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Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

Mensagem do Graal

Em cada povo, em cada ser humano, tem de existir, primeiro, a base para a receção dos elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo

Apresentação

Novembro 05, 2015

“Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal” é uma obra escrita em três volumes pelo escritor Oskar Ernst Bernhardt sob o nome literário Abdruschin.

De cariz fundamentalmente espiritual, a obra abrange áreas do conhecimento humano sociológico, escatológico, cosmológico… implementando uma visão uniforme do ser e do seu enquadramento na Criação.

O comportamento humano face ao outro tem sido, no tempo histórico, alimentado pelo egoísmo e ânsia de poder. Este comportamento exacerbou as assimetrias sociais e gerou conflitos e sofrimento. A mensagem de Jesus trouxe um novo paradigma, o amor ao próximo, que a obra testemunha e desenvolve.

Quem se esforça seriamente pela Verdade, pela Pureza, a esse também não falta o Amor. Será conduzido para cima espiritualmente, de degrau em degrau, mesmo que às vezes através de duras lutas e dúvidas e, seja qual for a religião a que pertença, já aqui ou também só no mundo da matéria fina, ao encontro do espírito de Cristo, o qual o levará por fim até o reconhecimento de Deus-Pai, com o que se cumpre a sentença: Ninguém chegará ao Pai, a não ser através de mim.

O Juízo Final e o consequente Reino de Deus é uma evidência, [que no último século tomou foros de profecia por cumprir] clara na obra e descrita numa linguagem e enquadramento percetível ao leitor.

Eterno e sem fim, isto é, infinito, é apenas o movimento circular da Criação, no seu ininterrupto formar, perecer, para outra vez tomar nova forma. Nesses acontecimentos se cumprem outrossim todas as revelações e promessas. Por último se cumprirá nisso também para a Terra o “Juízo Final”! O Juízo Final, isto é, o último Juízo, chegará uma vez para cada corpo sideral material, porém, esse acontecimento não ocorre ao mesmo tempo em toda a Criação.                                

Desde sempre o homem pesquisou o cosmos e sua origem, pesquisa cientifica de muitos pensadores e estudiosos que culminou com a teoria do Big Bang, ainda jovem e com muitas questões em aberto.

Tem o ser humano de refletir agora, antes de mais nada – se é que deseja seguir-me direito em minha descrição – que no plano Divino vontade e ação são sempre uma só coisa. A cada palavra segue-se imediatamente a ação, ou, mais precisamente, cada palavra já é a própria ação, porque a Palavra Divina possui força criadora, transformando-se portanto imediatamente em ação. Assim também na grande sentença: “Faça-se a Luz!”. 

Os textos em itálico são excertos da obra!

A obra, de fácil leitura pela divisão temática, está disponível para mais informação.

Necessita de ajuda? envie mensagem no rodapé (circulodograal@sapo.pt)

volume 1  -  volume 2   -  volume 3

@circulodograal

Índice do volume 1

Novembro 05, 2015

Introdução

Novembro 05, 2015

 

A venda cai, e a crença se torna convicção. Somente na convicção residem libertação e salvação!

Falo somente para aqueles que procuram com sinceridade. Urge que estejam aptos e dispostos a examinar objetivamente os factos! Os religiosos fanáticos e entusiastas volúveis que permaneçam à distância, pois são nocivos à Verdade. Quanto aos malévolos e incoerentes, encontrarão nas próprias palavras o seu julgamento.

A Mensagem atingirá somente aqueles que ainda trazem em si uma centelha da Verdade e o anseio de se tornarem seres humanos realmente. Para todos esses, então, ela será um luminar e um firme apoio. Sem rodeios ela abrirá o caminho através da caótica confusão atual.

A Palavra que se segue não traz uma nova religião, mas terá de ser o archote para todos os ouvintes e leitores sinceros, a fim de que encontrem o caminho certo que os leve à almejada altitude.

Só pode progredir espiritualmente quem se movimenta por si. O tolo, que se serve das formas já prontas das conceções alheias, como meio de auxílio, segue seu caminho como que apoiando-se em muletas, enquanto seus próprios membros sadios permanecem inativos.

Tão logo, porém, utilize todas as faculdades, que jazem dentro de si à espera do seu chamado, corajosamente, como meio para a escalada, ele aproveita as dádivas que lhe foram confiadas de acordo com a Vontade do seu Criador, e facilmente vencerá todos os obstáculos que procuram cortar seu caminho, distraindo-lhe a atenção.

Por isso despertai! Somente na convicção repousa a verdadeira crença, e a convicção só vem através de exames e análises irrestritas! Sede seres vivos na maravilhosa Criação de vosso Deus!

 

Abdruschin

 

Dissertação “Introdução” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Que procurais?

Novembro 05, 2015

Que procurais? Dizei, que significa esse impetuoso anseio? Como um bramir atravessa o mundo, e vagalhões de livros se derramam sobre todos os povos. Sábios procuram em antigas escrituras, investigam, cismam até à exaustão espiritual.

Profetas aparecem advertindo, prometendo… de todos os lados se quer de repente, como em estado febril, difundir nova Luz!

Assim passa atualmente, como uma tempestade, pela alma humana alvoraçada, sem nutrir nem refrescar, mas sim, crestando, consumindo e absorvendo as ultimas forças que restaram à desequilibrada alma humana, nas sombras da atualidade.

Também aqui e acolá, manifesta-se um sussurro, um murmúrio de expetativa crescente, de algo que está para vir. Inquieto está cada nervo, tenso de um anseio inconsciente. Palpita, borbulha e paira sobre tudo, de modo latente e sombrio, uma espécie de atordoamento. Gerando desgraça. Que há-de nascer disso? Confusão, desalento e ruina, se não for rasgada com energia a camada escura que hoje envolve espiritualmente o globo terrestre, e que, com a viscosidade dos charcos imundos, absorve e sufoca cada livre pensamento luminoso que surge antes de se tornar forte, a qual, com o silêncio lúgubre de um pântano, já reprime, decompõe e destrói no germe cada boa vontade, antes que possa surgir qualquer ação.

O clamor dos que buscam a Luz, porém, que contém força para fender o charco, é desviado, e seu eco se perde contra uma abóboda impenetrável, erigida com empenho justamente por aqueles que pensam ajudar. Eles oferecem pedras em lugar de pão!

Vede essa infinidade de livros:

Através deles o espírito humano só se cansará, não se vivificará! E isso é a prova da esterilidade de tudo quanto oferecem. Pois o que cansa o espírito nunca é o certo.

Pão espiritual refresca imediatamente, Verdade nutre, e Luz vivifica!

Pessoas simples têm, portanto, que desanimar, quando veem que muros estão sendo levantados ao redor do Além, pela assim chamada ciência do espírito. Quem, dentre os simples pode entender as frases eruditas e estranhas expressões? Destinar-se-á então o Além só para os cientistas do espírito?

Fala-se com isso de Deus! Acaso se faz mister erigir uma Universidade, para nela se aprender primeiramente a faculdade de entender a noção da Divindade? Para onde leva essa mania que em grande parte está arraigada apenas na ambição?

Como bêbedos cambaleiam os leitores e os ouvintes, de um lugar para o outro, incertos, tolhidos, unilaterais, pois foram desviados do caminho simples.

Escutai, ó desalentados! Erguei o olhar, vós que buscais com sinceridade: o caminho para o Altíssimo se encontra pronto na frente de cada criatura humana! A erudição não é a porta que leva até lá!

Escolheu Cristo Jesus, esse grande exemplo no verdadeiro caminho para a Luz, os seus discípulos entre os cultos fariseus? Entre pesquisadores das escrituras? Tirou-os da singeleza e da simplicidade, porque eles não tinham que se debater contra este grande erro, que o caminho para a Luz é difícil de aprender e árduo de seguir.

Semelhante pensamento é o maior inimigo das criaturas humanas, pois é mentira!

Por isso, distanciai-vos de toda e qualquer sabedoria vã, lá onde se trata do que há de mais sagrado no ser humano e que precisa ser plenamente compreendido. Afastai-vos, porque a ciência, como obra malfeita do cérebro humano, é fragmentária, e como tal tem de permanecer.

Refleti, como poderia a ciência, tão arduamente aprendida, levar à Divindade? Que é o saber, na realidade? Saber é o que o cérebro pode compreender. Quão restrito e limitado é, contudo, a capacidade de compreensão do cérebro, que tem de continuar ligado firmemente ao espaço e ao tempo. Já a eternidade e o sentido do infinito não consegue um cérebro humano abranger. Exatamente isso, que se acha ligado inseparavelmente à Divindade.

Silencioso, porém, permanece o cérebro, diante dessa força inapreensível que interpenetra tudo o que existe e da qual ele próprio haure sua atividade. A força que todos sentem dia após dia, hora após hora, cada momento, como algo evidente, que a própria ciência sempre reconhece existir, e que com o cérebro, portanto, com o saber e o raciocínio, se procura em vão alcançar e aprender.

Assim, pois, é incompleta a atividade de um cérebro, essa pedra fundamental e instrumento da ciência; e essa limitação se faz sentir logicamente também através das obras que constrói, isto é, através de todas as ciências. Por conseguinte, a ciência é útil como complemento, para uma compreensão melhor, para subdividir e classificar tudo quanto ela recebe pronto da força criadora precedente, tendo porém que malograr incondicionalmente, se pretender se arrogar a guia ou crítica, enquanto se prender, como até agora, tão firmemente ao raciocínio, isto é, à faculdade de compreensão do cérebro.

É por esse motivo que a erudição, e também a humanidade que por ela se orienta, permanecem sempre presas a pormenores, ao passo que cada ser humano traz em si, como dádiva, o grande todo inapreensível que o capacita deveras, sem ensinamentos cansativos, a atingir o que há de mais nobre e sublime!

Portanto, fora com o tormento inútil da escravidão espiritual! Não é em vão que o grande Mestre exclama: Sede como as crianças!

Quem possui em si firme vontade para o bem e se esforça por outorgar limpidez a seus pensamentos, esse já achou o caminho para o Altíssimo! E assim, tudo o mais lhe será concedido. Para tanto não precisa nem de livros ou esforço espiritual e nem de penitência ou isolamento. Torna-se sadio de corpo e alma, livre de toda a pressão de sofismas malsãos, pois qualquer exagero prejudica. Deveis ser criaturas humanas, e não plantas de estufa, que devido a desenvolvimento unilateral logo sucumbem às primeiras rajadas de vento!

Despertai! Olhai em redor! Ouvi vosso íntimo! Isso, sozinho, pode abrir o caminho!

Não deis atenção às brigas das igrejas. O grande Portador da Verdade, Cristo Jesus, a corporificação do Amor Divino, não perguntou pelas confissões. Que são hoje as confissões? Tolhimentos do espírito livre do ser humano, escravização da centelha de Deus que habita em vós*; dogmas que procuram restringir a obra do Criador e também Seu Amor imenso nas formas estreitas do sentido humano, o que equivale a rebaixamento e desvalorização proposital da ideia do Divino.

Todo investigador sincero repele esse procedimento, pois através dele jamais poderá vivenciar a grande realidade, deixando cada vez mais desesperançado seu anseio pela Verdade, fazendo-o por fim desesperar de si e do Mundo!

Por conseguinte, despertai! Destruí os muros dogmáticos dentro de vós, arrancai a venda para que a Luz pura do Altíssimo possa atingir-vos intata. Erguer-se-á então, jubiloso, o vosso espírito até às Alturas, participando com alegria do grande Amor do Pai, que desconhece quaisquer fronteiras do raciocínio terrestre. Sabereis finalmente que sois uma parte desse Amor e o compreendereis sem esforço e completamente; unir-vos-eis a ele, e assim diariamente ganhareis, hora após hora, novas forças, como uma dádiva, que vos permitirá sair da confusão com toda a naturalidade.

 

Abdruschin

 

* Vide Dissertação: “Erros”

 

Dissertação 01 “Que procurais?” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O clamor pelo guia

Novembro 05, 2015

Observemos, mais de perto, todos os seres humanos que hoje em dia procuram com particular insistência um guia espiritual e que o esperam com grande entusiasmo interior. Julgam-se já perfeitamente preparados espiritualmente para reconhecê-lo e para ouvir sua palavra!

O que observamos numa contemplação serena são muitíssimas cisões. A missão de Cristo, por exemplo, atuou de maneira esquisita, sobre muitas pessoas. Criaram para si uma falsa imagem. Como de hábito, a causa para tanto foi a autoavaliação incorreta, a arrogância.

Em lugar do temor de outrora e da conservação de uma distância natural e uma delimitação nítida com relação ao seu Deus, apenas se formaram de um lado súplicas lamurientas dos que só querem receber, mas nada fazer a qualquer preço. A expressão “Ora” eles aceitaram, mas o restante “e trabalha”, “trabalha em ti mesmo”, que a isso se liga, ignoraram.

De outro lado, novamente, acreditam ser tão autónomos, tão independentes, que tudo poderão fazer e, com algum esforço, até mesmo se tornarem Divinos.

Há também muitos seres humanos que só exigem e esperam que Deus corra atrás deles. Já que lhes tenha mandado Seu Filho uma vez, deu com isso prova do quanto Ele se interessa que a humanidade se aproxime Dele, sim, que Ele, talvez, até precise dela!

Para onde se olhar, só se encontrará em tudo arrogância, e nenhuma humildade. Falta a autoavaliação correta.

Antes de mais nada, é preciso que o ser humano desça da sua altitude artificial, a fim de poder se tornar verdadeiramente ser humano, para, como tal, iniciar sua ascensão.

Acha-se hoje sentado no sopé da montanha, em cima de uma árvore, todo enfatuado espiritualmente, em vez de estar com ambos os pés seguro e firme no solo. Assim nunca poderá escalar a montanha, a não ser que desça antes de cima da árvore ou de lá despenque.

Enquanto isso, provavelmente todos quantos trilharam calma e sensatamente seu caminho, sob sua árvore, e para os quais ele olhava com arrogância, já chegaram ao cume.

Mas os acontecimentos virão em seu auxílio, pois a árvore cairá em pouco tempo. Talvez o ser humano se conscientize melhor quando lá da altura vacilante cair rudemente no chão. E então estará mais do que em tempo, não devendo desperdiçar uma hora sequer.

Ainda agora muitos julgam que podem continuar na rotina, como nos passados milénios. Acomodados e confortáveis, estão sentados em suas cadeiras, esperando um guia forte.

Mas que ideia fazem desse auxiliador! Chega a causar dó.

Em primeiro lugar, esperam dele, ou, digamos melhor, exigem dele, que ele prepare o caminho para cada um, rumo à Luz! Tem ele que se esforçar para construir pontes para o caminho da Verdade aos adeptos de todas as confissões. Tem ele que tornar tudo tão fácil e compreensível, que cada qual possa compreender sem esforço… Suas palavras têm de ser escolhidas de tal modo, que os grandes e os pequenos de todas as camadas sociais se tornem convictos de sua exatidão, sem mais nem menos.

Tão logo as próprias criaturas humanas precisarem esforçar-se e refletir, então não é um guia certo. Pois se foi escolhido para mostrar o caminho certo como condutor, através de sua palavra, terá naturalmente que se esforçar em prol das criaturas humanas. Sua tarefa é convencê-las, despertá-las! Pois Cristo também deu sua vida.

Os que hoje assim pensam, e essas são muitos, nem precisam se esforçar, pois se assemelham às virgens tolas indo de encontro ao que é “tarde demais”!

O guia com certeza não os despertará, pelo contrário, deixará que continuem dormindo tranquilamente, até que a porta seja fechada e eles já não possam achar entrada para a Luz, visto não poderem se libertar em tempo certo do âmbito da matéria, para o que a palavra do guia lhes indicou o caminho.

Pois o ser humano não é tão preciso quanto imagina. Deus não precisa dele, ele, sim, é que necessita de Deus!

Já quer a humanidade com seu chamado progresso hoje não sabe mais o que realmente quer, ver-se-á finalmente obrigada a saber o que deve!

Essa espécie de gente passará buscando e também criticando com superioridade, da mesma forma que tantos outrora passaram por Aquele, cuja vinda já fora preparada pelas revelações.

Como se pode imaginar um guia espiritual de tal maneira!

Não dará à humanidade nenhum palmo de qualquer concessão e exigirá em toda a parte onde se esperava que ele desse!

Aquele ser humano, porém, capaz de raciocinar de modo sério, logo reconhecerá que exatamente na exigência irrestrita, severa, de um atento pensar, repousa a melhor ajuda de que a humanidade, assaz emaranhada em sua indolência espiritual, necessita para sua salvação! Exatamente pelo facto de um guia exigir desde logo, para compreensão de suas palavras, vivacidade espiritual, vontade séria, auto-esforço, separa brincando, já no início, o joio do trigo. Existe aí uma atuação automática, como só se dá nas leis Divinas. E assim sucederá aos seres humanos, também nisso, como eles realmente querem.

Há, entretanto, mais outra espécie de criaturas humanas que se têm na conta de especialmente ativas.

Essas pessoas formaram uma ideia muito diferente do guia, conforme se pode ler em relatórios. Isso não é menos grotesco, pois esperavam nisso um… acrobata espiritual!

Em todo caso, milhares já estão convencidos de que a clarividência, a superaudição, a hipersensibilidade etc., constituam grande progresso, quando na realidade assim não é. Tais coisas, por mais que aprendidas e cultivadas, ou mesmo sendo dotes já trazidos, nunca podem erguer-se acima do pesadume terrestre, movimentam-se apenas em limites inferiores, limites esses que jamais poderão pretender níveis elevados, sendo, por essa razão, desprovidos de valor.

Pretender-se-á com isso ajudar a humanidade a subir, mostrando-lhes coisas da matéria fina do mesmo nível, ou ensinando-lhe a ouvi-las e vê-las?

Isso nada tem a ver com a real ascensão do espírito. Do mesmo modo que é inútil para os fenómenos terrenos! São acrobatas espirituais, nada mais, interessante para as pessoas individualmente, mas sem nenhuma espécie de valor para a humanidade em geral!

Que todos esses desejem um guia dessa espécie, que de facto saiba mais do que eles, é facilmente compreensível.

Todavia existe um número maior que deseja ir ainda mais longe, às raias do ridículo. E que, apesar disso, tomam isso muito a sério.

Para eles, por exemplo, vale como condição básica para a capacitação de guiar, que um guia… não possa resfriar-se! Caso se resfrie, está destituído, pois isso não corresponde segundo sua opinião a guia ideal. Um forte tem de em todos os casos e antes de mais nada ser superior a todas essas ninharias com o seu espírito.

Isso talvez soe um pouco forçado e ridículo; trata-se, porém, de factos colhidos, e significa uma repetição fraca da antiga exclamação: “Se és o Filho de Deus, então ajuda a ti mesmo e desce da cruz”. Isso bradam já hoje, antes mesmo de aparecer tal guia!

Pobres ignorantes seres humanos! Aquele que disciplina seu corpo de forma tão unilateral, que este se torne insensível temporariamente, sob a força do espírito, esse, de modo algum, é um vulto eminente! Os que o admiram parecem-se com a criançada de séculos passados que seguia de boca aberta e olhos arregalados os malabaristas que passavam contorcendo-se, e queria tanto poder imitá-los.

E tal qual a criançada daqueles tempos, nesse campo totalmente terreno, não mais progrediram muitos dos assim chamados buscadores do espírito e de Deus do tempo atual, no campo espiritual!

Prossigamos considerando: os saltimbancos dos velhos tempos, de que acabei de falar, desenvolveram-se cada vez mais, tornando-se acrobatas de circos e locais congéneres. Conseguiram alcançar proporções extraordinárias e ainda atualmente, dia após dia, milhares de espetadores exigentes assistem com pasmo, sempre de novo, e muitas vezes com calafrios a tais representações.

Porventura ganharam para si, com isso alguma coisa? Que lucro lhes advém de tais horas? Apesar de que muitos acrobatas também arriscam suas vidas nessas exibições. E sem o mínimo proveito, porque mesmo tendo alcançado tamanha perfeição, têm que continuar sempre apenas nos teatros de variedades e circos. Servirão sempre só para entretenimento, e nunca para qualquer vantagem da humanidade.

Uma acrobacia idêntica, no plano espiritual, é o que se procura agora como padrão para o grande guia!

Deixai tais criaturas humanas com esses acrobatas espirituais! Em breve experimentarão vivencialmente até onde isso as conduzirá! Ignoram também o que realmente querem conquistar com isso. Elas imaginam: Grande é apenas aquele cujo espírito domina o corpo, a ponto de não mais conhecer doença!

Todo esse aprendizado é unilateral, e a unilateralidade traz consigo mal-estar e doença! Com tais coisas não fortalecem o espírito, só conseguem enfraquecer o corpo! O indispensável equilíbrio para uma harmonia sadia entre o corpo e o espírito fica deslocado, e o fim é que o espírito acaba se desligando prematuramente do corpo assim maltratado, sem dispor mais da necessária ressonância sadia e vigorosa para a experiência vivencial na Terra. Mas o espírito sente essa falta e chega então imaturo ao Além. Será obrigado mais uma vez a fazer um estágio na Terra.

Trata-se tão-somente de artifícios espirituais que se processam à custa do corpo terreno, o qual, na realidade, deve auxiliar o espírito. O corpo pertence a uma fase do desenvolvimento do espírito. Caso seja enfraquecido e oprimido, não poderá ser útil ao espírito, pois suas irradiações serão fracas demais, para produzirem na matéria a energia total de que necessita.

Se um ser humano quer subjugar uma doença, tem que provocar espiritualmente a pressão de um êxtase sobre o corpo, da mesma forma como ocorre em escala pequena quando o medo pelo dentista possa afastar as dores. Tais elevados estados de agitação um corpo suporta certamente sem perigo uma vez, talvez mais vezes, mas não por períodos prolongados, sem sofrer sérios danos.

E quando um guia faz ou propõe isso, não merece ser tomado na conta de guia, pois com sua atuação está em contravenção com as leis naturais da Criação.

O ser humano terreno tem que preservar seu corpo, como um bem que lhe foi confiado, e procurar manter a harmonia sadia entre ele e o espírito. Caso esta seja perturbada mediante opressão unilateral, então deixará de ser progresso, ascensão; pelo contrário, será um estorvo incisivo para a realização de sua tarefa na Terra, bem como, aliás, na matéria. A força plena do espírito aí se perde com referência a seu efeito na matéria, porque ele necessita para isso, de qualquer modo, da força de um corpo terreno não subjugado, mas sim, que se harmonize com o espírito!

Aquele que, baseando-se em tais coisas, é chamado de mestre vale menos do que um aprendiz que desconhece de todo as incumbências do espírito humano e as necessidades de sua evolução! É até mesmo nocivo ao espírito.

Não tardarão a reconhecer dolorosamente sua tolice.

Cada falso guia, porém, terá que passar por experiências amargas! Sua ascensão no Além só principiará quando o último dos que ele transviou ou deteve com suas brincadeiras espirituais já tiver alcançado o reconhecimento. Enquanto seus livros, seus escritos tiverem influência aqui na Terra, ele permanecerá detido no Além, mesmo que nesse ínterim ali chegue a noções melhores.

Quem aconselhar práticas ocultas dá aos seres humanos pedra em lugar de pão, mostrando com isso que nem sequer possui uma ideia dos verdadeiros fenómenos no Além, e menos ainda de toda a engrenagem Universal.

 

Abdruschin

 

Dissertação 02 “O Clamor pelo Guia” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

O Anticristo

Novembro 05, 2015

Seres Humanos! Quando soar a hora em que segundo a Vontade Divina tiver que se processar na Terra a limpeza e a separação, atentai então para os sinais prometidos e em parte sobrenaturais que surgirão no céu!

Não vos deixeis confundir então por aquelas criaturas humanas, nem pelas igrejas que há muito se entregaram ao Anticristo. É triste que nem sequer as igrejas tenham sabido até então onde deviam procurar esse Anticristo que, entretanto, desde muito tempo age entre os seres humanos. Com um pouco de vigilância já o teriam reconhecido! Quem pode então agir mais anticristãmente do que aqueles que outrora combateram o próprio Cristo e que por fim também o assassinaram! Quem poderia mostrar-se pior e mais nitidamente contra Cristo!

Foram os representantes e portadores da religião terrena, que não se conformaram com a legítima doutrina de Deus trazida e apresentada pelo Filho de Deus, e a qual não se enquadrava à sua própria organização. A verdadeira Mensagem de Deus não podia coadunar-se com isso, já que a organização eclesiástica dos dignitários terrenos visava influência, poder e expansão terrena.

Bem nitidamente demonstraram com isso que eram servos do raciocínio humano, que visa somente o saber e o poderio terrestre, sendo inimigo e contrário a tudo o que se situa para além da compreensão terrena! Como Deus permanece inteiramente além da compreensibilidade terrena. Bem como o espiritual, logo é exatamente o raciocínio o único empecilho verdadeiro! É em sua espécie, por isso, também, adversário de tudo o que é Divino e tudo o que é espiritual!

E, por conseguinte, com ele todos os seres humanos que consideram seu raciocínio como o que há de mais elevado e sublime, procurando construir somente baseado nele.

Os representantes da religião daquele tempo temiam perder a influência junto ao povo, devido aos esclarecimentos do Filho de Deus. Foi esse, como hoje todos sabem, o motivo predominante para as calúnias que procuraram espalhar contra Cristo, culminando com a execução do Filho de Deus. Pregaram-no na cruz, como blasfemador de Deus, ele que fora enviado para esclarecimentos por Esse mesmo Deus, do Qual se arvoraram como servos!

Tão pouco conheciam, na verdade, Esse Deus e Sua Vontade, a cujo serviço queriam fazer crer aos seres humanos que se encontravam, mas em cuja honra, em cuja defesa terrena… assassinaram este Filho de Deus, o Enviado de Deus!

Tornou-se evidente, como consequência funesta disso, que eles eram escravos do seu raciocínio terreno, o qual só lutava pela própria influência. Entregaram-se como carrascos a serviço do Anticristo, ao qual, dentro de si, sem alarde, já haviam soerguido um trono. Pois nisso encontravam satisfação para as fraquezas humanas, como a presunção, a vaidade e a arrogância.

Quem espera provas mais claras não pode ser auxiliado, pois algo mais caracteristicamente contra Cristo, o Filho de Deus, e sua Palavra, não pode haver! E Anticristo significa, pois, o lutador contra Cristo, contra a libertação dos seres humanos pela Mensagem de Deus. O raciocínio terreno impeliu-os a isso! É justamente este, como uma excrescência venenosa de Lúcifer, seu instrumento, que mais perigoso se tornou para a humanidade!

Já por isso, outrora, o exagerado cultivo do raciocínio humano transformou-se no pecado hereditário para as criaturas humanas! Atrás dele, porém, encontra-se o próprio Lúcifer como Anticristo em pessoa! É ele, sim, que, por meio das criaturas humanas, pôde erguer a cabeça! Ele, o único verdadeiro inimigo de Deus! Adquiriu para si o nome de Anticristo, pela luta hostil contra a missão do Filho de Deus. Nenhum outro teria tido a força e o poder para vir a se tornar o Anticristo.

E Lúcifer se serve aqui na Terra, na sua luta contra a Vontade de Deus, não apenas de um ser humano, mas de quase toda a humanidade, à qual, com isso, está levando ao descalabro, pelos efeitos da ira Divina! Quem não puder compreender isto, por si tão evidente, que somente o próprio Lúcifer pôde ser o Anticristo, aquele que ousa opor-se a Deus, jamais poderá compreender nada de tudo quanto se encontra fora dos limites da matéria grosseira, isto é, aquilo que não é meramente terreno.

E da mesma forma que foi outrora, continua sendo ainda hoje! Até mesmo muito pior. Também hoje muitos representantes das religiões quererão lutar encarniçadamente, a fim de manter nos templos e nas igrejas as regras do raciocínio terreno vigentes.

Justamente esse raciocínio humano, que restringe todos os sentimentos intuitivos mais nobres, é, entre outras, a mais perigosa excrescência de Lúcifer, que ele pôde disseminar pela humanidade. Todos os escravos do raciocínio são, porém, na realidade, servidores de Lúcifer, cúmplices da descomunal ruína que devido a isso tem de cair sobre a humanidade!

Como, no entanto, nenhum ser humano procurou o Anticristo sob o raciocínio, é que sua nefasta expansão tornou-se tão fácil! Lúcifer triunfou, pois dessa forma excluía a humanidade de toda e qualquer compreensão de tudo aquilo que se encontra fora da matéria grosseira. Da vida real! Do lugar onde então se inicia o contato com o espiritual e que conduz à proximidade de Deus!

Com isso colocou o pé em cima desta Terra como senhor da Terra e da maior parte da humanidade!

Logo, também não era de admirar que ele tivesse podido avançar até os altares, e que representantes terrenos das religiões, inclusive de igrejas cristãs, se tornassem suas vítimas. Também eles esperam o Anticristo só nas proximidades do Juízo anunciado. A grande revelação da Bíblia ficou assim incompreendida até agora, como muitas coisas mais.

