá mais razão para nenhum pedido, mas de vossa alma desprender-se-á então apenas o agradecimento para Aquele que, na Onisciência e Amor, vos presenteia ricamente dia após dia!

Ó seres humanos, se vós pudésseis finalmente orar direito! Orar realmente! Quão rica seria então a vossa existência, pois na oração está a maior felicidade que podeis obter. A oração vos impele ilimitadamente para cima, de modo que a sensação de felicidade vos perflui bem-aventuradamente. Que possais orar, seres humanos! Isso é o que desejo agora para vós.

E então não perguntareis mais, em vosso pensar restrito, a quem deveis e a quem vos é permitido orar. Só existe Um, a quem vos é permitido consagrar vossas orações, somente Um: DEUS!

Em momentos solenes aproximai-vos Dele com sagrados sentimentos intuitivos e derramai perante Ele tudo aquilo quanto o vosso espírito possa conseguir em agradecimento! Dirigi-vos somente a Ele na oração, pois só a Ele cabe o agradecimento e só a Ele tu pertences, ó ser humano, pois através de Seu grande Amor é que também pudeste surgir!

 

Abdruschin

 

Excerto da dissertação 36 “Pedi, e dar-se-vos-á!” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III

Agradecimento

Novembro 01, 2015

Obrigado! Mil vezes obrigado!” Estas são palavras que cada ser humano certamente já pôde ouvir muitas vezes. São pronunciadas com tão diversas entonações, que não podem ser classificadas simplesmente numa determinada espécie, conforme o sentido das palavras efetivamente condiciona.

Justamente aqui o sentido das palavras só vem em consideração em segundo ou até em terceiro lugar. É muito mais o tom, o timbre, que emprestam valor às palavras ou mostram sua falta de validade.

Em muitos casos, quando não em todos, trata-se apenas de uma expressão de hábito superficial, nas formas diárias da cortesia social. É então como se nem tivessem sido pronunciadas, permanecem palavras vazias, que, para todos aos quais são dirigidas, mais parecem ofensas do que reconhecimento. Só algumas vezes, e isso mui raramente, se pode ouvir nelas uma vibração que testemunhe o sentimento intuitivo de uma alma.

Não é preciso possuir uma audição extraordinária para reconhecer qual a intenção do ser humano que pronuncia tais palavras. Nem sempre há algo de bom nisso, pois as vibrações das almas são, para as mesmas palavras, muito diversificadas.

Nisso pode mostrar-se o descontentamento ou a deceção, sim, até inveja e ódio, mentira e algum malquerer. De todas as maneiras essas bonitas palavras de verdadeiro agradecimento são frequentemente utilizadas de modo abusivo, para encobrir assim com cuidado outra coisa, quando não permanecem totalmente vazias e só por isso ainda são pronunciadas, como mera formalidade de acordo com o uso e costume, ou por hábito.

Em geral é a expressão das pessoas habituadas a receber, que sempre têm na boca essas palavras, mantendo-as sempre prontas para tudo, irrefletidamente, semelhante à tagarelice dos intermináveis rosários de múltiplas fórmulas de orações, que são encontradas frequentemente, as quais, no entanto, são somente uma afronta à santidade e grandeza de Deus, no seu monótono palavreado, sem a mínima intuição!

Iguais a flores maravilhosas em solo árido, porém, brilham na Criação de maneira notável aqueles casos, onde as palavras são usadas verdadeiramente segundo aquele sentido que procuram exprimir, onde, portanto, a alma vibra no teor da palavra, onde as palavras formadas se tornam realmente a expressão de puras vibrações da alma, conforme sempre deve ser, quando um ser humano forma palavras!

Se refletirdes bem, tudo quanto é falado sem intuição ou permanece mero tagarelar vazio, com o qual o ser humano desperdiça o tempo que devia ser empregado de maneira diferente, ou só pode conter falso querer, quando as palavras simulam algo a seus semelhantes, que a pessoa que fala não sente. Coisa sadia, construtiva, nunca pode surgir disso. Isso as leis da Criação impedem.

Não ocorre de maneira diferente, mesmo que seja bastante triste e mostre nitidamente todo o lodaçal que os seres humanos com seu múltiplo falatório amontoam na região da fina matéria grosseira, que age retroativamente sobre a existência terrena e que toda a alma humana tem de transpor primeiramente, antes de poder ingressar nas regiões mais leves.

Nunca vos esqueçais de que cada uma de vossas palavras faz surgir uma forma, que mostra claramente a contradição do vosso sentimento intuitivo com as palavras, quer queirais ou não. Nada podeis mudar nisso. Refleti sobre isso em tudo quanto falardes. Mesmo que para vossa felicidade sejam apenas configurações leves, que logo desaparecem, ainda assim sempre vos resta o perigo de que tais configurações recebam repentinamente afluências de um lado completamente estranho, que as fortaleçam e condensem na mesma espécie, fazendo com que cheguem a atuar, o que tem de se tornar maldição para vós.

Por esse motivo, procurai chegar ainda ao ponto de falar apenas aquilo em que vibra vossa alma.

Julgais que isso nem seja possível na Terra, porque em relação ao atual hábito poderíeis ter muito pouco a dizer e a vida ameaçaria tornar-se monótona e tediosa, principalmente nas horas de convívio social. Há muitas pessoas que pensam assim e receiam isso.

Contudo, quando o ser humano tiver chegado até tal ponto com seu pensar, verá também quanta coisa de seu tempo terreno de até então teve de ficar completamente sem conteúdo, sem valor e com isso sem finalidade. Então não lamentará mais tais futilidades de muitas horas e, bem pelo contrário, no futuro terá medo disso.

O ser humano em si é tão vazio quanto o seu ambiente e tem de procurar encher o seu tempo com palavras ocas, somente para se comunicar socialmente com seus semelhantes. Mas isso ele não confessa a si mesmo. Consola-se com o facto de que não pode falar sempre só coisas sérias, de que assim se tornaria tedioso aos outros; em suma, que só é culpa dos outros, se não fala daquilo que talvez ainda o sensibilize.

Mas com isso ilude-se a si mesmo. Pois se o seu próximo de facto for como ele julga, isso é uma prova de que ele próprio nada tem de diferente a oferecer, visto que somente a espécie igual forma, na atração, o seu ambiente, com o qual ele se relaciona. Ou seu ambiente fez com que fosse atraído pela espécie igual. As duas hipóteses vêm a dar no mesmo. O ditado popular já está certo nisso quando afirma: “Diz-me com quem andas, que eu direi quem és!”

Seres humanos vazios, que não almejam conseguir o verdadeiro conteúdo de suas vidas, fugirão daquelas pessoas que trazem em si valores espirituais.

Valores espirituais ninguém pode esconder, pois o espírito tende naturalmente para a atividade, segundo a lei do movimento da Criação, desde que não esteja enterrado no ser humano, mas sim realmente ainda vivo.

[…]

A gratidão não é nenhuma virtude! Não deve e não quer ser contada entre as virtudes. Pois toda virtude é de Deus e por isso ilimitada.

Tampouco deve a verdadeira gratidão ser classificada como um dever! Pois então não poderá desenvolver em si aquela vida, aquele calor de que necessita para receber, pelo efeito recíproco, a bênção de Deus advinda da Criação!

A gratidão acha-se estreitamente ligada à alegria! Ela própria é uma expressão da mais pura alegria. Onde, portanto, a alegria não constitui a base, onde o impulso alegre não é a causa para o agradecimento, aí está falsamente empregada a expressão gratidão, aí se abusa dela!

Em tais casos ela nunca será capaz de desencadear aquela alavanca que a verdadeira gratidão desencadeia de maneira automática segundo as leis da Criação. A bênção faltará então. Em seu lugar tem de advir confusão.

Tal abuso, porém, é encontrado quase em toda a parte, onde os seres humanos hoje falam de gratidão, de agradecimento.

O agradecimento realmente sentido intuitivamente é um valor de compensação desejado por Deus, que proporciona o equivalente àquele a quem cabe o agradecimento, em obediência à lei da compensação necessária nesta Criação, que só pode ser conservada e beneficiada pela harmonia que se encontra no cumprimento de todas as leis primordiais da Criação.

Vós, seres humanos, porém, causais emaranhamentos em todos os fios das leis vigentes. E isso através de vossas utilizações erróneas e interpretações falsas. Por isso dificultais também a obtenção da verdadeira felicidade e da paz. Com vossas palavras sois hipócritas na maioria dos casos. Como podeis esperar que daí floresçam a verdade e a felicidade para vós? Tendes, pois, de colher sempre aquilo que semeardes.

Também tudo aquilo que semeais com vossas palavras e pela maneira como empregais as palavras! Como vós próprios vos colocais em relação a essas vossas palavras.

Nada diferente pode surgir daí para vós, isso deveis ter presente em tudo quanto falardes!

Pensai sobre isso em cada anoitecer, procurai reconhecer o conteúdo das palavras que trocais no decorrer do dia em vossas relações com o próximo e ficareis espantados diante do vazio! Já da falta de conteúdo de muitas horas de apenas um único dia! Fazei essa tentativa, sem atenuantes. Com horror tereis de ver o que daí também tem de se formar para vós na oficina da Criação bem conhecida de vós através da minha Mensagem, com os efeitos automáticos de tudo quanto emana de vós, no intuir, pensar, falar e agir!

Examinai-vos com seriedade e sincero reconhecimento. Dessa hora em diante modificar-vos-eis em muitas coisas.

Não que devais ficar calados por isso na vida terrena, a fim de seguirdes o caminho certo. Mas deveis evitar superficialidades no falar, bem como a falta de sinceridade que se esconde atrás da parte principal de todas as conversas desses seres humanos terrenos.

Pois assim como fazeis com as expressões de agradecimento, agis também com todas as vossas conversas e contudo louvais aí em vós próprios aqueles momentos, como sendo sublimes, sérios, solenes e importantes, em que vós, com vossas palavras, dais também simultaneamente vossos sentimentos intuitivos.

Contudo, isso só acontece raramente, quando devia acontecer sempre! Tantos seres humanos se consideram muito sagazes e sábios, e até espiritualmente muito desenvolvidos, quando sabem esconder atrás de suas palavras sua intuição e o seu verdadeiro querer, jamais deixando que seus semelhantes, apesar de animadas conversas, lhes vejam a verdadeira face.

Essa maneira é chamada diplomática, como expressão tranquilizadora para a mistura especial de habilidade no logro, na hipocrisia e falsidade, na cobiça sempre espreitadora, a fim de conseguir vantagens triunfantes a custo das fraquezas descobertas dos outros.

Na lei da Criação, porém, não há nenhuma diferença, tanto faz se um ser humano empreende isso para si pessoalmente ou somente em benefício de algum Estado. Agir em tais casos é agir, o que tem de desencadear todos os efeitos dessas leis.

Quem conhece as leis e seus efeitos não precisa ser profeta para prever o fim de tudo isso, qual o destino dos povos isolados e da humanidade terrena, pois a humanidade inteira não é capaz de deslocar ou desviar coisa alguma nisso!

Ela somente podia ter tentado ainda, através de oportuna mudança de atuação no reconhecimento e cumprimento sincero das leis, amenizar muita coisa, a fim de com isso aliviar muitas aflições. Mas para isso já é agora demasiado tarde! Pois todos os efeitos de suas ações precedentes já estão em movimento.

Todas as dificuldades aí, porém, servem em verdade somente para bênção. É uma graça! Traz purificação lá onde se encontra o falso, acarretando agora o desmoronamento como última consequência, seja no Estado ou na família, no próprio povo ou relacionamento com outros; encontramo-nos dentro do grande ajuste final de contas, que rege acima do poder da força humana. Nada pode ser excluído ou ocultado.

Falam ainda somente as leis de Deus, que se efetivam automaticamente com exatidão e inflexibilidade sobre-humanas em tudo quanto até agora aconteceu, pois penetrou nelas uma força nova vinda da Vontade de Deus, fazendo-as fecharem-se como muros férreos em redor dos seres humanos, protegendo ou também aniquilando, conforme a maneira como os próprios seres humanos se colocarem em face delas.

Elas também permanecerão existindo no futuro, por muito tempo ainda, como muros em redor de tudo e com a mesma força, a fim de que não possa produzir-se novamente tal confusão, como aconteceu até agora. Em breve os seres humanos serão forçados por meio disso a moverem-se somente nas formas desejadas por Deus, para seu próprio bem, para sua salvação, enquanto ela ainda for possível, até que então trilhem por si mesmos, novamente conscientes, os caminhos certos, que são de acordo com a Vontade de Deus.

Olhai, portanto, em torno de vós, seres humanos, aprendei a vibrar em vossas palavras, para que nada percais!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 37 “Agradecimento” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Faça-se a Luz!

Novembro 01, 2015

Faça-se a Luz! Quão distante se encontra ainda o ser humano da compreensão dessa grande sentença da Criação! Distante até da vontade certa de aprender a compreender esse processo! E ainda assim, há milénios ele se ocupa continuamente com isso. Mas de acordo com sua maneira. Não quer tomar com humildade uma centelha de compreensão da Verdade e recebê-la pura, mas sim apenas sofismar, ele próprio, sobre tudo, de modo intelectivo.

Cada tese, que estabelece a tal respeito, quer sempre fundamentá-la segundo o teor e a necessidade do seu cérebro terreno. Isso está certo no que diz respeito às coisas terrenas e a tudo que faz parte da matéria grosseira, a que também pertence o cérebro e donde brota o raciocínio, pois o raciocínio outra coisa não é senão a perceção grosso-material. Por essa razão, os seres humanos que se submetem somente ao raciocínio, e que somente querem considerar como sendo justo e certo aquilo que pode ser incondicionalmente comprovado de modo intelectivo são todos mui estreitamente limitados e indissoluvelmente ligados à matéria grosseira.

Eles estão, com isso, distanciados ao máximo do verdadeiro saber e do saber em geral, apesar de justamente eles se julgarem sábios.

Nessa pobreza se encontra hoje a ciência inteira diante de nós, se a contemplarmos direito. Restringindo-se a si própria, oprimindo com força e recusando medrosamente tudo que não pode comprimir nos limites estreitos de sua compreensão tão presa à Terra. Recusando realmente com medo, porque tais cientistas, apesar da rigidez, não podem negar que existe algo mais do que aquilo que eles são capazes de catalogar no registo de seus cérebros grosso-materiais e que, portanto, ainda pertence de modo absoluto ao plano de matéria grosseira, às ultimas ramificações na extremidade inferior desta grande Criação!

Devido ao seu medo, alguns se tornam maldosos e até perigosos em relação a todo aqueles que não querem se deixar envolver nessa rigidez, mas que esperam mais do espírito humano e por esse motivo não pesquisam somente com o raciocínio preso à Terra, mas sim com o espírito, indo além dos processos grosso-materiais, assim como é digno de um espírito humano ainda sadio e como é seu dever nesta Criação.

Os seres humanos de raciocínio querem a qualquer preço subjugar espíritos vigilantes. Assim foi durante milénios. E as trevas, que cada vez mais céleres se espalharam, principalmente por intermédio dos seres humanos de raciocínio, como consequência de tal restrição grosso-material, prepararam com o decorrer do tempo o solo que tornou possível o desenvolvimento do poder do raciocínio terreno.

Tudo quanto não podia ser justificado através do raciocínio, foi hostilizado e sempre que possível ridicularizado, a fim de não encontrar acolhida e não poder inquietar os seres humanos de raciocínio.

Preventivamente procurou-se difundir como sabedoria que tudo aquilo, que não puder ser averiguado e confirmado pelo raciocínio, apenas pertence a uma teoria insustentável!

Essa tese apresentada pelos seres humanos de raciocínio tem sido o seu orgulho e também a sua arma e o seu escudo durante milénios, até mesmo seu trono, que terá de ruir agora, já no início do despertar espiritual! O despertar espiritual mostra que essa tese tem sido completamente errada e foi torcida com atrevimento ilimitado, apenas para proteger a estreiteza presa à Terra e conservar o espírito humano em sono inativo.

[…]

Hoje quero prosseguir nisso e explicar por que as irradiações tinham de transpor os limites da região Divina, pois tudo no desenvolvimento da Criação ocorre apenas porque não pode ser de outra forma, isto é, incondicionalmente de acordo com a lei.

