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Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

A morte

Novembro 03, 2015

Algo em que todas as pessoas creem, sem exceção, é a morte! Cada uma está convencida da sua chegada. Este é um dos poucos factos sobre o qual não reina qualquer controvérsia nem ignorância.

Muito embora todos os seres humanos já contem com isso desde a infância, a maioria sempre procura afastar tal pensamento. Muitos até se enfurecem, quando se fala disso em sua presença. Outros, por sua vez, evitam cuidadosamente visitar cemitérios, desviam-se de enterros e procuram o mais depressa possível desfazer qualquer impressão, se porventura uma vez encontrem um féretro na rua.

Com isso um medo secreto de que um dia possam ser surpreendidos pela morte, repentinamente, sempre os oprime. Medo indefinido os impede de se aproximarem com pensamentos sérios desse facto inamovível.

Certamente não existe nenhum outro acontecimento que, apesar de sua inevitabilidade, seja sempre de novo posto tão de lado nos pensamentos, como a morte. Mas também certamente nenhum acontecimento existe tão importante na vida terrena, a não ser o do nascimento. Contudo, é bem notório que o ser humano queira se ocupar tão pouco exatamente com o começo e o fim de sua existência terrena, ao passo que a todos os outros acontecimentos, mesmo os de importância totalmente secundária, queira emprestar significação profunda.

Investiga e perscruta sobre todos os episódios intermediários com mais afinco do que aquilo que lhe possa dar esclarecimentos de tudo: o começo e o fim de sua peregrinação terrena. Morte e nascimento se acham assim tão estreitamente ligados, porque um é consequência do outro.

[…]

O processo da morte, propriamente, nada mais é do que o nascimento para o mundo da matéria fina. Semelhantemente ao processo do nascimento para o mundo da matéria grosseira. Durante algum tempo depois do desenlace, o corpo de matéria fina permanece ligado ao corpo de matéria grosseira, como por um cordão umbilical, e que é tanto mais frouxo quanto mais elevado o assim nascido para o mundo de matéria fina já tiver desenvolvido sua alma na existência terrena, em direção ao mundo de matéria fina.

Quanto mais, por sua vontade, ele se acorrentou à Terra, portanto à matéria grosseira, e assim nada quis saber da continuação da vida no mundo da matéria fina, tanto mais firme, por conseguinte, devido à sua própria vontade, será agora esse cordão que o liga ao corpo de matéria grosseira e com isso também ao seu corpo de matéria fina, do qual ele necessita como vestuário do espirito no mundo da matéria fina.

Mas quanto mais espesso for o seu corpo de matéria fina, tanto mais pesado será ele segundo as leis vigentes, e tanto mais escuro terá que parecer também. Em virtude dessa grande semelhança e achegado parentesco com tudo o que é da matéria grosseira, muito difícil ser-lhe-á também se separar do corpo de matéria grosseira, acontecendo, pois, que tal pessoa terá também que sentir ainda as ultimas dores corpóreas da matéria grosseira, bem como toda a desintegração durante a decomposição. Durante a cremação tampouco fica insensível.

Por fim, depois da separação desse cordão de ligação, desce no mundo de matéria fina até o ponto em que o seu ambiente tem idêntica densidade e peso. lá encontra então, na mesma gravidade, de igual modo, somente os de índole idêntica. É explicável que ali seja pior do que no corpo de matéria grosseira na Terra, porque no mundo de matéria fina todos os sentimentos intuitivos são vividos de modo total e sem entraves.

Diferente é com os seres humanos que já em sua vida terrena haviam iniciado a ascensão para tudo quanto é mais nobre. A separação também é muito mais fácil, porque esses trazem vivamente em si a convicção do passo para o mundo da matéria fina. Tanto o corpo de matéria fina como o cordão ligador não são densos, e essa diferença, em suas mútuas estranhezas com o corpo de matéria grosseira, deixa efetuar-se mui rapidamente também o desenlace, de modo que o corpo de matéria fina, durante toda a chamada agonia ou últimas contrações musculares do corpo de matéria grosseira, já há muito se encontra ao lado deste, se aliás se possa falar de agonia num passamento normal de tais pessoas. O estado frouxo, pouco denso, do cordão de ligação, não permite que o ser humano de matéria fina, que se encontra ao lado, sofra a mínima dor, porque esse cordão ténue não pode, em seu estado pouco denso, constituir qualquer transmissor de dor da matéria grosseira à matéria fina.

Esse cordão, em consequência de sua maior delgadeza, rompe também a ligação de modo mais rápido, de maneira que o corpo de matéria fina se liberta totalmente num prazo muito mais curto, ascendendo então para aquela região constituída da idêntica espécie, mais fina e mais leve. Lá, ele também somente poderá encontrar os de índole idêntica, recebendo paz e felicidade na melhor e mais elevada vida intuitiva. Tal corpo de matéria fina, leve e menos denso, mostrar-se-á naturalmente também mais luminoso e mais claro, até atingir por fim tal sutilidade, que o espiritual nele existente comece a irromper de modo fulgurante, antes de entrar no espiritual de modo totalmente irradiante.

Sejam, porém, advertidas as pessoas que rodeiam um moribundo, para que não irrompam em altas lamentações. Pela dor da separação exageradamente manifestada pode a criatura humana de matéria fina, que se acha em vias de desligamento ou talvez já se encontre de lado, ser atingida, isto é ouvir ou sentir aquilo. Despertando nela desse modo a compaixão ou o desejo de dizer ainda palavras de consolo, esse ensejo ligá-la-á de novo, mais fortemente, com a finalidade de se manifestar de modo compreensível aos que se lamentam cheios de dor.                                                   

Apenas utilizando-se do cérebro poderia fazer-se entender terrenamente. O anseio, porém, acarreta, isto é, condiciona a ligação íntima com o corpo de matéria grosseira, resultando por isso, como consequência, que não somente um corpo de matéria fina que ainda se acha em vias de desligamento se una de novo, mais estreitamente, ao corpo de matéria grosseira, mas que também uma criatura humana de matéria fina que já se encontra desligada e ao lado, seja mais uma vez atraída de volta ao corpo de matéria grosseira. O resultado final é o retorno a todas as dores, das quais já estava liberta.

O novo desenlace se torna então bem mais difícil, podendo mesmo durar alguns dias. Ocorre então a assim chamada agonia prolongada, que se torna realmente dolorosa e difícil para quem queira se desligar. Culpados são, portanto, todos quantos, com suas lamentações egoísticas, fizeram-na retroceder do seu desenvolvimento natural.

Devido a essa interrupção do curso normal, deu-se uma nova ligação forçada, mesmo que seja apenas através da fraca tentativa de uma concentração para se fazer entender. E não é tão fácil dissolver novamente essa ligação antinatural, para aquele que nisso seja ainda totalmente inexperiente. Auxílios aí não lhe podem ser dados, visto que ele próprio quis a nova ligação.

Essa ligação pode-se estabelecer facilmente enquanto o corpo de matéria grosseira ainda não esfriou de todo e o cordão de ligação exista, o qual muitas vezes somente se rompe após muitas semanas. Portanto, um martírio desnecessário para quem se translada, uma falta de consideração e crueldade dos que se encontram em redor.