Diz a revelação que esse Anticristo erguerá sua cabeça antes do Juízo! Não, porém, que ainda virá! Se, portanto, está declarado que ele erguerá a cabeça, isso mostra que ele já deve estar e não, porém, que ainda virá. Ele terá o auge do seu domínio pouco antes do Juízo, eis o que se diz com isto!

Vós, que ainda não ficastes espiritualmente surdos nem cegos, escutai este brado de alerta! Dai-vos ao trabalho de refletir seriamente nisso, vós mesmos. Se ainda continuardes acomodados, então, vós próprios vos condenais!

Tão logo alguém põe a descoberto o lugar onde se esconde uma serpente venenosa, esta, assim que se vê exposta repentinamente, procura então naturalmente dar um bote para picar a mão desatenta.

O mesmo sucede aqui. Vendo-se assim descoberto, o Anticristo há de logo querer reagir por meio de seus servos, procurando por todos os meios possíveis, ao sentir-se desmascarado, fazer clamor, a fim de se manter no trono que a humanidade de bom grado lhe outorgou. Tudo isso ele só conseguirá, entretanto, através dos que no íntimo o adoram.

Assim sendo, observai à vossa volta com toda a atenção, quando principiar a luta! Será exatamente pelas gritarias que havereis de reconhecer cada um dos que lhe pertencem! Pois esses hão de novamente comportar-se como antes, temerosos de encarar a verdade límpida!

O Anticristo tentará, de novo, firmar tenazmente sua influência sobre a Terra. Tende cuidado quanto à sua falta de objetividade, tanto na defesa como no ataque, pois novamente há-de trabalhar lançando somente calúnias e suspeitas, porque seus adeptos não conseguem fazer outra coisa. Enfrentar a verdade e contradizê-la não é possível.

Assim os servos de Lúcifer combaterão também o Enviado de Deus, tal como outrora combateram o Filho de Deus!

Onde quer que tal tentativa ocorra, aí deveis ficar bem atentos, pois tais criaturas humanas visam apenas proteger Lúcifer, de modo a manter seu domínio sobre a Terra. Lá será um foco de trevas, mesmo se os seres humanos externamente costumam vestir roupas terrenas claras, mesmo se são servidores de alguma igreja.

Não olvideis os acontecimentos ao tempo do Filho de Deus aqui na Terra; ponderai, isso sim, que ainda hoje o mesmo Anticristo se esforça com número ainda maior de adeptos para conservar seu domínio terreno, escapar à destruição e continuar a escurecer a verdadeira Vontade de Deus.

Ficai, portanto, bem atentos a todos os sinais que foram prometidos! Pois é chegado o momento da derradeira opção para cada um. Salvação ou perdição! Pois desta vez é da Vontade de Deus que se perca o que se atrever mais uma vez erguer-se contra Ele!

Toda e qualquer negligência quanto a isso transformar-se-á para vós em Juízo! Não estarão sobre nenhuma igreja os sinais de Deus, nenhum dignitário eclesiástico terreno trará as credenciais do Enviado de Deus! Mas tão somente aquele que estiver indissoluvelmente unido aos sinais e que por conseguinte os trouxer também vivos e luminosos consigo, como outrora o Filho de Deus, quando viveu nesta Terra. É a Cruz da Verdade, viva e luminosa nele, e a Pomba pairando sobre ele! Tornar-se-ão visíveis a todos os que merecerem a graça de ver o que é espiritual, a fim de render testemunho perante todas as criaturas humanas da Terra, pois haverá entre todos os povos aqueles aos quais dessa vez será dado “ver” como última graça de Deus!

E esses altos sinais da Verdade Sacrossanta jamais se deixarão simular. Nem o próprio Lúcifer consegue isso, tendo que fugir deles, e muito menos o conseguirá qualquer ser humano.

Quem, portanto, ainda quiser opor-se a essa credencial de Deus, logo se colocará contra Deus, como inimigo de Deus. Mostrará, com isso, não ser, nem nunca haver sido, servo de Deus, pouco importando o que procurou aparentar até então na Terra.

Acautelai-vos, para que também não sejais incluídos entre esses!

 

Abdruschin

 

Dissertação 03 “O Anticristo” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Moralidade

Novembro 05, 2015

Sobre a humanidade paira como que uma escura nuvem de tempestade. Sufocante está a atmosfera. De modo apático, sob pressão abafada, trabalha a capacidade de intuição de cada um. Somente os nervos se encontram excessivamente tensos, atuando sobre a sensibilidade e os instintos do corpo. Estimulados artificialmente pelos erros de uma educação falsa, duma conceção errónea e autoilusão.

O ser humano de hoje não é a tal respeito um ser normal, mas sim, traz consigo um instinto sexual doentio, muito aumentado, que procura exaltar, adorando-o por centenas de formas e maneiras, o que acarretará a perdição da humanidade inteira.

Sendo tudo isso contagioso e transmissível como um hálito pestífero, acabará com o tempo atuando também sobre aqueles que procuram prender-se ainda angustiosamente a um ideal, cujos vislumbres ainda enxergam no esconderijo da semiconsciência. Estendem, sim, ansiosos os braços para isso, mas desesperados acabam tornando a baixá-los, suspirando sem esperança, quando voltam o olhar para o que os cerca.

Veem apavorados e impotentes com que velocidade se vai toldando a visão clara em relação à moralidade e imoralidade, perdendo a faculdade de discernimento, modificando a pauta dos conceitos nisso e, de tal modo, que muito daquilo que não faz muito tempo causava repugnância e desprezo rapidamente passa a ser admitido como inteiramente natural, já não escandalizando mais.

Mas o cálice em breve estará cheio até às bordas. Há-de sobrevir um terrível despertar.

Mesmo agora já se nota às vezes entre essas massas fustigadas pelos instintos um repentino e tímido encolhimento, inteiramente inconsciente e irrefletido. A incerteza se apodera por um instante de mais de um coração, não ocorre um despertar, uma noção nítida de sua atuação indigna. Acode então um zelo redobrado para jogar fora ou então abafar tais “fraquezas” ou “últimos resquícios” de conceitos antiquados.

Progresso a todo o custo! Mas progredir é possível em duas direções. Para cima ou para baixo. Conforme a escolha feita. E conforme a situação presente, conduz com velocidade sinistra para baixo. O choque terá de arrebentar os que assim embarafustam para baixo, quando soar a hora em que eles se batem contra uma resistência forte.

A nuvem de tempestade se condensa cada vez mais sinistramente nesse ambiente abafadiço. A qualquer momento é de se esperar o primeiro relâmpago, que rasga e clareia a escuridão, que ilumina flamejantemente o que está mais escondido, com uma inexorabilidade e agudeza que traz em si libertação para aqueles que anseiam pela Luz e clareza, trazendo, porém, destruição para aqueles que não mais têm anseio pela Luz.

Quanto mais tempo dispuser essa nuvem para densificar sua escuridão e pesadume, tanto mais penetrante e apavorante será o raio produzido por ela. Desaparecerá a atmosfera frouxa e branda que esconde nas dobras de sua indolência cobiças viscosas, pois seguir-se-á ao primeiro relâmpago naturalmente uma corrente de ar fresco e sadio, trazendo vida nova. Na claridade fria da Luz tronar-se-ão nítidas, de chofre, diante dos olhares da humanidade horrorizada, todas as monstruosidades da fantasia mórbida de suas mentiras de falso brilho.

Como o abalo de um poderoso trovão será o despertar nas almas, de modo que o manancial de água vivificante da Verdade Pura possa jorrar bramante sobre o solo assim preparado. O dia da liberdade desponta. Libertação do jugo de imoralidade que desde milénios existiu e agora à máxima florescência.

Olhai em torno de vós! Observai as leituras, as danças, as roupas! A época atual esforça-se, mais do que nunca, para destruir todas as barreiras entre os dois sexos, turvar sistematicamente a pureza da intuição, deforma-la com essa turvação, colocando-lhe máscaras enganadoras e fazendo o possível para finalmente asfixiá-la.

As reflexões que surgem os seres sufocam com palavras sonantes, as quais, porém, examinadas nitidamente, apenas provêm do trémulo instinto sexual, a fim de dar sempre nova nutrição às cobiças, de incontáveis maneiras hábeis e inábeis, de modo escondido e não escondido.

Falam de um início de uma humanidade livre e autónoma, de um desenvolvimento da estabilização interior, de cultura física, beleza da nudez, de esporte enobrecido, e da educação para a vivificação do lema: “Aos puros, tudo é puro!” Em suma: o soerguimento do género humano por meio da extinção de todo o “pudor”, de maneira a assim ser criado o ser humano livre e nobre que deve dominar no futuro! Ai daquele que ousar falar algo em contrário! Um tal atrevido será imediatamente apedrejado, sob grande vozerio, com insultos parecidos com afirmações, de que somente pensamentos impuros poderiam movê-lo a “achar algo nisso”!

Um furioso redemoinho de águas podres, das quais se evola uma emanação entorpecedora e venenosa que, como embriaguez de morfina, desencadeia ilusões mórbidas aos sentidos, nas quais se deixam deslizar permanentemente milhares e milhares de pessoas, até sucumbir enfraquecidas nisso.

O irmão procura ensinar a irmã; os filhos seus pais. Como um dilúvio, isso passa sobre todos os seres humanos, e furioso embate de ondas surge onde quer que alguns criteriosos reajam tomados de náusea, isolados como os recifes no mar. A esses se agarram muitos que no turbilhão percebem que as forças lhes estão faltando. Apraz ver esses pequenos grupos que são com os oásis no deserto. Do mesmo modo refrescante como aqueles, convidando para repouso e descanso o viajante que, lutando penosamente, conseguiu atravessar a terrível tempestade de areia.

Tudo quanto hoje em dia está sendo pregado sob os lindos mantos do progresso, outra coisa não é senão um disfarçado incremento do descaramento, o envenenamento de todos os sentimentos intuitivos mais elevados do ser humano. A maior epidemia que jamais se abateu sobre a humanidade. E esquisito: é como se muitos apenas tivessem aguardado que um pretexto cabível lhes fosse dado para se rebaixarem. Para incontáveis pessoas isso é mais do que bem-vindo!

Entretanto, quem conhece as leis espirituais que atuam no Universo afastar-se-á com repugnância dessas tendências atuais. Tomemos por exemplo apenas um desses “inofensivos” divertimentos: “Os banhos em conjunto”.

“Para o puro, tudo é puro!” Isso soa tão bem, que sob a proteção desse acorde muita coisa acaba sendo permitida. Analisemos, contudo, os mais simples fenómenos com referência à matéria fina durante um desses tais banhos. Admitamos que ali estejam trinta pessoas de ambos os sexos, e que dessas, vinte e nove sejam realmente em todos os sentidos puras. Uma suposição que de antemão já é de todo impossível, pois o contrário é que seria mais certo, conquanto ainda raro. Todavia suponhamos tal coisa.

Esse um, o trigésimo, incentivado pelo que está vendo, tem pensamentos impuros, muito embora aparentemente talvez se comporte corretamente. Tais pensamentos tomam forma imediatamente na esfera da matéria fina, dirigem-se para o objeto de sua contemplação e aí se prendem. Isso é uma conspurcação, quer se objetive em manifestações e factos quer não!

A pessoa assim atingida sairá dali levando consigo essa conspurcação, que poderá atrair formas de pensamentos semelhantes que vagueiam em torno. Dessa maneira torna-se cada vez mais denso em torno dessa pessoa, podendo finalmente influenciá-la e envenena-la, do mesmo modo que a trepadeira envolvente muitas vezes consegue matar a mais sadia árvore.

Eis os fenómenos relativos à matéria fina, nos chamados “inofensivos” banhos em conjunto, jogos de sociedade, danças e tantos outros divertimentos.

Ponderemos, outrossim, que tais banhos e divertimentos, duma ou de outra forma, só são frequentados por aqueles que conscientemente procuram algo para incentivar especialmente seus pensamentos e sentimentos, mediante tais contemplações! Não é, pois, difícil de explicar que sujeira com isso é cultivada, sem que exteriormente se note algo na esfera de matéria grosseira.

Da mesma forma se torna compreensível que essa nuvem sempre crescente e condensante de formas de pensamentos voluptuoso tem que, gradualmente, atuar sobre um número incontável de pessoas que por si não procuram tais coisas. Nelas vão surgindo primeiro de modo fraco, depois mais forte e mais vivo, pensamentos análogos, que vão sendo alimentados constantemente por muitas formas do assim chamado “progresso” do seu ambiente, e assim um após outro desliza para dentro da corrente escura e viscosa, onde as normas da autêntica pureza e o conceito de moralidade cada vez se vão toldando mais, até arrastarem tudo às profundidades da escuridão completa.

Esses ensejos e estímulos para tais excrescências proliferantes devem ser eliminados antes de mais nada! Não passam de incubadoras onde os vermes pestíferos de seres humanos imorais podem lançar seus pensamentos que, a seguir, vicejando, crescem e devastadoramente se alastram sobre toda a humanidade, criando sempre novos focos de proliferação e constituindo por fim apenas um campo enorme de excrescências asquerosas, das quais emana um halo venenoso que sufoca até mesmo o que é bom.

Libertai-vos desse torpor que, qual entorpecente, só aparenta um fortalecimento, mas que na verdade só consegue atuar enfraquecendo e destruindo.

É evidente, conquanto também entristecedor, que seja exatamente o sexo feminino que em primeira linha exagera tudo ao máximo, rebaixando-se, sem escrúpulos em seus vestuários, à condição devassa de mulher de rua.

Isso só prova, porém, a exatidão do que ficou esclarecido a propósito dos fenómenos da matéria fina. É exatamente a mulher que, primeiro e mais amplamente, por uma maior capacidade de intuição, recebe e colhe esse veneno do pestífero mundo de formas de pensamentos de matéria fina, sem mesmo se dar conta disso. Ela se acha mais exposta a esses perigos, e por isso é arrastada primeiro e se deixa levar com incompreensível rapidez, ultrapassando quaisquer limites.

Não é em vão que se diz: “ A mulher, quando ruim, é pior do que o homem!” Isso se patenteia em tudo, seja na crueldade, no ódio ou no amor! O procedimento da mulher será sempre o resultado do mundo de matéria fina que a envolve. Nisso, naturalmente, existem exceções. Por essa razão também ela não está isenta de responsabilidade, pois consegue perceber as influências que investem sobre ela e dirigir sua vontade e seu atuar conforme seu arbítrio se… ela quiser! Que isso, infelizmente, não aconteça com a maioria é uma falta do sexo feminino, que decorre em virtude da ignorância sobre tais coisas.

O pior para os tempos atuais é que na realidade a mulher também tem o futuro do povo em suas mãos. E isso se dá por serem suas condições mais decisivas do que as dos homens, sobre os descendentes. Que decadência, consequentemente, trará o futuro! Inevitável! Não poderá ser detida pelas armas, pelo dinheiro, nem pelos inventos. Também não pela bondade, nem pelas manobras politicas. Aí devem vir meios mais incisivos.

Mas não cabe somente à mulher essa culpa enorme. Ela será sempre apenas a imagem fiel daquele mundo de formas de pensamentos que paira sobre o seu povo. Isso não deve ser esquecido. Respeitai e honrai a mulher, como tal e ela se formará por esse padrão, tornar-se-á aquilo que virdes nela, e com isso soerguereis todo o vosso povo!

Antes, todavia, cumpre que as mulheres passem por um grande processo de transformação. Conforme elas são atualmente, um restabelecimento só poderá ocorrer por meio de uma operação radical, por um corte implacável e violento que retire todas as excrescências com facas afiadas, e as atire no fogo! Do contrário, ela ainda destruirá todas as partes sadias.

Para essa intervenção necessária na humanidade inteira, marcha o tempo atual sem detença, depressa, cada vez mais depressa, desencadeando-a finalmente por si mesmo! Será doloroso e terrível, mas o fim será a cura. Só então terá chegado o tempo para se falar em moralidade. Hoje isto perder-se-ia como palavras jogadas na tempestade.

Depois de passada a hora, quando a Babel dos pecados tiver que sucumbir, desmoronando devido à sua podridão, observai então o sexo feminino! Sua conduta e seu procedimento mostrar-vos-ão sempre conforme sois, porque a mulher, devido à sua intuição mais fina, vive aquilo que as formas de pensamentos desejam.

Este facto nos dá também a certeza de que, com a pureza dos pensamentos e das intuições, a feminilidade será a primeira a se elevar com rapidez àquele modelo que consideramos um ser humano nobre. Então a moralidade aparecerá com todo o brilho de sua pureza!

 

Abdruschin

 

Dissertação 04 “Moralidade” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Despertai

Novembro 05, 2015

Despertai, ó seres humanos, desse sono de chumbo! Reconhecei o fardo indigno que carregais e que pesa com uma indizível e tenaz pressão sobre milhões de criaturas. Atirai-o fora! Acaso merece ser carregado? Nem sequer um único segundo!

Que encerra ele? Debulho vazio que se desvanece temeroso ao sopro da verdade. Desperdiçastes tempo e força em vão. Arrebentai portanto as cadeias que vos prendem em baixo, tornai-vos livres, afinal!

0 ser humano que permanece acorrentado interiormente será um eterno escravo, mesmo que seja um rei.

Vós vos atais com tudo o que vos esforçais por aprender. Ponderai: com a aprendizagem vos comprimis em formas alheias que outros conceberam, associando-vos de bom grado a convicções alheias, assimilando somente aquilo que outros vivenciaram em si, para si.

Considerai: uma coisa não é para todos! O que é útil para um pode prejudicar a outrem. Cada qual tem de percorrer por si seu próprio caminho para o aperfeiçoamento. Seu equipamento para isso são as faculdades que trazem em si. De acordo com elas é que tem de se orientar, e sobre elas edificar! Se não o fizer, permanecerá um estranho dentro de si mesmo, e se encontrará sempre ao lado daquilo que estudou, e que nunca pode tornar-se vivo dentro dele. Assim, cada proveito para ele está fora de cogitação. Vegeta, e se torna impossível um progresso.

Notai bem, ó vós que vos esforçais com sinceridade pela Luz e pela Verdade:

O caminho para a Luz deve cada qual vivenciar dentro de si, descobri-lo pessoalmente, se desejar percorrê-lo com segurança. Somente aquilo que o ser humano vivencia e sente intuitivamente com todas as mutações é que compreendeu plenamente!

A dor e também a alegria nos batem continuamente à porta, animando-nos, sacudindo-nos, para que acordemos espiritualmente. Durante segundos fica então o ser humano muitas vezes libertado das futilidades da vida quotidiana e pressente, tanto na felicidade como na dor, ligação com o espírito que perpassa tudo o que é vivo.

E tudo é deveras vida, nada está morto! Bem-aventurado aquele que compreende e retém tais momentos de ligação, erguendo-se nisso para cima. Para tanto, não se deve deter em formas rígidas, procurando, pelo contrário, cada um se desenvolver por si próprio, partindo de seu íntimo.

Não vos preocupeis com zombadores que ainda desconhecem a vida espiritual. Como bêbedos e como doentes se encontram perante a imponente obra da Criação, que tanto nos oferece. Como cegos que tateiam através da existência terrena, e não veem todo o esplendor que os rodeia!

Estão confusos, dormem, pois como pode um ser humano, por exemplo, ainda afirmar que só existe aquilo que ele vê? Que acolá, onde ele com seus olhos nada consegue distinguir, não haja vida nenhuma? Que, com a morte de seu corpo, também ele deixa de existir, somente porque até agora, em sua cegueira, não se pôde convencer com seus olhos do contrário? Não sabe ele agora, já por muitas coisas, como é restrita a capacidade do olho? Não sabe ele ainda que ela está ligada às capacidades de seu cérebro que, por sua vez, são adstritas ao tempo e ao espaço? E que, por essa razão, tudo quanto está acima do espaço e do tempo ele não pode reconhecer com seus olhos? Nenhum desses zombadores compreendeu ainda tal fundamentação lógica do raciocínio? A vida espiritual, chamemo-la também o Além, é contudo somente algo que se acha inteiramente acima do conceito terreno de espaço e de tempo e que necessita, portanto, de um caminho idêntico para ser reconhecido.

Contudo, nosso olho nem vê mesmo aquilo que se deixa classificar no tempo e no espaço. Considere-se a gota d’água, cuja incondicional pureza cada olho testemunha e que, observada através dum microscópio, encerra milhares de seres vivos que dentro dela sem compaixão lutam e se destroem. Não há, às vezes, bacilos na água, no ar, que possuem forças para destruir corpos humanos, e que não são percebidos pelos olhos? Todavia se tornam visíveis através de instrumentos aperfeiçoados.

Quem ousará ainda depois de isso afirmar que não encontrareis coisas novas até agora desconhecidas, tão logo aperfeiçoardes melhor tais instrumentos? Aperfeiçoai-vos mil vezes, milhões de vezes, mesmo assim a visão não terá fim; pelo contrário, diante de vós se desvendarão sempre de novo mundos que antes não podíeis ver nem sentir e que todavia aí já existam.

O pensamento lógico leva a idênticas conclusões sobre tudo o mais que as ciências até agora conseguiram colecionar. Dá-se a expetativa de permanente desenvolvimento e nunca, porém, de um fim.

Que é então Além? Muitos se confundem com essa palavra. O Além é simplesmente tudo aquilo que não se deixa reconhecer com meios terrenos. Meios terrenos, contudo, são os olhos, o cérebro, e tudo o mais do corpo, bem como os instrumentos que ajudam essas partes a exercer melhor e com mais nitidez suas atividade, ampliando-as.

Poder-se-ia dizer, portanto: o Além é o que encontra além das faculdades de reconhecimento dos nossos olhos corpóreos. Uma separação, porém, entre este mundo e o Além não existe! E também nenhum abismo! Tudo é uno, como a Criação toda. Uma força percorre tanto o Aquém como o Além e tudo vive e atua a partir dessa única corrente da vida e por isso é completa e indissoluvelmente ligado. Disso, pois, se torna compreensível o seguinte:

Quando uma parte desse todo adoece, deve o efeito se fazer sentir na outra parte, como num corpo. Partículas doentes dessa outra parte fluem então para a que adoeceu, mediante a atração da espécie igual, reforçando assim mais a doença. Se tal doença se tornar incurável, surge então a indispensável contingência de amputar o membro doente, a fim de que o conjunto não sofra permanentemente.

Por esse motivo modificai-vos. Não existe o Aquém e o Além, mas sim uma existência una! A noção de separação foi inventada apenas pelo ser humano, por não poder ver tudo e se considerar o ponto central e principal do âmbito que lhe é visível. Mas o círculo de sua atividade é maior. Com o conceito erróneo de separação, ele apenas se restringe, violentamente, impedindo seu progresso, e dá ensejo a fantasias desenfreadas, originando imagens disformes.

Que há de surpreendente, pois, se, como consequência, muitos apenas têm um sorriso incrédulo, outros uma adoração doentia que degenera em escravidão ou fanatismo? Quem pode ainda se espantar com o medo, sim, aflição e pavor que se desenvolveram em muitos seres humanos?

Fora com tudo isso! Por que esse tormento? Derrubai essa barreira que o erro dos seres humanos procurou levantar, e que todavia nunca existiu! A orientação errónea de até agora vos dá também uma base falsa sobre a qual vos esforçais inutilmente em erigir sem fim a verdadeira fé, isto é, a convicção interior. Esbarrais por isso em pontos, rochedos que vos tornam vacilantes ou hesitantes, ou obrigam a destruir de novo o edifício todo propriamente, para, em seguida, Talvez abandonar tudo com desalento ou rancor.

Somente vós sofreis o prejuízo, pois para vós não existe progresso, mas sim apenas parada ou retrocesso. O caminho que ainda tendes de percorrer torna-se desta forma ainda mais comprido.

Quando tiverdes finalmente compreendido a Criação como um todo, que ela é, quando não fizerdes nenhuma separação entre o Aquém e o Além, então tereis o caminho reto, o alvo verdadeiro estará mais próximo, e a ascensão vos causará alegria e satisfação. Podereis então sentir e compreender muito melhor os efeitos da reciprocidade que pulsam, cheios de vida, através de todo o conjunto uniforme, pois toda a atuação é impulsionada e mantida por essa força única. A luz da Verdade irromperá assim para vós!

Reconhecereis em breve que para muitos só a comodidade e a preguiça é a causa de zombarias, somente porque custaria esforços para derrubar o que foi aprendido e considerado até agora, e construir coisa nova. E a outros isso vem alterar a habitual rotina, e por isso se lhes torna incómodo.

Deixai esses tais, não discuti; contudo, sede prestimoso com o vosso saber para com aqueles que não estiverem contentes com os prazeres passageiros e que procuram algo mais na existência terrena, não sendo como os animais, que só procuram satisfazer o corpo, pois com o dar, reciprocamente, torna-se mais rico e forte o vosso saber.

No Universo age uma lei eterna: dando pode-se também receber, quando se trata de valores permanentes! Isso penetra tão fundo, traspassa a Criação toda, como um legado sacrossanto do seu Criador. Dar desinteressadamente, ajudar onde for necessário, ter compreensão pelo sofrimento do próximo, bem como por suas fraquezas, chama-se receber, pois esse é o caminho reto e verdadeiro para o Altíssimo!

[…]

Crer sem compreender é apenas preguiça e apatia mental! Isso não eleva o espírito, pelo contrário, oprime-o. Por conseguinte, levantemos o olhar, devemos pesquisar e analisar. Não é à toa que existe dentro de nós o impulso para isso.

O tempo! Passará deveras? Qual a razão de se encontrarem obstáculos referentes a esse princípio, quando aí se quer prosseguir no pensar? Muito simples, porque o pensamento básico é falso, pois o tempo permanece parado! Nós, sim, é que marchamos ao seu encontro! Investimos pelo tempo adentro, que é eterno, procurando dentro dele a Verdade!

O tempo permanece parado. Continua o mesmo hoje, ontem, durante mil anos! Somente as formas é que variam. Mergulhamos no tempo, para colher no regaço de suas anotações, a fim de fomentar nosso saber com as coleções que ele encerra! Pois nada se perdeu, tudo ele preservou. Não mudou, porque é eterno.

Tu também ó ser humano, és sempre apenas o mesmo, quer pareças jovem ou já velho! Permaneces aquele que és! Tu próprio já não o percebeste? Não notas nitidamente uma diferença entre a forma e o teu “eu”? Entre o corpo, que é sujeito a alterações, e tu, o espírito, que é eterno?

Vós procurais a Verdade! Que é a Verdade? O que hoje admitis como Verdade patentear-se-vos-á amanhã já como erros, para mais tarde verificardes outra vez que nesses erros se encontram grãos de Verdade! Pois também as revelações modificam suas formas. Assim vos sucede nas ininterruptas pesquisas, mas nas modificações madurecereis!

A Verdade, contudo, permanece sempre a mesma, não muda, pois é eterna! E sendo eterna, nunca poderá, mediante os sentidos materiais que só distinguem mutações de formas, ser compreendida real e limpidamente!

Por isso, espiritualizai-vos! Livre de todos os pensamentos terrenos possuireis a Verdade, estareis na Verdade, a fim de banhar-vos na Luz límpida que ela irradia constantemente, pois vos rodeia totalmente. Nadareis nela, tão logo vos espiritualizardes.

Não tereis mais necessidade de aprender arduamente as ciências nem de recear quaisquer erros, mas sim tereis para cada pergunta a resposta já na própria Verdade; mais ainda, não tereis então mais perguntas, pois, sem que pensais, sabereis tudo, abrangereis tudo, porque vosso espírito vive na Luz límpida, na Verdade!

Por conseguinte, tornai-vos livres espiritualmente! Arrebentai todas as cadeias que vos oprimem! Se com isso se apresentarem estorvos, arremessai-vos jubilosos contra eles, pois eles significam que estais no caminho para a liberdade e força! Considerai-os como uma dádiva, donde surgem proveitos para vós e, brincando, os transporeis.

Ou eles são colocados à vossa frente para que aprendais com isso e vos desenvolvais, com o que aumentais vossos recursos para a ascensão, ou são efeitos retroativos de alguma culpa, que com isso redimireis e da qual vos podeis libertar. Em ambos os casos vos levarão para diante. Assim, ide em frente, é para vossa salvação!

É tolice falar de golpes do destino ou provações. Cada luta e cada sofrimento é progresso. Com isso o ser humano terá ensejo de anular sombras de culpas anteriores, pois nenhum centavo pode ser perdoado para cada um, porque o circular de leis eternas no Universo é também aqui inexorável, leis nas quais se revela a Vontade criadora do Pai, que assim nos perdoa e desfaz todas as trevas.

O menor desvio a isso reduziria o mundo em escombros, tão bem disposto e sabiamente ordenado se acha tudo.

Quem todavia tiver muita coisa a liquidar, não deverá tal pessoa desanimar então, apavorando-se diante do resgate de suas culpas?

Pode dar início a isso confiante e alegre, livre de quaisquer preocupações, logo que queira com sinceridade! Pois uma compensação pode ser criada através da corrente contrária duma força de boa vontade que no espiritual se torna viva como as demais formas de pensamento e se torna uma arma eficiente, capaz de livrar cada lastro de trevas, cada pesadume, e conduzir o “eu” para a Luz!