O Santo Graal foi desde a eternidade o pólo final da irradiação imediata de Deus. Um recipiente no qual se concentrava a irradiação no último e extremo ponto para, refluindo, renovar-se sempre. Em volta dele estava o Divino Supremo Templo do Graal, com os portais, que abriam para fora, firmemente fechados, de maneira a nada poder sair dele e não haver possibilidade de ulterior resfriamento. Cuidado e guardado fora tudo pelos “anciãos”, isto é, pelos eternamente imutáveis, capazes de levar uma existência consciente no extremo limite da região das irradiações Divinas.

Tem o ser humano de refletir agora, antes de mais nada – se é que deseja seguir-me direito em minha descrição – que no plano Divino vontade e ação são sempre uma só coisa. A cada palavra segue-se imediatamente a ação, ou, mais precisamente, cada palavra já é a própria ação, porque a Palavra Divina possui força criadora, transformando-se portanto imediatamente em ação. Assim também na grande sentença: “Faça-se a Luz!”.

Luz é somente o próprio Deus! E da Sua irradiação natural resulta o círculo imensurável, para o sentido humano, da região Divina, cuja ancoragem extrema é e foi desde toda a eternidade o Supremo Templo do Graal. Se Deus, pois, queria que além do limite da irradiação imediata Divina também houvesse Luz, não podia tratar-se aí de uma expansão simples e arbitrária das irradiações, mas tinha de ser colocada Luz no ponto extremo do limite da irradiação imediata da perfeição Divina, a fim de, a partir de lá, as irradiações penetrarem no que até então não tinha sido iluminado.

Por conseguinte, Deus não pronunciou as palavras “Faça-se a Luz!” apenas segundo as noções humanas, mas isso foi simultaneamente uma ação! Foi o grandioso acontecimento da emissão ou do nascimento fora dos limites do Divino de uma parte de Imanuel! A colocação para fora de uma parte de Luz da Luz primordial, a fim de que iluminasse e aclarasse de forma autónoma além da irradiação imediata de Deus. O começo do grandioso despontar da Criação foi consequência simultânea da emissão de uma parte de Imanuel!

Imanuel é, portanto, a origem e o pólo de saída da Criação, devido à emissão de uma parte dele. Ele é a Vontade de Deus, que traz em si de maneira viva a sentença “Faça-se a Luz!”, que é ele mesmo. A Vontade de Deus, a Cruz Viva da Criação, em torno da qual pôde e teve de se formar a Criação. Por isso, ele também é a Verdade, assim como a lei da Criação, que através dele e a partir dele pôde formar-se!

Ele é a ponte saindo do Divino, o caminho que conduz para a Verdade e a Vida, a fonte criadora e a força que advém de Deus.

Trata-se de um quadro novo, que se desenrola diante da humanidade e que, no entanto, não desvia nada, porém endireita o que está torcido nas conceções humanas.

Resta-vos agora ainda a pergunta quanto ao “porquê”! Porque Deus enviou Imanuel? Se bem que esta pergunta, formulada pelo espírito humano, seja também bastante esquisita e até arrogante, mesmo assim quero explica-la, tendo em vista que tantos seres humanos terrenos se sentem como vítimas desta Criação, na ilusão de que se eles podem errar é porque Deus os criou defeituosos.

A arrogância vai tão longe, que fazem disso uma crítica com a própria desculpa de que bastava Deus ter criado o ser humano de tal forma, que nunca pudesse pensar nem agir erradamente; com isso teria sido evitada também a queda da humanidade.

Mas unicamente a capacidade de livre resolução do espírito humano foi que o levou à decadência e à queda! Tivesse ele observado e obedecido sempre as leis na Criação, então poderia existir para ele somente ascensão, felicidade e paz, pois assim querem estas leis. Deixando de cumpri-las, naturalmente choca-se com elas, tropeça e cai.

Na esfera da perfeição Divina, só o Divino pode usufruir as alegrias da existência consciente, as quais a irradiação de Deus oferece. É o mais puro do puro na irradiação, que pode se formar, como por exemplo os arcanjos; em distância maior, no mais extremo limite de alcance da irradiação, formam-se então também os anciãos, que são ao mesmo tempo os guardiões do Graal no Supremo Templo do Graal, dentro da esfera Divina.

Com isso é extraída a parte mais forte e mais poderosa da irradiação! Das partes restantes formam-se, nas regiões do Divino, animais, paisagens e construções. Com isso se modifica mais e mais a espécie dos últimos resíduos, porém se acham subordinados à mais alta tensão na imensa pressão decorrente da proximidade de Deus, muito embora também aqui a sua distância tenha de permanecer incomensurável e incompreensível para o espírito humano.

Nesses últimos resíduos, que, como ramificações e sobras extraídas das irradiações, não têm mais capacidade de produzir formas no Divino, e em cujos limites extremos apenas passam e flutuam como nuvenzinhas luminosas, está contido também o espiritual. Não pode desenvolver-se sob essa alta pressão nem chegar à consciência. O forte impulso para isso, porém, encontra-se em todo o espiritual, e é este impulso que se eleva, como uma grande súplica, da flutuação permanente, a qual, nesse limite, não pode chegar a tecer nem a formar-se.

E foi, por sua vez, a essa súplica no impulso inconsciente que Deus atendeu em Seu grande Amor, permitindo que se realizasse, pois somente fora dos limites de todo o Divino é que o espiritual, seguindo seu impulso, podia desabrochar, para, em parte, usufruir conscientemente as bênçãos das irradiações Divinas, viver dentro delas cheio de alegria, empenhando-se em construir para si próprio um reino que, florescendo e em harmonia, pudesse tornar-se um monumento em honra de Deus, como agradecimento à Sua bondade, por haver, concedido ensejo a todo o espiritual para o mais livre desenvolvimento e, com isso, para a efetivação de todos os desejos!

Segundo a espécie e as leis das irradiações de Deus, tinha que surgir apenas felicidade e alegria para todos quantos se tornassem conscientes. Nem podia ser de outra maneira diferente, já que para a própria Luz as trevas são completamente estranhas e incompreensíveis.

Assim o grande ato foi um sacrifício do Amor de Deus, que separou uma pequena parte de Imanuel e a enviou para fora, somente para conceder ao impulso constantemente suplicante do espiritual uma fruição consciente da existência.

Para chegar até lá, o espiritual tinha de ultrapassar os limites da região Divina. Para um tal acontecimento, porém, somente uma parte da Luz Viva podia abrir caminho, porque a atração da Luz original é tão forte, que tudo o mais ficaria retido no limite da irradiação imediata, sem poder prosseguir.

Para a concessão da realização do impulso de todo o espiritual havia, portanto, apenas uma possibilidade; a emissão de uma parte da própria Luz! Somente dentro dessa força podia o espiritual atravessar o limite, a fim de tornar-se autoconsciente, servindo-se do caminho da irradiação daquela parte da Luz como ponte.

[…]

Assim é a evolução em toda a sua simplicidade. Por amor fora satisfeito a todas as criaturas o anseio para o vivenciar consciente, anseio esse que as impulsionava! Por amor àqueles, porém, que querem a felicidade e a paz, na observação das leis naturais desta Criação, será então aniquilado tudo o que perturba a paz, por ter-se mostrado indigno de poder ser autoconsciente. Nisso reside o Juízo Final, temido com toda a razão! A grande transformação do Universo!

O espírito humano não tem nenhum direito de indagar o “porquê” da Criação, pois é uma exigência dirigida a Deus, exigência que ele não tem o direito de fazer, já que ele próprio se fechou, com o pecado original voluntário, a toda a sabedoria e à possibilidade de maiores reconhecimentos!

Eu dei, porém, explicação, a fim de desfazer as absurdas imaginações dos seres humanos de raciocínio, para que os espíritos humanos, que anseiam sinceramente pela Verdade e estejam dispostos a recebê-la com humildade, não se deixem transviar por tão criminosa e blasfemadora presunção, no momento de todas as decisões finais para o ser ou não ser de cada criatura!

Para aquele que procura realmente, o saber a respeito disso muito dará, pois vós todos não podereis viver de outra maneira do que na lei! Na lei viva!

Se sois capazes de compreender isso, é assunto vosso, pois nisso não vos posso ajudar. A humanidade perguntou, pediu, e eu respondi sobre coisas que estão muito além da capacidade de compreensão do espírito humano, que se realizam em distâncias imensas, girando nas órbitas férreas da justiça e da perfeição Divina. Com humildade incline-se a criatura humana!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 38 “Faça-se a Luz!”, da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Inenteal

Novembro 01, 2015

A palavra “enteal” é uma expressão da Criação. É tão abrangente, que o espírito humano, como uma partícula da Criação, nunca poderá ter dela um conceito certo.

Como o contrário de enteal é utilizada a expressão “inenteal”. O que significa inenteal a criatura humana muito menos ainda pode imaginar. Terá sempre uma ideia confusa disso, pois trata-se de algo que lhe será sempre um enigma.

Nem pode formar a tal respeito uma noção, por não existir para o inenteal nenhuma forma no sentido do espírito humano.

No entanto, a fim de levar-vos pelo menos um pouco mais perto da compreensão, quero empregar para expressões referentes à Criação expressões terrenas, mesmo que estas possam significar apenas uma diminuta sombra em relação à realidade.

Como enteal pensai no que é dependente, e como inenteal no Único independente!

Isto vos dará, pensando de maneira humana, a melhor possibilidade de aproximar-vos objetivamente, mesmo que também não possa transmitir nem designar aquilo que realmente é ou como é, pois esse “que” nunca podereis compreender, ao passo que podereis fazer dessa maneira pelo menos uma imagem aproximada sobre o “como”.

O inenteal é, portanto, o Único independente, ao passo que tudo o mais depende dele em todo o sentido e por isso é denominado enteal, ao qual pertence também todo o espiritual e da mesma forma todo o Divino, ao passo que o inenteal é somente Deus!

Vedes, portanto, que entre o Divino e Deus há ainda uma grande diferença. O Divino não é ainda Deus, pois o Divino é enteal, e Deus, no entanto, inenteal. O Divino e tudo o mais existente dependem de Deus, não pode existir sem Deus. Deus, porém, é realmente independente, se quisermos utilizar expressões terrenas para isso, as quais naturalmente não podem dar aquilo que realmente é, visto que noções terrenas ou humanas não conseguem abranger tamanha grandeza.

Deus, portanto, não é Divino, atentai bem nisso; Deus é Deus, visto que Ele é inenteal, e o inenteal não é Divino, é Deus!

 

Abdruschin

 

Dissertação 39 “Inenteal” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Natal

Novembro 01, 2015

Noite sagrada! Jubiloso cantar em radiante agradecimento perfluiu outrora todos os planos da Criação, quando o Filho de Deus, Jesus, nasceu no estábulo de Belém e os pastores dos campos – aos quais fora tirada a venda dos olhos espirituais durante aquele abalo jubiloso do Universo, para que pudessem testemunhar o grande acontecimento imensurável e chamar a atenção dos seres humanos – caíram de joelhos, cheios de medo, pois estavam dominados por aquilo que para eles era novo e incompreensível.

Medo tiveram os pastores, que momentaneamente foram tornados clarividentes e também clariaudientes para aquele fim. Medo ante a grandeza do acontecimento, ante a Onipotência de Deus, que naquilo se mostrava! Por isso o anunciador das alturas luminosas também lhes falou primeiro tranquilizando: Não tenhais medo!

Essas são as palavras que sempre encontrareis, quando das alturas luminosas um anunciador fala aos seres humanos, pois é sempre medo o que primeiro sentem os seres humanos terrenos, quando avistam e ouvem anunciadores elevados; medo causado pela pressão da força, para a qual estão também um pouco abertos em tais instantes. Em parte mínima somente, pois um pouco mais já teria de esmagá-los e queimá-los.

E todavia devia ser alegria e não medo, tão logo o espírito humano se esforçasse em direção às alturas luminosas.

Esse acontecimento não se revelou a toda a humanidade na Noite Sagrada! Além da estrela, que se mostrou de forma material, nenhum dos seres humanos terrenos viu aquele anunciador luminoso e a multidão luminosa que o rodeava. Ninguém viu nem ouviu, a não ser os poucos pastores escolhidos, que na sua simplicidade e ligação com a natureza podiam mais facilmente estar abertos para isso.

E anunciações de semelhante grandeza nunca podem realizar-se aqui na Terra de maneira diferente do que através de alguns poucos escolhidos! Lembrai-vos disso sempre, pois a regularidade da lei na Criação não pode ser revogada por vossa causa. Portanto, não construais formas de fantasia para não importa quais acontecimentos, que nunca podem ocorrer assim como vós pensais! Trata-se de exigência veladas, que nunca promanam de legítimas convicções, mas sim são um indício de descrença escondida e de uma indolência espiritual daqueles que não receberam a palavra da minha Mensagem conforme deveriam recebê-la, a fim de poder tornar-se viva no espírito humano.

Naquela época acreditava-se nos pastores; pelo menos durante algum tempo. Hoje pessoas assim só são ridicularizadas, tidas na conta de excêntricas e até impostoras, visando obter com isso apenas vantagens terrenas, porque a humanidade caiu demasiadamente fundo, para ainda poder formar como verdadeiros os chamados vindos das alturas luminosas, principalmente se ela própria não pode vê-los nem ouvi-los.

Acreditais então, criaturas humanas, que Deus, devido à vossa profunda queda, derrube as leis perfeitas da Criação, só para servir-vos, para aplainar vossos erros e compensar a vossa preguiça espiritual? A perfeição de Suas leis na Criação é e permanece intangível, imutável, pois encerram em si a sagrada Vontade de Deus!

Assim, as grandes anunciações que esperais nunca poderão realizar-se aqui na Terra de maneira diferente do que pela forma que já conheceis, desde que datem de tempos remotos.

Um assim chamado bom cristão denominaria, sem mais nem menos, de blasfemador e grande pecador aquele ser humano que ousasse afirmar que a anunciação aos pastores, do nascimento do Filho de Deus, Jesus, não passa de uma lenda.

Contudo, esse mesmo bom cristão rejeita com furiosa indignação as anunciações do tempo atual, apesar de serem dadas da mesma forma, através de pessoas agraciadas para isso, e chama esses portadores, sem mais nem menos, também de blasfemadores, nos casos mais favoráveis talvez somente de fantasistas ou doentios, frequentemente de mal orientados.

[…]                                                                                          

Aquele que não absorveu em si a irradiação da pureza, a esse nunca poderá chegar a irradiação do Amor de Deus!

Lembrai-vos sempre disso e dai a vós próprios, como presente de Natal, o firme propósito de abrir-vos para a pureza, a fim de que, para a Solenidade da Estrela Radiante, que é a Solenidade da Rosa no Amor de Deus, a irradiação do Amor possa penetrar em vós pelo caminho da pureza!

Então tereis festejado de modo certo a festa da Noite Sagrada, de acordo com a Vontade de Deus! Proporcionareis com isso o verdadeiro agradecimento pela inconcebível graça de Deus, que Ele sempre de novo outorga à Terra com a Noite Sagrada!

Hoje em dia são celebrados muitos serviços a Deus (*) em memória do nascimento do Filho de Deus. Percorrei em espirito ou também na memória as igrejas de toda a espécie, deixai falar vossa intuição e decididamente vos afastareis das reuniões que são chamadas serviços a Deus!

No primeiro momento o ser humano surpreende-se que eu fale dessa maneira, ele não sabe o que quero dizer com isso. Mas isso só acontece, porque até agora ele nunca se esforçou em meditar sobre a expressão “serviço a Deus” e depois fazer uma comparação com os acontecimentos que se denominam serviço a Deus. Aceitastes isso simplesmente como tanta coisa que existe como rotina desde séculos.

E todavia a expressão “serviço a Deus” é tão inequívoca, que nem pode ser usada em sentido errado, se o ser humano não tivesse o costume de aceitar indiferentemente, desde séculos, sem hesitação. O que atualmente é denominado serviço a Deus é na melhor das hipóteses uma oração, ligada a tentativas de interpretação humana daquelas palavras expressadas pelo Filho de Deus e só mais tarde escritas por mãos humanas.