Por isso, num recinto de morte, deve imperar absoluta calma, uma serenidade condigna, correspondente à hora importante! Pessoas incapazes de se dominarem deviam ser afastadas à força, mesmo que sejam mais próximos.

 

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 30 “A morte” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Falecido

Novembro 03, 2015

Solitária e sem compreender nada se encontra uma alma no recinto de morte. Sem compreender nada, porque o ser humano que jaz no leito se recusou, durante a sua vida terrena, a acreditar na continuação da vida após deixar o corpo de matéria grosseira, jamais pensando nisso com afinco, e zombando de quantos falavam a tal respeito.

Perplexo, olha em redor. Vê a si próprio no leito de morte, vê à sua volta pessoas conhecidas que choram, ouve as palavras que elas dizem, e intui também decerto a dor que elas sentem nas lamentações por ele haver morrido. Tem vontade de rir e clamar que ainda vive! Chama! E nota, admirado, que não o ouvem. Repetidamente chama alto e cada vez mais alto. As pessoas não escutam, continuam a lamentar. Medo começa a brotar nele. Pois ele ouve a sua própria voz bem alto e sente também distintamente o seu corpo.

Mais uma vez grita angustiadamente. Ninguém lhe dá atenção. Olham, chorando, para o corpo inerte que ele reconhece como sendo o seu, e ao qual, no entanto, considera de repente como sendo algo estranho, que não lhe pertence mais, pois se encontra com seu corpo ao lado, livre de toda a dor que até então sentia.

Com amor chama então o nome de sua mulher, ajoelhada ali rente ao que até agora era seu leito. Mas o choro não cessa, nenhuma palavra, nenhum movimento denota que ela o ouviu. Desesperado, aproxima-se dela, sacudindo-a rudemente pelo ombro. Ela não percebe. Ele não sabe, pois, que tocou apenas no corpo de matéria fina da esposa, sacudindo-o, e não no de matéria grosseira, e que sua esposa, que igualmente a ele nunca pensou existir algo mais do que o corpo terreno, também não podia sentir o toque em seu corpo de matéria fina.

Um indizível sentimento de medo deixa-o estremecer. A fraqueza do desamparo oprime-o até o chão, sua consciência desaparece.

Uma voz que ele conhece o faz voltar a si lentamente. Vê então aquele corpo que ele usava na Terra, rodeado de flores. Tem vontade de sair dali, mas lhe é impossível desenvencilhar-se daquele corpo frio e imóvel. Percebe nitidamente que ainda se acha ligado a ele. E eis que torna a ouvir a voz que o despertara do dormitar. Trata-se de seu amigo que conversa com outra pessoa. Ambos trouxeram uma grinalda mortuária e enquanto a depositam, falam. Ninguém mais está junto.

O amigo! Quer se fazer notar por ele e pelo outro, que com o amigo muitas vezes fora seu querido hóspede! Tem de dizer-lhes que nele a vida, esquisitamente, ainda continua, que ainda pode ouvir o que as pessoas falam. Chama! Todavia, calmamente o seu amigo se volta para o acompanhante e continua a falar. Mas o que ele fala lhe perpassa como um susto através de seus membros. É esse o seu amigo? Assim ele fala dele agora.

Escuta estarrecido, as palavras daquelas pessoas com as quais tantas vezes bebeu e riu, que só elogiavam enquanto comiam à sua mesa e frequentavam sua casa hospitaleira.

Foram-se; chegam outros. Como podia agora reconhecer as criaturas humanas! Tantas a que tinha em alta consideração, agora só lhe despertavam asco e ira, enquanto que outras a quem nunca dera atenção, de bom grado teria apertado a mão com gratidão. Mas não o ouviam, não o sentiam, apesar dele se exaltar, gritar, a fim de provar que está vivo!

Com enorme acompanhamento conduziram então o corpo à sepultura. Estava sentado no próprio ataúde. Amargurado e desesperado, agora somente ainda podia rir, rir! O riso, porém, logo deu lugar ao mais profundo desalento, e imensa solidão lhe sobreveio. Cansou-se, dormiu.

Ao acordar, escuro estava à sua volta. Não sabia quanto tempo havia dormido. Percebeu, todavia, que já não podia mais estar ligado como até então ao seu corpo terreno, pois estava livre. Livre na escuridão que lhe pesava de modo estranhamente opressor.

Chamava. Nenhum som. Não ouvia sua própria voz. Gemendo, caiu para trás. Contudo, bateu aí fortemente com a cabeça numa pedra pontiaguda. Quando, após longo tempo, tornou a acordar, havia ainda o mesmo negror, o mesmo silêncio lúgubre. Queria saltar, mas os membros estavam pesados e recusavam-se a servi-lo. Com toda a força, proveniente do mais angustiado desespero, levantou-se e cambaleou tateando para lá e para cá. Muitas vezes caía no chão, feria-se, batia-se pela direita e pela esquerda, em pontas e cantos, mas algo não o deixava parar, pois um forte impulso o forçava continuamente a avançar às apalpadelas e procurar. Procurar! Mas o quê? Seu pensar estava confuso, cansado e sem esperanças. Procurava algo que não podia compreender. Procurava!

Algo o impulsionava para diante, sempre para diante! Até novamente cair, para de novo se levantar e continuar a andar. Passaram-se assim vários anos, decénios, até que finalmente lhe sobrevieram lágrimas, soluços, deixando estremecer-lhe o peito e… um pensamento se desprendeu uma súplica, qual grito de uma alma exausta, desejando um fim para o sombrio desespero.

O grito do mais desmedido desespero e da dor sem esperança trouxe, no entanto, o nascimento do primeiro pensar no desejo de sair daquele estado. Procurou reconhecer o que foi que o conduziu a esse estado pavoroso, o que foi que tão cruelmente o obrigou a perambular pela escuridão. Apalpou em redor: rochas ásperas! Seria a Terra ou talvez, sim, o outro mundo no qual jamais pôde acreditar?

O outro mundo! Então estava morto terrenamente, e no entanto vivia, se é que queria chamar de viver a esse estado. O pensar tornou-se imensamente difícil. Assim cambaleava adiante, procurando. Anos decorreram novamente. Para fora, fora dessa escuridão! Esse desejo tornou-se um impulso impetuoso, do qual se formou saudade. Saudade, no entanto, é o sentimento intuitivo mais puro que se destaca do impulso grosseiro, e da saudade brotou timidamente uma oração.

Essa oração de saudade eclodiu por fim dele, semelhante a uma fonte, e silenciosa e benéfica paz, humildade e sujeição entraram assim em sua alma. E quando ele se levantou para continuar sua caminhada, eis que uma correnteza de intenso vivenciar percorreu seu corpo, pois crepúsculo agora o rodeava, de súbito podia ver!

Longe, bem longe distinguiu ele uma luz, igual a um archote que o saudava. Jubilosamente estendeu os braços naquela direção; tomado de profunda felicidade prostrou-se novamente e agradeceu, agradeceu, com o coração a transbordar, Àquele que lhe concedeu luz! Com nova força caminhava então em direção a essa luz, que não se aproximava dele, mas que ainda assim esperava alcança-la, após tudo o que experimentara, mesmo que levasse séculos. O que agora lhe sucedeu podia repetir-se e conduzi-lo finalmente para fora do amontoado de pedras, para um país mais cálido e raiado de luz, se humildemente implorasse por isso.