Força de vontade! Um poder não pressentido por tantas pessoas que, como um imã que nunca falha, atrai as forças iguais, fazendo-as crescer como avalanches, e unida a outros poderes espirituais semelhantes, atua retroativamente, atinge novamente o ponto de partida, portanto a origem, ou melhor ainda, o gerador, e o eleva para a Luz ou o arremessa mais profundamente ainda na lama e na sujeira! Conforme a espécie que o próprio autor desejou anteriormente.

Quem conhece essa ação recíproca permanente e infalível, existente em toda a Criação, que nela se desencadeia e desabrocha com inamovível certeza, esse sabe utilizá-la, tem amá-la, tem de temê-la! Para esse torna-se vivo gradualmente o mundo invisível que o rodeia, pois sente seus efeitos com tal nitidez, que liquida cada dúvida.

Tem de intuir as fortes ondas de atividade infatigável que agem sobre ele, proveniente do grande Universo, tão logo atente um pouco, sentindo finalmente que ele é o foco de fortes correntes, qual uma lente que faz convergir os raios solares sobre um ponto e acolá gera uma força que atua inflamando, podendo queimar e destruir, bem como curar e vivificar, trazer bênçãos, e também provocar um fogo abrasador!

E tais lentes sois também vós, capazes de, mediante vossa vontade, concentrar essas correntes invisíveis de força que vos atingem, emitindo-as reunidas num potencial para finalidades benéficas ou malévolas, conduzindo bênçãos ou destruições à humanidade. Fogo abrasador, sim, que podeis e deveis, com isso, acender nas almas: o fogo do entusiasmo para o bem, para o que é nobre e para a perfeição!

Para isso se faz mister apenas uma força de vontade que torna o ser humano de certa maneira o senhor da Criação, determinando seu próprio destino. Sua própria vontade lhe acarreta a destruição ou a salvação! Cria-lhe, com inexorável certeza, a recompensa ou o castigo.

Não temais, pois, que tal saber vos afaste do Criador ou vos enfraqueça a fé que nutristes até agora. Pelo contrário! O conhecimento dessas leis eternas, que podeis utilizar, deixa a obra da Criação parecer ainda mais sublime para vós, e obriga o pesquisador sincero a se prostrar de joelhos, absorto diante de tal grandeza!

E então jamais o ser humano quererá o mal. Agarrar-se-á com alegria ao melhor apoio que existe para ele: ao Amor! Amor por toda a Criação maravilhosa, Amor pelo próximo, a fim de também conduzi-lo à magnificência dessa usufruição, à consciência dessa força.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 05 “Despertai” da obra “Mensagem do Graal” Na Luz da Verdade, volume I

O silêncio

Novembro 05, 2015

Tão logo surja em ti um pensamento, trata de retê-lo, não o exponhas logo, porém nutre-o; pois ele condensa-se mediante a contenção no silêncio e ganha em forças, como o vapor sob compressão.

A pressão e a condensação geram a propriedade duma reação magnética segundo a lei de que tudo o que é mais forte atrai o fraco. Formas de pensamentos análogos serão através disso atraídas de todas as partes, seguradas, reforçando cada vez mais a força do próprio pensamento primitivo, e apesar disso atuam de modo que a primeira forma gerada se vá moldando, transformando-se e adquirindo formas variáveis por ação de outras desconhecidas, até atingir seu amadurecimento. Sentes tudo isso dentro de ti; todavia, julgas que isso resulta unicamente da tua própria vontade. Mas em coisa alguma dás inteiramente tua própria vontade, tens sempre junto algo alheio!

Que te diz esse fenómeno?

Que somente com a fusão de muitas partículas algo perfeito pode ser criado! Criado? Está isso certo? Não, mas sim formado! Pois realmente não há nada de novo a criar, trata-se em tudo apenas de um novo formar, visto que todas as partículas já existem na grande Criação. Cumpre apenas impulsionar essas partículas em direção ao caminho da perfeição, o que traz a fusão.

Fusão! Não passes de leve por tal termo, procura antes aprofundar-te nesse conceito de que também o amadurecimento e a perfeição são alcançados por meio da fusão. Essa sentença repousa em toda a Criação, como uma preciosidade que quer ser descoberta! Acha-se intimamente ligada à lei de que somente no dar também se pode receber! E o que condiciona a exata compreensão dessas sentenças? Isto é, a vivência? O Amor!

E por isso o Amor constitui também a força máxima, como poder ilimitado dentro do mistério do grande Ser!

Assim como a fusão, no caso dum único pensamento, forma, amolda e lapida, assim se dá com o próprio ser humano e com toda a Criação, que na interminável fusão de formas individuais existentes passa por transformações, devido à força de vontade, tornando-se assim o caminho para a perfeição.

Um ser isolado não pode oferecer-te a perfeição, mas sim a humanidade toda, na pluralidade das suas características! Cada qual tem algo que pertence de maneira incondicional ao conjunto. Daí acontecer também que uma pessoa que já atingiu amplo progresso, já não conhecendo mais nenhuma cobiça terrena, sinta amor pela humanidade inteira e não por um ser isolado, visto que somente a humanidade toda consegue fazer vibrar em harmoniosa sinfonia celestial as cordas de sua alma amadurecida, libertadas através da purificação. Traz harmonia dentro de si, porque todas as cordas vibram!

Voltemos ao pensamento que atraiu para si as formas alheias e que assim se foi tornando cada vez mais forte: acaba finalmente elevando-se para cima de ti em cerradas ondas de força, rompe a aura da tua própria pessoa e passa a exercer influência sobre um âmbito mais amplo.

A isso a humanidade cognomina magnetismo pessoal. Os leigos dizem: “Irradias algo!” Conforme a espécie, trata-se de algo agradável ou antipático, atraente ou repulsivo. Mas sente-se!

Contudo não irradia nada! O fenómeno que ocasionou tal sensação nos outros origina-se no facto de atraíres magneticamente tudo o que tem afinidade espiritual contigo. É esse atrair que sentem as pessoas próximas. É que nisso também reside a ação recíproca. Assim, nesse contacto, essa outra pessoa sente então nitidamente a tua força, nascendo através disso a “simpatia”.

Mantém sempre diante dos olhos o seguinte: Tudo quanto é espiritual, expresso segundo nossos conceitos, é magnético; e bem sabes que sempre o mais fraco é superado pelo mais forte, pela atração e pela absorção. Por isso “é tirado dos pobres (fracos) até mesmo o pouco que possuem”. Tornam-se dependentes.

Nisso não ocorre nenhuma injustiça. E sim tudo se passa segundo as leis Divinas. O ser humano precisa apenas tomar a iniciativa, querer deveras, então ficará protegido disso.

Naturalmente perguntará: E como será quando todos quiserem ser fortes? Quando nada tiver a tomar de alguém? Então, prezado amigo, será um intercâmbio espontâneo, subordinado à lei de que somente dando é que também se pode receber. Não ocorrerá paralisação; apenas será anulado tudo quanto é inferior.

Assim, pois, acontece que, devido à preguiça, muitos se tornam dependentes do espírito, chegando até mesmo à incapacidade de desenvolver seus próprios pensamentos.

Urge salientar, entretanto, que somente o de igual espécie é atraído. Daí o provérbio: “Igual com igual se entendem bem”. Assim se juntarão sempre os que são dados à bebida, fumadores “têm simpatias”, tagarelas, jogadores, etc.; mas também os de índole nobre se encontram para fins elevados.

No entanto, ainda prossegue: o que espiritualmente se aspira também se efetiva por fim fisicamente, visto todo o espiritual perpassar a matéria grosseira, razão pela qual cumpre reter sempre em mente a lei da ação de retorno, porque um pensamento sempre mantém ligação com a origem, causando nessa ligação irradiações retroativas.

[…]

A Verdade nunca deixou de ser o que foi outrora e que ainda é hoje e há de ser daqui a dezenas de milénios, já que é eterna!

Por isso, aprendei a conhecer as leis que se encontram no grande livro de toda a Criação. Submeter-se a elas significa: amar a Deus! Pois com isso não provocarás nenhuma dissonância na harmonia, mas sim concorrerás para que os acordes vibrantes atinjam amplitude total.

Quer digas: submeto-me voluntariamente às leis vigentes da natureza, porque elas são em meu benefício, ou quer digas: submeto-me à Vontade de Deus, que se revela nas leis da natureza ou na força inconcebível que impulsiona as leis da natureza… ocorre alguma diferença na atuação delas? A força aí está e tu a reconheces, tens deveras que reconhecê-la, já que não te resta outra alternativa tão logo reflitas um pouco… e com isso reconheces teu Deus, o Criador!

E essa força atua em ti até mesmo quando pensas! Por conseguinte, não a degrades, servindo-te dela para o mal; pelo contrário, pensa apenas em função do bem! Nunca te esqueças: quando crias pensamentos, utilizas a força Divina, com a qual podes alcançar deveras o que há de mais límpido e excelso!

Procura jamais deixar de atentar que todas as consequências do teu pensar recaem sempre sobre ti, segundo a força, o tamanho e amplitude dos efeitos dos pensamentos, tanto no bem como no mal.

E como o pensamento é espiritual, assim retornam as consequências de maneira espiritual. Encontrar-te-ão, portanto, seja lá como for, ou aqui na Terra, ou então no espiritual, depois de teu falecimento. Por serem espirituais, também não são ligados à matéria. Disso resulta que a decomposição do corpo não revoga o resgate devido! A retroação como consequência de retorno ocorrerá na certa, mais cedo ou mais tarde, aqui ou acolá. A ligação espiritual permanece firme em todas as tuas obras; mesmo porque também as obras materiais terrenas possuem origem espiritual através dos pensamentos que as gerações, e permanecem mesmo depois que tudo o que é terreno desapareceu. Por isso há veracidade na expressão: “As tuas obras te aguardam, enquanto a prestação de contas não se der pela ação de retorno”.

Caso, por ocasião duma dessas ações retroativas, ainda estejas aqui na Terra, ou aqui tenhas voltado, assim efetiva-se então a força das consequências do espiritual, de acordo com a espécie, para o bem ou para o mal, através das circunstâncias, no teu ambiente ou em ti mesmo diretamente, em teu corpo.

Aqui seja mais uma vez indicado especialmente o seguinte: A verdadeira vida se processa no espiritual! E essa não conhece nem tempo nem espaço, logo, também qualquer separação. Situa-se acima dos conceitos terrenos. Por essa razão, as consequências te encontrarão onde estiveres, no tempo em que, devido às leis eternas, os efeitos retornam ao ponto inicial. Nada se perde, tudo volta, com toda a certeza.

Isso soluciona também a pergunta já tantas vezes apresentada de como acontece que pessoas visivelmente boas às vezes têm de sofrer tanto na vida terrena, e de tal forma, que é visto como injustiça. Trata-se de resgastes que têm de atingi-las!

Conheces agora a resposta a essa pergunta; é que teu corpo ocasional não desempenha nisso nenhum papel. Teu corpo não significa bem tu próprio, não é o teu “eu” completo, e sim um instrumento que escolheste ou que tiveste de tomar segundo as leis respetivas da vida espiritual, às quais poderás chamar também leis cósmicas, caso assim te pareça mais compreensível. A respetiva vida terrena é somente um curto espaço da tua existência real.

Um pensamento arrasador, se não houvesse nenhuma saída, nenhum poder que se contrapusesse protetoramente. Quantos não deveriam desanimar ao despertarem para o espiritual, e desejariam, de preferência, que o sono da rotina continuasse. Eles não sabem, pois, o que os aguarda e o que ainda os atingirá de outrora pela ação de retorno! Ou, como dizem os seres humanos: “O que eles ainda têm de reparar!”

Contudo, não tenhas receio! Com o despertar te será mostrado também, na sábia disposição da grande Criação, um caminho através daquela força da boa vontade, a que já me referi detidamente e que atenua os perigos do carma que se desencadeia, ou os afasta totalmente para o lado.

Também isso o Espírito do Pai depôs na tua mão. A força da boa vontade forma à tua volta um círculo capaz de destruir a ação nociva do mal ou atenuá-la bastante, da mesma forma que a camada de ar protege o globo terrestre.

Contudo, a força da boa vontade, essa proteção eficaz, aumentará e se consolidará através do poder do silêncio.

Por isso, a vós que procurais, chamo mais uma vez e insistentemente a atenção:

Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, e praticai antes de mais nada o grande poder do silêncio, se é que quereis ascender.

O Pai já depositou em vós a força para tudo. Precisais apenas utilizá-la!

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 06 “O Silêncio” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

 

Ascensão

Novembro 05, 2015

Não vos emaranheis numa rede, vós que aspirais por conhecimento, mas sim tratai de ver com clareza!

Decorrente de lei eterna, uma pressão de expiação inalterável pesa sobre vós, a qual nunca podereis passar para outros. O que carregais mediante vossos pensamentos, palavras ou ações, ninguém mais, senão vós próprios, pode resgatar! Ponderai bem, pois de outro modo a Justiça Divina seria apenas um som oco, caindo tudo o mais consigo em ruínas.

Assim, pois, libertai-vos. Não desperdiceis nenhuma hora para ultimar essa pressão de expiação! A sincera vontade para o bem, para o melhor, e que se reforça por meio da oração profundamente sentida, traz a libertação!

Sem a vontade sincera e firme para o bem, nunca se verificará a expiação. Irá perdurando tudo quanto é inferior, fornecendo novo alimento para continuar existindo e com isso exigindo sempre nova expiação sem tréguas, a ponto de parecer que o que se vai renovando se vos apresenta como um único vício ou sofrimento! Trata-se, contudo, de toda uma corrente sem fim, sempre atando de novo, antes mesmo que as coisas anteriores pudessem ser resgatadas.

Assim nunca ocorre o resgate, por ser exigida sempre a expiação. É como se uma corrente vos chumbasse ao solo. Daí o grande perigo de vos afundardes cada vez mais. Por conseguinte, animai-vos finalmente pela boa vontade, vós que ainda permaneceis do lado de cá ou que, segundo as vossas conceções, já vos encontrais do lado de lá! Com a persistente boa vontade tem de sobrevir o remate de todas as expiações, já que aquele que quer o bem e age nesse sentido não concede novo alimento para novas exigências de expiações. Dessa maneira advirá então a libertação, a remissão, como única escalada para a Luz. Atendei à advertência! Não há outro caminho para vós! Nem para ninguém!

Com isso adquirirá também cada um a certeza de que nunca pode ser tarde demais. Quanto aos factos isolados é evidente que deveis expiá-los, mas desde o momento em que iniciais com sinceridade vossos esforços para o bem e colocais o marco para o remate de vossa expiação, tende certeza então de que esse fim tem de chegar, iniciando assim a vossa ascensão! Então podereis alegremente ir resgatando todas as vossas expiações. O que ainda vem ao vosso encontro advirá em prol de vossa salvação, aproximar-vos-á da hora da remissão, da libertação.

Compreendeis então o valor, quando eu vos aconselho a iniciar com toda a força a boa vontade, o pensar puro? A não desistir, e sim agarra-se nisso com toda a ansiedade, toda a energia! Isso vos eleva! Transforma-vos, bem como a vosso ambiente!

Ponderai que cada passagem pela Terra é uma breve escola, que não termina para vós com a desencarnação! Usufruireis felicidade contínua ou sofrimento contínuo.

Quem supuser que com o sepultamento terreno também para ele está tudo terminado, tudo remido, que se afaste e prossiga seu caminho, pois com isso somente quer iludir-se a si próprio. Apavorado ficará depois diante da verdade… obrigado a começar seu caminho de sofrimento! Seu verdadeiro eu, desprovido do invólucro de seu corpo, cuja densidade o envolveu como uma muralha, será então atraído por sua espécie semelhante, cercado e segurado.

O ânimo do sincero querer para o melhor, que podia libertá-lo e levá-lo, ser-lhe- á mais difícil e por muito tempo impossível, porque então estará sujeito exclusivamente à influência do ambiente análogo, que não traz em si nenhum pensamento luminoso dessa espécie que poderia despertá-lo e ajudá-lo. Terá que sofrer redobradamente com tudo o que criou para si.

Por essa razão, um progresso se tornará ainda mais difícil do que em carne e osso, onde o bem e o mal andam juntos, o que só se torna possível sob a proteção do corpo terreno, porque… a vida terrena é uma escola onde ao “Eu” de cada um é dada a possibilidade de desenvolvimento conforme seu próprio livre-arbítrio.

Por isso, animai-vos enfim! Os frutos de cada pensamento acabarão caindo sobre vós, aqui ou no Além, e tereis de desfrutá-los! Ser humano nenhum pode fugir a esta realidade!

Que vos adiantará enfiar a cabeça na areia assustadamente, diante de tal realidade? Encarai, pois, os factos, corajosamente! Isto só vos facilitará tudo, porque, aqui podeis progredir mais depressa.

Principiai! Mas com a consciência de que todo o passado tem de ser saldado. Não espereis, como muitos tolos, que a felicidade vaia imediatamente no regaço, entrando pelas janelas e portas. Pode ser que muitos dentre vós ainda tenham que resgatar uma enorme corrente. Quem por isso desanimar prejudicará a si próprio, pois nada lhe poderá ser descontado nem tirado. Hesitações tornam tudo mais difícil e talvez mesmo impossível por muito tempo.

Tudo isso deve servir-lhe de estímulo para não mais desperdiçar sequer uma hora, pois somente com o primeiro passo começa ele a viver! Bem-aventurado aquele que se anima para isso, pois elo por elo se desligará dele. Com passos gigantescos pode avançar, cheio de júbilo e agradecimento, transpondo também os últimos obstáculos, pois tornar-se-á livre!

As pedras, que sua atuação errada de até agora amontoou diante dele como um muro, impedindo o progresso, não serão acaso retiradas do caminho; pelo contrário, solicitamente serão colocadas diante dele, para que as reconheça e as transponha, pois terá de saldar todos os erros. Todavia, perplexo e admirado, breve verá o Amor que atua em seu redor, tão logo mostre boa vontade.

O caminho lhe será tão facilitado com delicado zelo, como os primeiros passos duma criança são amparados pela mãe. Se houver coisas de sua vida de até agora que o amedrontem, assustem e que preferiria deixar dormir continuamente… inesperadamente será colocado à frente delas! Tem de resolver, agir. Visivelmente as circunstâncias o impelem para isso. Se ousar, então, dar o primeiro passo confiante na vitória da boa vontade, abrir-se-á o nó fatídico, passará por ele e estará livre disso.

Porém, mal a culpa é resgatada, já lhe surge outra sob qualquer forma, exigindo de modo idêntico seu resgate.

Assim se desfaz um anel após outro, que tinham de tolhê-lo e oprimi-lo. Sente-se tão leve! E a sensação de leveza que alguns dentre vós certamente já vivenciaram não é nenhuma ilusão, e sim efeito de um facto real. O espírito assim liberto da opressão torna-se leve e ascenderá de maneira rápida, de acordo com a lei da gravidade espiritual, para aquelas regiões a que ele agora pertence conforme sua respetiva leveza.

Assim irá avançando sempre ao encontro da Luz almejada. A má vontade comprime o espírito para baixo, tornando-o pesado, mas o que é bom o impele para cima.

Jesus já mostrou para vós também em relação a isso o caminho singelo que leva infalivelmente ao alvo, pois profunda verdade reside nestas simples palavras: “Ama o teu próximo como a ti mesmo!”

Com isso deu a chave para a libertação, para a ascensão! Porque é incontestável: o que fazeis ao próximo fazeis na realidade somente para vós! A vós somente, pois tudo, de acordo com as leis eternas, recai infalivelmente sobre vós, o bem ou o mal, seja aqui ou já no Além. Virá! Por conseguinte, com isso vos é apontado o caminho mais simples, como deveis conceber o passo para a boa vontade.

Com vossa maneira de ser, deveis dar ao vosso próximo!

Não, por acaso, com dinheiro ou bens. Pois assim os pobres ficariam privados da possibilidade de dar. E nesse modo de ser, nesse “dar-se” no convívio com o próximo, na consideração, no respeito que vós lhe ofereceis espontaneamente, está o “amar” de que nos fala Jesus, está também o auxílio que prestais ao vosso próximo, porque nisso ele se torna capaz de modificar-se por si mesmo ou prosseguir em direção ao alto, porque nisso ele pode fortalecer-se.

As irradiações retroativas disso, porém, erguem-vos rapidamente em sua reciprocidade. Através delas recebereis sempre novas forças. Com voo bramante conseguireis dirigir-vos ao encontro da Luz…

Pobres tolos os que ainda podem indagar: “Que ganho com isso, se abandono tantos hábitos antigos e me modifico?”

Por acaso é um negócio que deva ser fechado? E se eles ganhassem somente como seres humanos, no modo de ser mais elevado, então já seria bastante lucro. Mas é infinitamente mais! Repito: com o começo da boa vontade, coloca cada um também o marco para o fim de sua expiação, que tem de cumprir, da qual jamais poderá escapar. A esse respeito nenhum outro pode substitui-lo.

Com tal resolução ele coloca, por conseguinte, um fim próximo à contingência de expiação. Trata-se de um valor que todos os tesouros deste mundo não são capazes de sobrepujar. Livra-se com isso das correntes de escravo que ele próprio continuamente forjou para si. Portanto, despertai do sono que enerva. Deixai finalmente chegar o despertar!

Fora com a embriaguez que traz a ilusão paralisante, fazendo-vos crer que a redenção por intermédio do Salvador tornou-se salvo-conduto, para que possa viver a vida toda descuidadamente, entregando-vos ao “egocentrismo”, bastando que vos torneis no último momento fiéis, retrocedendo e deixando esta Terra crendo no Salvador e em sua obra! Tolos, esperar da Divindade uma tão mesquinha e imperfeita obra fragmentária! Isso significaria criar o mal! Pensai nisso, libertai-vos!

 

Abdruschin

 

Dissertação 07 “Ascensão” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Culto

Novembro 05, 2015

Culto deve ser o anseio tornado forma, para que algo inapreensível terrenamente se torne assimilável de algum modo ao sentido terreno.

Deve ser o anseio tornado forma, mas infelizmente ainda não é assim, do contrário muita coisa deveria ter formas completamente diferentes, se tivessem surgido do próprio anseio. O caminho certo para isso condiciona justamente o brotar de formas exteriores, vindas do íntimo. Mas tudo quanto hoje vemos nada mais é do que uma construção do raciocínio onde somente depois os sentimentos intuitivos deverão ser comprimidos. Toma-se assim um caminho ao contrário, que naturalmente também se pode chamar de errado ou falso, por jamais conseguir realmente ser vivo em si.

Assim muita coisa grosseira e inoportuna se molda, o que de outra forma chegaria muito mais próximo da vontade real, com o que, somente então, o efeito convincente pode unir-se.

Muita coisa bem-intencionada acaba repugnando em lugar de convencer, porque a forma certa para isso ainda não foi encontrada, a qual o raciocínio nunca pode dar para aquilo que é inapreensível terrenamente!

É o que acontece também nas igrejas. De modo demasiadamente nítido se faz sentir a edificação do raciocínio, visando somente a influência terrena, e deste modo muita coisa boa perde sua significação, porque dá a impressão de antinatural.

Outrossim, só pode dar a impressão de antinatural aquilo que não corresponde às leis da Criação. Justamente tais coisas existem em abundância nos cultos atuais, onde simplesmente tudo o que se encontra em oposição às leis naturais é envolvido em misteriosa escuridão.

Exatamente com isso, porém, pelo facto de os seres humanos inconscientemente nesse assunto nunca falarem de uma Luz misteriosa, mas sempre e apenas de uma escuridão, eles acertam, pois a Luz não conhece obscurecimento, portanto também nenhuma mística, para a qual não devia haver lugar na Criação que se originou da Vontade de Deus, trabalhando automaticamente segundo um ritmo inexorável. Nada é mais claro em seu tecer do que exatamente a Criação, que é a obra de Deus!

Nisso é que reside o segredo do êxito e estabilidade, ou da ruína. O que está construído com bases nessas leis vivas da Criação recebe auxílio, trazendo êxito e também estabilidade. Onde, porém, tais leis não forem observadas, seja por ignorância, seja por obstinação, o desmoronamento efetivar-se-á irremediavelmente, após tempo maior ou menor, porque não conseguirá se manter permanentemente, pois não se encontra sobre nenhuma base firme e inamovível.

Eis porque tanta obra humana é efémera, facto que não precisava ocorrer. A isso pertencem cultos de múltiplas espécies que constantemente têm de ser submetidos a transformações, se não devam sucumbir totalmente.

O Filho de Deus deu aos seres humanos, do modo mais simples e mais claro, na sua Palavra, o caminho certo pelo qual deviam conduzir sua existência terrena, correspondente à tessitura da Criação, a fim de, através das leis de Deus que se manifestam no tecer da Criação, serem apoiados auxiliadoramente e elevados às alturas luminosas, para obterem paz e alegria aqui na Terra.

Infelizmente, contudo, as igrejas não se conservaram no caminho da salvação e soerguimento dos seres humanos, dado pelo próprio Filho de Deus e por ele exatamente explicado, mas sim acrescentaram à sua doutrina ainda muita coisa segundo seu próprio pensar, e desta forma causaram naturalmente confusão, que tinha de acarretar cisões, porque não correspondia às leis da Criação e por essa razão eram também, não obstante isso soasse de maneira estranha, contra a clara doutrina do Filho de Deus, segundo a qual eles, no entanto, se denominam cristãos.

É o que se dá, por exemplo, a respeito do culto de Maria dos cristãos seguidores do Papa. Acaso Jesus, que ensinou aos seres humanos tudo, como deviam pensar e agir, sim, também como falar e orar, para que assim atuassem certo e de acordo com a Vontade de Deus, falou uma só palavra que fosse, a tal respeito? Não, isso ele não fez! E isto é uma prova de que ele também não o queria e que isto não devia existir!

Há até mesmo afirmações dele que provam o contrário daquilo que o culto de Maria condiciona.

E os cristãos querem, entretanto, agir sinceramente apenas segundo as regras de Cristo, caso contrário não seriam cristãos.

Se, pois, os seres humanos algo acrescentaram e a igreja papal age diferentemente do que Cristo ensinou, logo está provado que essa igreja se coloca atrevidamente acima do Filho de Deus, pois procura melhorar suas palavras, já que estabelece atos que o Filho de Deus não queria, uma vez que, do contrário, ele teria ensinado infalivelmente também esses atos, em face de tudo aquilo que ensinou aos seres humanos.

Certamente existe uma Rainha do Céu que, segundo a conceituação terrestre, também se poderia chamar Mãe Primordial e que, não obstante, possui a mais pura virgindade. Ela, porém, está desde toda a eternidade nos páramos mais elevados e nunca teve encarnação terrestre!

Trata-se, pois, de sua imagem irradiante e não dela em realidade, o que uma vez ou outra certas pessoas, devido a uma profunda emoção, podem “ver” ou “intuir”. Através dela vêm também muitas vezes auxílios mais rápidos, chamados milagres.

Uma visão verdadeira, pessoal, dessa Rainha Primordial, mesmo aos espíritos humanos mais evoluídos, nunca é possível, porque, devido às leis inflexíveis da Criação, cada espécie só está apta a ver sua espécie análoga. Assim, o olho terrestre só pode ver coisas terrestres, o olho de matéria fina as coisas de matéria fina, o olho espiritual apenas as coisas espirituais, e assim por diante.

E como o espírito humano só pode ver o espiritual, donde ele mesmo promana, assim também não consegue na realidade ver a Rainha Primordial, que é duma espécie muito mais elevada, mas sim, se lhe for concedida a graça, apenas sua irradiante imagem espiritual, que todavia aparece como viva e cuja irradiação já pode ser tão forte que realiza milagres, onde encontrar um solo preparado para isso, o qual se apresenta mediante inabalável crença ou profunda comoção no sofrimento ou na alegria.

Isso reside na atuação da Criação, emanado e sustentado pela perfeita Vontade de Deus. Nessa atuação se encontram também todos os auxílios para os seres humanos, desde o começo dos tempos até toda a eternidade, sempre que eles mesmos não se desviem, levados pelo querer saber melhor.

Na Criação atua Deus, pois ela é sua obra perfeita.

E exatamente por causa dessa perfeição, para que se desse o nascimento terrestre do Filho de Deus, teve que haver anteriormente uma geração terrena. Quem afirma o contrário duvida da perfeição das obras de Deus, portanto da perfeição de Deus também, de cuja Vontade se originou a Criação.

Imaculada conceção é uma conceção no mais puro amor, fazendo contraste com uma conceção em prazer pecaminoso! Mas não existe nascimento terreno sem geração.

Se uma conceção terrena, isto é, uma geração terrena não pudesse ser imaculada, então cada maternidade teria que ser considerada como mácula!

Através da Criação Deus também fala, mostrando nitidamente Sua Vontade.