Nesse facto nada pode ser alterado, nenhum ser humano pode contradizer tais declarações, se quiser ser sincero9 perante si mesmo e perante aquilo que realmente aconteceu. Acima de tudo, se não for demasiado preguiçoso para meditar profundamente nisso e não usar um palavreado vazio, fornecido por outrem, como autoesculpa.

Contudo a expressão “serviço a Deus” é tão viva em sua especificação e fala por si mesma tão nitidamente aos seres humanos, que, havendo apenas um pouco de intuição, dificilmente poderia ser empregada para aquilo que ainda hoje se designa assim, não obstante o ser humano terreno se ter na conta de muito avançado.

O serviço a Deus tem de tornar-se vivo, se a expressão deva se transformar em realidade com tudo o que ela encerra. Deve mostrar-se na vida. Quando pergunto o que vós, seres humanos, entendeis por serviço, isto é, por servir, não haverá quem não responda logo senão pela palavra: trabalhar! Isto se acha bem explícito na palavra “serviço” e nem se pode imaginar algo diferente.

O serviço a Deus na Terra não é naturalmente outra coisa do que trabalhar aqui na Terra no sentido das leis de Deus, atuando e vibrando nisso terrenamente! Transformar em ação na Terra a Vontade de Deus!

E isso falta por toda a parte!                    

Quem procura, pois, servir a Deus na atividade terrena! Cada qual só pensa em si mesmo e, em parte, naqueles que lhe estão próximos terrenamente. Mas pensa que serve a Deus quando Lhe dirige a oração!

Refleti vós próprios, pois, onde na realidade se encontra nisso o servir a Deus? É, no entanto, tudo, menos servir! Assim é uma parte do hoje chamado serviço a Deus, que engloba a oração. A outra parte, a interpretação da palavra que foi escrita por mão humana, pode ser considerada, por sua vez, apenas como aprendizagem para aqueles que realmente se esforçam por conseguir uma compreensão. Os indiferentes e os superficiais estão fora de cogitação.

Não é absolutamente sem razão que se diz “frequentar” um serviço a Deus ou “assistir” a ele. Essas são as expressões certas para isso, que falam por si próprias!

Serviço a Deus deve, porém, o ser humano executar pessoalmente, e não assistir a ele. “Pedir” não é servir, pois no pedir o ser humano quer geralmente obter de Deus alguma coisa, Deus deve fazer algo para ele, o que está muito longe da noção de “servir”. Por conseguinte, orar e pedir não tem nada a ver com o serviço a Deus.

Certamente isso se tornará compreensível a cada ser humano, sem mais delongas. Tudo aquilo que o ser humano faz na Terra tem que ter sentido; não pode abusar como quiser do idioma que lhe foi concedido, sem que isso lhe cause prejuízo. Já que não adquiriu conhecimento algum sobre o poder que jaz também na palavra humana, nada pode protegê-lo diante disso.

É erro seu, se ele descuida disso! Fica sujeito então às consequências do emprego errado das apalavras, que se transformam para ele em obstáculo em vez de auxílio. A tessitura automática de todas as leis primordiais da Criação não para e nem vacila perante as faltas do ser humano; pelo contrário, toda contextura da Criação prossegue em sua marcha com inabalável exatidão.

Eis o que os seres humanos nunca consideram e por isso também não atentam para dano próprio. Repercute sempre, de modo correspondente, até mesmo nas coisas mínimas e mais insignificantes.

A denominação já de si errada das reuniões tidas como “serviço a Deus” também contribuiu muito para que o verdadeiro serviço a Deus não tenha sido levado a efeito pelos seres humanos, porque cada qual acreditava já ter feito bastante, assistindo a tal serviço a Deus, que nunca foi verdadeiramente um serviço a Deus.

Denominai essas reuniões uma hora de adoração conjunta a Deus e então ficaria mais próximo do sentido e, até certo grau, justificaria a instituição de horas suplementares, muito embora a adoração a Deus se encontre em cada olhar, cada pensamento e cada ação, podendo expressar-se através deles.

Muitas pessoas certamente pensarão que isso não é possível sem parecer artificial e demasiado forçado. Mas não é assim. Quanto mais irrompe a verdadeira adoração a Deus, tanto mais natural se tornará o ser humano em todo o seu atuar e até mesmo em seus mais simples movimentos. Ele vibra então em sincera gratidão para com o seu Criador, usufruindo as graças na forma mais pura.

Transportai-vos hoje para a festa de Natal em qualquer dos serviços a Deus aqui na Terra.

Jubiloso agradecimento e felicidade deviam vibrar em cada palavra, pela graça que Deus concedeu outrora aos seres humanos. Até o ponto em que, aliás, se sabe avaliar entre os seres humanos essa graça, pois compreender inteiramente a verdadeira grandeza o espírito humano não consegue.

Aí, porém, procura-se em vão por toda a parte. Falta o impulso alegre para os páramos luminosos! De agradecimento jubiloso nem sequer sinal. Muitas vezes até se torna percetível uma opressão, que tem sua origem numa deceção, que o ser humano não sabe como explicar a si mesmo.

Só uma coisa se encontra por toda a parte, algo que a espécie do serviço a Deus de todos os credos reproduz, como se estivesse gravado com o cinzel mais afiado, caracterizando ou forçando a corporificação audível de tudo o que vibra no serviço a Deus: através de todas as vozes que pregam percorre um som monótono e melancólico que cansa por sua contínua repetição e se estende como um véu cinzento sobre as almas que estão adormecendo.

Apesar disso, soa às vezes também como um lamento velado por algo perdido! Ou por algo não encontrado! Ide lá pessoalmente e escutai. Por toda a parte encontrareis essa situação esquisita e estranha!

Não se torna consciente aos seres humanos, mas, falando com termos usuais: isso se dá assim mesmo!

E nisso reside verdade. Acontece assim, involuntariamente, por parte do orador e mostra nitidamente a maneira em que tudo vibra. Não se pode falar de um alegre impulso para cima nem de um entusiasmo flamejante, mas, pelo contrário, é como uma combustão difusa e fraca, que não consegue a força para irromper livremente para cima.

Onde o orador não se deixa “levar” pela vibração difusa e fraca desse serviço a Deus, quando permanece intocado, por isso, o que equivaleria a certa indiferença ou a um consciente alheamento, aí todas as palavras parecerão untuosas, equiparando-se ao ressoar de um metal, frio, sem calor, sem convicção.

Em ambos os casos falta o calor da convicção, falta a força do saber vitorioso que quer falar disso ao próximo em alegria jubilosa!

Se, como nas palavras “serviço a Deus”, é utilizada uma denominação enganosa para algo cujo conteúdo é diferente daquilo que as palavras indicam, então esse erro tem consequências. A força que podia ter é quebrada de antemão com o emprego de uma denominação falsa, não podendo surgir um verdadeiro e uníssono vibrar, porque através da palavra indicadora se originou um outro conceito, que não se cumpre. A execução do serviço a Deus se encontra em contradição com aquilo que a expressão “serviço a Deus” faz surgir como imagem na mais íntima intuição de cada espírito humano.

Ide e aprendei, e logo reconhecereis onde vos é oferecido o verdadeiro pão da vida. Antes de tudo, utilizai as reuniões em conjunto como horas de solene adoração a Deus. Serviço a Deus, porém, mostrai na atuação inteira do vosso ser, na própria vida, pois é assim que deveis servir ao vosso Criador, gratos, cheios de júbilo pela graça de poderdes existir!

Transformai tudo o que pensais e fazeis num servir a Deus! Então vos sobrevirá aquela paz pela qual ansiais. E quando os seres humanos vos afligirem pesadamente, seja por inveja, maldade ou baixos costumes, tereis a paz dentro de vós para sempre, e ela ajudar-vos-á, finalmente, a vencer todas as dificuldades!

 

Abdruschin

 

(*) Cultos religiosos

 

Excerto da Dissertação 40 “Natal” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Não caiais em tentação!

Novembro 01, 2015

Velai e orai para não cairdes em tentação! Essa advertência vinda da Luz foi considerada pelos seres humanos até agora somente como um conselho bondoso do Filho de Deus, Jesus, em virtude da maneira branda que se atribuiu ao Filho de Deus, como consequência da tão pronunciada presunção humana.

Tenho de repeti-la hoje!

Todavia, é mais do que apenas um conselho, pois é uma exigência de Deus para vós, ó seres humanos, se quiserdes salvar-vos dos frutos venenosos das vossas opiniões e noções erradas.

Não penseis que agora, sem mais nem menos, sereis tirados por Deus para fora do lodaçal nojento, que vos segura com tamanha tenacidade, com a mesma tenacidade que usastes para formar tal lodaçal, com obstinada teimosia contra a Vontade de Deus.

Deus não vos tirará como gratidão, pelo facto de talvez agora quererdes finalmente; oh! não, vós mesmos tendes de esforçar-vos para sair, da mesma forma que vos deixastes afundar.

Vós é que tendes de empenhar-vos, de maneira sincera e com grande aplicação, a fim de poderdes subir novamente para terra saudável. Se fizerdes isso, só então vos será dada a força para tanto, mas sempre na mesma medida de vosso querer: isso exige inexoravelmente a Justiça que está em Deus.

E nisso reside a ajuda que vos está prometida e que se realiza no mesmo momento em que o vosso querer se transforma finalmente em ação; não antes.

Como presente de Deus vos é dada a Palavra, que vos indica com toda a clareza o caminho que tendes de seguir, se quiserdes salvar-vos! Na Palavra está a graça que Deus outorga em Seu incomensurável Amor, conforme já sucedeu uma vez através de Jesus.

A Palavra é o presente. O grande sacrifício de Deus, porém, é o ato de enviar a Palavra até as materialidades grosseiras, para vós, seres humanos, o que sempre está ligado a grande sofrimento, devido à atitude hostil dos seres humanos para com a Luz, decorrente da presunção. E ninguém mais pode dar aos seres humanos a Palavra verdadeira, a não ser uma parte da própria Palavra. O portador da Palavra Viva, portanto, também tem de originar-se da própria Palavra!

Se porém, depois de principiada a escuridão entre os seres humanos na Terra, não lhes tivesse sido dada a Palavra, teriam eles de sucumbir na decomposição, junto com as trevas que os envolvem densamente.

E por causa do pequeno número daqueles que ainda trazem em si anseio pela Luz, apesar da escuridão que os seres humanos formaram, mais uma vez Deus, em Sua Justiça e Amor, enviou a Palavra Viva para essa escuridão, a fim de que os poucos, por causa da Justiça, não tenham de se perder com os outros, mas ainda possam salvar-se pelo caminho que a Palavra lhes indica.

Para que a Palavra, porém, pudesse indicar o caminho que conduz para fora da escuridão, tinha primeiro que aprender a conhecer essa escuridão e vivenciá-la em si, tinha que aprofundar-se nela, a fim de primeiramente seguir o caminho para fora e com isso abrir passagem aos seres humanos que quisessem segui-la.

Somente à medida que a Palavra seguia o caminho para fora dessa escuridão, podia ela também explicar o caminho e fazer com que os seres humanos compreendessem melhor!

Por si só, sem essa ajuda, os seres humanos nunca teriam conseguido isso. Compreendei, portanto, ó seres humanos, que tal decisão, que se tornou necessária apenas por causa de um pequeno número de pessoas, foi efetivamente um grande sacrifício de Amor, que unicamente Deus, em Sua inabalável Justiça, pode realizar!

Esse foi o sacrifício que tinha de se cumprir, inteiramente de acordo com a lei, por causa da Justiça e do amor, na perfeição intangível e inflexível da Vontade de Deus.

Mas isso não é nenhuma desculpa para os seres humanos, pois tal sacrifício somente se tornou necessário devido ao falhar da humanidade que se afasta da Luz.

Se, portanto, o sacrifício ocorreu também dentro das leis da sagrada Vontade de deus, nem por isso diminui a culpa da humanidade, pelo contrário, é ainda maior, porque ela criminosamente dificultou tudo, torcendo e confundindo tudo aquilo que lhe foi confiado por Deus.

Fica, portanto, o grande sacrifício totalmente isolado, como uma consequência da perfeição de Deus, da sacrossanta Vontade.

Se, contudo, ainda quiserdes salvar-vos realmente, é assunto vosso exclusivamente, pois essa perfeição Divina, da qual resultou o grande sacrifício de Deus, como algo incondicional, exige também a destruição de tudo quanto na Criação inteira não for capaz de adaptar-se voluntariamente de acordo com as leis de Sua Vontade.

A tal respeito não existe misericórdia nem fuga, nenhuma exceção nem desvio, mas sim apenas a efetivação conforme as leis da Criação, no círculo final de todo o atuar de até então.

Por isso a exigência: velai e orai para não cairdes em tentação!

Compreendei bem essas palavras, e então aprendereis a reconhecer a severa exigência contida nelas. Velai! Apela para a vivacidade da vossa intuição e exige com isso a movimentação do espírito! Somente nisso é que reside a verdadeira vigilância. E também nisso, novamente,  a feminilidade tem de seguir na frente, porque lhe foi outorgada uma sensibilidade mais ampla e mais fina.

A feminilidade deve ser vigilante na força da sua pureza, à qual tem de servir, se deseja cumprir fielmente a missão da feminilidade nesta Criação. Isso, porém, ela só pode fazer como sacerdotisa da pureza!

Velai e orai, diz a sentença que vos é dada mais uma vez no caminho. O velar refere-se á vossa vida terrena, na qual deveis estar automaticamente preparados a qualquer momento, para intuir nitidamente as impressões que se precipitam sobre vós, e também pesá-las cuidadosamente, assim como examinar antecipadamente, com cuidado, tudo o que sai de vós.

O orar, porém, traz a manutenção da ligação com as alturas luminosas e o abrir-se às sagradas correntes de forças para utilização terrena.

Para isso, destina-se a oração, que vos força a dirigir o vosso sentido nesta Terra para o alto. Por isso a exigência, cujo cumprimento só vos traz inenarráveis proveitos através de fortes auxílios, a cuja afluência vós, em caso contrário, vos fechais devido à inobservância das leis da Criação.

Cumprindo ambas as exigências, nunca podereis cair em tentação! Interpretai também direito essa indicação, pois se vos é dito: “para não cairdes em tentação”, então isso não quer dizer que se velardes e orardes nenhuma tentação mais vos atingirá, que elas ficarão afastadas, que, portanto, não caireis em tentações, porém deve significar: se permanecerdes sempre vigilantes e orardes, então nunca podereis sucumbir às tentações que venham ao vosso encontro; podereis enfrentar vitoriosamente todos os perigos!

Acentuai certo a frase, conforme é intencionado. Por isso, não coloqueis acentuação na palavra “tentação”, mas sim na palavra “cairdes”, então, sem mais nem menos, tereis compreendido o sentido certo. É dito: “”Velai e orai para não cairdes em tentação!” Velar e orar é, portanto, uma proteção diante da queda, mas não exclui aqui no meio das trevas a aproximação das tentações, que, se vossa disposição estiver certa, só podem fortalecer-vos e inflamar vosso espírito para um maior ardor, devido à pressão da necessária resistência, trazendo-vos, portanto, grande proveito.

Tudo isso, porém, não mais se tornará um perigo para a humanidade, mas sim uma alegria, um bem-vindo movimento espiritual, que somente traz progresso em vez de embargar, assim que a feminilidade cumprir fielmente a sua missão, que lhe foi concedida pelo Criador e para a qual foi preparada especialmente.

Se ela finalmente quiser com sinceridade, então não lhe será difícil cumprir realmente. Sua missão repousa no sacerdócio da pureza!

Isso ela pode realizar por toda a parte, a qualquer momento, sem precisar para tanto de compromissos especiais; pode cultivar isso, sem mais nem menos, em cada olhar e em cada palavra que sai de sua boca, até mesmo em qualquer movimento; isso tem de se tornar inteiramente natural para ela, pois vibrar na Luz da pureza é o seu verdadeiro elemento, ao qual ela se conservou fechada até agora por mera leviandade e por vaidade ridícula.