“Meu Deus, ajuda-me nisso!” brotou aflitamente do coração cheio de esperanças. E que prazer, novamente ouviu sua voz! Mesmo que inicialmente apenas fraca, contudo ouvia! A felicidade disso deu-lhe novas forças e esperançoso tornou a seguir adiante.

Assim o início da história duma alma no mundo de matéria fina. A alma não poderia ser denominada ruim. Na Terra até era considerada muito boa. Um grande industrial, muito atarefado, esforçado em cumprir fielmente todas as leis terrenas.

A respeito desse processo um esclarecimento ainda: o ser humano que durante sua existência terrena nada quer saber que depois da morte ainda há vida e que será obrigado a responsabilizar-se por todas as suas ações, cego e surdo será na matéria fina, quando tiver que se trasladar. Somente enquanto permanecer ligado, por dias ou semanas, ao seu corpo de matéria grosseira que deixou, consegue temporariamente também perceber o que acontece à sua volta.

Tão logo, porém, fique livro do corpo de matéria grosseira em decomposição, perde tal possibilidade. Não ouve nem vê mais nada. Não se trata dum castigo, mas de algo absolutamente natural, porque não quis ver nem ouvir nada do mundo de matéria fina. Sua própria vontade, capaz de dar forma própria e imediata à matéria fina, é que impede que seu corpo de matéria fina possa ver e também ouvir. Até que se manifeste, lentamente, uma alteração nessa alma. Se isso, agora, demorar anos, decénios, talvez séculos, é assunto de cada pessoa. À sua vontade, lhe é deixado integralmente. Também auxílio só lhe advém, quando ela própria o almejar. Não antes. Nunca será forçada a isso.

A luz que essa alma, que adquiriu visão, saudou com tamanha alegria, sempre esteve lá. Só que antes ainda não podia vê-la. É mesmo mais clara e mais forte do que a alma, até então cega, inicialmente a vê. O modo pela qual a vê, se forte, se fraca, depende apenas dela exclusivamente. Ela não vem absolutamente ao seu encontro, mas está lá! Poderá usufrui-la a qualquer momento, bastando desejá-la de maneira humilde e sincera.

Mas isso que aqui esclareço só se refere a essa espécie de almas humanas. Não, porém, a outras. Nas próprias trevas e em suas planícies não se encontra a luz. Lá não é válido que aquele, que progride em si, possa de repente ver a luz, mas sim, para isso, primeiramente tem de ser conduzido para fora do ambiente que o retém.

Certamente a situação dessa alma, aqui apreciada, já é de ser qualificada de angustiosa, principalmente porque está tomada de grande pavor e não tem em si qualquer esperança, contudo ela mesma não havia desejado de outra forma. Recebe apenas aquilo que forçou para si. Não quis saber nada da vida consciente após o falecimento terreno. Com isso a alma não pode eliminar para si a continuação da vida, pois a esse respeito ela não pode dispor, porém constrói para si mesma uma esfera estéril de matéria fina, paralisa os órgãos sensoriais do corpo de matéria fina, de modo a, na matéria fina, não poder ver nem ouvir, até que… ela finalmente se modifique.

São essas as almas que hoje são vistas aos milhões sobre a Terra, ainda classificáveis de corretas, não obstante nada quererem saber da eternidade ou de Deus. As de má vontade, naturalmente, passam pior; no entanto, delas aqui não se falará, mas apenas das assim chamadas criaturas corretas.

Quando, pois, se diz que Deus estende Sua mão em auxílio, isso se dá na Palavra que Ele envia às criaturas humanas, na qual lhes mostra de que modo podem libertar-se da culpa em que se emaranharam. E Sua graça se acha de antemão em todas as grandes possibilidades outorgadas aos espíritos humanos na Criação para utilização. Isso é tão imenso, como não pode o ser humano de hoje imaginar, porque jamais se ocupou com isso suficientemente a sério, pois onde tal se deu, foi apenas de modo pueril ou para fins de vaidosa auto-elevação!

 

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 31 “Falecido” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

Milagres

Novembro 03, 2015

A explicação para isso reside na própria palavra. Milagre é um acontecimento sobre o qual o ser humano fica perplexo. É algo que julga impossível. No entanto, apenas julga, pois que é possível, a própria efetivação do milagre já provou.

Milagres, segundo a aceção de muitos que creem em Deus, não existem! Estes consideram um milagre como algo que se realiza fora das leis da natureza, até mesmo como algo que é contrário a todas as leis da natureza. Nisso, exatamente, veem o Divinal! Para eles o milagre é um ato possível de ser praticado apenas por seu Deus, que com isso mostra Sua graça especial, empregando para tal Sua Onipotência.

As pobres criaturas humanas consideram erroneamente a Onipotência como abrangendo a possibilidade de atos arbitrários, e os milagres como sendo atos arbitrários. Não se dão conta de quanto diminuem assim a Deus; pois essa espécie de milagres seriam tudo menos Divinos.

Antes de mais nada reside no atuar Divino uma perfeição incondicional, sem falhas, sem lacunas. E perfeição condiciona a mais severa lógica, a consequência absoluta em todos os sentidos. Por conseguinte, um milagre só há-de se efetivar, em seu processo sem lacunas, na mais irrestrita consequência lógica. A diferença está apenas em que num milagre o caminho de desenvolvimento, que segundo o conceito terreno levaria mais tempo, se desenrola de maneira normal, porém com tamanha rapidez, quer mediante o poder especialmente concedido a uma pessoa, quer por outros caminhos, de modo a poder ser denominado de milagroso pelos seres humanos, devido ao desenrolar extraordinariamente rápido, em suma, como milagre.

Pode, igualmente, tratar-se de algo acima do desenvolvimento atual, que se realiza mediante força concentrada. Mas nunca, em tempo algum, colocar-se-á fora das leis naturais existentes, ou em oposição às mesmas. Em tal momento, que em si é de todo impossível, ele perderia todo o Divino e se tornaria um ato de arbitrariedade. Portanto, exatamente o contrário daquilo que supõem muitos dos que creem em Deus.

Tudo que carece de uma consequência lógica severa, não é Divino. Cada milagre é um processo absolutamente natural, mas com extraordinária rapidez e força concentrada: jamais poderá suceder algo antinatural. Isso fica totalmente excluído.

Quando se realizam curas de doenças até então consideradas incuráveis, não há nisso nenhuma alteração das leis da natureza; mostram, no entanto, apenas as grandes falhas do saber humano. Tanto mais deve ser reconhecido como uma graça do Criador, que dota alguns seres humanos, aqui e acolá, com força especial, que podem utilizar em benefício da humanidade sofredora. Serão sempre, contudo, pessoas que se conservam afastadas de todas as presunções da ciência, visto que o conhecimento preso à Terra abafa naturalmente as possibilidades de receber dádivas mais altas.

A ciência acorrentada à Terra quer conquistar, nunca, porém, consegue receber de modo puro, isto é, infantilmente. No entanto, as forças vindas de fora do espaço e do tempo só podem ser recebidas de modo simples, nunca conquistadas! Somente essa circunstância mostra o que é o mais valioso, o mais forte e, por conseguinte, também o mais acertado!