Reconhecer essa Vontade é dever dos seres humanos. E o Filho de Deus indicou com sua Santa Palavra o verdadeiro caminho para isso, porque os seres humanos não se esforçavam para tanto, emaranhando-se por isso cada vez mais nas leis automáticas da Criação.

Esse inalterável tecer da Criação tinha de, com o tempo, aniquilar os seres humanos, devido à sua ignorância e à utilização errada, ao passo que ele soerguerá a humanidade se esta viver direito, conforme a Vontade de Deus.

Recompensa e castigo para o ser humano estão no tecer da Criação, que é conduzido de modo constante e imutável pela própria Vontade de Deus. Nisso reside também a condenação ou salvação! É inexorável e justo, sempre objetivo, sem arbitrariedades.

Nisso jaz a incomensurável grandeza de Deus, Seu Amor, Sua Justiça. Isto é, em Sua obra, que Ele legou às criaturas humanas, ao lado de muitos outros seres, como morada e pátria.

É, pois, chegado o tempo de as criaturas humanas terem que alcançar esse saber para chegarem com a mais completa convicção ao reconhecimento da atuação de Deus, que se exprime em Sua obra!

Então todos os seres humanos encontrar-se-ão de modo inabalável aqui na Terra, com a mais jubilosa vontade de trabalhar, com os olhos soerguidos gratamente para Deus, pois o reconhecimento os ligará para sempre através do saber!

Para transmitir aos seres humanos tal saber, que lhes dá uma convicção nítida e compreensível da atuação de Deus, em Sua Justiça e em Seu Amor, escrevi a obra “Na Luz da Verdade”, que não deixa lacunas, contém resposta a cada pergunta, traz esclarecimentos aos seres humanos de quão maravilhosos são os caminhos na Criação, os quais muitos servidores da Sua Vontade mantêm.

Santo, porém, é só Deus!

 

Abdruschin

 

Dissertação 08 “Culto” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Enrijecimento

Novembro 05, 2015

Na Criação tudo é movimento. O movimento, originado através da pressão da Luz, completamente de acordo com a lei, produz calor e permite o surgimento de formas. Sem Luz não poderia, portanto, haver movimento e assim pode o ser humano imaginar que o movimento seja muito mais rápido e mais forte na proximidade da Luz do que em distâncias longínquas.

Realmente será também o movimento mais lento e mais vagaroso pela distância da Luz, podendo isso levar com o tempo ao Enrijecimento de todas as formas já constituídas por um movimento anterior mais intenso.

Sob a expressão “Luz” não se deve naturalmente compreender neste caso a Luz de algum astro, e sim a Luz Primordial, que é a própria vida, portanto, Deus!

Em complemento ao quadro dado, apresentando uma visão ampla sobre os processos na Criação, quero hoje dirigir a atenção para a Terra, que atualmente descreve seu círculo numa distância muito mais afastada da Luz Primordial do que sucedia há muitos milhões de anos, porque ela cada vez mais foi abandonada ao pesadume das trevas por meio dos seres humanos que se afastaram de Deus por presunção ridícula, num cultivo excessivo e unilateral do raciocínio, que só é dirigido para baixo, para a matéria grosseira, e aí permanecerá sempre, pois para isso foi dado, mas na suposição duma límpida capacidade recetiva de todas as irradiações e impressões do alto, dos páramos luminosos.

Ao cérebro anterior (*) cabe todo o trabalho do raciocínio para atividades exteriores nas camadas mais grosseiras, isto é, na matéria, cabendo todavia ao cérebro posterior a receção e transmissão, para elaborar as impressões de cima, que são mais leves e mais luminosas do que a matéria grosseira.

Essa ação conjunta e harmónica dos dois cérebros, dada aos seres humanos para seu benefício, foi perturbada pela propensão humana só para as coisas terrenas, isto é, para a atuação na matéria grosseira e, com o tempo, completamente suprimida, e a bem dizer quase estrangulada, porque o cérebro anterior, devido a ocupações mais intensas, acabou com o tempo se desenvolvendo mais em relação ao cérebro posterior, que permaneceu desprezado e se tornou por conseguinte mais enfraquecido e menos recetível. Com isso formou-se há milénios o mal hereditário através da reprodução na matéria grosseira, pois já as crianças traziam ao nascer o cérebro anterior muito mais desenvolvido que o cérebro posterior, donde se originou o perigo do despertar do pecado hereditário que consiste no pensar obrigatório, de antemão condicionado, exclusivamente para o que é terreno, portanto, para o que é desviado de Deus.

Isso será compreensível sem mais nem menos para qualquer ser humano de vontade sincera; além disso, eu o expliquei minuciosamente em minha Mensagem.

Todo o mal na Terra originou-se daí, pelo facto de o ser humano, devido à sua origem espiritual, ter podido fazer, com a sua vontade, pressão sobre tudo o mais existente na Terra, ao passo que exatamente ele, devido a essa origem espiritual, poderia e deveria ter agido, elevando, pois essa foi e é a sua verdadeira missão na Criação posterior, onde naturalmente tudo quanto é espiritual atua guiando. Mas pode guiar para cima, como seria natural, bem como também para baixo, quando a vontade do espiritual anseia predominantemente apenas para as coisas terrenas, como é o caso do ser humano terreno.

No saber da Criação já dado por mim em minha Mensagem, e nos esclarecimentos a isso ligados, do funcionamento automático das leis atuantes na Criação, que também podem ser chamadas leis da natureza, mostra-se sem lacunas todo o tecer da Criação, deixando reconhecer claramente todos os fenómenos e com isso a razão de toda a existência humana, desenrolando também em intangível sequência, de onde vem e para onde vai, dando por essa razão resposta a cada pergunta, assim que o ser humano procure seriamente por isso.

Neste ponto devem se conter até mesmo os adversários mais malévolos, pois com todas as suas astúcias não são suficientes para penetrar de forma destrutiva nos fundamentos perfeitos do que ficou dito, a fim de tirarem também este auxílio dos seres humanos.

Falei que o movimento na Criação tem de se tornar cada vez mais lento, quanto mais distante se encontrar da Luz Primordial, que é o ponto original da pressão, que traz como consequência o movimento.

Assim acontece atualmente com a Terra. Seus círculos afastam-se cada vez mais, devido à culpa da humanidade terrena, com isso as movimentações tornam-se mais lentas, cada vez mais indolentes e devido a isso muita coisa já se encontra próximo do estado inicial de enrijecimento.

Também o enrijecimento tem muitos degraus, e no começo não é fácil ser reconhecido. Mesmo durante seu progresso torna-se impossível o reconhecimento, a não ser que um vislumbre de Luz estimule uma observação mais aguda.

Já por isso é difícil, porque tudo quanto vive no círculo das movimentações, que vão se tornando cada vez mais vagarosas, acaba proporcionalmente sendo puxado para a crescente condensação que leva ao enrijecimento. Aliás, não somente o corpo da criatura humana, mas tudo, inclusive seu pensar. Isso acontece mesmo nas coisas mínimas. Todas as noções modificam-se e deslocam-se impercetivelmente, inclusive o próprio sentido do idioma.

O ser humano não poderá notá-lo em seu próximo, uma vez que ele mesmo está sendo arrastado em idêntico movimento lerdo, se não procurar, lutando, levantar-se espiritualmente ainda uma vez, com a máxima vontade e com tenacidade, a fim de conseguir tornar a aproximar-se um pouco mais da Luz, com o que seu espírito gradualmente se torna mais ágil e assim mais leve, mais luminoso, e influencia no reconhecimento terreno.

Então, tomado de espanto, verá, ou pelo menos intuirá com horripilante pavor, até que ponto as distorções de todos os conceitos já se foram enrijecendo nesta Terra. Falta a visão ampla do essencial, porque tudo está comprimido entre fronteiras estreitas e inabrangíveis, que já se tornaram intransponíveis e que em determinado tempo sufocarão tudo quanto englobam.

Já assinalei muitas vezes os conceitos torcidos, mas agora estes lentamente se dirigem caminho abaixo, para o enrijecimento, na distância contínua da Luz.

Não é necessário dar exemplos isolados, tais esclarecimentos já não seriam mais levados em conta, ou tidos como inoportuno jogo de palavras, porque as pessoas estão demasiado enrijecidas ou indolentes para desejar pensar nisso mais profundamente.

Já me referi também suficientemente ao poder da palavra, ao mistério que mesmo a palavra humana pode temporariamente construir ou destruir no âmbito da Terra, na atuação da Criação, pois pelo timbre, pelo tom e pela composição duma palavra são postas em movimento forças da Criação, que não agem segundo o sentido dado por quem fala, e sim segundo a significação específica da palavra.

A significação, porém, foi dada outrora através das forças que a palavra põe em movimento e as quais devido a isso estão exatamente sintonizadas com o sentido verto ou, pelo contrário, não segundo a vontade de quem fala. Sentido e palavra surgiram do correspondente movimento de forças, por isso formam uma só coisa inseparável!

O pensar do ser humano põe em movimento, por sua vez, outras correntes de força, que correspondem ao sentido do pensamento. Por isso os seres humanos deveriam esforçar-se por escolher palavras certas para a expressão de seu pensamento, portanto, intuir mais claro e certo.

Suponhamos que uma pessoa seja interrogada a respeito duma coisa que ouviu e talvez mesmo de que pôde ver uma parte. Interrogada, ela afirmaria imediatamente que a sabe!

Segundo a opinião de muitas pessoas superficiais, essa resposta seria certa, todavia é em verdade errada e condenável, pois “saber” quer dizer poder dar informação exata sobre tudo, desde o começo até o fim, com todas as particularidades, sem lacunas, e de experiência vivencial própria. Só então pode uma pessoa falar que a sabe.

Reside uma grande responsabilidade na expressão “saber” e na noção que lhe está ligada!

Já acentuei também uma vez a grande diferença entre o “saber” e o “aprendido”. A erudição ainda está muito longe do verdadeiro saber, que só pode ser algo próprio individual, ao passo que o aprendido é a aceitação de alguma coisa fora do âmbito pessoal.

Ouvir algo e em parte talvez também ver ainda está longe do próprio saber! O ser humano não deve afirmar: eu sei isto, mas poderá no máximo dizer: vi ou ouvi falar daquilo; mas se ele quiser agir direito, de acordo com a verdade, será obrigado a dizer: eu não sei!

Será em qualquer circunstância um procedimento mais acertado do que narrar algo com que absolutamente não tem nada a ver, o que, portanto, também não pode ser um saber real, ao passo que, com um relato parcial, só pode lançar suspeitas ou fazer carga sobre outras pessoas, talvez até mesmo desnecessariamente lançá-las na desgraça, sem conhecer as verdadeiras conexões. Por conseguinte, pesai meticulosamente com vossa intuição cada palavra que quiserdes empregar.

Quem pensa mais profundamente, não se contentando com conceitos já enrijecidos, que servem de autodesculpa para tagarelas presunçosos e para a má vontade, esse compreenderá facilmente as explicações e aprenderá a examinar serenamente e com visão mais ampla tudo quanto tiver que falar.

Já inúmeros de tais conceitos restritos, com suas consequências nocivas entre os seres humanos terrenos, se tornaram costume, sendo avidamente agarrados e nutridos pelos escravos do raciocínio, como os instrumentos mais espontâneos das influências luciferianas das trevas mais pesadas.

Aprendei a observar atentamente as correntezas nesta Criação e a utilizá-las direito, pois trazem em si a Vontade de Deus e com ela a Justiça de Deus em forma pura. E então tornareis a encontrar também vossa legítima condição humana, que fora arrebatada de vós.

Quanto sofrimento será evitado assim, e a quantas pessoas desejosas de fazer o mal entre as criaturas humanas será tirada também a possibilidade de ação!

A esse mal se deve atribuir também o facto de a descrição da existência terrena de Jesus, o Filho de Deus, não ser concorde em todos os pontos com os factos, razão pela qual no decorrer do tempo até hoje surgiu no pensar das criaturas humanas um quadro inteiramente falso. De idêntico modo foram distorcidas as palavras dadas por ele, como aconteceu com todos os ensinamentos que foram elevados a religião e que deviam trazer ao ser humano elevação e aperfeiçoamento do espírito.

E nisso reside também a grande confusão entre todos os seres humanos, que cada vez podem se entender menos, reciprocamente, o que faz crescer e florescer o descontentamento, a desconfiança, a calúnia, a inveja e o ódio.

Tudo isso são sinais infalíveis do progressivo enrijecimento na Terra!

Erguei vosso espírito, principiai a pensar e falar com visão ampla e total! Isto condiciona naturalmente também que trabalheis não somente com o raciocínio, que faz parte da matéria mais grosseira, como também que deis novamente a vosso espírito as possibilidades de guiar vosso raciocínio, que deve servi-lo, conforme as determinações de vosso Criador, que desde o início vos deixou surgir sem mácula aqui na Terra.

São tantas as coisas que já se acham na primeira fase do enrijecimento, que breve poderá ser tomado todo o vosso pensar, devendo seguir canais inflexíveis e férreos que só vos trarão ainda mal-estar, sofrimento sobre sofrimento, e que acabarão reduzindo vossa condição humana ao estado de máquina sem conteúdo, servindo apenas às trevas, distanciada de toda a Luz.

 

Abdruschin

 

(*) Nota de tradução: como cérebro anterior devemos entender o cérebro propriamente dito, e como cérebro posterior devemos entender o cerebelo.

 

Dissertação 09 “Enrijecimento” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Infantilidade

Novembro 05, 2015

A palavra “infantil” é uma expressão que os seres humanos, em seu modo leviano e impensado de falar, na maioria dos casos empregam erroneamente.

Devido ao estorvo da preguiça espiritual, essa expressão não é suficientemente intuída para poder ser compreendida direito. É claro que quem não a houver compreendido em toda a sua extensão jamais poderá emprega-la acertadamente.

E entretanto é exatamente a infantilidade que oferece uma forte ponte aos seres humanos para a escalada às alturas luminosas, para a possibilidade de amadurecimento de cada espírito humano e para o aperfeiçoamento em prol duma eterna permanência nesta Criação, que é a Casa de Deus Pai, que Ele pôs à disposição dos seres humanos, se… aí permanecerem como hóspedes agradáveis. Hóspedes que não danifiquem o recinto, que por graça lhes foi concedido apenas para usufruto, com mesa sempre fartamente posta.

Quão distanciado, porém, se encontra agora o ser humano dessa infantilidade, para ele tão necessária!

Contudo, sem ela nada poderá obter para o seu espírito. O espírito tem de possuir infantilidade, pois é e permanece uma criança da Criação, mesmo quando adquire total amadurecimento.

Uma criança da Criação! Nisso jaz o sentido profundo, pois tem de desenvolver de maneira a se tornar uma criança de Deus. Quando alcançar isso, só depende do grau de reconhecimento que ele está disposto a adquirir durante sua peregrinação através de todas as matérias.

Conjuntamente com essa disposição tem de mostrar também a ação. Nos planos espirituais, a vontade é também ao mesmo tempo ação. Vontade e ação sempre são acolá uma coisa única. Contudo, isto só é assim nos planos espirituais e não nos planos materiais. Quanto mais espesso e mais pesado for um plano da matéria, tanto mais longe a ação fica da vontade.

Que a espessura age dificultando, já se percebe no som que tem de passar na movimentação através da matéria, que o retarda conforme a qualidade dessa espessura. Isto é nitidamente percetível, mesmo nas distâncias mais curtas.

Quando uma pessoa corta madeira em pedaços, ou prega nas vigas em qualquer construção, pode-se ver bem nitidamente a pancada da sua ferramenta, ao passo que o som só chega após alguns segundos. Isto é tão notório, que não há pessoa que não tenha assistido a isso aqui e acolá.

Coisa análoga, mas ainda mais difícil, ocorre com o ser humano na Terra com relação à vontade e à ação. A vontade irrompe no espírito e imediatamente se torna ação nele. Todavia, para que a vontade se torne visível na matéria, precisa do corpo de matéria grosseira. Somente no impulso cada corpo age já alguns segundos depois do irromper da vontade. Com isso fica excluído o trabalho mais demorado de um cérebro anterior, o qual normalmente tem que proporcionar o caminho da vontade até a impressão sobre a atividade do corpo.

[…]

O adulto não deve esquecer que o infantil não é pueril. Ignorais, porém, porque o infantil pode atuar assim, o que ele é, na realidade! E porque Jesus disse: Tornai-vos como as crianças!

Para sondar o que seja infantil, deveis primeiramente ficar cientes de que o infantil absolutamente não fica ligado à criança. Vós mesmos conheceis com certeza crianças nas quais falta a graciosa e genuína infantilidade! Uma criança maldosa nunca dará a impressão de ser infantil; tampouco uma criança desobediente, isto é, mal-educada!

Torna-se assim explícito que infantilidade e criança são duas coisas independentes.

Aquilo que na Terra se chama infantil é um ramo do efeito da Pureza! Pureza no sentido mais elevado e não apenas no sentido humano-terreno. O ser humano que vive na irradiação da Pureza Divina, que proporciona dentro de si morada para a irradiação da Pureza, adquire com isso também a condição infantil, quer seja na idade da criança, quer quando adulto.

A infantilidade é o resultado da Pureza interior, ou o sinal de que tal criatura humana se devota à Pureza e a serve. Trata-se somente de diferentes modos de expressão; na realidade, porém, sempre a mesma coisa.

Por conseguinte, somente uma criança pura pode causar a impressão de ser infantil, assim como um adulto que cultiva a Pureza em si. Por esse motivo, ele desperta confiança e exerce uma influência refrescante e vivificadora!

E onde existe a verdadeira Pureza pode também surgir o verdadeiro Amor, pois o Amor de Deus atua na irradiação da Pureza. A irradiação da Pureza é o seu caminho, por onde ele segue. Não seria capaz de seguir por outro.

Aquele que não absorveu em si a irradiação da Pureza, a esse nunca poderá chegar a irradiação do Amor de Deus!

O ser humano, porém, com o seu afastamento da Luz, privou-se da infantilidade por causa do seu pensar intelectivo e unilateral, ao qual sacrificou tudo o que podia soerguê-lo; e assim se chumbou com mil correntes firmemente à Terra, isto é, à matéria grosseira, que o retém até que possa libertar-se, o que não poderá conseguir com a morte terrena, e sim somente com o despertar espiritual.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 10 “Infantilidade” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I

Castidade

Novembro 05, 2015

A castidade é um conceito tornado tão incrivelmente limitado pelos seres humanos, que nada resta de sua significação real, tendo sido mesmo arrastado por um caminho falso, e como consequência natural essa deformação trouxe para muitas pessoas uma opressão inútil e mesmo muitas vezes um inaudito sofrimento.

Perguntai onde quiserdes o que vem a ser a castidade e por toda a parte vos será dada como resposta a ideia duma castidade corporal, explicada de alguma maneira; em todo caso culmina nisso a conceção dos seres humanos terrenos.

Isso dá testemunho completo do restrito modo de pensar das criaturas humanas subordinadas ao raciocínio, que demarcou os limites de tudo o que é terrestre, por não poder alcançar mais longe com suas capacidades nascidas do terrenal.

Como seria fácil para o ser humano fazer-se passar por casto, criar para si uma reputação nesse sentido, enquanto se expõe ao sol duma autoglorificação vaidosa. Com isso, porém, não consegue dar um passo para as alturas, rumo aos jardins luminosos, que constituem o Paraíso, a meta final e bem-aventurada de cada espírito humano.

Nada adianta ao ser humano terrestre conservar casto seu corpo terreno e macular seu espírito, pois assim jamais conseguirá transpor as soleiras que dão acesso dum degrau a outro para cima.

A castidade é coisa bem diversa do que os seres humanos imaginam, muito maior, mais ampla, não exige que se coloquem contra a natureza, pois isso seria uma transgressão às leis que vibram na Criação de Deus, o que não pode ficar sem efeitos prejudiciais.

A castidade é o conceito terreno da Pureza, que é Divina. Em cada espírito humano o esforço para atividades materiais é um reflexo pressentido da evidência Divina. A Pureza é Divina, a castidade é a sua imitação pelo espirito humano, isto é, uma imagem espiritual que pode e deve se tornar visível na atuação terrena.

Isto deveria bastar como lei básica, para que cada espírito humano amadurecido cumprisse a castidade. Mas na Terra o ser humano, sob a pressão de diversos desejos egoísticos, tende a iludir-se a si próprio em algo que na realidade nem existe nele, somente para obter a satisfação de seus desejos.

O egoísmo caminha sempre na vanguarda e atordoa assim a vontade realmente pura! O ser humano nunca confessaria isso a si próprio e se deixa levar calmamente. Quando já não sabe mais o que alegar a si mesmo, então ele chama muitas vezes, sua inequívoca tendência, de contingência do destino, à qual tem de se submeter, para conseguir a satisfação de seus contestáveis desejos pessoais.

Por isso necessita, como apoio e regra, ainda de outras indicações que o ajudem a vivenciar e reconhecer o que realmente seja a castidade, de como reside na Vontade de Deus, que não quer na Terra nenhuma separação da natureza.

No Divinal a Pureza se acha estreitamente unida ao Amor! Por conseguinte, na Terra a criatura humana não deve também procurar separá-la, se quiser obter bênçãos.

Entretanto, também o Amor na Terra é apenas uma caricatura má daquilo que ele realmente é. Por isso, ele não pode, sem antes sofrer uma transformação, unir-se ao verdadeiro conceito da Pureza.

Dou com isso a todos quantos se esforçam por atingir a castidade uma indicação que proporciona o apoio de que o ser humano precisa na Terra para viver de tal maneira como está nas leis da Criação e como, portanto também é de agrado a Deus:

“Todo aquele que ao agir reflete que não deve causar dano a seu semelhante, o qual nele confia, nem empreender nada que possa oprimi-lo, então acabará agindo sempre de forma a permanecer espiritualmente sem carga de culpas e por essa razão poderá realmente ser chamado casto!”

As palavras singelas, compreendidas direito, podem guiar o ser humano através de toda a Criação, inteiramente protegido, e soerguê-lo aos jardins luminosos, sua Pátria verdadeira. As palavras são a chave para a atuação certa na Terra, pois a verdadeira castidade repousa nelas.

Jesus, Filho de Deus, expressou exatamente a mesma coisa com as seguintes palavras:
“Ama a teu próximo como a ti mesmo!”

Deveis, contudo, acautelar-vos de cair nos antigos erros humanos e de ajeitar outra vez o sentido das palavras e deformá-las parcialmente, para que sirvam os vossos interesses egoísticos, apaziguando-vos quando agis erradamente, embalando o descuido de vosso próximo ou até iludindo-o.

Assimilai tais palavras conforme em verdade devam ser assimiladas, e não como vos parecer comodo e consentâneo com vossos caprichos. Então elas serão para vós como a espada mais afiada em vossas mãos, com a qual podereis combater todas as trevas, bastando quererdes. Tornai vivas essas palavras dentro de vós de modo certo, a fim de abrangerdes a vida na Terra como vencedores jubilosos, cheios de gratidão!

 

Abdruschin

 

Dissertação 11 “Castidade” da obra “Mensagem do Graal” Na Luz da Verdade, volume I

O primeiro passo

Novembro 05, 2015

Deixai minha Palavra se tornar viva em vós, pois unicamente isto pode vos trazer aquele proveito de que precisais, para que vosso espírito possa elevar-se às alturas luminosas dos eternos jardins de Deus.

Não adianta nada saber da Palavra! E mesmo que possais saber de cor a minha Mensagem inteira, frase por frase, a fim de instruirdes a vós próprios e aos vossos semelhantes… não adiantará nada, se não agirdes de acordo, se não refletirdes no sentido da minha Palavra, e se em toda a vossa existência terrena não vos enquadrardes nela como sendo uma coisa natural, que se impregnou em vossa carne e em vosso sangue, e que não se deixa separar de vós. Somente assim podereis haurir os valores eternos de minha Mensagem, e o que ela contém para vós.

Por suas obras deveis reconhecê-los! Estas palavras de Cristo, destinam-se antes de mais nada a todos os leitores da minha Mensagem! Por suas obras, quer dizer, por sua atuação, isto é, seus pensamentos, seus atos no quotidiano da existência terrena! Como atos se compreende também o vosso modo de falar e não apenas o vosso modo de agir, pois o falar é uma ação, que até agora tendes subestimado nos seus efeitos. A isso pertencem até mesmo os pensamentos.

Os seres humanos estão acostumados a dizer que os pensamentos “não pagam taxas”. Com isso querem significar que não podem ser chamados a prestar contas terrenamente sobre pensamentos, porque estes se acham num degrau que as mãos do ser humano não alcançam.

É por isso que muitas vezes brincam da maneira mais leviana com os pensamentos, ou, melhor dito, brincam em pensamentos. Trata-se, não raro, infelizmente, de brinquedo muito perigoso, na leviana suposição de que disso poderão sair indenes.

Enganam-se nisso todavia, pois também os pensamentos pertencem à matéria grosseira e também em todas as circunstâncias nela mesma, devem ser antes remidos, para que um espírito se torne apto a subir livremente, assim que se desfaça a ligação com o corpo terreno.

Procurai, portanto, vibrar constantemente, já com os vossos pensamentos, no sentido de minha Mensagem, de modo a só quererdes o que é nobre, não descendo a baixezas, apenas porque imaginais que ninguém pode ver ou ouvir.

Pensamentos, palavras e atos exteriores pertencem todos eles ao reino da matéria grosseira desta Criação!

Os pensamentos agem na parte fina da matéria grosseira, as palavras na média e os atos exteriores se formam na mais grosseira, isto é, na mais espessa matéria grosseira. Todas essas três maneiras de vossa atuação são materialmente grosseiras!

Mas as formas de todas as três estão estreitamente ligadas umas às outras e seus efeitos se entrelaçam. O que isso significa para vós, e como muitas vezes pode se tornar incisivo e determinante no decorrer de vossa existência, não podeis calcular no primeiro momento.

Não significa outra coisa senão que também um pensamento automático em sua espécie, pode, continuando a agir, fortalecer uma contextura de igual espécie e assim dar ensejo a formas mais vigorosas na matéria grosseira média, bem como, seguindo nesse fortalecimento e prosseguir atuando, redundar numa forma atuante visível na matéria mais grosseira, sem que pareça que vós próprios coparticipeis diretamente.

É abalador saber disso, quando se conhece a leviandade e displicência no pensar dos seres humanos terrenos.

[…]

Acautelai-vos de querer obter à força, lutando, essa pureza de pensamento, pois desse modo a comprimireis em determinadas direções, e vossos esforços se transformarão em ilusão, ficando forçada somente artificialmente, e jamais poderia ter o grande efeito que deveria ter. Vossos esforços se tornariam nocivos em lugar de úteis, por lhes faltar a autenticidade da livre intuição. Isso mais uma vez seria um efeito da vontade do vosso raciocínio, nunca, porém, o trabalho do vosso espírito! Advirto-vos disso!

Pensai na Palavra da minha Mensagem, que vos diz que toda a grandeza autêntica só pode residir na simplicidade, pois toda a verdadeira grandeza é simples. A simplicidade a que me refiro, vós certamente podereis melhor compreender, se colocardes nesse lugar, como termo de transição, o conceito humano-terreno de singeleza. Isso talvez esteja mais perto da vossa capacidade de compreensão e acertareis.

Não será com vontade mental que podereis dar aos vossos pensamentos aquela pureza a que me refiro, mas sim singelamente e sem limites tem de brotar em vós a vontade pura, partindo da vossa intuição, e não comprimida numa palavra, a qual apenas limitadamente pode deixar surgir um conceito. Assim não deve ser, mas, pelo contrário, um impulso ilimitado para o bem, que seja capaz de envolver o surgimento de vossos pensamentos, penetrando-os, antes mesmo de tomarem forma; isso é o certo e do que necessitais.

Não é difícil, é mesmo mais fácil do que outras tentativas, tão logo deixeis a singeleza governar, na qual não há possibilidade de surgir a presunção intelectiva da própria capacidade e da própria força. Esvaziai-vos de pensamentos e deixai irromper livremente em vós o impulso para as coisas nobres e boas, e tereis então aquela base para o pensar, que promana da vontade do vosso espírito; e o que surgir daí podeis deixar com toda a calma ser executado na matéria grosseira mais densa pelo trabalho mental. Assim nunca poderá se formar algo errado.

Atirai para longe de vós aflições oriundas de pensamentos, confiando tão só em vosso espírito, que abrirá para si o caminho certo, caso vós próprios não o emuralhardes. Tornai-vos livres em espírito, outra coisa não quer dizer senão, deixai em vós o espírito seguir o seu caminho! Ele nem poderá então fazer outra coisa a não ser seguir para as alturas, pois por sua própria contextura será atraído com segurança para cima. Até aqui o detivestes, de modo que ele não mais pôde se desenvolver, pois paralisastes com isso seu vibrar ou suas asas.

A base para a formação duma nova humanidade reside nesta única frase que já não podeis nem deveis contornar: Conservai puro o foco dos vossos pensamentos!