Despertai, ó senhoras e moças! Prossegui o caminho no cumprimento da vossa feminilidade humana, que o Criador vos traçou nitidamente e que, aliás, é a razão de poderdes estar nesta Criação! Então não tardará a revelar-se perante vós milagre após milagre, pois com isso florescerá tudo, para onde quer que vosso olhar se volva, porque a bênção de Deus vos perfluirá ricamente, tão logo a pureza de vosso querer aplainar para isso o caminho e abrir os portais dentro de vós!

Felicidade, paz e alegria, como jamais houve, cobrirão radiosamente esta Terra, quando a feminilidade formar a ponte para os páramos luminosos, conforme está previsto na Criação, e quando ela, mediante a sua existência exemplar, conservar desperto o anseio pela Luz em todos os espíritos e se tornar a guardiã da chama sagrada!                                              

Ó mulher, o que te foi dado, e como desperdiçaste criminosamente toda a preciosidade da sublime graça de Deus!

Reflete bem e torna-te sacerdotisa da pureza no âmago de tua intuição, a fim de poderdes caminhar bem-aventuradamente através de uma região florida, onde os seres humanos, de olhos brilhantes, agradecem jubilosamente ao seu Criador pela graça da vida terrena, da qual se servem como degraus para os portais dos jardins eternos!

Encarai vossa missão, ó senhoras e moças, como futuras sacerdotisas da pureza Divina aqui na Terra, e não descanseis enquanto não tiverdes alcançado aquilo que vos falta para isso!

 

Abdruschin

 

Dissertação 41 “Não caiais em tentação!” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Conceito de família

Novembro 01, 2015

Doce lar! Nessas palavras encontra-se um som que indica claramente como deve ser um lar, que o ser humano constitui aqui na Terra.

A expressão já é bem certa, como tudo o que a palavra dá aos seres humanos, contudo, também aqui o ser humano torceu o sentido claro e o arrastou consigo na decadência.

Despojou-se assim de um apoio após outro, que lhe podiam dar segurança na existência terrena, e tudo quanto havia de puro na origem foi fortemente turvado pelas conceituações erradas das criaturas humanas e muitas vezes até criminosamente transformado num charco, que evoluiu numa vala comum das almas.

Disso faz parte também o conceito de família em sua forma de até agora, que tão frequentemente é louvado e salientado como algo nobre e íntegro, de elevado valor, como algo que proporciona ao ser humano grande apoio, que o fortalece e beneficia, tornando-o um respeitável cidadão terreno, que, seguro e protegido, está capacitado para a luta pela existência, como hoje os seres humanos gostam de denominar cada vida terrena.

Mas como sois tolos, ó seres humanos; como é estreita e limitada vossa visão sobre tudo, principalmente sobre aquilo que se refere a vós e à vossa peregrinação através das Criações.

Exatamente o conceito de família tido por vós em tão alta conta é uma daquelas armadilhas que, com grande precisão, exige numerosas vitimas e também as consegue, pois muitas pessoas são, sem a menor consideração, arremessadas para dentro através das leis não formuladas dos hábitos humanos e retidas nelas por milhares de braços, até que, atrofiando-se animicamente de modo lastimável, se entrosem indefesas na massa inerte que as arrasta para as profundezas de apagadas impessoalidades!

E esquisito: justamente todas aquelas pessoas que, com tenaz energia, procuram se agarrar a tais formas falsas, ainda imaginam que com isso sejam aprovadas por Deus como especialmente valiosas. Mas eu vos digo, devem ser consideradas como elementos nocivos que impedem o desenvolvimento e o fortalecimento de muitos espíritos humanos, ao invés de favorecer!

Abri amplamente, pois, por fim, os portais de vossa intuição, para que vós próprios possais reconhecer, agora, o errado que se aninhou em todas as coisas e costumes que o ser humano formou para si, pois ele os formou, sim, sob o domínio do raciocínio torcido, orientado por Lúcifer!

Quero tentar dar um quadro que possa levar-vos mais próximos da compreensão. Ele está intimamente ligado ao grande e automático circular da Criação, que, impulsionado pela lei do movimento, deve manter tudo sadio, porque somente no movimento certo podem permanecer o vigor e a força.

Consideremos, pois, como deve ser na Terra, e não como é agora. Então, todo o espiritual na Terra se assemelharia a um líquido límpido que se encontra em constante movimento circular e assim permanece, a fim de que não engrosse ou até mesmo enrijeça.

Pensai também num riacho alegremente murmurante. Como é deliciosa a sua água, como é refrescante e vivificante, oferecendo refrigério a todos os sedentos e com isso trazendo alegrias e proporcionando bênçãos no percurso que segue.

Se, contudo, dessa água, aqui e acolá, uma pequena parte se separa, ao saltar de modo independente para o lado, então aquela parte que se separou fica, na maioria dos casos, logo retida e inerte, qual pequena poça, que, em sua separação, perde rapidamente o frescor e a limpidez, exalando mau cheiro, porque, sem movimento, pouco a pouco se deteriora, devendo tornar-se ruim e podre.

Exatamente assim é com o vibrar espiritual dos seres humanos terrenos. Enquanto este circule harmoniosamente, de acordo com a lei do movimento, sem impedimentos ou pressa, desenvolver-se-á também, abençoadamente, alcançando uma força inimaginada, trazendo dessa forma continuamente ascensão, porque é favorecido ao mesmo tempo por todas as espécies de vibrações da Criação inteira, ao passo que nada se lhe opõe, mas sim tudo se liga alegremente, fortalecendo de modo auxiliar a atuação.

Assim foi o vibrar outrora, há longos anos, longos tempos, e com desenvoltura saudável e naturalidade cada espírito humano ascendia sempre mais para cima, desenvolvendo-se alegremente no reconhecimento. Agradecido, absorvia todas as irradiações que lhe podiam ser enviadas auxiliadoramente da Luz, e assim fluía uma corrente refrescante de forças espirituais da Água Viva para baixo, até a Terra, e dela, em forma de agradecida adoração e como efluxo do contínuo vivenciar cheio de paz, voltava novamente para cima, para a fonte de conservação.

A consequência, por toda a parte, foi um prosperar maravilhoso e, como um jubiloso cântico de louvor, no alegre e desimpedido circular do movimento harmonioso, soavam, pela Criação inteira, acordes majestosos de pureza não turvada.

Assim foi outrora, até que se iniciou a torção dos reconhecimentos, através da formação de falsos conceitos básicos, em decorrência da vaidade dos seres humanos, trazendo com isso desordens no maravilhoso entrelaçamento de todas as irradiações da Criação, que nas suas constantes intensificações terão de forçar por fim o descalabro de tudo aquilo que se ligou estreitamente a eles.

A tais desordens pertence, entre muitas outras coisas, também o atual rígido conceito de família em sua forma errada, de inacreditável expansão.

Precisais imaginar isso apenas figuradamente. No vibrar e circular harmonioso do espírito em ascensão, que irradiava refrescantemente ao redor da Terra, perpassando-a luminosa e abençoadamente, em conjunto com a entealidade, e elevando-a consigo no forte anseio pela Luz, formaram-se repentinamente interrupções, devido a pequenas condensações que circulavam conjuntamente apenas de modo indolente.

Tal como numa sopa que está esfriando, onde a gordura se separa ao coagular. É para vós talvez mais compreensível ainda, se eu comparar o processo com o sangue doente que, engrossando-se aqui e acolá, pode apenas ainda preguiçosamente fluir pelo corpo, impedindo assim o propulsar indispensável e conservador.

Nessa imagem reconheceis melhor o fundamental e sério significado do pulsar espiritual na Criação, o qual encontra no sangue do corpo terreno, como uma pequena cópia, a sua expressão mais grosseira. Para vós é mais claramente compreensível do que a imagem da sopa e do riacho murmurante.

Como comparação adicional também pode ainda servir a de que numa máquina bem lubrificada sejam lançados grãos de areia estorvantes.

Logo que o conceito de família, em si natural, se desenvolve doentia e erradamente, ele tem de atuar de modo obstrutivo e rebaixador no indispensável vibrar da lei do movimento alegre em direção às alturas, pois o atual conceito de coesão familiar tem como fundamento apenas a educação e a conservação de vantagens materiais e também comodidades, nada mais.

Assim se originaram, pouco a pouco, os aglomerados familiares que sobrecarregam e paralisam todo o vibrar espiritual, e que em suas esquisitas espécies nem podem ser denominados diferentemente, pois aqueles que a isso pertencem atam-se mutuamente, penduram-se um ao outro, formando assim um peso que os mantém em baixo e os arrasta cada vez mais para o fundo.

Tornaram-se dependentes uns dos outros e perdem gradualmente a individualidade específica, que os caracteriza como espirituais e que por isso também os compromete à mesma.

Com isso afastam descuidadamente o mandamento da Vontade de Deus destinado a eles e se tornam uma espécie de alma coletiva, algo que, devido à sua constituição, nunca poderão ser na realidade.

Cada um se intromete no caminho do outro, querendo muitas vezes até determinar, e assim amarra fios indestrutíveis e ligadores, que os agrilhoam uns aos outros, oprimindo-os.

Dificultam o individuo, no despertar de seu espírito, de se desligar disso e seguir sozinho seu caminho, no qual pode se desenvolver e o qual também lhe está traçado pelo destino. Assim, torna-se-lhe impossível libertar-se de seu carma, para a ascensão de seu espírito, desejada por Deus.

Tão logo ele apenas queira dar o primeiro passo no caminho para a liberdade de seu espírito, o qual será o certo só para ele e sua maneira de ser, não, porém, simultaneamente para todos aqueles que se denominam membros da família, imediatamente se levantam gritarias, advertências, pedidos, recriminações, ou também ameaças de todos aqueles que assim procuram puxar de volta esse “ingrato”, para o domínio de seu amor familiar ou de suas conceções!

O que não faz nesse sentido, o que não se argumenta, principalmente quando se trata das coisas mais valiosas que um ser humano possui, como a força de resolução de sua livre vontade, no sentido espiritual, que lhe foi dada por Deus e também necessária, pelo que unicamente ele, e ninguém mais, será levado à responsabilidade pela lei da reciprocidade.

É da Vontade de Deus que o ser humano se desenvolva, transformando-se incondicionalmente em uma personalidade própria, com a mais pronunciada consciência de responsabilidade para com o seu pensar, seu querer e seu atuar! Às possibilidades, porém, para o desenvolvimento da personalidade própria, para o fortalecimento de uma capacidade autónoma de decisão e, acima de tudo, também a necessária têmpera do espírito e a conservação de sua mobilidade para um contínuo estado de vigilância, o que somente pode surgir como uma consequência do estado de independência, isso sucumbe totalmente no tolhido conceito de família. Ele embota, asfixia o brotar e o alegre florescer do mais precioso no ser humano, que, aliás, o caracteriza ante as outras criaturas de matéria grosseira como ser humano, a personalidade própria, para o que a origem espiritual o capacita e destina.

Ela não pode chegar ao desenvolvimento, pois se o conceito de família for de maneira deformada, apresentando apenas exigência de direitos na realidade inexistentes, então muitas vezes se transforma num inaudito tormento, rompe a paz e destrói qualquer felicidade. A consequência é que, por fim, toda a força para a ascensão se dissipa.

Chamai somente aquelas pessoas que já tiveram de sofrer com isso, atrofiando-se animicamente; serão massas dificilmente calculáveis!

E quando, através do conceito de família, o amor dos seres humanos terrenos, ou o sentimento que os seres humanos denominam amor, sopra benevolentemente, então não é muito melhor, pois aí se procura sempre tornar tudo o mais comodo possível ao individuo, poupando-lhe justamente aquilo que obrigaria suas forças espirituais ao desabrochamento… por amor, cuidados ou dever familiar.

E tais pessoas, às quais cada caminho é aplainado, frequentemente são invejadas e, por isso, talvez até odiadas! Na realidade, porém, são apenas dignas de lástima, pois o amor assim erradamente dirigido ou os costumes de um conceito de família erradamente aplicados, nunca são de considerar como benefício, pelo contrário, atuam como um rasteiro veneno que, com infalível certeza, não permite desabrocharem as forças dessas pessoas, enfraquecendo assim apenas os seus espíritos.

É tirada dos seres humanos a temporária pressão, prevista na evolução natural, a qual provoca o desabrochar de todas as forças espirituais, oferecendo exatamente com isso o melhor e o mais seguro auxílio para um desenvolvimento espiritual, como graça do Onisciente Criador, auxílio esse que encerra grande bênção para a conservação e para todos os progressos.

O conceito de família, conhecido e valorizado hoje por todos é, em seu significado mais amplo, como um perigoso sedativo para cada espírito humano, que o cansa e paralisa. Segura e impede a necessária ascensão do espírito, porque aos membros individuais é afastado do caminho exatamente tudo aquilo que lhes pode auxiliar, a fim de se fortalecerem. São criadas e cultivadas plantas de estufa, espiritualmente cansadas, mas não espíritos fortes.

São milhares as espécies de hábitos prejudiciais e estorvantes que o conceito de família erradamente aplicado acarreta como consequências más. Deveis aprender a reconhecê-las mui rápida e facilmente, quando vos tiverdes tornado aptos a considerar tudo do ponto de vista certo, que terá de trazer vida e movimento para a massa até agora inerte dos aglomerados familiares paralisantes, que se revolvem de modo represante e obstrutivo no circular automático da Criação desejado por Deus, e no movimento sadio do espírito, paralisando e envenenando todo o radiante vigor, enquanto se prendem, concomitantemente, com milhares de garras, em volta de espíritos humanos que se esforçam para o alto, a fim de que estes não lhes escapem nem tragam, na rotina quotidiana, qualquer inquietação que tivesse de perturbá-los em sua vaidosa presunção.                                                   

Vereis com espanto como vós próprios ainda vos encontrais presos em muitos desses fios, qual uma mosca na teia de uma aranha mortífera.

Se apenas vos movimentardes, se tentardes vos libertar disso para atingir vossa autonomia espiritual desejada por Deus, uma vez que também tereis de assumir sozinhos a responsabilidade, vereis então com horror de que maneira ampla já a tentativa de vosso movimento subitamente se faz valer, e só nisso podereis então reconhecer quão múltiplos são esses fios, nos quais os hábitos errados vos envolveram inexoravelmente!

Medo então cairá sobre vós com esse reconhecimento, que somente podeis encontrar no vivenciar. Mas o vivenciar tê-lo-eis rapidamente, irromperá ao redor de vós, tão logo vosso ambiente veja que tomais a sério a transformação do vosso pensar e sentir, que vosso espírito quer despertar e trilhar seus próprios caminhos, que lhe estão previstos para o desenvolvimento, bem como, ao mesmo tempo, ainda para a libertação e redenção, como efeito recíproco de decisões anteriores.

Ficareis surpreendidos, sim, assustados, ao verdes que de bom grado estariam dispostos a perdoar-vos qualquer erro mais grosseiro, tudo, mesmo o pior, menos, porém, os esforços para vos tornardes livres espiritualmente e ter nisso convicções próprias! Mesmo se nem quiserdes falar a tal respeito, se deixardes os outros em paz, vereis que nada disso é capaz de alterar algo, porque eles não vos deixam em paz!

Se, no entanto, observardes e examinardes com toda a calma, então isso somente terá de fortalecer-vos no reconhecimento de todo o errado que os seres humanos trazem em si, pois mostram-no bem claramente na maneira como se apresentam no zelo subitamente despertado de reter-vos. Um zelo que só desabrocha devido à inquietação do não rotineiro e que vem do impulso de continuar na costumeira mornidão e de nela não serem perturbados.

É o medo daquilo, de se verem repentinamente colocados diante de uma verdade, que é completamente diferente daquilo em que até então se embalavam em indolente vaidade.

 

Abdruschin

 

Dissertação 42 “Conceito de família” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Doce lar

Novembro 01, 2015

São aos milhares os entrelaçamentos em que as criaturas humanas se enredam com aparente bem-estar. Somente aquelas que sentem em si a lei de Deus do movimento espiritual, e se esforçam para o despertar, intuem as ligações de modo extremamente doloroso, porque estas ferem apenas quando aquele, que se acha assim enredado, tenta libertar-se delas.