 

Abdruschin

                        

Dissertação 32 “Milagres” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

O Batismo

Novembro 03, 2015

Se o batismo de uma criança for ministrado por um sacerdote que o considera como mero dever do ofício, ficará absolutamente sem valor, não produzindo benefícios nem danos. No batismo duma pessoa adulta, pelo contrário, sua recetividade interna contribui para que de facto seja recebido ou não algo espiritual, de acordo com sua força e pureza.

Numa criança, só a fé do batizante pode ser levada em consideração como meio para um fim. Conforme a força e a pureza deste, a criança recebe através do ato certo fortalecimento espiritual, bem como um mural protetor contra correntezas más.

O batismo não é um ato que cada pessoa, investida pelos dirigentes eclesiásticos terrenos, possa realizar de modo eficiente. Para isso se faz necessária uma pessoa que esteja em ligação com a Luz. Somente tal pessoa consegue transmitir a Luz. Essa capacidade, porém, não se consegue mediante estudos terrenos nem pela consagração eclesiástica ou investidura no cargo. Ademais, não está em conexão com costumes terrenos, mas é exclusivamente uma dádiva do próprio Altíssimo.

Quem assim for agraciado, torna-se um convocado! Desses não se encontram em grande número, porque tal dádiva condiciona de antemão um terreno adequado na própria pessoa. Não existindo tal condição preliminar, não pode ser feita a ligação proveniente da Luz. A Luz não pode descer em solo não preparado ou que dela se afaste, visto que também esse processo está submetido, severamente, como tudo mais, às leis primordiais que tudo perfluem.

Um tal convocado pode, porém, pelo ato do batismo, transmitir realmente espírito e força, de modo que o batismo receba aquele valor que simbolicamente exprime. Apesar disso ainda será sempre preferível proporcionar o batismo somente a pessoas que sejam plenamente conscientes dos efeitos desse ato e que sintam intuitivamente o anelo para tanto. O batismo exige, por conseguinte, certa maturidade e o desejo voluntário do batizando, bem como que o batizante seja um convocado, para que de facto possa vir a ter valor completo.

João, o Batista, que ainda hoje é considerado por todas as igrejas cristãs como verdadeiro convocado, teve seus maiores adversários justamente entre os letrados e fariseus, que naquele tempo se tinham na conta dos mais credenciados para julgar a respeito.

O povo de Israel de outrora era o povo convocado. Quanto a isso não há a menor dúvida. Em seu meio devia o Filho de Deus levar a efeito a sua obra terrena. Consequentemente, também os sacerdotes desse povo, naquele tempo, deviam ter sido os mais credenciados para o batismo. Todavia teve que vir João, o Batista, para batizar como único convocado o Filho de Deus em seu invólucro terrestre, no início de suas atividades terrenas propriamente ditas.

Esse acontecimento mostra igualmente que investiduras terrenas num cargo nada têm a ver com as convocações Divinas. Mas executar atos em nome de Deus, isto é, por ordem Dele, como deve ser num batismo, somente convocados poderão por sua vez realizar de modo eficiente. O convocado João, o Batista, não reconhecido pelo sumo-sacerdote de outrora do povo convocado, chamava a estes seus adversários de “corja de víboras. Negou-lhes o direito de virem a ele.

Esses mesmos sacerdotes do povo outrora convocado, também não reconheceram nem o próprio Filho de Deus, perseguiram-no continuamente e trabalharam por sua destruição terrena, por ser-lhes superior e por isso incómodo.

Se Cristo hoje em dia aparecesse sob novo forma entre os seres humanos, viria sem dúvida a se defrontar com a mesma recusa e hostilidade como se deu outrora. Identicamente ocorreria com um seu emissário. Tanto mais por se considerar hoje “mais progressista” a humanidade.

Não somente desse caso isolado de João, o Batista, mas de inúmeros casos análogos se depreende claramente que as consagrações eclesiástico-terrenas e investiduras nos cargos que, aliás, pertencem sempre apenas às “organizações das igrejas”, jamais poderão proporcionar uma capacitação mais ampla para atos espirituais, se a própria pessoa não for convocada para isso.

Observado corretamente, o batismo dos representantes eclesiásticos também nada mais é, portanto, do que um processo de admissão provisória na organização de uma congregação religiosa. Não uma admissão junto a Deus, mas uma admissão na correspondente congregação terreno-eclesiástica. A confirmação e a comunhão que mais tarde se seguem, podem ser consideradas como uma ratificação e uma mais ampla admissão na participação dos rituais dessas congregações. O sacerdote age como “servo instituído pela igreja”, isto é, puramente terreno, já que Deus e igreja não são uma só coisa.

 

Abdruschin

                        

Dissertação 33 “O batismo” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

O Santo Graal

Novembro 03, 2015

Inúmeras são as interpretações das composições poéticas que existem sobre o Santo Graal. Os mais sinceros eruditos e pesquisadores se ocuparam com esse mistério. Muito disso tem elevado valor ético, porém, tudo traz em si o grande erro de apenas mostrar uma construção que parte do plano terreno para cima, ao passo que falta o principal, o facho de luz de cima para baixo, único capaz de vivificar e iluminar.

Tudo quanto se esforça de baixo para cima tem que se deter no limiar da matéria, mesmo que lhe haja sido outorgado o que de mais elevado possa obter. Na maioria dos casos, porém, mesmo com as mais favoráveis condições preliminares, mal pode ser feita a metade desse caminho. Quão longo, no entanto, ainda fica o caminho para o verdadeiro reconhecimento do Santo Graal!

Esse sentimento intuitivo da inacessibilidade se manifesta, por fim, nos pesquisadores. O resultado disso é que procuram conceber o Graal como sendo uma designação puramente simbólica de um conceito, a fim de lhe dar assim aquela altitude, cuja necessidade para tal designação sentem intuitivamente com acerto. Com isso, porém, na realidade, vão para trás, não para a frente. Para baixo, ao invés de para cima. Desviam-se do caminho certo já contido em parte nas composições poéticas.

Somente estas deixam pressentir a verdade. Mas apenas pressentir, porque as elevadas inspirações e as imagens visionárias dos poetas na transmissão foram demasiado materializadas pela ativa participação do raciocínio. Deram à retransmissão daquilo que foi recebido espiritualmente uma imagem do ambiente terrenal contemporâneo, a fim de tornar o sentido de suas obras poéticas mais compreensível às criaturas humanas, o que apesar disso não conseguiram, porque eles próprios não puderam se aproximar do núcleo propriamente dito da Verdade.

Assim foi dada de antemão uma base incerta para as ulteriores pesquisas e buscas; colocada com isso uma restrita limitação a cada êxito. Não é, portanto, de pasmar, que por fim somente se podia pensar em mero simbolismo, transferindo a libertação pelo Graal para o íntimo de cada ser humano.

As interpretações existentes não são destituídas de grande valor ético, mas não podem ter nenhuma pretensão de constituírem um esclarecimento das obras poéticas, e muito menos se aproximarem da verdade do Santo Graal.