Por aí é que o ser humano tem de começar! É a sua primeira tarefa, que o prepara para aquilo que ele tem de se tornar. Um exemplo para todos os que se esforçam para a Luz e a Verdade, e que querem servir agradecidos ao Criador, através da maneira de todo o seu ser. Quem cumpre isso não precisa mais de quaisquer outras instruções. Ele é como deve ser e desse modo receberá auxílios integrais que o aguardam na Criação e ininterruptamente o conduzirão para o alto.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 12 “O Primeiro Passo” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O Mundo

Novembro 05, 2015

O Mundo! Quando o ser humano emprega esta palavra, na maior parte das vezes a articula impensadamente, sem chegar a fazer uma ideia objetiva de como possa ser realmente isso a que ele chama o mundo.

Contudo, muitas pessoas que procuram imaginar algo sobre isso veem mentalmente inúmeros corpos celestes de tamanhos e formas as mais diversas, percorrendo no Universo suas determinadas orbitas, e todos eles ordenados em sistemas solares. Sabem que, à medida que aparecem instrumentos mais fortes e de mais longo alcance, mais corpos celestes se irão tornando visíveis. E então o ser humano mediano se compraz com a palavra “infinito”, iniciando-se nele com isso o erro de uma noção falsa.

O mundo não é infinito. É a Criação material, isto é, a obra do Criador. Como todas as demais, essa obra se acha ao lado do Criador, e é, como tal, limitada.

Os assim chamados progressistas frequentemente se sentem orgulhos em possuírem o reconhecimento de que Deus repousa na Criação toda, em cada flor, em cada pedra e de que Deus é a força propulsora da natureza, por conseguinte, de tudo o que é imperscrutável, que se torna percetível, mas que não é possível se compreender realmente. Uma energia primordial de efeitos permanentes, uma fonte de forças atuantes renovando-se perenemente, a Luz Primordial Inenteal. Cuidam-se sumamente adiantados com a conceção de que Deus é uma força propulsora que, penetrando em tudo, é encontrada em toda a parte, agindo sempre com a única finalidade de desenvolvimento para a perfeição.

Isto, porém, é certo apenas em determinado sentido. Encontramos no conjunto da Criação apenas a Sua Vontade e, com isso, o Seu Espírito e a Sua Força. Ele próprio se encontra muito acima da Criação.

A Criação material, desde que surgiu, está ligada às leis imutáveis do formar e decompor, pois aquilo que nós chamamos de leis da natureza não é senão a Vontade criadora de Deus que, atuando continuamente, forma e desfaz mundos. Essa Vontade criadora é uniforme em toda a Criação, à qual pertencem, como uma só coisa, os mundos de matéria fina e de matéria grosseira.

A uniformidade incondicional e inamovível das leis primordiais, isto é, da Vontade Primordial, acarreta que nos mínimos fenómenos da Terra de matéria grosseira tudo sempre se desenrola exatamente como tem de ocorrer em qualquer fenómeno, portanto, também nos mais gigantescos acontecimentos da Criação inteira, e como na própria génese.

A forma rigorosa da Vontade Primordial é singela e simples. Encontrá-la-emos facilmente, uma vez reconhecida, em todas as coisas. A confusão e a incompreensibilidade de muitos fenómenos decorrem apenas dos emaranhados rumos e percursos, formados pelas diferentes vontades dos seres humanos.

A obra de Deus, isto é, o mundo, se acha portanto, como Criação, submetida a todas as leis Divinas das quais se originou; por conseguinte, é limitada, permanecendo sempre uniforme e perfeita.

[…]

Eterno e sem fim, isto é, infinito, é apenas o movimento circular da Criação, no seu ininterrupto formar, perecer, para outra vez tomar nova forma.

Nesses acontecimentos se cumprem outrossim todas as revelações e promessas. Por último se cumprirá nisso também para a Terra o “Juízo Final”!

O Juízo Final, isto é, o último Juízo, chegará uma vez para cada corpo sideral material, porém esse acontecimento não ocorre ao mesmo tempo em toda a Criação.

Trata-se de um fenómeno necessário para cada parte da Criação que já tenha, em seu circuito, atingido o ponto em que sua dissolução deve começar, a fim de poder tomar nova forma no caminho a seguir.

Por movimento circular eterno não se entende o ciclo rotativo da Terra e de outros astros em torno de seu sol, mas sim o grande e mais poderoso ciclo que todos os sistemas solares por sua vez devem percorrer, enquanto também executam seus movimentos específicos e próprios.

O ponto no qual deve principiar a dissolução de cada corpo sideral está fixado exatamente, e isso também em base da consequência de leis naturais. Trata-se dum lugar certo no qual se deve operar o processo de decomposição, independentemente do estado do respetivo corpo sideral e de seus habitantes.

O movimento circular de cada corpo sideral o impele de modo inexorável nessa direção e chegará sem retardamento a hora de sua decomposição que, como em tudo o que foi criado, significa na realidade somente uma transformação, a oportunidade para uma evolução progressiva. Aí terá chegado a hora da “decisão” para cada ser humano. Ou será soerguido à Luz, caso tenha visado ao espiritual, ou ficará acorrentado à matéria a que está aderido, caso suas convicções só reconheçam mérito e valia nas coisas materiais.

Neste caso não conseguirá elevar-se da matéria na consequência lógica da sua própria vontade e será arrastado com ela no último trecho do caminho para a decomposição. Isto é então a morte espiritual! Equivale a ser riscado do Livro da Vida.

Este processo, em si tão natural, é denominado também condenação eterna, visto “ter que deixar de existir pessoalmente” quem for levado desta forma à decomposição. A pior coisa que pode acontecer a uma criatura humana. É considerada uma “pedra imprestável”, inadequada para uma construção espiritual, devendo por isso mesmo ser triturada.

Essa separação do espírito da matéria, ocorrendo também em base de leis e fenómenos totalmente naturais, é o assim chamado “Juízo Final”, que se acha ligado a grandes transformações e mudanças.

Que tal dissolução não se processará num dia terrenal, todas as pessoas compreenderão facilmente, pois nos fenómenos cósmicos um milénio corresponde a um dia.

[…]

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 13 “O Mundo” da obra “Mensagem do Graal” Na Luz da Verdade, volume I

A Estrela de Belém

Novembro 05, 2015

Far-se-á então Luz aqui na Terra, conforme outrora já deveria ter sido, quando a Estrela da promessa brilhou sobre um estábulo em Belém.

Mas em tal época a Luz foi recebida só por poucos e os que ouviram falar, segundo o hábito dos seres humanos, logo a deformaram e alteraram, procurando substituir coisas esquecidas por ideias suas, produzindo com isso uma confusão que hoje pretende passar como verdade intocável.

Com receio que tudo isso venha a ruir, se o menor dos pilares se mostre falso, combatem eles qualquer fulgor de Luz que possa trazer o reconhecimento, denigrem-no e, onde isso não for possível, procuram pelo menos torná-lo ridículo com uma malicia e perfídia que mostra ao raciocínio lúcido, nitidamente, que tal atitude nasce do medo! Contudo, o raciocínio lúcido é coisa rara de se encontrar na Terra.

Não obstante tudo isso, a Luz do legítimo reconhecimento tem de chegar finalmente até toda a humanidade!

É chegado o tempo em que tudo quanto é malsão, produzido pelo cérebro humano, será arremessado para fora da Criação, a fim de que no futuro não mais impeça a elucidação de que a Verdade é muito diferente do que essas imagens insustentáveis que a presunção ostensiva, o sentido comercial, a ilusão doentia e a hipocrisia criaram do pântano visguento das tendências acanhadas e baixas, visando o poder terreno e a admiração terrena.

Assim, pois, malditos sejam esses que escravizaram a tal ponto milhões de seres humanos, desviando-os erroneamente, que hoje não ousam mais abrir seus olhos à Luz, e sim injuriam às cegas, tão logo soe em seus ouvidos algo de timbre diferente do que até então ouviram, ao invés de finalmente ficar à escuta e de procurar averiguar uma vez que seja, se o que lhes advém de novo não se aproxima mais de sua compreensão do que o que foi aprendido até aqui.

[…]

Deus teria agido contra suas próprias leis, se com referência a Cristo tivesse acontecido conforme a tradição propala. Mas tal Lhe é impossível, porque Ele é perfeito desde o início, e com isso também Sua Vontade, que está nas leis da Criação. Quem ousa ainda pensar diferentemente duvida dessa perfeição, e portanto acaba duvidando também de Deus! Pois Deus sem perfeição não seria Deus. Quanto a isso não há escapatória! A respeito dessa certeza tão simples não pode um espírito humano sofismar, mesmo que os fundamentos de tantas conceções genéricas atuais tivessem que ficar abalados. Quanto a isso, só há sim ou não. Tudo ou nada. Uma ponte não é aqui possível construir, porque algo pela metade ou incompleto não pode existir na Divindade! Tampouco naquilo que se ocupa com Deus!

Jesus foi gerado na matéria grosseira, do contrário um nascimento terreno não teria sido possível.

Apenas por alguns foi a Estrela outrora reconhecida como a realização das promessas. Assim pela própria Maria e por José, que, comovido, escondeu o rosto.

Três reis descobriram o caminho para o estábulo e ofereceram presentes terrenos; contudo, logo a seguir deixaram a criança desamparada, cujo percurso na Terra deviam amparar com seus tesouros, com seu poder, para que nenhum sofrimento lhe adviesse durante o cumprimento de sua missão. Não reconheceram devidamente suas sublimes incumbências, não obstante terem sido elucidados para poderem achar a criança.

Um estado de inquietação impelia Maria a deixar Nazaré, e José, vendo seu sofrimento silencioso, sua ansiedade, lhe satisfez a vontade, só para alegrá-la. Entregou os cuidados de sua carpintaria ao mais velho de seus ajudantes e viajou com Maria e a criança para um país longínquo. Com o decorrer dos dias de trabalho e com suas preocupações diárias se foi apagando nos dois lentamente a lembrança da Estrela Radiante, principalmente pelo facto de Jesus não haver mostrado nada fora do comum em sua infância, e sim ter sido inteiramente normal como todas as crianças.

Só depois que José, que sempre foi o melhor amigo paternal de Jesus, após seu regresso à cidade natal, veio a falecer, foi que viu, nos últimos momentos terrenos de seu trespasse, por cima de Jesus, que estava sozinho junto ao seu leito de morte, a Cruz e a Pomba. Trémulas foram suas últimas palavras: “Então és tu mesmo!”

O próprio Jesus nada sabia disso, até que se sentiu impelido para João, a cujo respeito estava informado de que revelava sábios ensinamentos no Jordão e batizava.

Nesse ato material grosseiro de um batismo o começo da missão se radicou solidamente na matéria grosseira. A venda caiu. Jesus, a partir desse momento, tornou-se cônscio de que devia trazer a Palavra do Pai à humanidade terrena.

Sua vida inteira desenrolar-se-á assim diante de vós, conforme realmente foi, despida de todas as fantasias dos cérebros humanos! Com a conclusão final dos acontecimentos do Juízo, tudo se tornará notório a todos na vitória da Verdade, que não mais deverá ser obscurecida por longo tempo! Maria lutou dentro de si com dúvidas que se fortaleceram com os cuidados maternos pelo filho até à difícil caminhada para o Gólgota. De modo inteiramente humano e não sobrenatural. Somente lá lhe veio finalmente o reconhecimento da missão de Jesus e, com isso, a fé.

Agora, porém, com a volta da Estrela, devem por graça de Deus ser desfeitos todos os erros, e desfeitos também todos os enganos daqueles que, sem agir por obstinação nem má vontade, ainda assim dificultaram o caminho de Cristo naquele tempo e que agora no termo final chegaram ao reconhecimento e procuram reparar o que negligenciaram ou erraram.

Ante essa vontade de reparação, vem ao encontro deles a salvação com a Estrela Radiante, e libertados poderão eles, jubilosamente, agradecer Àquele que em Sua sabedoria e bondade criou as leis, pelas quais as criaturas devem julgar-se e também redimir-se.

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 14 “A Estrela de Belém” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

A luta

Novembro 05, 2015

De duas conceções do mundo, em rigorosa oposição uma à outra, não se podia falar até agora. A expressão luta é, portanto, inadequadamente escolhida para o que ocorre deveras entre os seres humanos de raciocínio e os que buscam com sinceridade a Verdade.

Tudo quanto aconteceu até agora consistiu em ataques unilaterais dos seres humanos de raciocínio; ataques esses que para os observadores serenos têm de parecer visivelmente infundados e muitas vezes ridículos. Contra todos aqueles que essencialmente procuram o desenvolvimento espiritual cada vez mais alto, mesmo conservando serena reserva, irrompem zombarias, hostilizações e até mesmo perseguição da pior forma. Há sempre alguns que experimentam com escárnio ou com violência fazer recuar os que se esforçam para cima, e tudo fazem para lançá-los em sonolências obtusas ou em marasmos hipócritas das massas.

Muitos acabavam se tornando com isso autênticos mártires, porque não somente a grande maioria humana como também os poderes terrenos estão do lado das criaturas humanas de raciocínio. E o que estas podem dar já se acha nitidamente indicado na palavra “raciocínio”. Isto é: limitação estreita da capacidade de compreensão, visando o puramente terreno, portanto, a ínfima parte da verdadeira existência.

Que isto não pode de maneira alguma trazer algo de perfeito, aliás nada de bom, para uma humanidade cuja existência se passa principalmente através de partes que as próprias criaturas humanas dominadas pelo raciocínio fecharam para si, é perfeitamente compreensível. Sobretudo quando se considera que exatamente a diminuta vida terrestre deve se tornar um momento decisivo para toda a existência, acarretando incisivas intervenções em outras partes que são para os seres humanos de raciocínio completamente incompreensíveis.

A responsabilidade dos seres humanos de raciocínio, já tão decaídos, cresce desse modo para dimensões enormes, contribuindo com forte pressão para comprimi-los cada vez mais depressa ao encontro do alvo escolhido, para que eles finalmente sejam obrigados a usufruir os frutos daquilo que propagaram com presunção e tenacidade.

Como seres humanos de raciocínio se deve compreender aqueles que se submeteram incondicionalmente ao seu próprio raciocínio. Julgaram-se estes, desde milénios, e de maneira esquisita, possuidores do direito absoluto de impor suas convicções restritas, usando da lei e da violência também sobre aqueles que desejam viver de conformidade com outras convicções. Essa arrogância totalmente ilógica reside por sua vez apenas na restrita capacidade de compreensão dos seres humanos de raciocínio, a qual não consegue elevar-se mais alto.  Exatamente a ligação lhes traz um assim chamado clímax de compreensão, facto pelo qual têm de surgir tais ilusões presunçosas, por acreditarem que se encontram realmente nas alturas máximas. De facto, para eles, assim o é, pois há ali um limite que não conseguem transpor.

[…]

O saber do desenvolvimento das religiões com todos os seus erros e falhas não leva os seres humanos para mais perto de Deus, o mesmo se dando com a interpretação intelectiva da Bíblia ou de outros escritos valiosos das diferentes religiões.

O raciocínio está e permanece ligado ao espaço e ao tempo, portanto preso à Terra, ao passo que a Divindade e por conseguinte também o reconhecimento de Deus e de Sua Vontade está acima do tempo, do espaço e de tudo quanto é transitório, nunca podendo por essa razão ser compreendido pelo limitado raciocínio.

Por esse simples motivo o raciocínio não é destinado para elucidar valores eternos. Contradizer-se-ia a si próprio. Assim, pois, quem nestes assuntos se vangloria de habilitações universitárias, querendo desprezar as pessoas que não se deixam influenciar, já comprova sua incapacidade e estreiteza. As pessoas que pensam intuirão logo a unilateralidade e se acautelarão com aquele que as põe de sobreaviso de tal maneira!

Somente os predestinados podem ser legítimos mestres. E predestinados são aqueles que trazem em si a capacitação. Tais dons de capacitação não requerem contudo formação universitária, e sim vibrações duma apurada capacidade intuitiva que consegue se elevar acima do tempo e do espaço, isto é, ultrapassar os limites da compreensão do raciocínio terreno.

Além disso, todo ser humano de interior liberto sempre dará valor a uma coisa ou a uma doutrina pelo que ela traz, e não por quem a apresenta. Esta última hipótese é, para aquele que examina, um testemunho de pobreza como não pode ser maior. Ouro é ouro, quer esteja nas mãos de um príncipe, quer nas dum mendigo.

Essa irrevogável realidade, porém, procura-se omitir e alterar com tenacidade, justamente nas coisas mais preciosas do ser humano espiritual. Evidentemente com tão pouco resultado como no caso do ouro. Pois aqueles que procuram deveras com sinceridade não se deixam influenciar por tais manobras de desvio em averiguar pessoalmente. Já os que se deixam influenciar através disso ainda não estão amadurecidos para o recebimento da Verdade, ela não é para eles.

Contudo, distante não está a hora em que deve começar uma luta que até aqui faltava. A unilateralidade acabará e virá um confronto rigoroso, destruindo todas as falsas presunções.

 

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 15 “A Luta” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

A moderna ciência do espírito

Novembro 05, 2015

Moderna ciência do espírito! Quanto não se acha reunido sob essa bandeira! Quanto não se encontra aglomerado e quantas lutas não se travam aí em baixo! Trata-se de uma arena de sérias pesquisas, pouca sabedoria, grandes planos, vaidade, estupidez e muitas vezes também duma vazia fanfarronice e, mais ainda, de interesses comerciais sem escrúpulos. Não raro florescem dessa balbúrdia a inveja e o ódio sem limites, redundando por fim em pérfidas vinganças da mais baixa classe.

Em tais circunstâncias, não é de admirar, por conseguinte, que muitas pessoas se esquivem de todo esse pandemónio, como se fossem se envenenar, caso entrassem em contacto com isso. E nem se diga que não têm razão, pois inúmeros adeptos da ciência do espírito nada mostram em sua co0nduta que atraia ou empolgue deveras; pelo contrário, tudo neles desperta nos outros as maior cautela.

É curioso que todo o domínio da denominada ciência, confundida muitas vezes pelos malévolos ou pelos ignorantes com as ciências ocultas, constitua ainda hoje uma espécie de terra livre, onde qualquer pessoa pode introduzir suas ideias e confusões, desimpedida e irrefreadamente, sem incorrer em castigo.

Vale por isso. Contudo, as experiências já ensinaram bastantes vezes que isso não é assim!

Inúmeros desbravadores nesse domínio, que tiveram a suficiente leviandade de ousar alguns passos por aí adentro, contando apenas com conhecimentos imaginários, tornaram-se vítimas indefesas de seu descuido. E não deixa de ser lamentável que tantas vítimas tenham caído, sem que com isso pudesse ser proporcionado o mínimo lucro para a humanidade!

Cada um desses casos, propriamente, deveria ter sido uma prova de que o caminho tomado não é o certo, visto ocasionar só malefícios e até destruição, e nunca bênção alguma. No entanto, com uma teimosia toda especial são mantidos esses falsos caminhos e feitos sempre novos sacrifícios; ante cada grãozinho de qualquer evidência reconhecida na gigantesca Criação, levanta-se enorme gritaria e escrevem-se inúmeras dissertações, que devem espantar muitos pesquisadores sinceros, porque aí se torna nitidamente sensível um tatear incerto.

Todas as pesquisas empreendidas até agora, na realidade, podem ser chamadas de uma perigosa brincadeira com um fundo de boa intenção.

O setor da ciência do espírito, encarado como campo livre, nunca poderá ser percorrido impunemente, enquanto previamente não se souber levar em conta as leis espirituais em toda a sua amplitude. Toda e qualquer oposição consciente ou inconsciente, isto é, a “não-observância” das mesmas, o que equivale a uma transgressão, atingirá, por efeito de retorno inevitável, os ousados, frívolos ou levianos que não as consideram exatamente ou que não conseguem considerá-las.

Querer percorrer o extraterreno com meios e possibilidades terrenas outra coisa não é senão deixar uma criança, ainda não desenvolvida e ainda não familiarizada com os perigos terrenos, numa mata virgem, onde apenas um adulto, correspondentemente aparelhado, em sua força plena e com toda a cautela, tenha probabilidades de passar incólume.

Não é diferente com relação aos modernos cientistas do espírito em seu atual modo de trabalhar, mesmo quando se tenham na conta de sinceros e que só por causa da ciência se atrevem a tanto, a fim de ajudar os seres humanos a transpor uma fronteira onde desde há muito estacionam, batendo na porta.

Como crianças esses pesquisadores se quedam ali, desamparados, tateando, ignorando os perigos que a qualquer momento podem sobrevir ou através deles irromper sobre outras pessoas, tão logo com suas experiências incertas cavem uma brecha ou abram uma porta na muralha de natural proteção que, para muitos, melhor fora se permanecesse fechada.

Tudo isso só pode ter a designação de leviandade, e não de ousadia, enquanto os que querem avançar assim não souberem exatamente se têm o poder de dominar imediatamente de modo total todos os perigos que se apresentarem, não apenas em defesa própria, mas também alheia.

De maneira a mais irresponsável agem os “pesquisadores” que se entregam a experiências. Sobre os crimes da hipnose, repetidas vezes já foram feitas referências. (*)

[…]

Abdruschin

 

(*) Dissertação “O Crime da Hipnose”, vol II.

 

Excerto da Dissertação 16 “A Moderna ciência do espírito” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Caminhos errados

Novembro 05, 2015

As criaturas humanas, com poucas exceções, se encontram num engano ilimitado e, para elas, funesto!

Deus não necessita correr atrás delas nem rogar-lhes que acreditem na Sua existência. E também seus servos não são enviados para advertir continuamente, implorando para não O abandonar em hipótese alguma. Seria ridículo até. Seria menosprezar e rebaixar a Divindade excelsa pensar assim e esperar tal coisa.

Essa suposição errónea causa grande dano. É alimentada pelo procedimento de muitos padres realmente sérios, que, no seu sincero amor a Deus e aos seres humanos, experimentam, sempre de novo, convencer e conquistar criaturas humanas materialistas para a igreja. Tudo isso contribui para aumentar desmedidamente a arrogância dos seres humanos, já tão cheios de si, dando por fim a muitos a ilusão de que devem ser implorados para querer o bem.

Isso contribui também para a esquisita atitude da maioria dos “fiéis” que assim, na maior parte das vezes, se apresentam como exemplos aterradores e não como modelos. Milhares e milhares sentem no seu íntimo uma certa satisfação, dão-se conta de um sentimento de elevação, só porque creem em Deus, porque recitam suas orações com a seriedade que lhes é possível e não causam intencionalmente dano algum ao próximo.

Nessa íntima “sensação de elevação” sentem uma certa compensação do bem, um agradecimento de Deus por sua obediência, uma espécie de ligação com Deus, em Quem também às vezes pensam com certo estremecimento sagrado, que causa ou deixa uma sensação de bem-aventurança, usufruída com felicidade.

Mas essa multidão de fiéis segue um caminho erróneo. Vivem felizes numa ilusão por eles próprios criada, alistando-se com isso inconscientemente no número dos tais fariseus que levavam suas pequenas oferendas com sentimentos de gratidão real, porém, errados: “Agradeço-Te, Senhor, por não ser como aqueles”. Claro é que não pronunciam tais palavras nem chegam a pensar assim realmente, mas o “eufórico sentimento” que experimentam no seu íntimo não significa mais do que aquela inconsciente oração de agradecimento, que já Cristo declarou como falsa.

Essa “sensação de elevação” interior outra coisa não representa em tais casos senão a consequência de uma autossatisfação provocada pela oração ou por bons pensamentos forçados. Os que se denominam humildes acham-se muitas vezes longe deveras da humildade! Faz-se mister grande sacrifício para se falar com tais fiéis. Jamais, em tempo algum, através de tal atitude alcançarão eles o estado de bem-aventurança que já supõem possuir! Bom será que cuidem de não se perder de todo, em seu orgulho espiritual, que consideram humildade.

Muitos do que até hoje ainda são incrédulos absolutos acabarão entrando com mais facilidade no Reino de Deus do que todas as multidões com sua vaidosa humildade, e que na verdade não se apresentam diante de Deus simplesmente rogando, mas sim exigindo que as recompense por suas orações e palavras piedosas. Seus rogos são exigências, sua maneira de ser hipocrisia. Serão varridas de Seu semblante como debulho vazio. Receberão a recompensa, sim, porém muito outra do que pensam. Já se saciaram suficientemente nesta Terra com s consciência de seu próprio valor.

A sensação eufórica desaparecerá logo no traspasse para o mundo de matéria fina, onde se põe em evidência a intuição íntima até aí mal pressentida, enquanto o sentimento até agora produzido de modo predominante apenas por pensamentos se desfaz em nada.

A assim chamada expetativa íntima, silenciosa e humilde, esperando uma melhoria, nada mais é na realidade do que uma exigência, mesmo quando de maneira diferente é expressa em palavras, por mais belas que sejam.

Cada exigência nada mais é do que uma arrogância. Só Deus pode exigir! Também Cristo não veio rogando até às criaturas humanas com sua Mensagem, e sim advertindo e exigindo. Sim, deu esclarecimentos sobre a Verdade, mas não expôs atraentes recompensas diante dos olhos dos seus ouvintes para dessa maneira os compelir a se tornarem melhores. Com serena severidade, ordenou aos que verdadeiramente procuravam: ide e agi de acordo!

Deus está diante da humanidade exigindo, não chamando e suplicando, não se queixando e lamentando. Calmamente abandonará às trevas todos os maus, bem como todos os indecisos, para não mais expor aos ataques aqueles que desejam ascender, e para deixar os outros vivenciar profundamente tudo quanto consideram certo, a fim de que possam chegar ao reconhecimento de seu erro!

Abdruschin

 

Dissertação 17 “Caminhos errados” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?

Novembro 05, 2015

Como uma noite profunda paira sobre esta Terra a escuridão de matéria fina! Já há muito tempo. Constringe a Terra num cerco tão denso e compacto, que cada sentimento intuitivo e luminoso que tenta subir assemelha-se a uma chama que por falta de oxigénio perde a força e, logo minguando, se extingue.

Terrível é esse estado da matéria fina que atualmente se manifesta com seus piores efeitos. Quem pudesse contemplar apenas por cinco segundos tais acontecimentos privar-se-ia de toda esperança de salvação, tamanho o seu pânico!

E tudo isso foi ocasionado por culpa da própria humanidade. Por culpa da sua propensão para o que é baixo. Tornou-se assim a humanidade a sua própria e maior inimiga. E mesmo os poucos que de novo se debatem com sinceridade para escalar as alturas correm o perigo de serem arrastados juntamente para as profundidades, onde se precipitam os outros com sinistra rapidez.

Dá-se como que um enlaçamento a que se segue forçosamente a absorção mortal. Absorção pelo pântano visguento e abafadiço, onde tudo submerge silenciosamente. Não é mais um lutar, e sim apenas um silencioso, mudo e sinistro estrangular.

E o ser humano não se dá conta disso. O torpor espiritual o torna cego ante fenómenos tão maléficos.

Entretanto, o pântano exala suas emanações contínuas e venenosas que acabam fatigando lentamente os que ainda têm forças e estão despertos, a fim de que terminem também submergindo adormecidos e sem forças.

Eis como é atualmente na Terra. Com isso não estou apresentando um quadro, mas sim Vida! Como tudo quanto é matéria fina tem formas, criadas e vivificadas pelo sentimento intuitivo das criaturas humanas, tal processo se desenrola de facto continuamente. E esse é o ambiente que aguarda as pessoas quando elas têm que sair da Terra, não podendo ser conduzidas para os páramos mais luminosos e mais belos.

Entretanto, as trevas se concentram cada vez mais.

Aproxima-se por isso a época em que a Terra deverá por um espaço de tempo ser entregue ao domínio das trevas, sem imediato auxílio da Luz, porque a humanidade forçou isso com sua vontade. As consequências dessa sua vontade, na maioria, obrigou a que se chegasse a tal contingência. – Trata-se do tempo que a João foi permito entrever outrora, em que Deus encobre Seu semblante.-

A noite estende-se em redor. Todavia, no auge das dificuldades, quando tudo, até mesmo o que há de melhor, está ameaçado de submergir, irrompe simultaneamente a aurora! Mas a aurora traz primeiramente as dores de uma grande purificação imprescindível, antes que possa começar a salvação dos que buscam com sinceridade, pois não poderá ser estendida mão alguma aos que aspiram a coisas baixas! Têm de cair até aos abismos aterrorizantes, onde unicamente poderão ter a esperança de despertar através de tormentos, os quais provocarão nojo de si próprios.

[…]

Tempo virá, sem dúvida, em que os corações de todos os seres humanos serão tocados com punhos férreos, quando com terrível inexorabilidade será extirpada a arrogância espiritual de todas as criaturas humanas. Então cairá também toda a dúvida que impede agora o espírito humano de se dar conta de que nada de Divino existe dentro dele, e sim muito alto, acima dele. E que só pode estar com imagem puríssima no altar de sua vida íntima, imagem essa que ele contempla em humilde oração.