E, todavia, esse libertar-se é a única coisa que pode trazer salvação da queda no sono da morte espiritual!

Hoje decerto não compreendereis estas minhas palavras em toda a sua incisiva verdade, porque a humanidade amarrou-se nisso demasiadamente e mal pode ainda ter uma possibilidade de livre visão disso, ou uma compreensão total para tanto.

Por essa razão os laços serão agora cortados pela Justiça de Deus, destruídos, mesmo que tenha de ser muito doloroso para as criaturas humanas, tormentoso, se de outra maneira não for possível. Somente depois do cortar e da queda dos laços e das amarras sereis capazes de compreender direito as minhas palavras, num horroroso retrospeto a respeito de vosso errado pensar de até agora!

Não obstante, quero destacar da multiplicidade de alguns pequenos exemplos, que talvez possam dar-vos uma ideia.

Olhai, pois, junto comigo para a atual vida humana:

Está certo se as crianças são conduzidas através de sua infância fielmente protegidas e guardadas, se para a juventude em crescimento é dada, através de correspondente instrução, a ferramenta para os caminhos através da vida terrena.

Contudo, depois deve restar para cada ser humano individual a possibilidade, e até ser dada, de progredir por si próprio, desde o começo! Não deve, desde o início, tudo ser-lhe tornado comodo!

No tornar comodo ou facilitar, está o maior perigo como incentivo para a preguiça espiritual! E isso sempre aconteceu até agora no bem-intencionado conceito de família.

Já é veneno para um ser humano se, quando criança, é educado na crença de que tem direito à posse dos bens terrenos que os pais adquiriram.

Eu agora falo dos danos do ponto de vista puramente espiritual, que é o essencial em todas as atividades de um ser humano. Inclusive no futuro deve ficar sempre consciente disso, se ele e as suas relações ambientais devam realmente ser sanadas.

Contudo, também do ponto de vista terreno uma transformação nisso mudaria muita coisa imediatamente e eliminaria muitos males. Admitamos, por exemplo, que uma criança, legalmente até uma bem determinada idade, apenas tivesse direito de usufruir a proteção e os cuidados dos pais, com uma correspondente instrução; depois, porém, dependeria somente da livre vontade dos pais, como quisessem dispor de suas posses pessoais.

Quão diferentes se tornariam tais crianças, só por causa disso! Muito mais esforço próprio resultaria daí, muito mais seriedade para a vida terrena, muito mais aplicação. E, não por último, resultaria também mais amor para com os pais, o qual não poderia permanecer tão unilateral como tantas vezes hoje se apresenta.

Os sacrifícios dos pais amorosos recebem também com isso um valor muito mais elevado, visto que então ocorrem de facto somente por amor espontâneo, ao passo que tais sacrifícios, hoje, frequentemente nem são valorizados pelos filhos; pelo contrário, apenas aguardados e exigidos como algo muito natural, sem que sejam capazes de provocar verdadeira alegria.

A alteração nisso, sem mais nem menos, já contribuiria para conseguir pessoas mais valiosas, com maior autoconsciência, de espirito mais forte e com aumentada energia.

Mas também crimes seriam evitados frequentemente, se não existisse direito algum de posse em fortuna pessoal de outrem.

Para os filhos seria mais apropriado conquistar o amor de seus pais, em vez de se prevalecerem da filiação e também de seus direitos, filiação essa que de qualquer forma tem um sentido completamente diferente do que hoje é suposto, uma vez que os filhos devem ser gratos por seus pais lhes terem dado o ensejo da encarnação terrena, mesmo que aí os resgates e os benefícios sejam mútuos, como se dá em todos os efeitos das leis de Deus.

Na realidade esses filhos são, pois, todos eles, espíritos estranhos aos seus pais, personalidades autónomas, que apenas devido à sua igual espécie ou qualquer ligação anterior puderam ser atraídos para a encarnação.

Os pais terrenos oferecem proteção e ajuda para o tempo que o espirito necessita, a fim de conduzir de maneira plena e auto responsável o seu novo corpo terreno; depois, porém, o ser humano terreno tem de ficar absolutamente independente, do contrário jamais conseguirá fortalecer-se como seria útil para ele, no grande vibrar das leis de Deus. Ele deve lutar e ter obstáculos para, vencendo-os, subir espiritualmente, rumo às alturas.

Uma alteração na ideia de até agora do direito de um filho nas posses dos pais teria, porém, muito mais efeitos ainda do que os já mencionados, pressuposto que direções governamentais construtivas se enquadrem correspondentemente em sua atuação para o povo e, abrindo caminho, ajudem tanto aos pais como aos filhos nesse sentido.

Também o conceito de aquisição de cada um, com isso, tem de se desenvolver de modo diferente. Hoje muitas pessoas procuram aumentar sempre mais as suas posses, só para proporcionar aos filhos uma vida mais fácil, deixando-as para eles como herança. Todo o pensar é orientado só nesse sentido e se torna o motivo de acúmulo egoístico de bens terrenos.

Mesmo que isso não viesse cair totalmente, visto que este ou aquele, apesar de tudo, ainda escolheria esse sentido como base de toda a sua atividade de vida, haveria assim também muitos outros que dariam às suas atividades terrenas um alvo mais elevado e mais amplo para bênção de muitos.

Então cairiam os calculados matrimónios imorais, bem como a fraude da triste caça aos dotes. Tantos males cairão assim por si mesmo e algo salutar ocupará os seus lugares; honestidade de sentimento intuitivo sobressairá, e os matrimónios tornar-se-ão legítimos! De antemão se chegará a um casamento com muito mais seriedade.

Para a juventude adolescente deve ser oferecido o ensejo de não apenas poder, mas ter de desenvolver as suas forças espirituais, a fim de adquirir o necessário para a sua vida! Unicamente isso seria o certo, pois então, mas também somente então, ela progrediria, porque teria de movimentar-se espiritualmente.

Ao invés disso, porém, para tantos filhos exatamente esse caminho, para eles necessário à salubridade espiritual, é demasiadamente facilitado pelos pais ou outros membros da família, e lhes é tornado tão cómodo quanto possível. A isso, então, se chama conceito de família e amor ou, também, dever familiar.

Não quero enumerar os danos que através disso surgem, mesmo com a melhor boa vontade, pois inclusive cada ser humano bom necessita, aqui e acolá, para fortalecimento, impulsos exteriores e obrigações. Voluntariamente, apenas raras vezes se colocaria numa situação onde fosse obrigado a se esforçar para aplicar todas as forças espirituais, a fim de se tornar senhor da situação e resolvê-la favoravelmente. Na maioria dos casos, se tivesse uma escolha, optaria pelo caminho mais cómodo, a fim de ter tudo facilmente, o que, porém, espiritualmente, não lhe traz proveito algum.

O autorrespeito, a confiança em si próprio, porém, aumentará, se com esforço e dedicação ele mesmo se realizar terrenamente, e se tudo isso for uma consequência de seu trabalho.

Avaliará então muito mais acertadamente as posses, dará valor ao trabalho e também a cada mínima alegria; valorizará também, correspondentemente, cada favor de outrem, e poderá se alegrar muito mais vivazmente do que uma pessoa, à qual muito é lançado no regaço sem o mínimo esforço próprio e que somente procura preencher o tempo com distrações.

Para uma acertada capacidade de progredir, deve-se procurar proporcionar os meios, se realmente se deseja ajudar. Não deve simplesmente dar a alguém, sem determinadas obrigações, aqueles frutos que um outro conseguiu com seus esforços.

Naturalmente, os pais sempre podem dar tudo de presente aos seus filhos, se quiserem, ou podem por falso amor sacrificar-lhes a finalidade e o tempo de toda a sua vida terrena, podem tornar-se seus escravos, pois nisso lhes fica o livre-arbítrio, mas uma vez que nenhuma lei terrena aí os obriga a algo, terão de arcar, na reciprocidade da Vontade de Deus, com a plena responsabilidade disso, completamente sós, pela sua própria negligência na Criação e, em parte também, pelo dano espiritual que assim atinge os filhos.

Os seres humanos não se encontram aqui na Terra em primeiro lugar para os filhos, mas sim para si mesmos, a fim de que eles possam amadurecer espiritualmente e se fortalecer. Por falso amor, porém, isto não foi mais observado. Apenas os animais ainda vivem aí dentro da lei!

Examinai, pois, severamente os costumes familiares:

Duas pessoas querem se unir em matrimónio, querem construir um lar próprio, a fim de, juntas caminharem através da existência terrena e, para essa finalidade, estabelecem o noivado.

O noivado é, portanto, o primeiro passo para o matrimónio. Ele representa o mútuo compromisso de união, para que, baseado naquele compromisso, possa iniciar-se o sério preparo do lar.

Um noivado nada mais é do que a base terrena para a formação de um novo lar e o início para a aquisição de tudo aquilo que é necessário para isso terrenamente.

Aí, porém, logo começam novamente falsos hábitos.

Na realidade, esse noivado se refere, pois, exclusivamente àquelas duas pessoas que, conjuntamente querem constituir um lar. Que as famílias ou os pais compartilhem na aquisição de tudo aquilo que é necessário terrenamente para isso é uma coisa totalmente à parte, que deveria permanecer puramente externa, a fim de estar certo. Podem presentear, se quiserem, ou podem auxiliar de alguma forma. Isso tudo permanece coisa externa e não liga, não forma nenhum fio de destino.

Mas o noivado devia ser também incondicionalmente o último, o mais extremo limite de toda e qualquer ligação familiar. Assim como um fruto maduro cai da árvore, se a árvore e o fruto querem cumprir a finalidade da existência, sem se prejudicar mutuamente, assim um ser humano, depois do seu amadurecimento, tem de se separar da família, dos pais, pois também estes têm, como ele mesmo, ainda incumbências próprias!

As famílias, porém, consideram isso de modo diferente, até mesmo o último momento, que é quando duas pessoas se encontram e se comprometem. Mui frequentemente se arrogam aí direitos aparentes, que nem sequer possuem.

Tão-só pela força de Deus lhes é dado cada filho, que, aliás, desejaram, pois do contrário não poderiam tê-lo recebido. É somente realização de um desejo, que se manifesta pela união íntima de duas pessoas!

Não têm direito algum ao filho, o qual lhes é apenas emprestado; nunca, porém, lhes pertence! Também lhes é tirado, sem que possam retê-lo ou sem que sejam antes consultados a esse respeito! Daí veem, pois, bem nitidamente, que não lhes são outorgados direitos sobre isso pela Luz, a origem de toda a vida.

Que até à época da maturidade também assumam obrigações é completamente natural e uma compensação pela realização de seu desejo, pois não teriam recebido filho algum, se não tivessem provocado a oportunidade para isso, o que equivale a um pedido nas leis primordiais desta Criação. E em troca dessas obrigações eles têm como compensação alegria, se cumprirem direito esses deveres.

Depois da época da maturidade, porém, têm de deixar cada pessoa seguir os próprios caminhos, os quais não são os seus.

Nos noivados e matrimónios as duas pessoas, de qualquer forma, separam-se das famílias, a fim de, elas mesmas se unirem em um lar próprio. Ao invés disso, porém, ambas as famílias julgam que através desse noivado e matrimónio também foram ligadas conjuntamente, como se fizessem parte, apesar de que, observado de modo bem objetivo, esse nem é o caso e já a ideia causa estranheza.

Um noivado de duas pessoas não traz para uma família, ampliando seu círculo, uma filha e, à outra, um filho; pelo contrário, ambas as pessoas, individualmente, unem-se completamente sós, sem ter a intenção de cada uma carregar consigo a sua respetiva família.

Se as pessoas adivinhassem de que modo nocivo essas estranhas opiniões e hábitos têm de se efetivar, talvez por si mesmas deixassem isso; não sabem, porém, quanta desgraça é assim causada.

Os falsos hábitos não se processam sem ligações na parte fina da matéria grosseira. Fios se entrelaçam dessa forma em torno do casal em vias de constituir um lar próprio, e esses fios estorvam, enredam e com o tempo dão cada vez mais nós, provocando, frequentemente, coisas desagradáveis, para cuja origem as pessoas não encontram explicação, não obstante elas mesmas terem dado a causa para tanto, com seus hábitos frequentemente ridículos e importunos, aos quais sempre falta a verdadeira e profunda seriedade.

Pode ser dito, sem exagero, que falta sempre, pois quem compreende realmente a seriedade da união de duas pessoas, seriedade com relação ao noivado e ao matrimónio, esse afastará para longe de si os usuais hábitos familiares, preferindo, em vez disso, horas serenas de íntima introspeção, que, com muito mais certeza, conduzem a um feliz convívio, do que todos os maus costumes exteriores, pois de bom costume isso não pode ser denominado.

Após o noivado, quando as condições o permitem e seja possível, é montado ao casal um lar que, de antemão, nada mais deixa a desejar, que, portanto, já desde o início tem de excluir, ou pelo menos por muito tempo, uma ascensão alegre, pois pensaram em tudo, e nada mais falta.

Fica assim tirada ao casal qualquer possibilidade de participar na decoração do seu lar com dedicação e afinco, mediante a aquisição própria, de se alegrar com o facto de que juntos se esforçam, como uma das metas terrenas, para um lento aperfeiçoamento do próprio lar, a fim de então, com orgulho e amor, dar valor a cada uma das peças individuais adquiridas, nas quais se ligam recordações de tantas palavras carinhosas, de tantos esforços e lutas, que, com alegria, venceram corajosamente, ombro a ombro e, também, de tanta felicidade cheia de paz!

De antemão já se tira a alegria de tantos e só se tem em vista tornar tudo tão cómodo quanto possível. As duas pessoas, porém, permanecerão nesse lar sempre estranhas, enquanto não tenham aí objetos que elas próprias puderam adquirir.

Não preciso falar sobre isso muito mais, pois vós próprios com o tempo reconhecereis o errado e, antes de tudo, também o nocivo disso, tanto espiritual como terrenamente, quer queirais quer não, pois também nisso, finalmente, tudo tem de se tornar novo e certo, assim como está suficientemente claro nas leis de Deus.

Dai às pessoas e aos jovens casais a possibilidade de um progresso ascensional próprio, unicamente isso lhes causará alegria duradoura, visto lhes aumentar o autorrespeito e também a autoconfiança, despertando com isso o sentimento intuitivo de autorresponsabilidade, e assim agis certo! Dessa forma dais mais do que quando lhes quereis tirar todas as preocupações da vida ou quando procurais facilitar-lhes tanto quando possível, com o que apenas podeis enfraquece-los, impedindo-os do indispensável fortalecimento.

Com isso vos tornais inimigos deles; não, porém, os verdadeiros amigos que quereis ser. Com demasiados favores e facilidades roubais deles mais do que hoje, com as minhas palavras, talvez possais supor.

Muitas criaturas humanas serão dolorosamente atingidas por isso, porém arranco-as desse modo da vala comum, à medida que as liberto do falso e nocivo conceito de família, paralisador do espírito, que por intermédio de suposições totalmente erradas pouco a pouco se formou.

Também nisso, finalmente, tudo tem de se tornar novo, pois focos de perturbações de tais espécies serão impossíveis nesta Criação, após a purificação.

 

Abdruschin

 

Dissertação 43 “Doce lar” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Fiéis por hábito

Novembro 01, 2015

Deve ter chamado a atenção dos seres humanos que menciono tão frequentemente, como sendo nefasto, o irrestrito domínio do raciocínio e a grande indolência do espírito, mas é necessário, pois ambos os fenómenos estão inseparavelmente ligados e devem ser considerados como pontos de partida de muitos males e até como verdadeira causa, hostil à Luz, do retrocesso e queda dos desenvolvidos.

Hostil à Luz porque impede o reconhecimento de todos os acontecimentos e auxílios da Luz, uma vez que o raciocínio preso à Terra, chegando a dominar, corta, como primeira coisa, na reciprocidade, a ligação para a possibilidade do reconhecimento da Luz, atando assim o espírito, que aguarda o desenvolvimento no invólucro de matéria grosseira, com esse invólucro que lhe devia servir.

Esse processo, em seu efeito objetivo, inteiramente de acordo com as leis da Criação, é tão horrível, que o ser humano nem é capaz de fazer uma ideia correta, pois do contrário haveria de desintegrar-se pelo medo.