Também não se entende por Santo Graal o cálice de que o Filho de Deus se serviu no fim de sua missão terrena, quando da última ceia junto com os discípulos, e no qual foi recolhido seu sangue na cruz. Esse cálice é uma recordação sagrada da sublime obra salvadora do Filho de Deus, mas não é o Santo Graal, para cujo louvor os poetas das lendas foram agraciados. Essas obras poéticas foram erradamente interpretadas pela humanidade.

Deviam ser promessas provenientes de elevadíssimas alturas, cujas realizações as criaturas humanas têm de esperar! Tivessem sido interpretadas como tais, então certamente, já há muito, outro caminho teria sido também encontrado, que poderia conduzir as pesquisas ainda um pouco mais adiante do que até agora. Mas assim teve que se apresentar finalmente um ponto morto em todas as interpretações, porque jamais se poderia alcançar uma solução total, sem lacunas, uma vez que o ponto de partida de cada investigação se encontrava de antemão em base errada devido à conceção errónea de até então.

Jamais conseguirá um espírito humano, mesmo que tenha alcançado a sua maior perfeição e imortalidade, ver-se na presença do Santo Graal! Por tal motivo, também jamais pode descer de lá à matéria, à Terra, uma notícia satisfatória sobre isso, a não ser através de um mensageiro que tenha sido mandado de lá. Para o espírito humano, portanto, o Santo Graal terá de permanecer sempre e eternamente um mistério.

O ser humano que continue naquilo que possa compreender espiritualmente e procure antes de mais nada realizar tudo aquilo que estiver em suas forças, até à mais nobre florescência. Lamentavelmente, porém, em seus anseios sempre estende de bom grado a mão para muito além, sem que desenvolva sua real capacidade, com o que comete assim uma negligência, que não o deixa alcançar nem sequer aquilo do que seria capaz, enquanto que o desejado de qualquer forma jamais poderá alcançar. Priva-se com isso do que há de mais belo e mais elevado na sua verdadeira existência, ocasionando apenas uma completa falha no cumprimento de sua finalidade de existir.

 Parsival é uma grande promessa. As falhas e erros que foram introduzidos pelos poetas das lendas, devido ao seu pensar demasiadamente terreno, alteram a verdadeira essência dessa figura. Parsival é uno com o Filho do Homem, cuja vinda o próprio Filho de Deus anunciou.

Enviado de Deus, terá ele que passar pelas mais difíceis penúrias terrenas com uma venda diante dos olhos espirituais, externamente como ser humano entre seres humanos. Após determinado tempo, libertado então dessa venda, reconhecerá então o ponto donde partira e, consequentemente, a si próprio, vendo diante de si nitidamente também sua missão. Essa missão igualmente trará uma libertação, ligada a rigoroso Juízo, à humanidade que busca sinceramente.

Para tanto, não pode ser suposta uma pessoa qualquer, muito menos ainda se deve reconhecer nisso a possível vivência de muitos ou mesmo de todos os seres humanos, mas será um bem determinado enviado especial.

Nas leis inamovíveis de toda a Vontade Divina não é possível de maneira diversa do que cada coisa, após o percurso de desenvolvimento em sua mais alta perfeição, retorne novamente ao ponto de partida de seu ser original, nunca , porém, além deste. Assim também o espírito humano. Como semente espiritual, tem ele sua origem no espírito-enteal, para onde poderá regressar, como espírito consciente em forma enteal, após o seu percurso através da matéria, tendo alcançado a mais alta perfeição e adquirido pureza viva.

Nenhum espírito-enteal, por mais elevado, puro e radiante que seja, consegue ultrapassar o limite do Divino. O limite e a impossibilidade de ultrapassá-lo reside aqui também, como nas esferas ou planos da Criação material, simplesmente na natureza da coisa, na diferenciação da espécie.

Como supremo e mais elevado está o próprio Deus em Sua inentealidade Divina. A seguir, como o mais próximo, um pouco mais abaixo, vem o Divino-enteal. Ambos são eternos. A este se segue, então, cada vez mais para baixo, a obra da Criação em planos ou esferas descendentes cada vez mais densas, até finalmente à matéria grosseira visível aos seres humanos.

A matéria fina da Criação material é o que os seres humanos chamam de Além. Portanto, aquilo que se acha além de sua capacidade de visão terreno-material grosseira. Ambas, contudo, fazem parte da obra da Criação, não sendo eternas em sua forma, mas sujeitas a alterações que visam a renovação e a reanimação.

No ponto de saída mais alto do eterno espírito-enteal se encontra o Supremo Templo do Graal, espiritualmente visível e palpável, porque ainda é da mesma espécie espírito-enteal. Esse Supremo Templo do Graal contém um recinto amplo que, por sua vez, se acha no limite mais extremo em direção ao Divino, sendo, portanto, mais etéreo ainda do que tudo o mais do espírito-enteal. Nesse recinto se encontra, como penhor da bondade eterna de Deus-Pai e como símbolo do Seu mais puro Amor Divino, e igualmente como ponto de saída da força Divina: o Santo Graal!

É uma taça onde algo como sangue rubro borbulha e ondula ininterruptamente, sem jamais transbordar, irradiada pela mais clara Luz, é concedido somente aos mais puros de todos os espírito-enteais poderem olhar para essa Luz. E estes são os guardiões do Santo Graal! Quando se diz nas obras poéticas que os mais puros dos seres humanos são destinados a se tornarem guardiões do Graal, esse é um ponto que então o poeta agraciado transportou demasiadamente para o plano terreno. Porque não conseguiu se expressar de outra maneira.

Nenhum espírito humano pode entrar nesse recinto sagrado. Mesmo em sua maior perfeição de entealidade espiritual, depois de seu regresso do percurso através da matéria, ainda não está suficientemente eterizado para poder transpor o umbral, isto é, o limite. Mesmo no seu aperfeiçoamento máximo, ainda é demasiadamente denso para tanto.

Uma eterização maior para ele equivaleria a uma completa decomposição ou combustão, uma vez que sua espécie, já de origem, não se presta para se tornar ainda mais radiante e luminosa, isto é, ainda mais etérea. Não suportaria.

Os guardiães do Graal são eternos, espíritos primordiais, que nunca foram seres humanos, os ápices de todo o espírito-enteal. Necessitam, contudo, da força Divino-Inenteal, dependem dela, como tudo o mais depende do Divino-Inenteal, a origem de toda a força, Deus-Pai.

De tempos em tempos, então, no dia da Pomba Sagrada, aparece a Pomba por sobre o cálice, como sinal renovado do imutável Amor Divino do Pai. É a hora da união, que traz a renovação da força. Os guardiões do Graal recebem-na com humilde devoção, estando aptos depois a retransmitir essa força milagrosa recebida.

Disso depende a existência da criação inteira!

É o momento em que no Templo do Santo Graal o Amor do Criador se derrama radiantemente para um novo existir, para novo impulso criador que, descendo, se distribui pelo Universo inteiro em forma de pulsações. Um estremecer transpassa nisso todas as esferas, um tremor sagrado de alegria pressentida, de imensa felicidade. Apenas os espíritos das criaturas humanas terrenas permanecem ainda de lado, sem sentirem intuitivamente o que está acontecendo justamente para eles, quão imensa dádiva broncamente recebem, porque sua autorrestrição no raciocínio não permite mais a compreensão de tal grandeza.