Não é erro apenas, mas sim culpa, sempre que um espírito humano declara querer ser também Divino. Uma tal presunção acarretará sua queda, pois equivale à tentativa de arrancar o cetro da mão de seu Deus e de rebaixa-Lo ao mesmo degrau em que se encontra o ser humano, e cujo degrau ele nem sequer conseguiu preencher até agora, por querer vir a ser mais, voltando seu olhar para a altitude que nunca poderá atingir, nem sequer reconhecer. Com isso não se importou com a realidade, fez-se não somente inútil na Criação, como pior ainda, tornou-se nocivo!

Por fim a sua própria disposição falsa se encarregará de lhe demonstrar com sinistra nitidez que ele, em sua atual conjuntura tão baixa, não significa sequer a sombra de uma Divindade. O acúmulo de todo saber terreno, que foi juntado penosamente em milénios, reduzir-se-á a nada perante seus olhos apavorados; desamparado, vivenciará em si de que maneira os frutos de suas aspirações terrestres se tornam inúteis, transformando-se às vezes até mesmo em maldição. Então, poderá lembrar-se de sua própria Divindade, se conseguir!

De modo obrigatório retumbará em seus ouvidos: De joelhos, criatura, diante de teu Deus e Senhor! Não tentes injuriosamente arvorar-te a ti próprio a Deus!

A obstinação do preguiçoso espírito humano não prosseguirá.

Só então poderá a humanidade pensar também em ascensão.

E será então o tempo em que ruirá tudo o que não estiver em solo firme. As existências fictícias, os falsos profetas e respetivos círculos que os rodeiam se desmantelarão por si mesmos! Com isso também se tornarão evidentes os falsos caminhos de até então.

E muitos, satisfeitos consigo mesmos, reconhecerão, atónitos, que se encontram rente a um abismo e, guiados erroneamente, estão deslizando rapidamente para baixo, quando supunham com presumido orgulho estarem se elevando e se aproximando da Luz! Que abriam portas de proteção, sem dispor de força suficiente para a defesa. Que atraíam perigos sobre si, que num curso normal seriam transpostos por eles. Feliz daquele que então encontrar o caminho certo para a volta!

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 18 “O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Era uma vez...!

Novembro 05, 2015

São apenas três palavras, todavia parecem uma fórmula mágica, pois trazem consigo a prosperidade de despertar imediatamente em cada ser humano um sentimento intuitivo fora do comum. Raramente se trata dum sentimento intuitivo sempre igual. É semelhante ao efeito da música. Tal como sucede com a música, estas três palavras encontram seu caminho imediatamente para o espírito do ser humano, seu verdadeiro “eu”. Naturalmente, apenas com aqueles que não mantêm o espirito inteiramente enclausurado, e que ainda não perderam sua verdadeira natureza humana aqui na Terra.

Cada pessoa, porém, ante estas palavras, mesmo que não queira, sente imediatamente reminiscências de vivências passadas. Estas logo se apresentam vivas diante dela, e com a imagem sobrevém também o sentimento intuitivo correspondente.

Ternura saudosa para uns, felicidade melancólica, ou também silenciosos desejos irrealizáveis. Para outros, no entanto, orgulho, cólera, horror ou ódio. O ser humano sempre pensa em algo que outrora vivenciou, que lhe produziu uma impressão fora do comum, mas que ele presumia desde muito já extinta no seu íntimo.

Entretanto, nele nada se apagou, nada ficou perdido daquilo que ele realmente vivenciou outrora. Tudo isso pode chamar ainda de coisa sua, realmente adquirida e por conseguinte imperecível. Mas somente aquilo que foi vivenciado! Outra coisa não poderá surgir com tais palavras.

Preste o ser humano atenção, com cuidado e com o sentido alerta, exatamente sobre isso, e logo reconhecerá o que existe deveras vivo dentro dele e o que pode ser denominado morto, como forma sem alma de recordações inúteis.

Só tem finalidade e proveito para o ser humano, o que não devemos tomar aqui na aceção do corpo material, aquilo que durante sua existência terrena atuou com bastante profundidade, imprimindo-lhe na alma seu cunho particular, indelével e permanente. Somente tais impressões têm influências sobre a formação da alma humana, e assim, prosseguindo, influem também sobre a evolução do espírito em seu desenvolvimento permanente.

Na realidade, portanto, só aquilo que deixa uma impressão de tal maneira profunda é vivenciado e com isso tornado propriedade. Tudo o mais passa sem efeito, ou no máximo contribui como meio auxiliar para preparar acontecimentos aptos a causar grandes impressões.

Feliz daquele que pode denominar suas, muitas e tão fortes vivências, quer tenham sido de alegria ou de dor suas origens, pois essas impressões serão um dia o que de mais valioso uma alma humana levará consigo em seu caminho para o Além.

Os trabalhos puramente terrenos produzidos pelo raciocínio, conforme é usual hoje, servem só, quando bem aplicados, para facilitar a existência corporal terrena. Este é, raciocinando, com nitidez, o verdadeiro alvo de cada atuação do raciocínio! Não há nunca, em última análise, outro resultado. Em toda a sabedoria escolar, não importando qual seja o setor, assim como em todas as realizações, tanto na esfera do estado, ou na família, em cada pessoa individualmente ou nas nações, bem como, finalmente, na humanidade inteira.

[…]

Desalentados, o tempo é chegado! Levantai a fronte que tantas vezes tivestes que baixar sob o peso da vergonha, sempre que a injustiça e a estupidez vos infligiram tão profundo sofrimento. Encarai hoje calmamente o adversário, que assim quis subjugar-vos!

As vestes pomposas de até agora já estão bem estraçalhadas. Através de todos os seus buracos já se vê finalmente a figura em sua forma verdadeira. Incerto, mas nem por isso menos arrogante, torna-se visível o fatigado produto do cérebro humano, o raciocínio, que se deixou elevar a espirito… sem compreender!

Tirai sossegadamente a venda e olhai mais nitidamente em redor de vós. Um olhar de relance por alguns bons jornais geralmente basta para dar uma visão clara de toda uma série de coisas. Ver-se-á um esforço paroxístico para se agarrarem ainda a todas as velhas aparências. Procura-se com arrogância e não raro com sarcasmos grosseiros encobrir toda essa incompreensão que cada vez  se exterioriza mais nitidamente. Muitas vezes uma pessoa se esforça, empregando expressões insípidas, para julgar algo, do que, na realidade, não possui terminantemente sequer um vislumbre de discernimento.

Até mesmo pessoas com qualidades assaz boas debandam desanimadas para caminhos pouco limpos, somente para não terem de confessar que muitas coisas ultrapassam a capacidade de compreensão de seu próprio raciocínio, sobre o qual se apoiaram exclusivamente até bem pouco tempo. Não percebem quanto é ridículo seu procedimento, não veem a nudez que dessa maneira só ajudam a aumentar. Confusos, ofuscados, em breve enfrentarão a verdade, olhando entristecidos para sua vida estragada, reconhecendo assim envergonhados que não passa de estupidez o que era tido como sabedoria.

[…]

E ninguém vê esse resvalar tempestuoso rumo ao abismo horrendo!

Quem sente isso intuitivamente mantém-se por enquanto em silêncio, com a consciência envergonhada de que seria ridículo se falasse. Trata-se já de uma confusão doida, onde desponta o reconhecimento da incapacidade. E com o pressentir do reconhecimento, tudo se revolta mais ainda, seja por teimosia, por vaidade, e não último pelo temor e o pavor do que há-de sobrevir. Não querem por nenhum preço já agora pensar no fim desse grande erro! Agarram-se paroxisticamente na orgulhosa construção dos milénios passados, que tanto se assemelha à construção da torre de Babel e acabará identicamente!

O materialismo, até agora não vencido, traz em si o pressentimento da morte, que mês após mês se torna mais evidente!

Nas inúmeras almas, por toda a parte, na Terra inteira, isso já se faz sentir! Sobre o brilho da Verdade só resta uma ténue camada de conceções velhas e falsas que o primeiro golpe de vento purificador soprará para longe, de modo a assim libertar o núcleo, cujo luzir se ligará a tantos outros, desenvolvendo sua auréola radiante que se elevará como uma chama de agradecimento em direção ao reino da luminosa alegria, aos pés do Criador.

Será a época do tão almejado Reino do Milénio, que está diante de nós como grande estrela de esperança em radiante promessa!

Ficará assim remido finalmente o grande pecado da humanidade inteira contra o espírito, que o deixou preso à Terra por meio do raciocínio! Somente esse será então o caminho certo para a volta ao natural, o caminho da Vontade do Criador, que quer que as obras dos seres humanos sejam grandes e perfluídas por sentimentos intuitivos vivos! E a vitória do espirito será também simultaneamente a vitória do mais puro Amor!

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 19 “Era uma vez…!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Erros

Novembro 05, 2015

Procurando, muitos seres humanos erguem os olhos em direção à Luz e à Verdade. Seu desejo é grande, porém falta-lhes muitas vezes uma vontade séria! Mais da metade de todos os que buscam não são sinceros. Trazem em si uma opinião própria já formada. Se tiverem que modificar apenas uma fração dessa opinião, preferem então recusar tudo quanto lhes é novo, mesmo que ali se encontre a Verdade.

Milhares de pessoas têm de afundar por terem atado a liberdade de movimentação com as emaranhadas convicções erróneas, liberdade essa de que necessitam para a salvação através do impulso para cima.

Existe sempre uma parte que pensa ter compreendido tudo o que é certo. Não cogitam, depois do que leram e ouviram, fazer também um exame severo em relação a si mesmas!

Naturalmente, não me dirijo a essas pessoas!

Tampouco me dirijo a igrejas e partidos, nem a ordens, seitas e sociedades, mas exclusivamente e com toda a simplicidade ao próprio ser humano. Longe de mim querer derrubar o que existe, pois eu estou construindo, completando questões até agora insolúveis que cada um deve trazer dentro de si, bastando que reflita um pouco.

Somente uma condição básica é indispensável para cada ouvinte: a busca sincera da Verdade. Deve examinar as palavras dentro de si e deixar que se tornem vivas, mas não atentar na pessoa do orador. De outra maneira, não terá proveito. Para todos aqueles que não aspiram a isso, qualquer sacrifício de tempo é de antemão inútil.

É incrível com que ingenuidade a grande maioria dos seres humanos persiste rigidamente em ignorar donde vêm, quem são e para onde vão!

O nascimento e a morte, os polos inseparáveis de toda a existência na Terra, não deviam constituir nenhum mistério para as criaturas humanas.

Desequilíbrio reside nas conceções que procuram esclarecer o núcleo essencial do ser humano. Isso advém da presunção doentia dos habitantes da Terra, que se vangloriam atrevidamente de que seu núcleo essencial seja Divino.

Observai bem os seres humanos! Acaso podeis encontrar neles algo que seja Divino? Tal asserção tola devia ser considerada uma blasfémia, porque implica uma degradação da Divindade.

A criatura humana não traz em si sequer um grãozinho de pó do Divino!

Esta conceção é meramente uma presunção doentia que tem como origem apenas a consciência duma incapacidade de compreensão. Onde está a criatura humana que pode dizer sinceramente que tal crença também se lhe tornou convicção? Quem olhar para dentro de si com seriedade terá que negar isso. Sente perfeitamente que a hipótese de trazer em si algo de Divino é apenas um anseio, um desejo, mas não uma certeza! Fala-se acertadamente quando se diz que a criatura humana traz em si uma centelha de Deus! Essa centelha de Deus, porém, é espírito! Não é uma parte da Divindade.

A expressão centelha é uma designação bem acertada. Uma centelha se desenvolve e salta sem levar ou portar em si algo da constituição do gerador. O mesmo se dá neste caso. Uma centelha de Deus não é propriamente Divina.

Onde tais erros já se encontram com relação à origem da existência, aí tem de advir um falhar em todo o desenvolvimento! Se eu tiver construído sobre alicerces falsos, acabará um dia o edifício inteiro oscilando e vindo abaixo.

A origem constitui, pois, apoio para toda a existência e o desenvolvimento de cada um. Quem, porém, como é usual, procura ir para além das origens, tenta agarrar coisas para ele inatingíveis, perdendo assim naturalmente todo e qualquer apoio.

Se eu, por exemplo, me agarro a um galho de árvore que tem semelhança em sua constituição material com o meu corpo terreno, esse galho passa a ser um ponto de apoio, podendo então me impulsionar para cima.

Se, porém, estender as mãos acima do galho, não encontrarei no ar, que é de constituição diferente, nenhum ponto de apoio e… por consequência não poderei subir! Isso é claro.

O mesmo se dá com a estrutura interior do ser humano, que se chama alma, e seu núcleo, o espírito.

Se esse espírito quiser ter o necessário apoio da sua origem, de que necessita, não deverá logicamente procura-lo no Divino.

Isso não seria natural, pois o Divino se encontra muito mais alto, é de constituição muito diversa!

E não obstante isso, procura a criatura humana, em sua vaidade, ligar-se a tal ponto, o qual jamais conseguirá alcançar, interrompendo assim os acontecimentos naturais. Seu desejo errado se interpõe como um obstáculo entre ele e o afluxo indispensável das energias provenientes da origem. Ele próprio se separa disso.

Por isso, fora com tais erros! Somente assim poderá o espírito humano desenvolver todas as suas energias, que hoje ainda desdenha descuidadamente, vindo então a ser o que de facto pode e deve se, isto é, senhor na Criação! Mas, bem compreendido, apenas na Criação, não acima dela.

Somente o Divino se acha acima de toda a Criação.

O próprio Deus, o princípio de todo o ser e da vida, é Divino, conforme a palavra já está dizendo! O ser humano foi criado por Seu Espírito.

O Espírito é a Vontade de Deus. Originou-se, pois, dessa Vontade a primeira Criação. Mantenhamo-nos, portanto, nesta simples realidade, dela advirá a possibilidade de melhores compreensões.

[…]

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 20 “Erros” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

A palavra humana

Novembro 05, 2015

Como uma grande graça para o vosso amadurecimento na matéria grosseira, vos foi concedido o dom, criaturas humanas, de formar palavras! Jamais destes o merecido apreço a essa dádiva, porque não vos esforçastes para isso, e levianamente vos utilizastes dela. Assim tendes que sofrer agora amargas consequências da vossa atuação errada.

Tal sofrimento já vos aflige, e todavia ainda ignorais as causas que trazem como consequência esse sofrimento.

Ninguém deve brincar com as dádivas do Todo-poderoso, sem prejudicar a si mesmo, assim é determinado pela lei que se encontra atuando na Criação e que jamais se deixa confundir.

E se pensardes que esse dom de falar, isto é, a vossa faculdade de formar palavras, as quais transmitem pela linguagem a vossa vontade à matéria grosseira, constitui uma dádiva extraordinária do vosso Criador, então sabereis também que daí vos decorrem obrigações que resultam numa gigantesca responsabilidade; sim, pois com o idioma e através dele deveis atuar na Criação!

As palavras que formais, as frases, moldam vosso destino exterior sobre a Terra. São como sementeiras num jardim que cultivais em redor de vós, pois cada palavra humana pertence ao mais vivo que vós podeis fazer em vosso favor nesta Criação!

Hoje vos ofereço para refletirdes esta advertência: há em cada palavra dispositivos desencadeantes, porque todas elas estão ancoradas fortemente nas leis primordiais da Criação!

Cada palavra que o ser humano formou originou-se sob a pressão de leis mais altas e, segundo sua aplicação, tem de atuar formando numa bem determinada espécie!

A aplicação jaz na mão do ser humano segundo sua livre vontade, já os efeitos, porém, ele não consegue dominar, pois são dirigidos com rigorosa justiça de acordo com a sagrada lei, por uma força até então desconhecida dele.

Por isso, agora, na última prestação de contas, um grande sofrimento cairá sobre cada criatura humana que tiver abusado dos efeitos misteriosos da palavra!

Onde está, porém, tal criatura humana que aí ainda não tenha pecado! Toda a geração terrena está presa deveras a essa culpa desde milénios. Que males já foram lançados sobre a Terra com a aplicação errada dessa dádiva de poder falar!

Com a tagarelice destruidora e leviana, todos os seres humanos semearam veneno. A semente brotou direito, chegou à floração total e dá agora os frutos que deveis colher, quer queirais ou não, pois são todos consequências de vosso atuar que agora vos serão lançados no regaço!

Que esse veneno tem de produzir os mais repugnantes frutos é facto que não surpreenderá quem conhecer as leis da Criação, leis que não se regem segundo as opiniões humanas, e sim prosseguem calma e inexoravelmente seus grandes percursos, sem desvios, desde o começo dos tempos até toda a eternidade, sem alteração.

[…]

Atentai à vossa palavra! Não faleis apenas por falar. Falai somente quando, onde e como for necessário! Deve haver nas palavras do ser humano um reflexo do Verbo de Deus, que é vida e que permanecerá eternamente vida.

Bem sabeis que a Criação toda vibra no Verbo do Senhor! Isso não vos dá o que pensar? A Criação vibre Nele, como vós também, visto que sois parte da Criação, pois ela se originou Dele e é sustentada através desse Verbo.

Já foi claramente revelado aos seres humanos que:

“No começo era o Verbo! E o Verbo estava junto de Deus! E Deus era o Verbo!”

Nisso repousa para vós todo o saber, se apenas o haurísseis. Mas ao lerdes passais por cima e não atentais nisso. Essa sentença vos diz nitidamente:

O Verbo veio de Deus. Foi e é uma parte Dele.

Um pequeno reflexo do poder do Verbo vivo de Deus, que tudo contém em si, que abrange tudo o que está fora de Deus, um pequeno reflexo reside também na palavra humana!

Em verdade, a palavra humana consegue emitir seu efeito somente até às camadas da parte fina da matéria grosseira, mas isto basta para formar aqui sobre a Terra, por ação do retorno, o destino das criaturas humanas e também dos povos!

Refleti nisso! Quem muito fala permanece apenas no solo do raciocínio torcido e unilateralmente cultivado! Uma coisa acompanha sempre a outra. Nisso reconhecê-lo-eis! E se trata de palavras dos baixios terrenos, que nunca são capazes de construir. No entanto, a palavra deve construir segundo a lei Divina. Onde ela não obedece a este mandamento, aí só poderá produzir o contrário.

Portanto, atentai sempre à vossa palavra! E sustentai vossa palavra! Para isso ainda vos será ensinado o caminho certo, na construção do Reino de Deus aqui na Terra.

Urge primeiramente que aprendais a reconhecer a força das palavras que até agora só tendes desvalorizado de modo leviano e tolo.

Pensai somente uma vez na mais sagrada palavra que vos foi dada, na palavra: DEUS!

Falais muito em Deus, demais mesmo, como se nisso pudesse ressoar ainda aquela veneração, que deixa reconhecer que também sentis intuitivamente certo: aquela veneração que só vos permite sussurrar a sublime palavra em dedicada devoção, para protegê-la cuidadosamente de qualquer espécie de profanação.

Mas que fizestes, criaturas humanas, do mais sagrado de todos os conceitos dessa palavra! Em vez de preparar com humildade e alegria o vosso espírito para essa tão sublime expressão, para que ele gratamente se abrisse a uma indizível força de irradiação da Inenteal sublimidade luminosa do verdadeiro ser, que vos outorga o dom de respirar, bem como a todas as criaturas, ousais arrastar para os baixios de vosso mesquinho pensar essa palavra, utilizando-a irresponsavelmente como uma palavra quotidiana, a qual assim só teve que formar em vossos ouvidos um som vazio, não conseguindo por isso achar entrada em vosso espírito.

É portanto evidente que essa mais sublime de todas as palavras se efetive aí de modo diferente do que naqueles que a sussurram com legítima veneração e reconhecimento.

Atentai, portanto, a todas as palavras, pois encerram alegria ou sofrimento para vós, constroem ou destroem, trazem clareza, mas também podem confundir, conforme a maneira como são proferidas e aplicadas.

Quero proporcionar-vos também reconhecimento mais tarde a tal respeito, para que possais agradecer mediante cada palavra que o Criador ainda vos permite proferir! Então devereis ser felizes terrenamente também, e a paz reinará aqui nesta Terra até agora tão inquieta.

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação 21 “A Palavra Humana” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

A mulher da Criação posterior

Novembro 05, 2015

Toca-se com estas palavras o lugar mais doentio da Criação posterior. Aquele ponto que necessita da maior transformação, da depuração mais radical.

Se o homem da Criação posterior se tornou escravo do seu próprio raciocínio, mais ainda pecou a mulher.

Aparelhada com a maior delicadeza de sentimentos intuitivos, devia sem o mínimo esforço elevar-se à limpidez das alturas luminosas e formar a ponte para a humanidade inteira rumo ao Paraíso. A mulher! Ondas de Luz deviam perpassar por ela. Toda a sua conformação física, de matéria grosseira, está aparelhada para isso. A mulher necessita apenas querer com sinceridade, e todos os descendentes de suas entranhas terão de ser fortemente protegidos e rodeados pela força da Luz, já antes de seu nascimento! Nem podia ser de outra forma, porque cada mulher, em sua riqueza de sentimento intuitivo, pode quase sozinha condicionar a espécie do espírito da prole! Por isso ela, em primeiro lugar, permanece responsável por todos os descendentes!

É também, além disso, ricamente presenteada, através de ilimitadas possibilidades de influência sobre o povo todo, sim, sobre toda a Criação posterior. O ponto de partida de seu poderio mais forte é a casa, o lar! Somente aí é que reside sua força, seu ilimitado poder, e não na vida em público! No lar e na família se torna rainha, devido às suas aptidões. Do lar silencioso e íntimo se estende sua incisiva influência sobre todo o povo do presente e do futuro, abrangendo tudo.

Nada existe onde sua influência não se faça sentir incondicionalmente desde que ela permaneça lá, onde as aptidões femininas nela inerentes desabrochem em toda a plenitude. Contudo, somente quando a mulher é realmente feminina é que cumpre a missão que lhe foi estipulada pelo Criador. Então se torna completamente aquilo que pode e deve ser. E somente a verdadeira feminilidade educa silenciosamente o homem que quiser conquistar os céus, apoiado nessa serena atuação que contém poder inimaginável. E este então, movido por íntima naturalidade, procurará proteger de bom grado e alegremente a legítima feminilidade, tão logo ela se mostre verdadeira.

Todavia a mulher do mundo de hoje calca sob os pés seu poder verdadeiro e sua alta missão, passa cegamente por isso, destrói criminosamente todas as coisas sagradas que traz em si e, em lugar de atuar de modo construtivo, age destruindo, como o pior veneno na Criação posterior. Empurra o marido e também os filhos consigo, para o abismo.

Reparai na mulher de hoje! Deixai, pois, cair sobre ela um raio de luz com toda a inexorabilidade e objetividade que constituem sempre as condições complementares da pureza.

Dificilmente reconhecereis ainda os altos valores da autêntica feminilidade, nos quais se pode desenvolver aquela força pura que só é outorgada à sensibilidade mais fina da feminilidade, para que seja utilizada apenas beneficamente.

Um homem jamais poderá desenvolver aquela maneira eficaz de atuar. O tecer sereno daquela força invisível que o Criador deixa perfluir o Universo atinge primeiro e plenamente a mulher, com sua intuição mais delicada. O homem a recebe apenas parcialmente e a transforma em ações.

E da mesma forma como a força viva do Criador permanece invisível a todas as criaturas humanas, enquanto, todavia, sustém o Universo todo, nutrindo-o, movendo-o e impelindo-o, assim deve ser o tecer da verdadeira feminilidade; para isso ela foi criada, essa é sua elevada, pura e maravilhosa finalidade!

A expressão “mulher fraca” é ridícula, porque animicamente a mulher é mais forte do que o homem. Não em si, propriamente, mas por causa de ligação mais estreita com a força da Criação, que lhe propicia a mais delicada capacidade de intuição.

Entretanto, é exatamente isso que a mulher hoje procura esconder; faz tudo para embrutecê-la ou suprimi-la totalmente. Devido à vaidade ilimitada e à estupidez, ela renuncia aos dotes mais belos e valiosos que lhe foram atribuídos. Torna-se assim uma criatura expulsa da Luz, para a qual permanecerá fechado o caminho de regresso.

Em que se transformaram, pois, essas imitações de uma feminilidade régia! Com horror deve-se desviar delas. Onde é que se nota na mulher de hoje ainda o verdadeiro pudor, que representa a intuição mais delicada da nobre feminilidade! Está tão grotescamente desfigurada, que terá de ser entregue ao ridículo.

A mulher de hoje se envergonha, sim, de usar um vestido comprido, se a moda exigir um curto, mas não se envergonha de em festas despir cerca de três quartos do seu corpo, expondo-o aos olhares de todos. Aliás, não apenas aos olhares, e sim também às mãos, infalivelmente, durante a dança! E inescrupulosamente também se despiria ainda mais, se a moda exigisse, e até mesmo, provavelmente, tiraria tudo, segundo as experiencias atuais!

Isto não é afirmação excessiva. Disso tivemos até agora coisas bem degradantes. Não foi infelizmente uma expressão falsa, pelo contrário, bem verídica, quando se disse: “A mulher começa a se vestir para ir dormir!”

Delicados sentimentos intuitivos estipulam, além do mais, o sentido da beleza! Indubitavelmente. Se atualmente ainda se quiser julgar daí as delicadezas dos sentimentos intuitivos femininos, as coisas vão mal. O tipo dos vestidos divulga com bastante frequência e alarde exatamente o contrário, e essas pernas com meias transparentes de uma mulher ou até mesmo duma mãe dificilmente se coadunam com a dignidade feminina. O corte de cabelo à moda de homem e o moderno esporte feminino não desfiguram menos a legitima feminilidade! A vaidade é a inevitável acompanhante das futilidades da moda, que realmente nada deixa a desejar em perigos para o corpo e para a alma, e assim também, em grande parte, para a simples felicidade da família. Quantas mulheres há que preferem muitas vezes lisonjas grosseiras e aliás injuriosas de um individuo à-toa, ao atuar fiel do esposo!

Poder-se-ia assim apresentar muito, muitíssimo mais, como testemunho visível de que a mulher de hoje está perdida para a sua verdadeira missão nesta Criação posterior! E assim também todos os altos valores que lhe foram confiados e sobre os quais ela agora tem de prestar contas. Maldição recaia sobre essas criaturas ocas! Não são acaso vítimas das circunstâncias, pelo contrário, forçaram tais circunstâncias.

As grandes preleções a respeito do progresso em nada alteram o facto de que os propagadores desse tal progresso, juntamente com os seus fiéis seguidores, afundam cada vez mais e mais. Todos eles já enterraram seus verdadeiros valores. A maior parte do mundo feminino já não merece usar o nome honrado de mulher! Elas nunca poderão tornar-se homens, de modo que acabam ficando na Criação posterior apenas como zangões, que devem ser extirpados, segundo as leis indesviáveis da natureza.

A mulher da Criação posterior, entre todas as criaturas, é a que menos se encontra no lugar em que devia estar! Tornou-se, em sua espécie, a figura mais triste de todas as criaturas! Tinha, sim, que apodrecer na alma, por estar sacrificando levianamente seus mais nobres sentimentos intuitivos, sua força mais pura, à vaidade exterior e ridícula, e com isso zomba, sorridente, da determinação de seu Criador. Com tal superficialidade lhe será denegada a salvação, pois palavras as mulheres iriam rejeitar ou nem mais poderiam entender e assimilar.

Assim primeiro terá de surgir dos horrores a nova e verdadeira mulher, a qual deverá se tornar a medianeira e com isso também a base para uma nova vida e atuação humana desejadas por Deus na Criação posterior, mulher essa que se tornou livre do veneno e da podridão.

Abdruschin

                        

Dissertação 22 “A Mulher da Criação Posterior” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Submissão

Novembro 05, 2015

Seja feita a Tua Vontade!” Pessoas que creem em Deus pronunciam estas palavras com submissão! Vibra sempre, porém, uma certa melancolia em suas vozes ou transparece em seus pensamentos e em seus sentimentos intuitivos. Tais palavras são empregadas quase que exclusivamente onde um sofrimento inevitável se alojou. Lá onde o ser humano reconhece que nada mais pode fazer contra.

Então, se ele crê, fala numa inativa submissão: “Seja feita a Tua Vontade!”

Não é porém humildade que o faz falar assim, mas essas palavras devem proporcionar-lhe tranquilidade em relação a uma coisa onde ele próprio não tem mais possibilidade de fazer algo.

Esta é a origem da submissão que o ser humano em tal caso exprime. Fosse-lhe concedido, contudo, a menor possibilidade de uma alteração nisso, ele não perguntaria qual a Vontade de Deus, e seu devotamento resignado mudaria logo para a seguinte forma: Seja feita a minha vontade!

Assim é o ser humano!

“Senhor, faze comigo como quiseres!” e idênticas cantigas se ouvem muitas vezes durante os enterros. No seu íntimo traz, porém, cada ser humano enlutado a inabalável vontade: “Se me fosse dado mudar isto, imediatamente o faria!”

A submissão humana nunca é legítima. No âmago da alma humana jaz ancorado

O contrário disso. Uma revolta contra o destino que lhe vem ao encontro, e é exatamente essa revolta que a faz sofrer, que a “oprime” e curva.