Justamente por isso é especialmente terrível, porque tudo aí tem de se desenvolver em direção à ruina, e nem pode ser de outro modo, desde que o espírito humano terreno, com pecaminosa vontade própria contra a sacrossanta Vontade de Deus, deu uma falsa direção a seu próprio desenvolvimento, a qual forma toda a desgraça sob a pressão das leis automáticas desta Criação, de cuja atuação o ser humano privou-se da possibilidade de reconhecer.

Virou de modo violento e leviano, no mecanismo da maravilhosa obra de Deus em perfeito funcionamento, uma chave de desvio, de tal forma que no curso progressivo do seu comboio de destino há de se seguir, como acontecimento inevitável, o descarrilamento.

E esse acontecimento, por sua vez, que atinge em primeira linha a humanidade terrena, põe ao mesmo tempo em máximo perigo aí também o seu ambiente, que nada tem a ver com essa falha e que de qualquer forma sempre teve de sofrer com isso, tendo seu desenvolvimento retido.

Ponderai vós próprios, com toda a serenidade, o que significaria, se aquele instrumento, o raciocínio, que o Criador cheio de graça deu a cada espírito humano como auxílio para o necessário desenvolvimento na matéria grosseira, em contraste à sua incumbência, ainda estrangulasse ao espírito qualquer possibilidade de ligação com as correntes ascendentes das forças da Luz, como consequência de vossa atuação, ao invés de, subordinando-se, servi-lo e propagar a Vontade da Luz no ambiente material, enobrecendo esse ambiente cada vez mais, para torna-lo naquele paraíso terreno que deveria surgir.

Essa falha, forçada pela cobiça e presunção, é, em virtude da livre vontade, tão inaudita, que uma tal culpa do preguiçoso espírito humano terreno se apresenta demasiadamente grande a cada um que desperta, para mais uma vez conseguir o perdão no Amor do Onipotente.

Somente a condenação, através da retirada de todas as graças provindas da Luz, e a decomposição deveriam ser o merecido destino dos espíritos humanos terrenos, que impulsionaram constantemente toda uma parte da Criação para a inevitável destruição, com presunçosa teimosia, se esse Amor do Onipotente não estivesse ligado ao mesmo tempo com perfeita Justiça, uma vez que ela é Amor de Deus, que permanecerá eternamente incompreensível aos espíritos humanos.

E a Justiça de Deus não é capaz de abandonar algo totalmente à ruina, enquanto aí arderem centelhazinhas que não o mereçam.

Por causa desse diminuto número de centelhazinhas espirituais, que almejam a Luz, foi trazida para esta parte da Criação, próxima da desintegração, mais uma vez a Palavra do Senhor, para que possam salvar-se todos aqueles que trazem em si a vontade certa para isso e que se movimentam realmente nesse sentido com toda a força que ainda lhes restou.

Contudo, essa vontade tem de ser constituída de maneira diferente do que muitas das numerosas pessoas na Terra, que acreditam em Deus, imaginam!

[…]

Os fiéis de hoje aceitaram tudo apenas como doutrina, sem ter assimilado nada disso dentro de si ou transformado em coisa sua! Espiritualmente são demasiado fracos para intuir que a sua crença nada mais é do que o hábito desde a infância, o qual eles denominam agora como sua convicção, com total ignorância sobre si próprios.

Seu comportamento perante o próximo mostra, frequentemente, de modo mui nítido, que não são verdadeiros cristãos, mas tão-só supostos cristãos, vazios e indolentes espiritualmente!

Com minhas palavras conduzo para Deus e também para Jesus! Mas de maneira mais viva do que até agora foi conhecido e não como os seres humanos moldaram com seu pendor pela comodidade espiritual.

Afirmo que Deus quer ter espíritos vivos na Criação, conscientes de sua própria responsabilidade, assim como está nas leis primordiais da Criação! Que cada um tem de responder própria e plenamente por tudo que pensa, fala e faz, e que isso não podia ser remido com o assassínio outrora perpetrado pela humanidade contra o Filho de Deus.

Jesus, pois, foi assassinado, porque com as suas idênticas exigências também foi considerado incómodo, parecendo perigoso aos sacerdotes, que ensinavam de modo diferente, muito mais cómodo, para assim terem terrenamente cada vez maior afluxo, o que, ao mesmo tempo, devia proporcionar e conservar o aumento de seu poder terreno pela crescente influência terrena.

A isso eles não queriam renunciar! Os seres humanos, à comodidade, e os sacerdotes, à influência, ao seu poder. Os sacerdotes não queriam absolutamente ser instrutores e auxiliadores, mas apenas dominadores!

Como verdadeiros auxiliadores deviam ter educado os seres humanos para uma autonomia interior, dignidade de espírito e grandeza espiritual, a fim de que esses seres humanos se enquadrassem na Vontade de Deus por livre convicção e agissem de acordo com ela, alegremente.

Os sacerdotes fizeram o contrário e ataram o espírito, a fim de que este lhes permanecesse obediente para suas finalidades terrenas.

Deus, no entanto, exige do ser humano aperfeiçoamento espiritual mediante Suas leis da Criação! Progresso contínuo com a ampliação do saber da Criação, para que nela estejam e atuem de modo certo e não se transformem em estorvo nos vibrantes movimentos circulares!

Mas quem agora não quiser prosseguir, procurando permanecer naquilo que julga já saber, e recusando por isso novas revelações provenientes de Deus ou opondo-se hostilmente, este ficará para trás e será lançado fora do Juízo universal, porque o Juízo derruba qualquer obstáculo, para que, finalmente, surja de novo na Criação a clareza, a qual beneficia daí por diante o desenvolvimento progressivo que se encontra na Vontade de Deus para a Sua Criação.

Jesus foi uma nova revelação e trouxe outras com sua Palavra. Para aquela época tudo isso era novo e um progresso igualmente necessário como hoje, no qual, no entanto, não se devia ter parado eternamente.

A Jesus não se deve renunciar, como Filho de Deus, por minha Mensagem; pelo contrário, deve agora com maior razão ser reconhecido como tal, não porém como servo e escravo de uma humanidade estragada, para carregar ou remir o seu fardo de culpas, a fim de que lhe seja mais cómodo!

E exatamente aqueles que realmente aceitaram a Jesus como Filho de Deus, não podem, absolutamente, fazer outra coisa senão saudar com alegre agradecimento a minha Mensagem e as novas revelações a ela ligadas, provenientes da graça de Deus! Também não lhes será difícil compreender e assimilar corretamente tudo o que eu digo.

Quem não o fizer, ou não puder, também não reconheceu a mensagem e a existência propriamente dita do Filho de Deus, Jesus, mas apenas erigiu para si próprio algo de estranho e errado, por conceção própria e presunção e… não por ultimo… pela indolência de seu espírito comodista, que teme o movimento determinado por Deus!

O sentido e a finalidade da Mensagem proveniente da Luz, através de mim, em cumprimento da sacrossanta Vontade de Deus, é a necessária ampliação do saber para a humanidade.

Aí não valem as evasivas dos espiritualmente preguiçosos, nem a fraseologia de vaidoso farisaísmo, e também as traiçoeiras calúnias e ataques terão de retroceder e sumir como debulho diante da Justiça da Trindade de Deus, pois nada é maior e mais poderoso do que Deus, o Senhor, e o que provém de Sua Vontade!

O espírito humano terreno agora tem de se tornar vivo e se fortalecer na Vontade de Deus, para cujo serviço lhe é permitido ficar nesta Criação. O tempo é chegado! Não serão mais aturados por Deus espíritos escravizados! E será quebrada a vontade própria dos seres humanos, se ela não quiser se enquadrar espontaneamente nas leis primordiais de Deus, que Ele inseriu na Criação.

A elas pertence também a lei do movimento contínuo, que condiciona o progresso sem estorvos no desenvolvimento. A isso fica ligada a ampliação do saber! Saber da Criação, saber espiritual é o verdadeiro conteúdo de toda a vida!

Por isso vos foram proporcionadas novas revelações. Se as recusardes devido à indolência de vosso espírito, e se quiserdes deixar que este continue a dormir tranquilamente como até agora, então ele acordará no Juízo, para depois se desintegrar pela decomposição.

E ai de todos aqueles que ainda quiserem manter atado o espírito dos seres humanos! Estes sofrerão danos dez vezes maiores e, no último momento, tarde demais, terão de reconhecer cheios de horror aquilo com que se sobrecarregaram, para então, sucumbindo sob esse fardo, afundar na pavorosa profundeza!

O dia é chegado! As trevas têm de desaparecer! Maravilhosa Luz de Deus quebra agora tudo quanto é falso e queima tudo quanto é indolente nesta Criação, a fim de que ela possa seguir seus cursos somente na Luz e na alegria, para bênção de todas as criaturas, como uma jubilosa oração de agradecimento por todas as graças de seu Criador, para a glória de Deus, do Único, Todo-poderoso!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 44 “Fiéis por hábito” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Vê o que te é útil!

Novembro 01, 2015

Por que vós, criaturas humanas, quereis sempre, espiritualmente, algo diferente daquilo que vos é efetivamente necessário e útil! Qual grave epidemia essa esquisita particularidade atua devastadoramente entre todos aqueles que procuram.

Pouco adiantaria se eu quisesse vos perguntar a esse respeito, pois não podereis prestar conta disso, mesmo que vos esforceis em refletir sobre isso dia e noite.

Observai-vos com toda a calma, olhai as perguntas que se tornam vivas dentro de vós, segui o curso de vossos pensamentos para onde quer que ele conduza, e em breve reconhecereis que na maior parte se trata sempre de tais regiões que jamais atingireis, por estarem acima de vossa origem, as quais, por essa razão, também nunca podereis compreender.

Todavia, poder compreender é condição fundamental para tudo aquilo que vos deve ser útil!

Tornai isso bem claro em todo o vosso pensar, vosso atuar, e orientai-vos de acordo. Então tudo se tornará mais fácil para vós. Ocupai-vos, portanto, apenas com aquilo que puderdes compreender realmente; que, portanto, estiver ancorado no âmbito da vossa condição humana.

A região de vossa possibilidade de conscientização como um espírito humano é, sim, estritamente limitada na direção às alturas luminosas, mas nem por isso pequena. Dá-vos lugar para toda a eternidade e com isso também, respetivamente, grandes campos de ação.

Sem limites para vós é somente a possibilidade de vosso desenvolvimento, que se mostra no crescente aperfeiçoamento de vossa atividade dentro desses campos de ação. Observai, portanto, muito bem, o que aqui vos anuncio:

O progresso de vosso aperfeiçoamento na atuação espiritual é absolutamente ilimitado; a esse respeito não existe fim.

Podereis ficar cada vez mais fortes nisso e com esse tornar-se mais forte ampliar-se-á sempre, também, automaticamente, o campo de atuação, mediante o que encontrareis paz, alegria, felicidade e bem-aventurança.

Também a respeito da bem-aventurança todos os seres humanos fizeram até agora uma ideia errada. Ela reside tão-só na radiante alegria do trabalho abençoado, e não acaso na inatividade preguiçosa e nos prazeres ou como, de modo astuto, o errado é acobertado com a expressão “dolce far niente”.

Por esse motivo também chamo muitas vezes o Paraíso humano de “luminoso reino da jubilosa atuação”!

O espírito humano não pode receber a bem-aventurança de maneira diferente do que em alegre atividade para a Luz! Tão-só nisso lhe é, finalmente, outorgada a coroa da vida eterna, que garante ao espírito humano poder colaborar eternamente no circular da Criação, sem perigo de cair na decomposição como inútil pedra de construção.

Os seres humanos, portanto, apesar da possibilidade que lhes foi concedida benevolentemente de um constante aperfeiçoamento do espírito, não podem ultrapassar jamais o âmbito do seu campo de existência na Criação, e jamais derrubar os limites nela estritamente fixados de possibilidade de conscientização humana. Na simples condição de não poder reside para eles a circunstância inteiramente natural de não ter permissão, o que sempre atua por si mesmo, mas exatamente por isso se efetiva de modo intransponível.

O aperfeiçoamento reside nas irradiações cada vez mais luminosas do espírito, o que se mostra correspondentemente na aumentada força de atuação.

A luminosidade espiritual crescente, por sua vez, origina-se da clarificação e purificação da alma, quando, com vontade para o bem, se esforça para cima. Aí uma coisa sempre se desenvolve da outra, na mais severa consequência lógica.

Se vos ocupardes de modo exclusivo e sério com o bem, então tudo o mais decorrerá automaticamente. Portanto, nem é tão difícil. Em vosso querer, porém, avançais sempre muito além de vosso limite e assim, desde o princípio, tornais frequentemente difícil e até impossível aquilo que é tão simples.

Ponderai que na perfeição crescente, mesmo o irradiar mais forte de vosso espírito nunca pode modificar a sua espécie, mas sim apenas o seu estado!

Por isso jamais será possível ultrapassar o âmbito do limite da conscientização humana, porque os limites são determinados pela espécie e não somente por seu estado. Esse estado, porém, ainda constrói para si, dentro do grande âmbito da espécie, limites parciais, extremamente pequenos, que, com a modificação do estado, também podem ser ultrapassados.

São extensões gigantescas que se encontram nesse âmbito, mundos que também espiritualmente se perdem de vista para vós e nos quais podeis permanecer por toda a eternidade e atuar infinitamente.

[…]

Reconhecei-vos primeiramente a vós próprios de modo certo e aproveitai aquilo que Deus vos oferece para utilização, utilizai-o de maneira a ser capaz de florescer, então a Terra e todo o plano da Criação, dado ao espírito humano para atuação, tornar-se-á obrigatoriamente um Paraíso, onde só habitará alegria e paz, pois a lei da Criação trabalhará então para vós com a mesma firmeza com que tem de trabalhar agora contra o vosso atuar, e ela é inamovível, mais forte do que a vontade dos seres humanos, pois repousa na irradiação da Luz primordial!

Não está longe a hora em que os seres humanos terão de reconhecer que não será difícil viver de maneira diversa do que até agora, conviver em paz com o próximo! O ser humano tornar-se-á apto a ver, porque lhe será tirada por Deus toda a possibilidade do seu falso atuar e pensar de até agora.

Então terá de reconhecer, envergonhado, como se portou de maneira ridícula na correria de sua atividade, sem importância para a verdadeira vida, e como ele foi perigoso para toda aquela parte da Criação que lhe foi confiada benevolentemente para utilização e para a sua alegria.

Com relação ao seu próximo, viverá no futuro exclusivamente para a alegria dele, assim como também este em relação a ele, e não sentirá inveja nem cobiça por aquilo que ainda não possui. Despertará a faculdade de desenvolver a beleza de seu próprio ambiente até a maravilhosíssima florescência, moldando-o de inteiro acordo com a sua espécie, tão logo o coloque na grande e benéfica vibração das singelas leis primordiais da Criação, as quais lhe pude ensinar com a Mensagem, através do Amor de Deus que, desta vez, castigando, ajuda, a fim de salvar aqueles que ainda são de boa vontade e humildes no espírito!

Se quereis construir, então clarificai primeiramente o vosso espírito, tornando-o forte e puro. Clarificai-o, isto é, deixai-o atingir a maturidade! A Criação já se encontra na época da colheita, e com ela o ser humano, como criatura.

Ele, porém, ficou para trás, devido ao seu querer obstinadamente errado; ele mesmo se colocou ao lado de todo o vibrar desejado pela Luz e tem de ser expulso do jubiloso circular da Criação, agora já reforçado, porque não pode mais se manter nele com a sua imaturidade.

A voz do povo fala mui acertadamente de espírito esclarecido! É facílimo reconhecer uma pessoa amadurecida ou esclarecida, pois está na Luz e evita toda a escuridão. Também por seu modo de ser ela estabelecerá a paz em redor de si.

Aí não haverá mais nenhuma manifestação raivosa, apenas serena objetividade no grande impulso da atuação alegre, ou severidade imparcial, que ilumina de modo afável, elucidando as fraquezas daqueles que ainda não podem estar fortalecidos no espírito, mas sim ainda sujeitos à fermentação, que tem de produzir purificação e esclarecimento, ou… ruína.