É o momento de aprovisionamento de vida para a Criação inteira!

É a contínua e indispensável repetição de uma confirmação do pacto que o Criador mantém em relação à Sua obra. Se um dia tal afluxo fosse interrompido, suspenso, tudo quanto existe teria que secar aos poucos, envelhecer e se decompor. Adviria então o fim de todos os dias e só restaria o próprio Deus, conforme era no começo! Porque unicamente Ele é a Vida.

Esse fenómeno está transmitido na lenda. É até mencionado no envelhecimento dos cavaleiros do Graal, durante o tempo em que Amfortas não desvela mais o Graal, até à hora em que Parsival aparece como Rei do Graal, como tudo tem de envelhecer e perecer, se o dia da Pomba Sagrada, isto é, o “desvelar” do Graal não voltar.

O ser humano devia afastar-se da ideia de considerar o Santo Graal apenas como algo inconcebível, pois existe realmente! No entanto, é negado ao espírito humano, por sua condição, poder contemplá-lo sequer uma vez. Mas as bênçãos que dele fluem e que podem ser retransmitidas pelos guardiões do Graal e que também são retransmitidas, essas os espíritos humanos podem receber e usufruir, se se abrirem para elas.

Nesse sentido algumas interpretações não podem ser tidas em conta de totalmente erradas, contanto que não tentem incluir em suas explicações o próprio Santo Graal. São certas e no entanto também não o são.

O aparecimento da Pomba no dia determinado da Pomba Sagrada indica a periódica missão do Espírito Santo, pois essa Pomba se acha em íntima relação com ele.

Mas é algo que o espírito humano só é capaz de compreender por imagens, porque conforme a natureza da coisa, mesmo tendo o mais alto desenvolvimento, na realidade só pode pensar, saber e sentir intuitivamente até lá de onde ele próprio veio, isto é, até aquela espécie que é una com a sua mais pura condição de origem. É o eterno espírito-enteal.

Esse limite ele jamais poderá ultrapassar, nem mesmo em pensamentos. Algo diferente também nunca poderá compreender. Isso é tão evidente, lógico e simples, que cada pessoa pode acompanhar esse pensamento.

O que para além disso existir será e deverá ser, por essa razão, sempre um mistério para a humanidade!

Cada ser humano vive por isso numa ilusão errónea ao imaginar ter Deus em si, ou ele próprio ser Divino, ou poder tornar-se Divino. Tem em si espiritual, mas não Divinal. E há nisso uma diferença intransponível. Ele é uma criatura, e não uma parte do Criador, conforme tantos procuram se persuadir. O ser humano é e continua uma obra, jamais podendo se tornar mestre.

Por conseguinte, também é erróneo quando se declara que o espirito humano promana do próprio Deus-Pai e a Ele regressa. A origem do ser humano é o espirito-enteal, não o Divino-inenteal. Apenas poderá, portanto, no caso de atingir a perfeição, voltar ao espirito-enteal. Certamente falando, o espirito humano se origina do Reino de Deus e por isso também, quando se tiver tornado perfeito, poderá voltar para o Reino de Deus, não porém a Ele próprio.

Seguirão ainda mais tarde dissertações detalhadas sobre os planos isolados da Criação, que em suas espécies essenciais são totalmente diferentes.

No ápice supremo de cada um desses planos da Criação se encontra um Templo do Graal, como indispensável ponto de transição e transmissão da força.

Esse é sempre uma cópia formada na espécie essencial do respetivo plano da Criação, do verdadeiro e Supremo Templo do Graal, que se encontra no ápice de toda a Criação, e que é o ponto de partida de toda a Criação, devido às irradiações de Parsival.

Amfortas foi o sacerdote e o rei na mais baixa dessas cópias do Supremo Templo do Graal, que se encontra no ponto mais alto do plano de todos os espíritos humanos que se desenvolveram de germes espirituais, portanto, mais próximo da humanidade terrena.

 

Abdruschin

                        

Dissertação 34 “O Santo Graal” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

O mistério Lúcifer

Novembro 03, 2015

Um véu cinzento paira sobre tudo que se relaciona com Lúcifer. É como se tudo recuasse assustadamente ao soerguer a ponta desse véu.

O recuar assustado é na realidade apenas a incapacidade de penetrar no reino das trevas. A incapacidade jaz, por sua vez, na natureza da coisa, porque também nesse caso o espírito humano não consegue penetrar tão longe, por lhe ser posta uma limitação, devido à sua constituição. Assim como não consegue ir até às alturas máximas, da mesma forma também não pode penetrar até às mais baixas profundezas, aliás, jamais o conseguirá.

Assim, a fantasia criou substitutivos para o que faltava, isto é, seres de várias formas. Fala-se do diabo sob as formas mais extravagantes, do arcanjo decaído e expulso, da corporificação do princípio do mal, e o que existe mais ainda. Da verdadeira natureza de Lúcifer nada se compreende, não obstante o espírito humano ser atingido por ele e, por isso, muitas vezes lançado no meio de um conflito enorme, que pode ser denominado de luta.

Aqueles que falam de um arcanjo decaído e também os que se referem à corporificação do princípio do mal são os que mais se aproximam do facto. Mas também aqui há uma conceção errónea que empresta a tudo uma imagem errada. Uma corporificação do princípio do mal faz pensar no ponto culminante, a meta final, a corporificação viva de todo o mal, portanto, a coroação, o final absoluto.

Lúcifer, porém, ao contrário, no entanto, constitui a origem do princípio errado, o ponto de partida e a força propulsora. Não se deveria também denominar o que ele efetua de principio do mal, mas sim principio errado. O âmbito de ação desse princípio erróneo é a Criação material.

Somente na matéria é que se encontram os efeitos do que é luminoso e os efeitos do que é das trevas, isto é, os dois princípios opostos, e aí atuam constantemente sobre a alma humana, enquanto esta percorre a matéria para seu desenvolvimento. Ao princípio que agora a alma humana, segundo seu próprio desejo, mais se entrega, é decisivo quanto à sua ascensão para a Luz ou descida para as trevas.

Enorme é o abismo que existe entre a Luz e as trevas. Está preenchido pela obra da Criação da matéria, que se acha sujeita à transitoriedade das formas, isto é, à decomposição das respetivas formas existentes e renovação.

Visto que um circuito, de acordo com as leis que a Vontade de Deus-Pai coloca na Criação, só pode ser considerado concluído e cumprido, quando no seu final volta à origem, assim também o curso de um espirito humano só pode ser tido na conta de cumprido quando regressa ao espiritual, já que sua semente saiu dali.

Deixando-se desviar em direção às trevas, incorrerá no perigo de ser arrastado para além do círculo mais externo de seu curso normal, às profundezas, donde então não poderá mais reencontrar a escalada. Mas também não conseguirá ultrapassar o limite extremo ainda mais fundo das trevas mais densas e mais profundas da matéria fina, saindo da matéria, assim como poderia fazer para cima, em direção ao reino espírito-enteal, por ser este o seu ponto de partida e, por esse motivo, será arrastado no poderoso circular da Criação material continuamente, até que por fim à decomposição, porque o retém a sua escura vestimenta de matéria fina, portanto densa e pesada, denominada também de corpo do Além.