O que há de doentio nisso é o emprego erróneo do sentido destas palavras: “Seja feita a Tua Vontade!” Elas não pertencem ao lugar em que os seres humanos e as igrejas as utilizam.

A Vontade de Deus reside nas leis da Criação! Portanto, sempre que o ser humano diz: “Seja feita a Tua Vontade!” Isso equivale à afirmativa: “Quero prezar e seguir Tuas leis na Criação!” Prezar quer dizer considerar; levar em consideração estipula, porém, viver em conformidade! Só assim pode o ser humano prezar a Vontade de Deus!

Todavia, se ele a considera, se ele quer viver segundo ela, tem antes de mais nada que conhecê-la também!

Mas é exatamente neste ponto que a humanidade terrena pecou da maneira mais tremenda! A criatura humana até agora jamais se importou com as leis Divinas da Criação! Isto é, não se importou com a sagrada vontade de Deus. Entretanto, nunca cessa de repetir sempre de novo: “Seja feita a Tua Vontade!”

[…]

Assim já fervilha tudo hoje sob a pressão da Luz em todos os países e por toda a parte. Cada miséria aumenta até chegar ao desespero, ficando finalmente apenas a desesperança, com a consciência de que os que queriam salvar apenas tinham palavras ocas ao lado de desejos egoísticos, mas não estavam capacitados a trazer auxílio algum! Guerreiros espirituais passam tonitruantes por cima de todas as cabeças, vibrando golpes agudos onde uma cabeça não se queira curvar.

Só então se constituirá terreno adequado para implorar o auxílio de Deus! Depois de crimes, incêndios, fome, epidemias e mortes, depois do reconhecimento da própria incapacidade.

Começa então a grande obra construtiva.

Livres devem então se tornar os alquebrados, livres da opressão das trevas! Mas deverão ficar também livres dentro de si mesmos! Mas unicamente sozinho, cada um poderá tornar-se livre dentro de si mesmo. Para tanto, precisa saber o que significa a liberdade, o que ela é.

Livre só é o ser humano que vive nas leis de Deus! Assim, e não diferentemente, ele se encontra sem pressões nem restrições nesta Criação. Tudo o auxiliará então, em vez de lhe obstruir o caminho. Tudo o servirá, porque ele de tudo se utilizará de modo certo.

Na realidade, as leis de Deus na Criação são tudo quanto necessita cada ser humano para uma vida sadia e alegre na Criação. Equivalem à nutrição para o seu bem-estar! Somente quem conhece a Vontade de Deus e vive de acordo com ela é verdadeiramente livre! Qualquer outro tem de se atar nos muitos fios das leis desta Criação, uma vez que ele mesmo se emaranhou neles.

A Criação originou-se da Vontade de Deus, em Suas leis. Atuando conjuntamente, descem cada vez mais profundamente esses fios das leis e forçam por toda a parte movimentação para o desenvolvimento, ramificam-se necessariamente nesse desenvolvimento, cada vez mais, enquanto ao redor dos fios, na movimentação progressiva, formam-se continuamente novas Criações! Deste modo as leis dão simultaneamente apoio, possibilidade de vivência e progressiva ampliação à Criação.

Nada existe sem essa Vontade de Deus, a qual, unicamente, gera o movimento. Tudo na Criação se orienta por ela.

Somente o espírito humano não se ajustou nesses fios! Emaranhou-os, e com isso a si mesmo, porque queria seguir novos caminhos segundo sua vontade, desdenhando os já prontos e existentes.

A intensificação da Luz ocasiona agora uma alteração. Os fios de todas as leis Divinas da Criação carregam-se de forças aumentadas, de maneira que se esticam poderosamente. Devido a essa incrível tensão, eles ricocheteiam à sua posição original. Assim se desenreda todo o emaranhado e todos os nós de maneira súbita e irresistível, que simplesmente destrói tudo o que não é mais capaz de se ajustar na posição certa na Criação!

Seja lá o que for, plantas ou animais, montanhas, rios, países, estados ou seres humanos, ruirá tudo aquilo que não se mostrar no último momento como legítimo e de acordo com a Vontade de Deus!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 23 “Submissão” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Indolência do espírito

Novembro 05, 2015

Tornando-se audíveis na Terra, batem agora através do Universo as badaladas das doze horas no relógio do mundo! Amedrontada, a Criação retém seu fôlego; atemorizadas, encolhem-se todas as criaturas, pois a Voz de Deus soa para baixo e exige! Exige prestação de contas de vós que recebestes a permissão de viver nesta Criação!

Administrastes mal o feudo que Deus em Seu Amor vos deu. Serão excluídos todos os servos que só pensaram em si e nunca em seu Senhor! E todos quantos procuraram se tornar senhores.

Vós, criaturas humanas, estais receosas diante das minhas palavras, porque não considerais a severidade como Divina! Entretanto isso é somente vossa culpa, porque até hoje considerastes tudo o que é Divino, tudo o que veio de Deus, como sendo Amor condescendente, perdoando tudo, uma vez que assim fostes instruídos pelas igrejas!

Essas falsas doutrinas eram, porém, apenas considerações do raciocínio que encerravam em si, como alvo, a pesca coletiva das almas humanas terrenas. Para cada pesca se faz necessário uma isca, que atue atraindo o que se tem em vista. A escolha acertada duma isca é essencial para qualquer pesca.

Visto que eram visadas as almas humanas, organizou-se habilmente um plano, de acordo com as fraquezas delas. O chamariz devia corresponder à fraqueza principal! E essa fraqueza principal das almas era a comodidade, a indolência de seu espírito!

A igreja sabia muito bem que o sucesso para ela seria grande, se soubesse desde logo ir largamente ao encontro dessa fraqueza e não exigisse que dela abdicassem!

Com esse reconhecimento certo, tratou de aplainar logo para os seres humanos um caminho largo e comodo que devia supostamente conduzir até à Luz e apresentou-o como engodo à humanidade, que preferiu outorgar um décimo do fruto de seu trabalho, cair de joelhos, murmurar orações cem vezes a gastar um só momento num esforço espiritual!

A igreja dispensou-os, por isso, do trabalho espiritual, perdoando-lhe todos os pecados, se os seres humanos fossem obedientes nas coisas terrenas e exteriores, executando o que a igreja exigia deles terrenamente!

Seja, pois, em visitas às igrejas, em confissões, na quantidade das orações, nos tributos, presentes ou legados, não importa, a igreja se satisfez com isso. Deixou os fiéis na ilusão de que, para cada coisa que outorgassem à igreja, lhes ficava reservado também um lugar no reino do céu.

Como se a igreja dispusesse desses lugares para distribuir!

As realizações e obediências de todos os fiéis os ligam, porém, apenas com sua igreja, não com seu Deus! As igrejas ou seus servos não podem retirar nenhum grão da culpa duma alma humana, ou sequer perdoar-lhe! Tampouco canonizar uma alma, intervindo com isso nas perfeitas e eternas leis primordiais de Deus, que são inamovíveis!

Como podem ousar os seres humanos opinar e também decidir sobre coisas que repousam na Onipotência, na Justiça e na Onisciência de Deus! Como podem se atrever os seres humanos a querer fazer crer uma coisa dessa aos seus semelhantes! E não menos criminoso é por parte dos seres humanos terrenos aceitar credulamente tais atrevimentos, que tão nitidamente encerram o aviltamento da grandeza de Deus!

[…]

As igrejas anunciam, com as palavras de Cristo, segundo o Evangelho de João:

“Quando, porém, vier Aquele que é o Espírito da Verdade, Ele vos guiará em toda a Verdade. E quando o mesmo vier, castigará o mundo por seus pecados e por causa da Justiça! E trará o Julgamento. Eu, porém, voltarei ao Pai e daí em diante não me vereis mais. Saí do Pai e vim ao mundo. Torno a deixar o mundo e regresso para junto do Pai!”

Tais palavras são lidas sem compreensão nas igrejas, porque pelo Filho de Deus já foi claramente dito que virá um outro que não ele, para anunciar a Verdade e para trazer o Julgamento. O Espírito da Verdade, que é a Cruz Viva! E todavia também nesse ponto a igreja ensina errado e contra essas palavras claras.

Apesar de que também Paulo escreveu outrora aos coríntios: “O nosso saber é imperfeito. Quando, porém, vier o que é perfeito, então cessará o que é imperfeito!”

Com isso mostra o apóstolo que a vinda Daquele que anunciará a Verdade perfeita deve ainda ser esperada e a promessa do Filho de Deus a tal respeito não deve ser relacionada com a conhecida efusão da força do Espírito Santo que então já se dera, quando Paulo escreveu estas palavras.

Com isso ele atestava que os apóstolos não tomaram essa efusão de força como a realização da missão do Consolador, do Espírito da Verdade, conforme atualmente, no Pentecostes, de modo estranho, muitas igrejas e fiéis procuram interpretar, porque tais coisas não cabem de modo diferente em sua organização de crença, mas sim formariam uma lacuna que deveria causar perigosos abalos a essa falsa construção.

Contudo, nada lhes adianta, pois é chegado o tempo do reconhecimento de tudo isso, e tudo quanto é falso desmoronará!

Até agora ainda não pôde haver nenhum verdadeiro Pentecostes para a humanidade, não lhe pôde chegar o reconhecimento no despertar dos espíritos, em virtude de ter entregue a tantas falsas interpretações, nas quais principalmente as igrejas têm grande participação!

Nada lhes será perdoado na grande culpa!

E agora vos encontrais, seres humanos, surpresos diante da Palavra Nova, e muitos dentre vós nem mais estão capacitados para reconhecer que ela vem das alturas luminosas, porque ela é tão diferente do que tínheis imaginado! É que vive ainda em vós, em parte, o tenaz embotamento em que vos envolveram igrejas e escolas, para que permanecêsseis obedientes adeptos e não desejásseis o estado de alerta do próprio espírito!

O que Deus exige, isso foi até agora indiferente aos seres humanos terrenos! Digo-vos, porém, ainda uma vez:

O largo e comodo caminho, que as igrejas até agora se esforçaram por mostrar enganosamente em prol da própria vantagem, é falso!

Com as arbitrárias ilusões de absolvição aí prometidas, ele não leva à Luz!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 24 “Indolência do Espírito” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O ser humano terreno diante de seu Deus

Novembro 05, 2015

Criaturas humanas, como vos mostrastes até agora perante o vosso Deus! Procurastes hipocritamente enganá-Lo, assim como também quisestes enganar a vós próprios com a falsa religiosidade que sempre se apresentava apenas nos vossos lábios, mas na qual o espírito nunca tomava parte. Vós instituístes regras e práticas em vossos templos, em vossas igrejas, sem indagar, entretanto, se essa maneira era de agrado a Deus. Bastava que apenas fosse de vosso agrado, então com isso estava realizado, para vós, o culto a Deus!

Não vedes, pois, quanta presunção existia em tudo isso. Vós quisestes determinar o modo. Quanto a isso, nunca perguntastes pela Vontade de Deus. O que vós designastes grandioso devia, como tal, ser também considerado por Deus. Quisestes impor a Deus vossas conceções como sendo de direito em todas as coisas, não importando com o que vos ocupastes.

Tudo quanto vós considerásseis certo devia Deus recompensar como sendo correto, e tudo quanto vós considerásseis errado devia Ele castigar.

Jamais quisestes pesquisar deveras o que Deus reconhecia como certo e o que, perante Seus olhos, seria errado. Não vos preocupastes com as Leis Divinas, nem com a sagrada e inflexível Vontade de Deus, que existe desde toda a eternidade e que nunca mudou, nem mudará jamais!

Nessa Vontade de Deus tereis de destroçar-vos e juntamente convosco toda a falsa obra humana, que criou leis que deviam servir vossos desejos terrenos. E vós mesmos, seres humanos, vos encontrais diante de Deus como servos intrigantes, preguiçosos, jamais tendo dado atenção à Sua Vontade, no egoísmo, na presunção e no ridículo querer saber tudo.

Servos fostes e sois ainda, servos que se tinham na conta de senhores e que por orgulho e preguiça espiritual procuraram combater e derrubar tudo quanto não podiam compreender, quando não estivesse em concordância com a obtenção das baixas finalidades terrenas, as quais queriam que fossem consideradas como o mais elevado.

Desditosos, vós que pudeste pecar tanto! Tudo devia servir somente a vós, até as leis! Somente o que vos serviu, não importa de que forma, somente o que vos ajudou na satisfação de vossos desejos terrenos, só isso reconhecestes como certo, e somente de tais coisas quisestes saber.

Quando, porém, é exigido de vós que vós próprios sirvais com zelo e fidelidade a vosso Senhor, a quem deveis a existência, ficais completamente espantados, pois estais convencidos de que Ele, sim, é que deve servir-vos com Sua força, Sua grandiosidade e Seu grande Amor!

Dado o alto conceito que tendes de vós, isso nem podia ser de outra forma! Pensastes, pois, que seria suficiente com relação ao culto de Deus, se reconhecêsseis Deus e em pensamento Lhe pedísseis auxílio para a satisfação de todos os desejos que trazeis em vós. Que Ele, portanto, usando de palavras bem claras, vos sirva com a Onipotência que Lhe é própria, tornando bela vossa vida! Outra coisa não vos acode à mente.

Pedir, no melhor dos casos, foi vosso culto a Deus!

Ponderai com todo o rigor; jamais foi diferente.

Não sentis vergonha e ira ao mesmo tempo, acerca de vós mesmos, se vos examinardes a esse respeito?

A maioria dos seres humanos pensa que a existência terrena não tem outro objeito, a não ser aquisições terrenas! Quando, muito, também, a finalidade de ter uma família e filhos! Quem não pensa assim pelo menos age assim! Mas que pode adiantar sob tais hipóteses uma reprodução, conforme denominais, quando na realidade não significa reprodução nenhuma, mas apenas dá a possibilidade de encarnação a outros espíritos humanos, para que estes progressivamente se aperfeiçoem e se desfaçam de antigos erros. Com vossa atuação aumentais o lastro de vossas culpas, pois assim impedis a ascensão de todos os espíritos que educais como vossos filhos para a mesma finalidade oca!

De que vale a construção dum reino terrestre, se não visa a glória de Deus, se não age segundo o sentido de Deus, que ainda ignorais por completo e tampouco até agora quisestes aprender a conhecer, visto colocardes vossa opinião acima de tudo o mais. Apenas quereis satisfazer-vos, e esperais ainda que Deus abençoe vossa obra mal feita! Mas servir e cumprir vossas obrigações para com Deus não tendes a mínima vontade de fazer.

[…]

Sob a presunção da humanidade terrena nada disso permaneceu puro e sublime. Eis por que até o verdadeiro conceito em relação a Deus se desviou, tornando-se falso.

Pretensiosos, esperando uma boa recompensa, ou mendigando de modo desprezível, só assim estivestes diante de vosso Senhor, quando por acaso uma vez ou outra dedicastes o tempo e o esforço para pensar realmente Nele, forçados por alguma vicissitude, determinada pelo efeito de retorno de vossas ações!

Mas agora, finalmente, tendes que despertar e tomar a Verdade tal como é realmente e não conforme vós pensais que seja! Com isso desmorona tudo quanto é falso e as lacunas do hipócrita quere-saber-melhor se tornarão visíveis. Nada mais se pode ocultar nas trevas, pois por Vontade de Deus doravante far-se-á Luz, para que as trevas caiam e desapareçam!

Luz haverá então sobre a Terra e por toda a imensa matéria! Fulgurantemente se irradiará por todas as partes, desintegrando e cremando todo o mal e todo o querer malévolo! O que está errado mostrar-se-á, onde quer que procure se ocultar, tem de ruir ante a radiação da Luz de Deus, que então iluminará toda a Criação! Afundará tudo o que não estiver e não quiser viver de acordo com as maravilhosas leis de Deus, no círculo do aniquilamento, de onde jamais poderá se soerguer!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 25 “O ser humano terreno diante de seu Deus” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Tudo quanto é morto na Criação deve ser despertado para que se julgue

Novembro 05, 2015

Juízo Final! Todas as promessas a isso ligadas anunciam a ressurreição de todos os mortos para o Juízo Final. No sentido de tal expressão mais uma vez os seres humanos incluíram um erro, pois isto não deve significar: ressurreição de todos os mortos, e sim ressurreição de tudo quanto é morto! Isto é: vivificação de tudo quanto se acha sem movimento na Criação, para que se torne vivo para o julgamento de Deus e assim em sua atividade ser elevado ou exterminado!

Nada permanece imóvel agora, pois a força viva que agora flui fortalecida através de toda a Criação impele, pressiona e obriga tudo à movimentação. Dessa forma é fortalecido também o que até então repousava ou dormia. É despertado, fortificado e tem assim que agir, sendo em atividade redespertada praticamente arrastado para a Luz, mesmo que quisesse se esconder. Pode se dizer também que vem à Luz e tem de se mostrar, não podendo mais continuar dormindo, onde quer que se encontre. Empregando palavras populares: vem à tona.

Tudo se torna vida e atividade nesta Criação inteira, mediante a nova penetração da Luz! A Luz atrai com isso poderosamente… com ou sem a vontade do que está latente na Criação ou talvez até escondido, e que chega finalmente em contacto com essa Luz, não podendo escapar dela nem que tenha as asas da aurora, e lugar nenhum da Criação inteira pode dar-lhe proteção. Nada permanece sem ser iluminado.

Na movimentação decorrente dessa atração, porém, terá que se destroçar e queimar nessa Luz aquilo que não suportar a irradiação, aquilo que, portanto, em si próprio já não aspirar mais por essa Luz. O que estiver sintonizado à Luz. Porém, florescerá e se fortalecerá na pureza de seu querer!

Assim sucederá também com todas as qualidades das almas desses seres humanos terrenos. O que até então parecia repousar morto, o que dormia, sem o conhecimento muitas vezes da própria pessoa, será sob essa força despertado e fortalecido, transformar-se-á em pensamentos e em ações, de modo a, segundo sua maneira de atuar, julgar-se em face da Luz! Ponderai, tudo o que estiver latente em vós será vivificado! Nisso se encontra a ressurreição de tudo quanto é morto! Juízo vivo! Juízo Final!

Com isso tendes de solucionar tudo em vós mesmos, tendes de purificar-vos, ou desaparecereis com o mal, caso se torne predominante em vós. Então ele vos segurará, caindo sobre vossas cabeças, escumando fragorosamente, para vos arrastar consigo ao abismo da decomposição, pois ele não poderá subsistir sob o esplendor da força Divina!

Dei-vos, pois, a Palavra, que mostra o caminho, que no despertar desta Criação vos leva seguramente às alturas luminosas que não vos deixará cair, aconteça o que acontecer e o que surgir dentro de vós! Se tiverdes o olhar voltado para a Luz, com fiel convicção, se tiverdes compreendido direito a minha Palavra, se ativerdes acolhido em vossas almas, então escalareis tranquilamente rumo às alturas, saindo do caos purificados deveras, livres de tudo quanto outrora vos podia estorvar a entrada no Paraíso.

Por isso velai e orai, para que não deixeis vossa clara visão turvar-se pela vaidade e pela presunção, que são as piores armadilhas para estes seres humanos terrenos! Acautelai-vos! Conforme tiverdes preparado o terreno dentro de vós, assim acontecerá para vós na purificação da Criação!

Abdruschin

                        

Dissertação 26 “Tudo quanto é morto na Criação deve ser despertado para que se julgue” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O livro da Vida

Novembro 05, 2015

Assim como a escuridão cobriu o Gólgota quando Jesus, a Luz viva, deixou esta Terra, assim ela se estende agora sobre a humanidade, trazendo-lhe de volta o grande sofrimento que ela causou ao Amor de Deus, com a maneira cruel do ardiloso raciocínio, incapaz da mínima vibração intuitiva, e que, como o mais forte instrumento de Lúcifer, era sagrada para vós!

Procurai, pois, agora, seres humanos, se puderdes, proteger-vos da ira sacrossanta de Deus com o vosso raciocínio! Defendei-vos contra a Onipotência Daquele que magnanimamente vos entregou esta parte da Criação para usufruto, mas que devastastes e sujastes como uma estrebaria de animais sem trato, a ponto de aí só poderem habitar o sofrimento e a miséria, porque ante vosso comportamento errado e vosso querer tenebroso, toda a paz e alegria fogem, toda a pureza se esconde horrorizada.

Procurai esconder-vos da indesviável Justiça de Deus! Ela vos atinge por toda a parte, executando inexoravelmente a Vontade Divina, sem perdoar algo da tremenda culpa com que vos sobrecarregastes por presunção e teimosia.

Sois julgados antes mesmo que possais balbuciar uma única palavra de desculpa, e de nada vos valem todos os rogos, todas as súplicas, todas as blasfémias ou imprecações, pois empregastes e dilapidastes imperdoavelmente o ultimo prazo destinado ao exame de consciência e conversão, cuidando apenas de vossos vícios!

Não vos digo isso como advertência, pois para tanto já é demasiado tarde. Longe estou de continuar a advertir, como tenho feito há anos. Deveis apenas refletir nisso no vivenciar vindouro! Por isso digo mais uma vez o que esse tempo contém para vós. Talvez o saber disso vos alivie em muitos sofrimentos, mesmo que isso nada mais possa evitar.

Sabeis que é o resgate da culpa que vós próprios pusestes voluntariamente sobre os ombros, pois ninguém a isso vos obrigou. Se, mediante minhas palavras, puderdes em vosso sofrimento alcançar o reconhecimento e assim renascer em vós o anseio pela Luz e pela pureza, que se objetiva por um pedido cheio de humildade, então mesmo afundando, ainda poderá existir salvação para vós, sim, porque o Amor de Deus permanece vigilante.

Então podereis ver também a nova vida que o Senhor só outorgará àqueles que de bom grado vibram nas sagradas leis da Sua Criação, que conservam a Sua Casa, da qual sois apenas hóspedes, livre de todas as ações hostis à Luz e que, por sua vez, não devastem criminosamente os belos jardins em cujo esplendor e pureza eles devem continuamente se alegrar, para nisso se fortalecer.

Ó cegos, porque não quereis despertar! De tanta coisa grave poderíeis poupar-vos. Dessa forma, porém, todo vosso ser terá de envolver-se em escuros véus de profunda melancolia, donde somente através dos relâmpagos fulminantes da sagrada ira de Deus vos podem advir ainda libertação e salvação!

E essa ira irromperá sobre vós com inimaginado poder no sagrado Juízo!

O Juízo, porém, é diferente do que pensais. Sabeis da existência de um Livro da Vida, que pelo Juiz Deus em determinada hora será aberto para cada um!

O Livro da Vida mostra os nomes de todas as criaturas que chegaram à vida, e nada mais.

As folhas escritas, porém, que constituem esse grande Livro da Vida, que mostram o pró e o contra de cada pensamento e de todas as ações de cada um isoladamente, são as próprias almas, onde está impresso tudo quanto elas vivenciaram e executaram no decorrer de sua existência.

Nisso, fácil é ao Juiz ler claramente todos os prós e contras. Quanto a essa leitura, pensais também erroneamente. Também isso é muito mais simples do que procurais imaginar.

O Juiz não faz cada alma isoladamente caminhar até diante Dele, até diante de Seu trono, e sim envia em missão de Deus seus golpes de espada pelo Universo! Os golpes de espada são irradiações que emanam, atingindo tudo na Criação.

Reconhecei a grande simplicidade e a surpreendente naturalidade! O Juiz não envia os raios a este ou aquele, consciente ou deliberadamente, não, simplesmente os emite por ordem sagrada de Deus, pois é a força de Deus, nada mais poderia atuar dessa maneira senão a Sua sacrossanta Vontade!

[…]

Através da Mensagem do Graal, contudo, progride vosso saber sobre a atuação na Criação, podendo por isso sempre vos ser dito algo mais, pois hoje, devido à minha Mensagem, já podeis compreender.

Os golpes de espada do Derradeiro Dia investem como fortes irradiações de Luz em direção à Criação e fluem através de todos os canais já formados mediante os efeitos automáticos das leis Divinas na Criação e constituídos por todo o sentir intuitivo, pensar, querer e também atuar dos seres humanos, como pontos de partida.

Por isso os raios julgadores serão dirigidos através desses canais já existentes com incontestável segurança a todas as almas, produzindo lá seus efeitos de acordo com o estado da respetiva alma, todavia, tão aceleradamente, que toda a sua existência será trazida em poucos meses para o último círculo de remate de toda a atuação de até então, soerguendo essas almas ou derrocando-as, vivificando-as e fortalecendo-as ou destruindo-as, de acordo com o estado real!

Assim é o Juízo! Hoje podereis através da Mensagem compreender o fenómeno descrito.

Antes não o teríeis podido compreender, e por isso tudo teve que ser anunciado em simples imagens, correspondendo mais ou menos ao funcionamento do processo.

E esses golpes do Juízo Final já estão a caminho de vós, a caminho de cada um na Criação, não importando se está ou não com seu corpo terreno.

Os primeiros já vos atingiram e assim revive tudo quanto ainda pende em vossas almas.

Mas também os últimos golpes, que trazem aniquilação ou elevação, são enviados com severidade dominadora, para consumar a purificação desta Terra! Já estão se arremessando sobre a humanidade e nada consegue em parte alguma detê-los. Na hora exatamente determinada por Deus será a humanidade atingida de maneira inexorável, porém justa!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 27 “O Livro da Vida” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O Reino de mil anos

Novembro 05, 2015

Lendariamente flutua ele no pensamento de muitos seres humanos que se acham a par da promessa, todavia vago, sem forma, porque ninguém sabe fazer uma ideia real dele!

O Reino de Mil Anos! Pretensos conhecedores sempre de novo se empenharam em apresentar um esclarecimento sobre a maneira de efetivação da grande época de paz e alegria que aí deve existir. Nunca conseguiram, porém, uma aproximação da verdade! Todos andaram errados, porque nisso reservaram aos seres humanos um papel demasiadamente preponderante, como sempre acontece com tudo quanto as criaturas humanas pensam. Deixaram valer, além disso, as conceções anteriores, edificaram por cima delas, e por essa razão cada uma dessas edificações tinha de ser considerada já de antemão como errada, não importando como era constituída.

E depois o ser humano se esqueceu do essencial! Ele não contou com a condição igualmente prometida, de que antes do reino de paz de mil anos, tudo tem que se tornar novo no Juízo! Esta é a condição básica indispensável para o novo reino. No solo existente até agora ele não pode ser levantado! Antes, tudo o que é velho tem que se tornar novo primeiro!

Isto não significa, porém, que o que é velho tenha de se refortificar, na mesma forma de até então, mas sim a expressão “novo” condiciona uma transformação, uma transmutação do velho!

Em seu cismar o ser humano deixou de refletir sobre isto, nunca progredindo por essa razão em sua imaginação.

O que mais tem que se modificar antes no julgamento é o próprio ser humano, pois foi só ele que trouxe a confusão à Criação posterior. Dele decorreu, por seu querer erróneo, a desgraça no mundo.

A beleza, a pureza e a saúde originais, que sempre são a consequência duma vibração nas leis primordiais da Criação, foram se deformando e adulterando pouco a pouco, através do querer erróneo desta humanidade. Só puderam formar-se ainda caricaturas nesse desenvolvimento ininterrupto, em vez de amadurecer sadio em direção à perfeição!

Imaginai, pois, o oleiro sentado diante do torno e da argila, que em sua flexibilidade se deixa plasmar em todas as formas. O torno, porém, não é movido pelo próprio oleiro, e sim por uma correia de transmissão que, por sua vez, a força da máquina não deixa parar.

Mediante a pressão do dedo conforma-se então a argila em contínua rotação, rotação que a pedra executa tendo a argila em cima. De acordo, porém, com a pressão do dedo, assim se vai plasmando a forma, que pode sair bonita, feia, horrível.

De idêntica maneira age também o espírito do ser humano neste mundo, da Criação posterior. Ele exerce a direção segundo a sua vontade, isto é, a pressão, como espírito sobre parte do enteal, que forma a matéria fina e também a grosseira. O enteal é para o espírito o dedo que exerce a pressão, conforme sua vontade. A argila é a matéria fina e a matéria grosseira, todavia o movimento, que se dá independentemente do espírito humano, são os movimentos automáticos das leis primordiais da Criação, semelhantes a correntes, que impelem ininterruptamente para o desenvolvimento tudo que o ser humano forma com a sua vontade.

Assim a vontade do espírito humano é responsável por muita coisa que se desenvolve na Criação posterior, pois ele exerce como espírito a pressão que determina a espécie da forma. Nada pode ele querer sem simultaneamente formar! Seja lá o que for! Por isso nunca pode se subtrair também à responsabilidade por tudo quanto tem formado. O seu querer, o seu pensar e o seu agir! Tudo toma forma na engrenagem deste mundo. Que o ser humano não o soubesse ou mesmo não quisesse saber, fica por sua conta, é sua culpa. Sua ignorância não altera o efeito.

Assim, mediante seu querer erróneo, sua obstinação e sua presunção, reteve não somente todo e qualquer desabrochar verdadeiro, como estragou a Criação posterior e, em lugar de agir beneficamente, só o fez de modo nocivo!