Só as trevas podem manifestar-se raivosamente, jamais a Luz, que sempre mostra serena pureza e reflexão cheia de paz, na força consciente do elevado saber.

Por conseguinte, onde quer que no ser humano ainda possa manifestar-se a raiva, aí ainda há fraquezas a serem extirpadas, um tal espírito ainda pode sucumbir aos ataques das trevas ou servir-lhes de instrumento. Ele não é “esclarecido”, ainda não está suficientemente purificado.

Assim acontece com todas as fraquezas que tendes em vós e das quais aparentemente não vos podeis livrar, ou só com grandes dificuldades.

Na realidade não seria difícil, tão logo tivésseis vontade de finalmente tratar de modo razoável aquilo que Deus vos deu, de aplicar de modo certo aquilo que já tendes em mão, adaptando-vos às vibrações das leis, cujo conhecimento já pudestes ganhar através da minha Mensagem. Então será fácil, como que para crianças, no mais verdadeiro sentido.

Deixai de ocupar-vos predominantemente com perguntas que ultrapassam o âmbito que vos foi indicado, e aprendei primeiro a reconhecer profundamente tudo aquilo que se acha dentro de vós próprios e ao vosso redor, então virá a ascensão por si só, pois sereis automaticamente elevados pelos efeitos de vossa atividade.

Sede simples no pensar e atuar, pois na simplicidade reside a grandeza e também a força! Com isso não retrocedereis, pelo contrário, progredireis e erguereis uma construção sólida para uma nova existência, na qual cada ser humano pode se orientar, por não estar mais confuso e enredado, mas sim com visão ampla, luminosos e claro em todos os sentidos, enfim: sadio! Natural!

Desenvolvei-vos como seres humanos interiormente corretos e verdadeiros, e tereis logo íntima ligação com a Criação inteira, que vos favorecerá em tudo quanto necessitardes para a ascensão. Em nenhum outro caminho podereis conseguir isso!

Então afluirá para vós em rica abundância tudo quanto precisardes e que vos proporcionará alegria e paz; antes, porém, de nenhuma maneira, mesmo que vos esforçásseis sobremaneira por isso, pois agora é chegado o tempo em que o ser humano na Terra tem de abrir-se à Palavra de Deus, o que equivale a adaptar-se às vigentes leis da sagrada Vontade de Deus, que conservam a Criação e a favorecem!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 45 “Vê o que te é útil!” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

Onisciência

Novembro 01, 2015

Com a minha Palavra vos conduzo de volta a Deus, do Qual vos deixastes desviar pouco a pouco, por intermédio de todos aqueles que colocaram o seu querer saber humano acima da sabedoria de Deus.

E aqueles que ainda estão compenetrados da certeza da Onisciência de Deus, que querem inclinar-se humildemente perante aquela grande e carinhosa condução, que jaz através dos efeitos das leis inamovíveis desta Criação, imaginam essa Onisciência de Deus de modo diferente do que é!

Imaginam a sabedoria de Deus demasiadamente humana e, por isso, diminuta demais, comprimida em limites demasiado estreitos! Com a melhor boa vontade fazem da Onisciência somente uma obrigatoriedade de saber tudo terrenamente.

Mas todo o seu bom pensar é a tal respeito excessivamente humano, cometem sempre de novo aquele grande erro, procurando imaginar Deus e o Divino como um ponto culminante do humano!

Não saem da espécie humana, absolutamente; pelo contrário, deduzem subindo apenas de sua própria constituição, partindo do solo humano, aperfeiçoado até o ponto mais alto e mais ideal de uma mesma espécie. Em sua imaginação sobre Deus, não abandonam, apesar de tudo, o seu próprio solo.

Mesmo quando procuram aumentar a expetativa até o que lhes é completamente inapreensível, mesmo assim tudo permanece sempre no mesmo canal de pensamentos e não pode, por essa razão, jamais pressentir e encontrar uma sombra sequer do conceito da verdadeira grandeza de Deus.

Não é diferente quanto ao conceito da Onisciência Divina! No vosso pensar mais arrojado, fazeis disso apenas um mesquinho saber genérico terrenal!

Supondes que a Onisciência Divina deve “conhecer” o vosso pensar e sentir humano. Esse conceito exige ou espera, portanto, da Sabedoria Divina, um ilimitado interessar-se pelo personalíssimo e íntimo pensar de cada um, individualmente, sintonizando-se nele, aqui na Terra e em todos os mundos! Um cuidar e uma compreensão de cada pequeno espírito humano, e mais ainda: um preocupar-se com isso!

Tal obrigatoriedade de saber não é sabedoria! Sabedoria é muito maior, muito superior.

Na sabedoria não reside providência!

Contudo, a providência não equivale a prever a condução, conforme entendem, isto é, conforme pensam tantas vezes os seres humanos com relação à sábia “providência”. Também nisso erram, porque em seu raciocinar humano partem outra vez de baixo, e imaginam para cada grandeza uma intensificação de tudo aquilo que eles próprios, como criaturas humanas, trazem em si!

Também na melhor sintonização não se desviam desse hábito, e não pensam que Deus e o que é Divino são para eles de espécie completamente estranha, e que todo o raciocinar a esse respeito só tem de ocasionar enganos, sempre que tomarem por base a espécie humana!

E nisso reside todo o falso de até agora, cada erro dos conceitos. Pode-se dizer calmamente que até agora nenhum dos conceitos quanto ao pensar, cismar e pesquisar foram realmente certos a esse respeito; devido a sua pequenez humana, nunca puderam aproximar-se da verdade efetiva!

Providência é atividade Divina, jaz ancorada na sabedoria Divina, na Onisciência. E a Onisciência tornou-se ação através das leis Divinas desta Criação! Reside nelas, e nelas também reside a providência que se efetiva às criaturas humanas.

Portanto, não penseis que a Onisciência de Deus deve conhecer os vossos pensamentos e saber como passais terrenamente. O atuar de Deus é muito diferente, maior e mais abrangente. Deus abrange com a Sua Vontade tudo, mantém tudo, beneficia tudo através da lei viva que proporciona a cada um aquilo que merece, isto é, aquilo que cada um teceu para si.

Ninguém pode escapar aí das consequências de seu proceder, seja bom ou mau! Nisso se mostra a Onisciência de Deus, que está ligada à Justiça e ao Amor! No atuar desta Criação tudo está sabiamente previsto para o ser humano! Inclusive que ele tem de se julgar!

O que virá no Juízo de Deus é o resgate das sentenças que os seres humanos tiveram de pronunciar para si próprios, segundo a lei de Deus em sábia providência!

Já há anos a humanidade fala de modo estranho da transformação universal que deverá vir, e nisso tem excecionalmente razão. A transformação, porém, já está aí! A humanidade encontra-se em pleno acontecimento de alcance universal, que ela ainda espera, não o percebendo porque não quer.

Como sempre, ela imagina a transformação de modo diferente e não quer reconhecer como realmente é. Por causa disso, porém, perde, para si, o tempo certo de sua própria possibilidade de amadurecimento, e falha. Falha como sempre, pois a humanidade nunca cumpriu aquilo que Deus pode esperar dela, tem de esperar, se Ele quiser deixá-la por mais tempo nesta Criação.

Na atuação dos seres humanos reside uma tão obstinada restrição, que se repete sempre da mesma maneira em cada acontecimento da Luz; reside uma tal obstinação pueril e presunção ridícula, que não restam muitas esperanças para possibilidades de salvação.

Por esse motivo a Criação será agora purificada, de todo esse tipo de mal. A Vontade sacrossanta traz a purificação no fechar do ciclo de todos os acontecimentos, de todo o atuar!

O fechar do ciclo é provocado pela força da Luz; tudo tem de se julgar nele, tem de se purificar ou sucumbir, afundando na terrível desintegração.

Está condicionado naturalmente pelas leis da Criação, que agora, no fim, todas as más qualidades produzam a máxima florescência, tendo de proporcionar seus repugnantes frutos, para assim, mútua e intrinsecamente, exaurirem-se!

Tudo tem de chegar ao ponto de ebulição, na força da Luz! Mas do borbulhar pode subir desta vez apenas a humanidade amadurecida, capaz e disposta a aceitar, com agradecimento e júbilo, as novas revelações provenientes de Deus, e viver segundo elas, a fim de que peregrine através da Criação, atuando de modo certo.

Por ocasião de cada transformação o Criador ofereceu, aos espíritos humanos em amadurecimento, novas revelações, até então desconhecidas por eles, que deviam servir para a ampliação do saber, a fim de que seus espíritos, com o conhecimento ampliado, se tornassem capazes de se soerguer às alturas luminosas, de onde saíram outrora inconscientemente, como germes espirituais.

Contudo, sempre foram somente poucos aqueles que se mostraram dispostos a receber com gratidão as descrições vindas do Divino e que, por meio disso, puderam ganhar valor e força espiritual, tanto quanto era necessário para os seres humanos. A maioria de todos os seres humanos recusou essas altas dádivas de Deus em sua limitação sempre crescente de compreensão espiritual.

As épocas de tais transformações universais sempre estiveram ligadas ao grau dos respetivos amadurecimentos da Criação. O amadurecimento da Criação, no desenvolvimento segundo a sagrada lei de Deus, foi cumprido sempre com toda a exatidão, porém os seres humanos, na Criação, colocaram-se tantas vezes, devido à sua inércia espiritual, de maneira obstruidora no caminho desses desenvolvimentos!

Durante a semeadura do progressivo reconhecimento de todo o atuar de Deus na Criação, distribuída em épocas de todo o atuar de Deus na Criação, distribuída em épocas universais para os seres humanos, estes quase sempre se mantiveram fechados.

Uma vez que os seres humanos se arrogaram como ponto de partida de toda a existência, não queriam acreditar que houvesse algo que eles não pudessem compreender com os sentidos terrenos. Limitavam o seu saber somente a isso, e por essa razão não queriam concordar com outras coisas, eles, as mesmas ramificações da Criação, que, distanciados ao máximo do verdadeiro existir e da vida real, malbaratam pecaminosamente o seu tempo de graça, de poderem amadurecer no progressivo reconhecimento.

Agora chega uma nova e grande transformação, que também traz consigo novo saber! Dessa transformação eles próprios já falam, mas tornam a imaginá-la somente como realização de vaidosos desejos humanos, de uma forma concebida por eles próprios. Não acaso que eles tenham deveres com isso, não, apenas esperam novamente que da Luz lhes seja lançado ao regaço melhoria das qualidades terrenas! Assim deve ser a transformação, pois o seu pensar não vai mais adiante.

A nova obrigatoriedade de saber, que se acha ligada estreitamente a essa transformação, a fim de poder ascender espiritualmente, e com isso finalmente transformar também o ambiente nos planos materiais, não os interessa. O que não existia até agora recusam simplesmente, devido à indolência de seu espírito.

Mas os seres humanos serão obrigados agora por Deus a aceitarem isso, já que do contrário não poderão mais ascender espiritualmente, pois têm de saber disso!

Está no atuar da Onisciência que, em determinados amadurecimentos da Criação, sejam dadas aos espíritos humanos, sempre de novo, novas revelações do atuar de Deus.

Assim, também foram, enviados a esta Terra, outrora, nos primórdios, espíritos criados, depois que os germes espirituais, em seu lento evoluir, já haviam desenvolvido os corpos animais, para isso escolhidos, até às formas do corpo humano, o que ocorreu simultaneamente com a conscientização espiritual no corpo terreno. Isso foi numa época indizivelmente remota, antes do conhecido período glaciar desta Terra!

Uma vez que já dei conhecimento dos primordialmente criados, tem de haver, também, os posteriormente criados, ou criados, porque também falei dos desenvolvidos, aos quais, só então, a humanidade terrena pertence.

Esses criados, dos quais até agora não havia falado, povoam planos da Criação, entre os primordialmente criados, da Criação primordial, e os desenvolvidos, da Criação posterior.

Nas tribos em amadurecimento, daqueles que se desenvolveram dos germes espirituais, encarnou-se nos tempos iniciais, aqui e acolá, uma vez ou outra, também um criado, a fim de, liderando, proporcionar as ligações com o próximo degrau no necessário esforço ascensional de todo o espiritual. Essas foram então as grandes transformações na época inicial.

Mais tarde surgiram os profetas, como agraciados. Assim trabalhou o Amor universal proveniente da Luz, a fim de, auxiliando, assistir os espíritos humanos nas épocas dos respetivos amadurecimentos da Criação, mediante sempre novas revelações, até que afinal veio também a sagrada notícia sobre o que é Divino e o seu atuar.

Desse modo, na atual efetivação da grande transformação universal, também sobrevém a absoluta necessidade da ampliação do saber.

Ou o espírito humano se esforça para alcançar o saber, ou permanece parado, o que equivale para ele ao começo da desintegração, devido à imprestabilidade por superamadurecimento inerte de um espírito humano parado, que não sabe mais usar direito a força da Luz que nele se acumula. Assim, aquilo que pode ajudar, e que ajudaria, torna-se para ele destruição, como qualquer energia erradamente aplicada.

Deus é o Senhor, tão-somente Ele, e quem não quiser reconhecê-Lo com humildade, assim como Ele realmente é, e não conforme vós O imaginais, esse não poderá ressurgir para a nova existência.

Permitido me foi desenrolar o quadro do tecer na Criação a que pertenceis, a fim de ficardes esclarecidos e, de modo consciente, poderdes usufruir as bênçãos e utilizá-las para o vosso bem, as quais se encontram na Criação para vós! A fim de que, no futuro, só vos ajudem para cima e não tenham de castigar dolorosamente ou até condenar. Agradecei ao Senhor que se lembra de vós com tanto Amor, permitindo-me dizer-vos com a Mensagem aquilo que vos ajuda e também aquilo que vos é perigoso.

Mostrei-vos aqueles caminhos que conduzem aos páramos luminosos. Agora, segui por eles!

 

Abdruschin

 

Dissertação 46 “Onisciência” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

O sexo fraco

Novembro 01, 2015

Se quiserdes reconhecer tudo quanto está errado nas aceções, costumes e hábitos de até agora desses seres humanos terrenos, não vos custará muito esforço, pois nada tendes a fazer senão apanhar qualquer expressão e examiná-la profundamente. Será errada, porque já a base de todo o pensar desses seres humanos está completamente torcida. Em base errada, porém, nunca se pode desenvolver o pensar certo, pelo contrário, de acordo com a base, deve igualmente estar errado.

Tomemos hoje, pois, a denominação comumente difundida para a feminilidade terrena, como sendo o “sexo fraco”. Por certo não haverá uma pessoa entre os ouvintes que ainda não tenha ouvido essa expressão. É usada carinhosamente, bem como de forma mordaz, benevolentemente e também de modo irónico, mas é aceite sempre sem reflexão como existente, e é conservada impensadamente, ou então sem exame.

Na realidade, contudo, na Terra a feminilidade é igualmente tão forte quanto a masculinidade, só que de outra maneira.

Em minhas dissertações já esclareci muitas vezes que o conceito propriamente dito com relação à feminilidade e masculinidade parte da espécie de atuação na Criação, que, portanto, a espécie da atividade é básica para isso e somente determina a forma, que deixa reconhecer a criatura humana na Terra como feminina ou masculina.

A diferença mostra-se imediatamente, quando os germes dos espíritos humanos deixam o seu plano de origem. Aqueles que se inclinam para a atividade positiva, portanto mais grosseira, adquirem formas masculinas, ao passo que em volta daqueles que querem atuar de forma passiva, portanto mais delicada, constituem-se formas femininas. São duas espécies diferentes de atuação, porém igualmente fortes; de uma espécie mais fraca aí não se pode falar absolutamente.

Essas duas espécies dão também a interpretação da própria Cruz Viva, que em si é perfeita! A barra vertical da Cruz é a vida positiva, portanto, ativa; a barra horizontal, igualmente forte e de igual comprimento, é a vida negativa, portanto, passiva. A Cruz Viva traz ambas em si!

A Cruz da Criação, partindo da qual e em volta da qual a Criação inteira se desenvolve, diz e mostra o mesmo. A barra vertical é a atuação positiva, ativa, e a barra horizontal, a atuação negativa, passiva.