A decomposição desfaz sua personalidade espiritual adquirida como tal durante o trânsito pela Criação, de modo que sofre a morte espiritual, sendo pulverizado à semente espiritual original.

Lúcifer, por sua vez, se encontra fora da criação material, portanto, não é arrastado à decomposição, como se dá com as vítimas de seu princípio, pois Lúcifer é eterno. Origina-se duma parte do Divino-enteal. A discórdia iniciou-se depois do começo da formação de tudo que é matéria. Enviado para amparar o espírito-enteal na matéria e favorecer no desenvolvimento, não cumpriu esta sua incumbência no sentido da Vontade Criadora de Deus-Pai, ao contrário, escolheu outros caminhos do que os que lhe foram indicados por esta Vontade criadora, devido a um querer que lhe veio durante sua atuação na matéria. Abusando da força que lhe foi outorgada introduziu entre outras coisas o princípio das tentações, em lugar do princípio do auxílio amparador que equivale ao amor prestimoso. Amor prestimoso na aceção Divina, que nada tem em comum com o servir do escravo, mas tão-somente visa a ascensão espiritual e com isso a felicidade eterna do próximo, atuando correspondentemente.

 O princípio da tentação, porém, equivale à colocação de armadilhas nas quais as criaturas humanas não suficientemente firmes tropeçam logo, caem e se extraviam, ao passo que as outras, pelo contrário, se fortificam com isso em vigilância e vigor, para então florescer poderosamente em direção às alturas espirituais. Mas tudo o que é fraco é de antemão entregue inexoravelmente à destruição. O princípio não conhece nem bondade, nem misericórdia; falta-lhe o Amor de Deus-Pai e com isso, portanto, também a mais poderosa força propulsora e o mais forte apoio que existe.

A tentação no Paraíso, narrada na Bíblia, mostra o efeito da introdução do princípio de Lúcifer, ao descrever figuradamente como este, mediante tentação, procura verificar a força e a perseverança do casal humano, a fim de logo lançá-lo impiedosamente no caminho da destruição ante a menor vacilação.

A perseverança teria sido equivalente ao alinhar-se jubilosamente à Vontade Divina, que está nas leis singelas da natureza ou da Criação. E essa Vontade, o mandamento Divino, era de pleno conhecimento do casal humano. Não vacilar seria ao mesmo tempo uma obediência a essas leis, com o que o ser humano somente pode beneficiar-se, de modo certo e irrestrito, tornando-se assim o “senhor da criação” de facto, porque “segue com elas”. Então todas as forças se lhe tornarão serviçais, se não se opuser a elas, e funcionarão automaticamente a seu favor.

Nisso consiste, pois, o cumprimento dos mandamentos de Deus, que nada mais visam do que a conservação pura e desimpedida e o cultivo de todas as possibilidades de evolução existentes em Sua obra maravilhosa. Essa simples observância é, por sua vez, alcançando mais longe, um co-atuar consciente no desenvolvimento ulterior e sadio da Criação ou do mundo material.

Quem isso não faz é um estorvo que, ou tem de deixar-se lapidar-se no feitio certo, ou será esmagado pelas engrenagens do mecanismo universal, isto é, pelas leias da Criação. Quem não quer curvar-se, terá que quebrar, porque não pode haver parada.

Lúcifer não quer aguardar com bondade o amadurecimento e o fortalecimento graduais, não quer ser como devia ser, um jardineiro amoroso que ampara, protege e cuida das plantas a ele confiadas, ao contrário, com ele, literalmente, “o bode tornou-se jardineiro”. Visa a destruição de tudo quanto é fraco, trabalhando nesse sentido impiedosamente.

Contudo, despreza as vítimas que se rendem, às suas tentações e armadilhas, e quer que pereçam em sua fraqueza.

Tem asco também da baixeza e da vileza que essas vítimas decaídas põem nos efeitos de seu princípio, pois somente os seres humanos os transformam na depravação repugnante em que se apresentam, açulando com isso ainda mais Lúcifer a ver neles criaturas que unicamente merecem destruição, não amor e amparo.

[…]

Também essas formas feias e medonhas que erroneamente se procuram atribuir a Lúcifer, promanam da fantasia variegada do cérebro humano. Na realidade, também, olho de criatura humana alguma conseguiu ainda vê-lo, pelo simples motivo da diferente natureza de espécie; nem mesmo aquele olho que muitas vezes durante a vida terrena é capaz de reconhecer a matéria fina do além.

Ao contrário de todas as conceções, pode-se chamar Lúcifer de altivo e belo, duma beleza sobrenatural, de majestade sombria, com olhos claros, grandes, azuis, mas que refletem a gélida expressão da falta de amor. Ele não é apenas um conceito, como geralmente tenta-se apresentá-lo após outras frustradas interpretações, mas existe em pessoa.

A humanidade deve aprender a compreender que são traçados limites também para ela, devido à sua própria espécie, os quais jamais poderá evidentemente transpor nem mesmo em pensamentos e que, além desses limites, mensagens somente poderão advir pelo caminho da graça. Todavia, não através de médiuns, que também não podem alterar sua espécie através de condições extraterrenas, tampouco pela ciência. Justamente esta tem, sim, através da química, a oportunidade de verificar que a diferenciação das espécies pode estabelecer barreiras intransponíveis. Essas leis, no entanto, partem da origem e não são encontráveis somente na obra da criação.

 

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 35 “O mistério Lúcifer” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

As regiões das trevas e a condenação

Novembro 03, 2015

Quando se veem quadros que devam reproduzir a vida no assim chamado inferno, passa-se adiante encolhendo os ombros com um sorriso meio irónico, meio de compaixão, e com o pensamento de que só mesmo uma fantasia doentia ou uma crença cegamente fanática poderia conceber cenas de tal teor. Raramente haverá alguém que procure nisso algum grão mínimo de verdade. Contudo, nem mesmo a fantasia mais lúgubre conseguiria esboçar um quadro que sequer se aproxime da expressão dos tormentos da vida nas regiões trevosas.

Pobres cegos que supõem poder passar por cima de tudo isso levianamente, com um encolher de ombros escarnecedor! O momento virá em que a leviandade se vingará amargamente com a apresentação abaladora da verdade. Aí não adiantará qualquer oposição, nenhum afastamento; serão arrastados para o redemoinho que os aguarda, se não se desfizerem em tempo dessa convicção de ignorância, que sempre marca apenas o vazio e a estreiteza mental de semelhantes criaturas humanas.

Mal ocorre o desprendimento do corpo de matéria fina do corpo de matéria grosseira, (*) já deparam com a primeira grande surpresa no vivenciar de que com isso a existência consciente e a vida ainda não estão terminadas. A primeira consequência é a perplexidade, à qual se segue temor inconcebível, que se transforma muitas vezes em resignação bronca ou em angustiosíssimo desespero! É inútil opor-se então, inútil todo o lamentar, inútil, porém, também o pedir; pois, terão que colher o que semearam na vida terrena.

Tendo zombado da Palavra que lhes fora trazida de Deus, apontando para a vida após a morte terrena e a responsabilidade a isso ligada de cada pensar intensivo e atuar, então o mínimo que os aguarda é aquilo que queriam: profunda escuridão! Seus olhos, ouvidos e bocas de matéria fina se acham fechados pela própria vontade. Estão surdos, cegos e mudos em seu novo ambiente.