Os anciãos, na esfera Divina, que são simultaneamente os guardiões do Santo Graal, na parte Divina do Supremo Templo do Graal, mostram em suas irradiações, igualmente, a Cruz isósceles. Neles, porém, não é a própria Cruz Viva que constitui a sua irradiação, mas deixa reconhecer que esses anciãos são espíritos completos em sua espécie, trazendo integralmente ambos em si, o ativo e o passivo, em harmonioso atuar.

Na Criação, porém, o ativo é separado do passivo em seus efeitos. Cada espírito traz em si ou apenas o ativo ou apenas o passivo, como depois se repete também com as sementes espirituais.

Estas atuam, ou passiva ou ativamente, uma ao lado da outra e, contudo, almejam permanentemente uma pela outra, uma vez que ambas as espécies somente podem realizar algo completo na atuação conjunta. Completo, no entanto, somente quando ambas as espécies atuarem igualmente fortes e almejarem por um alvo: em direção à Luz!

Para poderem fazer isso, não precisam viver juntas em matrimónio terreno, não precisam absolutamente estar estreitamente ligadas na matéria grosseira, nem mesmo precisam se conhecer pessoalmente. Apenas o alvo deve ser um só: em direção à Luz!

Menciono isso expressamente para que não se tirem, por acaso, conclusões erradas de minha dissertação, pois matrimónio e aproximações físicas na matéria grosseira são uma coisa totalmente à parte, que não estão condicionadas com o almejar pela Luz, mas, sendo puras, também não estorvam.

Contudo, esta dissertação se destina, antes de mais nada, à expressão errónea: o sexo fraco. Aí eu não devo desviar-me demais, mas quero mostrar por que motivo pôde surgir outrora a expressão e como pôde se manter continuamente.

Isso no fundo não é tão difícil. Também vós podeis reconhecê-lo facilmente, se quiserdes vos esforçar e examinar tudo, focalizando nitidamente o que o vosso próximo fala.

Sabeis que toda a feminilidade na Terra tem de manter o anseio pela Luz, como guardiã da chama do anseio pela Luz, que conserva e conduz para cima.

Para essa finalidade desenvolve-se nela também a capacidade de intuição mais delicada, porque em seu impulso para a atividade mais delicada não se desligou dela tanto espírito-enteal como na masculinidade, que se inclina para a atividade mais grosseira.

Assim, cada mulher é recetora e mediadora de irradiações que a masculinidade não pode mais receber. A feminilidade aí se encontra meio degrau acima, mais voltada para a Luz do que qualquer homem. Pressuposto, naturalmente, que ela se situe de maneira certa e não desperdice as suas capacidades ou até as emuralhe.

Que a mulher dispõe por causa disso de sensibilidade que o homem não traz mais em si, e também não pode trazer, pela espécie de sua atividade, uma vez que elas, em caso contrário, o impediriam de muitas coisas grosseiras que, no entanto, são necessárias, isso o homem intui de modo inconsciente. Ele, na verdade, não se apercebe disso de maneira nítida, ou então apenas mui raramente, mas sente de modo intuitivo nisso um tesouro que quer ser protegido. Sente-se impulsionado a proteger na matéria grosseira esse tesouro invisível, porque terrenamente, isto é, grosso-materialmente, ele se sente como o mais forte.

Há apenas poucos homens que não sentem isso intuitivamente. Tais, porém, são, em qualquer caso, embrutecidos e não podem ser considerados como homens no verdadeiro sentido.

A necessidade tácita, porque apenas inconscientemente intuída, de proteger, levou o homem com o tempo a ver erradamente na feminilidade o sexo mais fraco, que necessita de sua proteção. Essa denominação, portanto, não se origina acaso da má vontade ou de julgamento depreciativo, mas apenas da ignorância da verdadeira causa de suas próprias intuições.

Com o progressivo embotamento nas maneiras erradas do pensar dos seres humanos terrenos e a limitação, cada vez mais forte, de sua capacidade de compreensão para as coisas que se acham fora da matéria mais grosseira, naturalmente se estabeleceu também aqui uma interpretação cada vez mais inferiorizada daquela denominação.

Na realidade, o homem não é o sexo mais forte, mas apenas o mais grosseiro, isto é, mais grosso-material e, assim, mais denso; a feminilidade, porém, não é o sexo mais fraco, mas sim o mais delicado, menos denso, facto que nada tem a ver com fraquezas.

O homem é, devido à sua maior atividade material, mais condensado na matéria grosseira, o que, porém não é um erro, uma vez que disso necessita para a execução de sua atividade na Criação, a fim de se fixar mais firmemente no solo terrestre e poder agir mais diretamente na densa matéria grosseira e sobre ela. Assim ele estará mais firmemente ligado à Terra e mais afeito a ela.

A tendência da mulher, no entanto, dirige-se mais para cima, para o que é mais fino, mais delicado, menos denso. Nisso ela é o que completa o espiritual humano, segurando, soerguendo… naturalmente só quando ela se encontra no seu lugar, que o Criador lhe destinou.

Pela conservação de uma bem determinada espécie de enteal mais elevado no seu corpo, este não é tão fortemente condensado, porque o corpo de matéria grosseira continua perpassado por esse enteal, que o mantém menos denso.

Mas isso, por sua vez, não é uma falha nem uma fraqueza, pelo contrário, uma necessidade para a receção e a transmissão de irradiações, cujo auxílio o homem, em sua atividade, não pode dispensar e que ele, contudo, não é capaz de receber diretamente, devido à sua espécie grosseira.

Tudo isso se estende naturalmente, também, da maneira mais simples para as coisas da matéria mais grosseira. Tomemos, pois, um nascimento. O homem, já por essa razão, não poderia oferecer absolutamente a possibilidade de uma alma poder aproximar-se dele, para fins de uma encarnação na Terra, mesmo que existissem em seu corpo os órgãos para isso.

Falta-lhe a ponte para a alma, que é propiciada por aquele delicado enteal que a feminilidade ainda traz em si, e que teve de se desprender automaticamente da masculinidade, devido à sua vontade ativa.

Por essa razão, mesmo existindo órgãos para isso, poderia desenvolver-se sempre apenas o começo de um corpo terreno, nada mais, por então faltar a cooperação da nova alma, a qual não pode se aproximar, se não existir aquela ponte mais delicada do enteal. Mesmo de algumas mulheres pode, sim, aproximar-se, às vezes, uma alma, mas então não se firma, se essa ponte se tiver tornado defeituosa, por ter a mulher adquirido propriedades masculinas, as quais desalojaram os delicados dotes enteais da feminilidade. As almas tornam a desligar-se, antes que o nascimento terreno possa ocorrer.

Tudo isso alcança muito mais longe do que podeis imaginar. Também a saúde terrena dos vossos filhos é condicionada, dificultada ou favorecida pela integridade e pureza dessa ponte enteal mais elevada que a mãe oferece.

Não são somente os órgãos a causa para a falta de filhos ou que muitos nascimentos não ocorram assim como deveriam ocorrer em curso normal. A causa principal nas dificuldades, doenças e fraquezas acha-se muitas vezes apenas na imperfeição das pontes de que a almas necessitam para uma peregrinação segura e forte de seus caminhos terrestres.

Quantas vezes uma mulher adquiriu por brincadeira estúpida ou por vaidade condenável propriedades masculinas, que tiveram de enfraquecer ou afastar totalmente a parte enteal mais elevada, que lhe fora dada como distinção! As consequências disso são tão múltiplas em espécies e formas de suas configurações, que muitas vezes os seres humanos meditam longamente sobre como são possíveis tantas coisas.

Ainda pior, porém, do que nesses acontecimentos de matéria grosseira, que se tornam imediatamente visíveis, são os danos nos planos da parte fina da matéria grosseira, provocados por tal falhar da feminilidade e que depois se mostram também na Terra, mesmo que só depois de longos tempos.

Disso, muito ainda podereis ouvir, quando um dia eu passar para esses setores, e vos sobrevirá um horror ante a leviana culpa da feminilidade, que ainda foi favorecida pelos homens e fortalecida em atividade pecaminosa, porque ela lhes foi muito bem-vinda!

Durante decénios ainda vos enrubescereis diante disso, porque esta época de decadência se conservará em vossa lembrança ainda por bastante tempo, como uma carga repugnante.

Estes são, por ora, fenómenos ainda misteriosos para a humanidade, cujos véus ainda levantarei numa época em que os seres humanos estiverem amadurecidos para poder compreendê-los, pois também eu atuo nisso incondicionalmente de acordo com a lei. A humanidade pode saber tudo através de mim, mas sempre falarei somente quando ela se tiver tornado apta para a receção, através do amadurecimento interior. Esse processo se efetiva de modo inteiramente automático, como algo que se liga ou acende. Por isso a humanidade saberá por mim também somente tanto quanto for capaz de assimilar, não mais.

Disso, contudo, não precisais estar sempre conscientes, pois eu sinto intuitivamente o despertar interior e a movimentação do espírito, que é muito diferente da consciência diurna do raciocínio. E isso é que desencadeia minha Palavra.

Por isso vos dou hoje, muitas vezes, aparentemente já muito mais do que podeis assimilar na realidade de modo consciente. O vosso espírito, porém, ao qual eu falo, assimila-o sem que saibais disso terrenamente. Assim, parece como se eu desse já agora muito para tempos vindouros, ao passo que vosso espírito, porém, já o assimilou.

Só que a compreensão da consciência diurna vos advirá mais tarde, talvez somente em decénios, de modo que apenas então sabereis aplicá-la terrenamente com inteira compreensão.

Tão logo caminhardes espiritualmente de maneira vigorosa junto comigo, poderei revelar-vos a Criação inteira. Depende sempre somente de vós, seres humanos! Por isso, permanecei vigilantes e ativos no espírito, para que eu de nada vos precise privar!

Dou de bom grado e alegremente, porém sou atado à lei, porque eu mesmo não posso agir diferentemente! Permitido me é dar-vos na medida de vossa capacidade de receção, e não mais! Mantende isso na lembrança. Aproveitai, por isso, o tempo, enquanto eu estiver convosco, a fim de que nada percais.

Guardai a minha Palavra e utilizai-a, ela vos pode dar tudo!

 

Abdruschin

 

Dissertação 47 “O sexo fraco” da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

A ponte destruída

Novembro 01, 2015

Lamentável é ver como o ser humano terreno se empenha diligentemente para seu retrocesso e, com isso, para sua queda, na crença errónea de que com isso caminha para cima.

O ser humano terreno! Ao nome dessa criatura associa-se um gosto amargo para tudo o que se realiza na Criação dentro da Vontade de Deus, e para os seres humanos seria aparentemente melhor se não fosse mais proferido, uma vez que em cada menção desse nome perpassa, simultaneamente, através da Criação inteira, uma indignação e um mal-estar, o que se estende como um peso sobre a humanidade terrena, pois essa indignação, o mal-estar, é uma acusação viva que se forma automaticamente e tem de colocar-se hostilmente contra toda a humanidade terrena.

Assim, o ser humano terreno, através de sua ação errada, que se tornou percetível nesta Criação como obstrutiva, estorvante e continuamente prejudicial, tornou-se hoje, por fim, um proscrito por si mesmo, em seu ridículo querer saber tudo melhor. Ele forçou, teimosamente, a sua expulsão, uma vez que se tornou incapaz de ainda receber simplesmente e com humildade as dádivas de Deus.

Ele quis tornar-se criador, aperfeiçoador; quis submeter a atuação do Todo-poderoso à sua vontade terrena.

Não existe palavra que possa designar acertadamente tal presunçosa arrogância em sua ilimitada ignorância. Aprofundai-vos nesse comportamento inacreditável; imaginai o ser humano terreno, como ele, com ares de importância, quer se colocar acima da engrenagem da obra maravilhosa desta Criação de Deus, para ele até agora desconhecida, a fim de dirigi-la, ao invés de ajustar-se nela obedientemente, como uma pequena parte dela… então, não sabereis se deveis rir ou chorar! 

Um sapo, que se acha diante de um rochedo alto e quer ordenar que ele ceda diante de seus passos, não parece tão ridículo como o ser humano atual em sua megalomania perante o seu Criador.

A imaginação disso deve ter um efeito repugnante também para cada espírito humano que agora chega ao despertar no Juízo. Um horror, um calafrio e um pavor apossar-se-ão dele, quando, repentinamente, ao reconhecer a luminosa Verdade, chegar a ver tudo diante de si assim como realmente foi já desde muito, apesar de que ele até agora não tenha podido observar dessa maneira. Envergonhado, gostaria então de fugir para os confins de todos os mundos.

E o véu encobridor agora se rasgará, será despedaçado em trapos cinzentos, levados pelo vento, até que a irradiação da Luz possa fluir integralmente para dentro das almas profundamente torturadas pelo remorso e que, em humildade novamente despertada, queiram inclinar-se perante o seu Senhor e Deus, a Quem não puderam mais reconhecer nas confusões que o raciocínio, preso à Terra, provocou em todos os tempos em que lhe foi permitido dominar irrestritamente. 

Contudo, tendes de viver deveras o asco ante o atuar e o pensar dos seres humanos terrenos, primeiramente junto a vós e também dentro de vós, antes que a libertação disso possa vir. Tendes de experimentar o asco da mesma forma, como a humanidade terrena sempre fez com todos os enviados da Luz, na sua hedionda infâmia, hostil à Luz. Não podereis chegar à libertação de outra forma!

É o único efeito recíproco libertador de vossa culpa, que agora vós próprios tendes de vivenciar, porque de outra forma ela não pode ser perdoada.

Entrareis nesse vivenciar já em tempo bem próximo, e quanto mais cedo isso vos atingir, tanto mais fácil se tornará para vós. Que ao mesmo tempo se abra, para vós, o caminho às alturas luminosas.

E outra vez a feminilidade terá de sentir primeiramente a vergonha, uma vez que a sua decadência a obriga agora a se expor a essas coisas. Ela mesma, levianamente, se colocou num degrau que obriga a se submeter aos pés de uma masculinidade embrutecida. Com ira e desprezo a masculinidade terrena olhará agora irritada para todas aquelas mulheres que não são mais capazes de dar aquilo a que foram destinadas pelo Criador, e do que o homem tanto necessita para sua atuação.

Isso é autorrespeito, que faz, de cada verdadeiro homem, um homem! Autorrespeito e não autoilusão. Autorrespeito, porém, o homem só poderá ter, levantando o olhar para a dignidade da mulher, a qual, ao protegê-la, lhe proporciona e mantém o respeito perante si mesmo!

Este é o grande, até agora não expresso mistério entre mulher e homem, que é capaz de incentivá-lo a grandes e puros feitos aqui sobre a Terra, que incandesce todo o pensar de modo purificador e, com isso, estende sobre toda a existência terrena um sagrado vislumbre do elevado anseio pela Luz.

Tudo isso, porém, foi tirado ao homem pela mulher, a qual sucumbiu depressa aos engodos de Lúcifer, mediante as ridículas vaidades do raciocínio terreno. Com o despertar do reconhecimento dessa grande culpa, o homem considerará a feminilidade apenas como aquilo que ela realmente teve de se tornar por sua própria vontade.

Ma esse ultraje doloroso é, por sua vez, apenas um grande auxílio para aquelas almas femininas que, sob os justos golpes do Juízo, ainda vêm, despertando e reconhecendo, que enorme roubo cometeram em relação ao homem, com a sua errada vaidade, pois empregarão toda a sua força a fim de recuperarem a dignidade assim perdida e que elas próprias lançaram de si como um bem sem valor, que as embaraçava no caminho escolhido para baixo.

Ainda não ficastes bem esclarecidos a respeito da impetuosidade das consequências prejudiciais que tiveram de cair sobre a humanidade terrena inteira, quando a feminilidade inteira procurou, em seu erróneo comportamento, romper diligentemente a maior parte das pontes que a ligavam com as correntes da Luz.

As consequências prejudiciais apresentam-se sob centenas de formas e sob múltipla configuração, agindo por todos os lados. Apenas precisais procurar colocar-vos no curso dos inevitáveis efeitos das leis da Criação. O reconhecer, então, não será, absolutamente, difícil.

Pensai mais uma vez no simples aconte