Isso é o que de mais vantajoso lhes pode suceder. Um guia ou auxiliador do além não se lhes pode tornar compreensível, porque eles próprios se mantêm fechados a isso. Uma triste situação, à qual apenas o lento amadurecer interior da respetiva pessoa, o que se dá pelo desespero crescente, pode trazer uma sucessiva modificação. Com o crescente anseio pela Luz, que sobe qual grito ininterrupto por socorro de tais almas oprimidas e martirizadas, finalmente, pouco a pouco, tornar-se-á mais claro à volta dela, até aprender a ver também outras que, igualmente a elas necessitam de auxílio.

Tem então a intenção de socorrer aqueles que ainda aguardam nas trevas mais profundas, para que também se possa tornar mais claro o ambiente deles; assim ela se robustece cada vez mais no desempenho dessa tentativa de auxiliar, através do indispensável esforço para isso, até que algum outro já mais adiantado possa chegar até ela a fim de também ajudá-la no rumo de regiões mais luminosas.

Assim encontram-se acocorados tristonhamente, uma vez que seus corpos de matéria fina também estão demasiadamente enfraquecidos para andar, devido a falta de vontade. Continua, pois, um penoso e inseguro rastejar no chão, caso chegue a algum movimento.

Outros, por sua vez, andam a esmo, às apalpadelas nessas trevas, tropeçam, caem, levantam-se sempre de novo, para logo bater aqui e acolá, com o que não tardam ferimentos doloridos, pois visto que sempre uma alma humana somente devido à espécie de sua própria escuridão, que anda de mãos dadas com a maior ou menor densidade, a qual por sua vez acarreta um peso correspondente, afunda para aquela região que corresponde exatamente ao seu peso fino-material, portanto de idêntica espécie da matéria fina; assim seu novo ambiente se torna para ela do mesmo modo palpável, sensível e impenetrável, como acontece a um corpo grosso-material em ambiente de matéria grosseira. Por isso cada batida, cada queda e cada ferimento ser-lhe-á tão doloroso, como aquele sentido pelo seu corpo de matéria grosseira durante a existência terrena, na Terra de matéria grosseira.

Assim é em cada região, seja qual for a profundidade ou a altura a que pertença. Idêntica materialidade, idêntico sentir, idêntica impenetrabilidade recíproca. Contudo, cada região superior ou cada espécie diferente de matéria pode atravessar sem impedimento as espécies de matérias mais baixas e mais densas, assim como tudo que é da matéria fina atravessa a matéria grosseira, que é de outra espécie.

Diferentemente, no entanto, é com aquelas almas que, além de tudo o mais, têm de remir algum erro cometido. O facto em si é uma coisa à parte. Pode ser remido no momento em que o autor consegue pleno e sincero perdão da parte atingida.

Mas aquilo que mais pesadamente amarra uma alma humana é o impulso ou o pendor, que forma a força motora para uma ou mais ações. Esse pendor perdura na alma humana mesmo depois do trespasse, depois do seu desligamento do corpo de matéria grosseira. Chegará até a evidenciar-se ainda mais forte no corpo de matéria fina, tão logo caia a restrição de tudo quanto seja de matéria grosseira, visto que então os sentimentos intuitivos atuam muito mais vivos e mais livres.

Tal pendor por sua vez se torna também decisivo para a densidade, isto é, o peso do corpo de matéria fina. Consequência disso é que o corpo de matéria fina, depois da libertação do corpo de matéria grosseira, afunda logo para aquela região que corresponde exatamente ao seu peso e por conseguinte à idêntica densidade. Por essa razão encontrará ali também todos aqueles que se entregam ao mesmo pendor. E pelas irradiações desses o seu será ainda nutrido, aumentado, e então ele se entregará desenfreadamente à prática desse pendor. Da mesma forma, evidentemente, também os outros que ali se encontram junto com ele.

Não é difícil compreender que semelhantes excessos desenfreados devam constituir um suplício para os que estão em contato com ele. Como isso, porém, em tais regiões é sempre coisa recíproca, cada qual terá que sofrer amargamente com os outros tudo aquilo que por sua vez procura causar constantemente aos outros. Assim a vida ali se torna um inferno, até que uma tal alma humana, pouco a pouco, chegue a fatigar-se, sentindo asco disso. Então finalmente, após longa duração, despertará gradualmente o anseio de sair de semelhante espécie.

O anseio e o asco constituem o começo de uma melhoria. Tornar-se-ão em grito por socorro, reforçando-se por fim até numa prece.

Somente depois é que lhe poderá ser estendida a mão para a escalada, o que muitas vezes leva decénios e séculos, às vezes também mais tempo ainda. O pendor numa alma humana é, portanto, o que amarra de modo mais forte.

Disso se depreende que um ato irrefletido muito mais facilmente e muito mais depressa será remido, do que um pendor que se encontra numa pessoa, não importando se este se haja ou não transformado em ação!

Uma pessoa que traz em si um pendor pouco limpo, sem contudo deixar que se torne ação, porque as condições terrenas lhe são favoráveis, terá por isso que expiar mais pesadamente do que uma pessoa que cometer uma ou mais faltas irrefletidamente, sem ter tido aí uma má intenção. O ato irrefletido pode ser perdoado imediatamente a essa última sem desenvolver um carma ruim; o pendor, porém, apenas quando for radicalmente extinto na criatura humana. E desse existem muitas espécies. Seja, pois, a cobiça e a avareza a ela aparentada, seja o sensualismo imundo, o impulso para o roubo ou o assassínio, para atear fogo ou também apenas para o logro e para desleixos levianos, não importa, um tal pendor sempre fará com que a respetiva pessoa afunde ou seja atraída até lá onde se encontram seus iguais.

Não adianta reproduzir quadros vivos disso. São frequentemente de tamanho horror, que um espírito humano ainda aqui na Terra custará a crer em tais realidades, sem vê-las. E mesmo assim ainda julgaria tratar-se apenas de configurações de fantasias provocadas por uma febre altíssima. Bastará, por conseguinte, que sinta receio moral de tudo isso, receio que o liberta dos liames de tudo quanto é baixo, para que mais nenhum impedimento se encontre no caminho de ascensão em direção à Luz.

Assim são as regiões sombrias, efeitos do princípio que Lúcifer procura introduzir. O eterno circular da Criação prossegue e chega ao ponto em que começa a decomposição, em que toda a matéria perde a forma, a fim de desintegrar-se em semente primordial e, com isso, no desenrolar progressivo, trazer novas misturas, novas formas com energia renovada e solo virgem. O que até então não pôde se desligar das matérias grosseira e fina para ultrapassar os limites mais elevados, mais finos e mais leves, deixando atrás tudo quanto é material, de modo a penetrar no espirito-enteal, será inexoravelmente arrastado à decomposição, com o que também sua forma e o que é pessoal nele será destruído. Será essa então a condenação eterna, o extinguir de tudo quanto há de pessoal consciente.

 

(*) Dissertação: “A Morte”

Abdruschin

                        

Dissertação 36 “As regiões das trevas e a condenação” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II

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