Advertências através de profetas, através do próprio Filho de Deus, foram insuficientes para modificá-lo, a fim de tomar o caminho certo! Não quis e nutria cada vez mais sua presunção de dominador do mundo, na qual já se ocultava o germe de sua ruína imprescindível, que cresceu com a presunção, que preparou as catástrofes que então terão de desencadear-se segundo as leis sempiternas da Criação, as quais o ser humano deixou de reconhecer, impedido por sua presunção senhoril.

Os horrores vindouros têm sua causa apenas na deformação das leis primordiais Divinas através do querer erróneo desses espíritos humanos na Criação posterior! Pois esse querer erróneo levou todas as correntes de força, que atuam automaticamente, para a confusão. Mas seu curso não pode ser alterado impunemente, uma vez que elas, assim emaranhadas e enredadas, depois se soltam em dado tempo violentamente. O desligar e o desemaranhar mostram-se nos efeitos a que chamamos catástrofes. Pouco importando se ocorrem em organizações estatais, em famílias, em pessoas individualmente ou povos inteiros, ou em forças da natureza.

Assim se desmorona por si mesmo tudo quanto é errado, julgando-se pela força que há nas correntes e que foram conduzidas erradamente pela presunção da humanidade, de modo diferente do que o desejado por Deus, pois essas correntes podem produzir somente bênçãos, quando andam por aqueles caminhos que lhes são previstos pelas leis primordiais, isto é, que foram determinados pelo Criador. Nunca de outra forma.

Por isso o fim poderia também ser previsto há milhares de anos, porque com a sintonização erradamente pretendida do ser humano, outra coisa nem podia suceder, visto que os efeitos finais de todos os fenómenos permanecem sempre ligados rigorosamente às leis primordiais.

Já que os espíritos humanos demonstraram absoluta incapacidade de reconhecer sua tarefa nesta Criação, pois eles próprios deram prova de não querer de modo algum executá-la, desdenhando-a e interpretando mal todas as advertências de enviados e de profetas, até mesmo a do próprio Filho de Deus, cunhando sua hostilidade através da crucificação, intervém Deus agora violentamente.

Por isso o Reino de Mil Anos!

Somente com violência pode ainda ser ajudada a Criação posterior, bem como a humanidade, que provou que com vontade livre nunca se decidiu a tomar o caminho certo que deve trilhar na Criação, a fim de nisso estar conforme a Vontade de Deus, atuando beneficamente como aquela criatura, que ela realmente é, por ser espiritual.

Por esse motivo ficará a humanidade agora no Juízo sem direitos, será deserdada por um tempo do direito mantido até agora, de com a sua vontade humana dominar, dirigindo e formando esta Criação posterior! Deserdada por mil anos, para que finalmente possa haver paz e esforços em direção à Luz, segundo as leis primordiais na Criação, contra as quais até agora o ser humano se colocou hostilmente.

A possibilidade e a garantia do reino de paz há muito almejado é dada, portanto, pela deserdação de todos os atuais direitos da humanidade na Criação posterior! Assim se encontra o ser humano diante de seu Deus! Disso deve ele agora prestar contas. Este é o sentido e a necessidade do Reino de Mil Anos de Deus aqui na Terra. Uma triste verdade que mais vergonhosa não podia ser para esta humanidade! Mas… é o único auxílio.

Assim, o Reino de Mil Anos será uma escola para a humanidade, onde deverá aprender como tem de se portar nesta Criação posterior, de que maneira pensar e agir, para cumprir corretamente a missão que lhe compete e assim ser feliz!

Para tal finalidade, fica a vontade humana, em sua função dominadora, impedida na Criação posterior por mil anos, depois que no julgamento for destruído o que ela semeou e conduziu erroneamente!

Durante mil anos imperará somente a Vontade de Deus, a que todo o espírito humano tem de se sujeitar, assim que conseguir passar no Juízo!

Caso advenha depois ainda uma falha, como até agora, então a humanidade tem de contar com a aniquilação total!

Assim é o Reino de Mil Anos e sua finalidade! A humanidade, em sua presunção e na ilusão de sua importância, imaginou isso de forma muito diferente. Mas aprenderá e terá de vivenciar como é realmente!

Também nisso reside apenas uma graça de Deus para ajudar aqueles cuja vontade é realmente pura!

Abdruschin

                        

Dissertação 28 “O Reino de Mil Anos” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Uma palavra necessária

Novembro 05, 2015

Acautela-te, espírito humano, pois tua hora é chegada! Só para maldades te serviste do tempo que te foi outorgado para o desenvolvimento que tanto almejavas!

Acautela-te com a tão atrevida presunção de teu raciocínio que te arremessou nos braços das trevas, que hoje triunfantemente te cravam as garras!

Levanta o olhar! Estás no julgamento Divino!

Despertai e tremei, todos vós que por causa da estreiteza e visão restrita vos aglomerais ao redor do bezerro de ouro das coisas efémeras, como borboletas atraídas por falsos fulgores. Por vossa causa quebrou outrora Moisés, enfurecido e dececionado, as Tábuas das Leis de vosso Deus, destinadas a vos auxiliar na escalada para a Luz.

Esse quebrar foi o símbolo vivo de que a humanidade inteira não merecia conhecer a Vontade de Deus, aquela Vontade que ela repeliu num comportamento frívolo e numa presunção terrena, para dançar ao redor de um ídolo que ela própria fizera e assim dar livre expansão aos desejos próprios!

Mas agora se aproxima o fim no último efeito retroativo, as consequências, o revide! Pois nessa Vontade Divina, outrora tão levianamente rejeitada, deveis agora arrebentar-vos!

Aí não adianta mais nenhuma queixa, nenhum pedido, pois durante milénios vos foi dado tempo para reflexão! Mas jamais tivestes tempo para isso! Não quisestes, e ainda hoje vos cuidais demasiado sábios em vossa incorrigível presunção. Não quereis reconhecer que exatamente nisso se mostra a maior estupidez. E assim acabastes transformando-vos neste mundo nos vermes nocivos que outra coisa não sabem fazer senão injuriar com obstinação toda a Luz, porque em vossa teimosia, cavando só nas trevas, perdestes toda a possibilidade de soerguer livremente o olhar no perscrutar, para reconhecer ou suportar a Luz.

Com isso sois agora marcados por vós próprios!

Por conseguinte, recuareis cambaleando, ofuscados, tão logo a Luz torne a raiar, e afundareis irremissivelmente no abismo que já se abriu atrás de vós, a fim de tragar os então condenados!

E aí haveis de ficar atados inexoravelmente, para que assim, todos quantos se esforçam por encontrar a Luz possam achar, com reconhecimento bem-aventurado, o caminho livre dos estorvos de vossa presunção e de vossos desejos, que vos levam a aceitar lantejoulas ao invés de ouro puro! Afundai nesse pavor letal que vós próprios preparastes com incrível afinco! Doravante não devereis poder perturbar mais a Verdade Divina!

Como se afoitam os homúnculos por apresentar seu ridículo e aparente saber, trazendo-o para o primeiro plano, perturbando dessa maneira tantas almas que poderiam salvar-se, se não tivessem caído nas garras desses depredadores do espírito que, quais salteadores, espreitam no primeiro lance do caminho, aparentando seguir na mesma direção! Que é, porém, que oferecem realmente? Com grandes gestos e palavras vazias baseiam-se, vaidosos e ostensivos, em tradições cujo verdadeiro sentido nunca compreenderam.

A boca do povo emprega para isso uma boa expressão: Batem palha vazia! Vazia porque não levantaram do chão, concomitantemente, os grãos propriamente, já que para tanto lhes falta a compreensão. Tal estreiteza de compreensão está disseminada por toda a parte; com teimosia bronca repetem frases alheias, já que não podem dar nada de seu.

[…]

E quando, agora, o Juízo amolecer a humanidade, toda ela cairá depressa de joelhos na poeira! Contudo, imaginai já hoje de que maneira ela então se ajoelhará: em todo o seu estado miserável, e ao mesmo tempo ainda arrogantemente, pois novamente apenas lamentando e pedindo que lhe seja dado auxílio!

Que lhes seja retirada a pesada carga com que eles próprios se sobrecarregaram e que os ameaça esmagar! Tais são as suas súplicas! Ouvis bem? Pedem o afastamento do suplício e aí nenhum pensamento pela própria correção interior! Nem sequer um desejo sincero de mudança voluntária da falsa compreensão em que andaram, visando apenas coisas terrenas! Nem a mínima vontade de reconhecer seus erros e faltas de até então, e nem de condessa-las corajosamente.

E quando então o Filho do Homem, na grande aflição, se apresentar entre eles, tratarão logo de estender as mãos para ele, chorando, suplicando, porém, somente na esperança de que os ajude segundo seus desejos, isto é, que suspenda o sofrimento, conduzindo-os a uma nova vida!

Ele, porém, repelirá a maior parte desses pedintes como vermes venenosos! Pois todos esses que aí estão suplicando, depois de um tal auxílio, logo tornariam a cair em seus antigos erros, envenenando o ambiente. Ele acolherá somente aqueles que lhe pedirem forças, a fim de se erguerem finalmente para uma contínua melhora; aqueles que se esforçarem, cheios de humildade, para afastar a teimosia até então mantida, e saudarem alegremente a Palavra da Verdade que promana da Luz como salvação!

Uma compreensão da Mensagem do Graal, bem como, antes, da Mensagem do Filho de Deus, só lhes será possível, quando atirarem para o lado tudo quanto o espírito humano construiu por meio de sua compreensão vaidosa, e recomeçarem tudo desde o princípio! Têm, antes, que se tornar como as crianças! Uma transferência, saindo dos erros de até agora, é impossível. Faz-se mister formar tudo de novo, desde a base, crescendo e se fortalecendo pela simplicidade e humildade.

Se os seres humanos fossem ajudados de acordo com o que pedem na hora do perigo e da aflição, tudo seria depressa esquecido outra vez, assim que lhes fosse tirado o temor. Sem escrúpulos, em sua incompreensão, novamente começariam a criticar em vez de ponderar com acerto.

Uma tal perda de tempo será inteiramente impossível no futuro, pois a existência desta parte do mundo está correndo para o seu final. Para cada espírito humano significa agora: ou uma coisa – ou outra! Salvação dos emaranhados por ele criados ou sucumbir neles!

A escolha é livre. Mas as consequências da resolução são decisivas e imutáveis!

Como libertados de uma grande pressão, os salvos então respirarão e jubilarão, tão logo as trevas imundas e repelentes forem finalmente açoitadas pelos golpes de espada da Luz e atiradas às profundezas que lhes competem, junto com as criaturas que a elas quiserem apegar-se!

Então a Terra ficará purificada de todos os pensamentos pestíferos, reerguendo-se virginalmente, e a paz florescerá para todas as criaturas humanas!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 29 “Uma palavra necessária” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O grande cometa

Novembro 05, 2015

Já há anos vêm os entendidos falando da vinda dessa estrela tão significativa. O número dos que a esperam vai assim aumentando cada vez mais, e mais e mais se vão densificando as alusões a respeito, de maneira que, na realidade, deve estar iminente seu aparecimento. Entretanto, o que ela significa, o que traz, donde vem, ainda não foi esclarecido direito.

Julgam que sua vinda acarretará transformações de caráter incisivo. Contudo, essa estrela significa muito mais.

Estrela de Belém pode ela ser chamada, porque é da mesmíssima espécie daquela. Sua força levanta as águas para grandes alturas, traz catástrofes climáticas e outros fenómenos mais. A Terra treme quando seus raios a envolvem.

Desde o acontecimento em Belém, nada mais ocorreu de semelhante. Tal como a estrela de Belém, também esta se desligou do reino eterno dos espíritos primordiais numa determinada época, a fim de que chegasse a atuar nesta Terra no momento exato em que deverão passar por toda a humanidade os anos de iluminação espiritual.

A estrela vem fazendo seu percurso em linha reta desde o reino eterno até esta parte do Universo. Seu núcleo está repleto de elevada força espiritual; envolver-se-á com matéria e desta forma será visível também para os seres humanos terrenos. Seguro e imperturbável, prossegue o cometa em seu rumo e na hora certa estará presente, conforme há milénios já foi determinado.

Os primeiros e imediatos efeitos já principiaram nos últimos anos. Quem não quiser ver e ouvir isto, quem não sentir o ridículo de pretender apresentar tudo quanto já vem acontecendo de extraordinário, como factos comuns, para esse naturalmente toda ajuda é inútil. Ou quer fazer como a avestruz, por medo, ou está sobrecarregado com a pior restrição. A ambas as espécies deve-se deixar seguir seus caminhos sossegadamente, podendo-se apenas dar um sorriso ante suas afirmações de fácil contestação.

Aos que entendem, poderia ser dito, outrossim, onde irão bater os primeiros raios fortes. Mas como tais radiações envolverão a Terra toda, pouco a pouco, não há motivo para entrar em maiores explicações a respeito. Decorrerão anos até chegar a esse ponto, e passarão anos até que a Terra torne a ficar livre dessa influência.

Então ela estará purificada e renovada em todos os sentidos, para bênção e alegria de seus habitantes. Nunca foi tão bela como então há-de ficar; por isso deve cada fiel olhar para o futuro com serena confiança, sem se apavorar com o que possa ocorrer nos próximos anos. Se puder volver os olhos para Deus, cheio de confiança, não lhe sobrevirá nenhum sofrimento.

Abdruschin

                        

Dissertação 30 “O Grande Cometa” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O Mestre Universal

Novembro 05, 2015

O Mestre Universal não se denomina acaso assim porque deva ensinar o Universo, ou, em sentido mais restrito, a Terra, ou, melhor ainda, a humanidade da Terra ou que domina a Terra, mas é chamado Mestre Universal porque esclarece o “Universo”, trazendo ensinamentos a respeito dele. Aquilo que realmente o ser humano precisa saber! Ensina a reconhecer o “Universo” em sua atuação automática, para que assim os seres humanos terrenos possam se orientar e dessa forma se lhes torne possível ascender conscientemente, no reconhecimento das verdadeiras leis do Universo!

Trata-se, portanto, duma doutrina Universal, de ensinamentos a respeito do Universo, isto é da Criação.

Atrás desse legítimo Mestre Universal se encontra, como outrora se deu com Cristo, radiante e visível aos videntes puros, a grande Cruz do Salvador! Pode dizer-se também: “Ele porta a Cruz”! Todavia, isso nada tem a ver com o sofrimento e o martírio.

Esse será um dos sinais de “vivo fulgor” que nenhum mago ou charlatão, mesmo o maquis esperto, conseguirá imitar, e mediante o qual se reconhecerá a absoluta legitimidade de sua missão!

Esse fenómeno extraterreno não é acaso desconexo ou apenas arbitrário; portanto não é antinatural. Compreende-se imediatamente a conexão, logo que se conhecer o verdadeiro sentido da “Cruz do Salvador”. A Cruz do Salvador não tem a mesma significação da cruz do sofrimento de Cristo, por meio da qual a humanidade não podia ser salva, conforme descrevo pormenorizadamente na dissertação “ A Morte na Cruz” e tantas vezes tenho repetido. Trata-se de coisa muito outra, por sua vez aparentemente simples, conquanto de porte gigantesco!

A Cruz já era conhecida antes do tempo terreno de Cristo. É o sinal da Verdade Divina! Não somente o sinal, mas também sua forma viva. E como Cristo foi o portador da genuína Verdade Divina, e emanou da Verdade, estando em ligação imediata com ela, trazendo consigo uma parte dela, ela aderiu também vivamente a ele e nele! Ela é visível na viva, portanto luminosa e autónoma Cruz radiante! Pode-se dizer que ela é a própria Cruz. Lá onde se acha essa Cruz radiante se acha também, por conseguinte, a Verdade, porque essa Cruz não pode ser separada da Verdade; ambas são uma só coisa, porque essa Cruz mostra a forma visível da Verdade.

A Cruz que emana raios ou a Cruz radiante é, portanto, a Verdade em sua forma genuína primordial. E como somente por intermédio da Verdade o ser humano pode subir e não doutra forma, logo o espírito humano só poderá encontrar a verdadeira salvação, no reconhecimento ou conhecimento da Verdade Divina!

E como, por sua vez, a salvação só se encontra na Verdade, daí se segue que a Cruz, isto é, a Verdade, é a Cruz salvadora, ou a Cruz do Salvador!

É a Cruz do Salvador! O Salvador, porém, é a Verdade para a humanidade! Apenas o conhecimento da Verdade e a decorrente utilização do que a Verdade encerra, ou do caminho apontado pela mesma Verdade, pode conduzir o espírito humano de sua atual escuridão e perdição para cima, rumo à Luz, libertando e salvando da situação atual. E como o Filho de Deus enviado e o Filho do Homem já a caminho são os únicos portadores da Verdade límpida, e a trazem em si, ambos têm de trazer consigo, de modo natural e inseparável, também a Cruz; portanto, são portadores da Cruz radiante, portadores da Verdade, portadores da salvação que reside para os seres humanos na Verdade. Trazem a salvação pela Verdade para quantos a acolherem, isto é, para os que seguirem o caminho apontado. Que vale aí todo o palavreado astuto dos seres humanos? Desvanecer-se-á na hora da angústia.

Por isso o Filho de Deus disse aos seres humanos que tomassem da Cruz e o seguissem, isto é, portanto, que recebessem a Verdade e vivessem de acordo com ela! Que se adaptassem às leis da Criação, e aprendessem a compreende-las direito e que só se utilizassem delas por meio de seus efeitos automáticos para o bem.

Mas que tem feito desse facto simples e natural a mente humana tão restrita! Uma doutrina de sofrimentos que Deus e o Filho de Deus nunca desejaram! E com isso foi tomado um caminho falso, que não se encontra em harmonia com o caminho apontado, e sim se afasta para bem longe da Vontade de Deus, a qual só deseja conduzir para a alegria, e não para o sofrimento.

É naturalmente um símbolo terrível para a humanidade que o Filho de Deus tenha sido pregado por ela, outrora, exatamente na forma terrenamente apresentada da configuração da Verdade e martirizado atá á morte, portanto, sucumbindo terrenamente no símbolo da Verdade que ele trouxe. A cruz do sofrimento das igrejas não é, porém, a Cruz do Salvador.

Diz-se do Filho de Deus que é “aquele que se encontra na Força e na Verdade”. A Força é a Vontade de Deus, o Espírito Santo, Sua forma visível é a Pomba. A forma visível da Verdade é a Cruz autonomamente irradiante. Ambas eram visíveis no Filho de Deus, porque ele se encontrava nelas. Tratava-se então, nele, de um fenómeno natural e lógico.

O mesmo se verá também no Filho do Homem! Por cima dele, a Pomba; atrás dele, a Cruz do Salvador, pois ele está, por sua vez, inseparavelmente ligado a isso, como o portador da Verdade “que se encontra na Força e na Vontade”! São os sinais infalíveis de sua legítima missão, para que se cumpram as profecias. Os sinais que nunca serão imitados, que são indestrutíveis, que advertem e que também prometem, não obstante sua severidade terrível! Todas as trevas têm de desaparecer só com a sua presença!

Elevai o olhar! Assim que os inexoráveis indícios de sua vinda se anunciarem, desembaraçando-lhe o caminho dos empecilhos que a presunção humana ali amontoou, cairá a venda dos olhos de muitos que são agraciados em reconhecê-lo dessa maneira! E em altas vozes terão que dar testemunho, impelidos pela força da Luz.

Nenhum sequer dos inúmeros falsos profetas e guias de hoje poderá permanecer diante dele, pois é por ambos os altos signos, que ninguém pode portar, a não ser o Filho de Deus e o Filho do Homem, que o próprio Deus fala a favor de Seus Servos, e toda a astúcia humana terá que se calar em face disso.

Prestai atenção à hora, está mais próxima do que todos pensam.

Abdruschin

                        

Dissertação 31 “O Mestre Universal” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

O Estranho

Novembro 05, 2015

As trevas pairavam novamente sobre a Terra. Obscureciam triunfantemente os seres humanos, fechando o caminho para o reino espírito-primordial. A Luz de Deus se retirara deles. O corpo que servira para isso, como recetáculo terreno, pendia na cruz sangrando e destruído, como vítima do protesto daqueles a quem quis trazer a felicidade e a santa paz.

No ponto mais alto de toda a Criação, na radiante proximidade de Deus, paira o Supremo Templo do Graal, como Templo da Luz. E lá dominava imensa tristeza por causa dos espíritos humanos desencaminhados nas profundidades, que se fecharam hostilmente à Verdade, pela cega ilusão do querer saber melhor, deixando-se atiçar pelas trevas cheias de ódio e perpetrar até o crime contra o Filho de Deus. Pesadamente se abatia sobre o mundo todo essa maldição assim criada pela humanidade, oprimindo-a numa estreiteza de compreensão ainda maior.

Com sério espanto, um jovem contemplava lá do Supremo Templo o ignominioso acontecimento… o futuro Filho do Homem. Já nesse tempo ele estava entregue a seus preparativos que levaram milénios, pois deveria descer bem aparelhado para os baixios onde, por vontade dos seres humanos, as trevas reinavam.

E eis que pousou delicadamente no ombro do jovem absorto a mão de uma mulher. A Rainha da Feminilidade achava-se ao seu lado e falou com afetuosa tristeza:

“Deixa o acontecimento atuar sobre ti, querido filho. Assim é o campo de luta que terás de atravessar na hora da realização, pois a pedido do Salvador assassinado, Deus-Pai concede que tu, antes do Juízo, anuncies mais uma vez Sua Palavra aos renegados, a fim de salvar aqueles que ainda queiram ouvi-la!”

Calado, o jovem baixou a cabeça, pedindo forças em fervorosa oração, pois o eco de tão grande Amor de Deus agitava-se poderosamente nele!

Depressa espalhou-se por toda a parte a notícia da nova possibilidade de graça, pela última vez, e muitas almas rogaram a Deus consentimento de poder colaborar na grande obra de salvação de todos quantos ainda quisessem encontrar o caminho para Deus. O Amor de Deus-Pai concedeu a algumas almas tal ensejo, que resultaria em vantagens para sua ascensão. Cheio de gratidão e alegria, o grupo dos assim agraciados fez uma promessa jubilosa de fidelidade para o cumprimento da concedida possibilidade de servir.

Desta forma se constituíram aqueles convocados que deveriam ficar mais tarde à disposição do Enviado de Deus, quando soasse na Terra a hora de sua realização. Com cuidado passaram a ser preparados para essas incumbências e em tempo certo foram encarnados na Terra para aí poderem estar prontos, assim que o chamado lhes fosse dirigido, sendo que seu primeiro cumprimento do dever era estarem atentos a esse chamado.

[…]

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 32 “O Estranho” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

Salvação! Libertação!

Novembro 05, 2015

Salvação! Libertação! Quantas vezes os seres humanos já fizeram uma falsa ideia destas palavras, querendo ver nisso um incondicional auxílio da Luz, com exclusão da sacrossanta Justiça. Jaz nisso uma total confusão, que já hoje se mostra em tudo quanto a mente humana pensa. Querem transformar Deus em seu escravo prestimoso, que apenas deve ser aceito para o bem dos pequenos seres humanos terrenos.

Perguntai-vos a tal respeito, aclarai vossos pensamentos sem atenuações, olhai objetivamente até ao fundo e então acabareis reconhecendo que todo o pensar jamais foi sintonizado de modo diferente, mas sim que Deus, para atender vossos pedidos, sempre deva ajudar servilmente, a fim de que vossos desejos se realizem.

Certamente não dais a isso a designação que caberia ao vosso modo de ser, e sim apresentais com circunlóquios, como sempre, vossa vontade errada, guarnecei-vos com o mantozinho duma humildade aparente e falais apenas em “conceder” em vez de servir, mas isso não altera em nada, que todo o vosso procedimento, mesmo na oração, seja do mal, não podendo agradar a Deus!

Sede sinceros ao menos uma vez, finalmente, contra vós mesmos, e tremei ao reconhecer de que forma vos portastes diante do vosso Deus, teimosos, arrogantes, insatisfeitos, hipócritas por superficialidade, só pensando Nele na hora da necessidade e do sofrimento, para que vos tire das consequências de vossas ações, a respeito das quais nunca perguntastes antes se vossas resoluções se incluíam nos moldes de Sua Vontade.

Que sois vós, criaturas humanas, diante da Onipotência e Sublimidade do Senhor, para pretender que Ele se deixe governar assim por vós, conforme vos apraz! Com que presunção quereis impor, à força, aqui na Terra, aquelas leis que vossos cérebros restritos geraram, leis essas em desacordo com as leis Divinas por Ele colocadas na Criação. Conduzis tantas vezes vossa vontade errada com uma astúcia irresponsável e um modo de pensar maldoso perante Deus, lesando assim vosso próximo, a fim de obterdes proveito próprio, quer seja em dinheiro e bens, ou em prestígio junto àqueles para quem o fazeis.

Agora, tudo isso recairá duramente sobre vós, como o peso duma rocha, pois nenhuma de vossas ações erradas pode ser considerada como extinta na lei da reciprocidade, a não ser que vós próprios vos tenhais livrado mediante a mudança de vossa vontade para o bem.

Os obstáculos que ainda impedem o resgate de tantas coisas serão arrancados violentamente! Irresistivelmente tudo recai sobre a humanidade terrena, que deseja permanecer na preguiça espiritual e na presunção, para impor sua vontade que desde há muito já se afastou para longe da Vontade de Deus.

Mas isso será o fim do domínio das trevas sobre a Terra! Tal domínio tem de desmoronar, arrastando consigo todos os seres humanos que a ele se associaram.

Porém, no meio dos ruidosos estrondos dos cataclismos vibra a Palavra! Vitoriosamente atravessará os países, para que ainda se possa salvar quem sinceramente se esforçar para tanto.

Nisso jaz a condição de que cada ser humano tem que se esforçar para reconhecer a Palavra do Senhor como salvação! Caso deixe, duvidando, passar essa última oportunidade, sem se aproveitar dela com todas as suas forças, jamais terá diante de si situação igual, e estará eternamente perdido para ele o momento propício de sua salvação.

Salvação, libertação, far-se-á para ele unicamente na Palavra, que tem de acolher, a fim de, vivendo segundo a mesma, libertar-se dos laços que o prendem em baixo, na ignorância e deformação dos conceitos reais.

Da pior maneira fostes envenenados e postos em perigo, pela falsa interpretação do Amor de Deus, que procurastes despojar de todo o vigor, de toda a força e clareza, envolvendo-o em moleza doentia e condescendência nociva, o que vos acarretou preguiça espiritual, tendo de precipitar-vos, com isso, na desgraça.

Acautelai-vos com a nociva deformação do conceito do sagrado Amor de Deus! Caireis com isso num entorpecimento agradável a princípio, que se transformará em sono mortal.

Nenhum Amor verdadeiro se encontra na condescendência e na bondade que tudo deve perdoar, mas sim essa ideia errada é como um veneno entorpecente que apenas debilita, cansando os espíritos, e por fim produz a paralisia completa, forçando a morte eterna, uma vez que não haverá possibilidade de se acordar ainda em tempo.

Apenas um frio cortante da Pureza Divina pode traspassar o cansaço e abrir para o verdadeiro Amor o caminho que conduz a vossos espíritos. A Pureza é severa, não conhece paliativos nem mesmo desculpas. Por isso parecerá áspera a muitas pessoas que de bom grado procuram iludir-se. Mas na realidade ela só fere onde algo não estiver em ordem.

A moleza causa danos não somente a vós como também àqueles que julgais agradar com isso. Sereis julgados um dia por um Superior, com uma espécie de Justiça que se tornou estranha a vós, por vossa própria culpa, desde muito tempo, pois vós vos distanciastes dela.

É a Justiça de Deus, imutável de eternidade a eternidade, independente da opinião dos seres humanos, e livre de suas simpatias, ódios, maldades e poderes. Ela é onipotente, pois emana de Deus!

Se não empregardes todas as forças para vos libertar de conceitos antigos, não aprendereis a compreender essa Justiça. Tampouco conseguireis tornar-vos novos interiormente! E somente o novo ser humano, que se encontra na Palavra da Vida, ansiando pela Luz, recebe os auxílios de que precisa, para transpor um Juízo de Deus.

O ser humano tem de se ajudar pela Palavra, que lhe mostrará o caminho a tomar! Só assim poderá achar salvação; do contrário, ela não lhe será outorgada! Tem de se robustecer na luta que trava a seu próprio favor, ou então nela perecerá!

Acordai e enfrentai lutando todas as trevas, então vos será proporcionada a força auxiliadora. Já os fracos, porém, perderão tudo o que ainda possuem de força, pois não sabem utilizá-la de modo certo. Ser-lhe-á assim tomado o pouco de que ainda dispõem, porque, na lei de atração da igual espécie, a força flui para aqueles que a utilizam com afinco e de maneira certa. Assim se cumprem as palavras de antiquíssimas promessas.

Abdruschin

                        

Dissertação 33 “Salvação! Libertação!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

A fala do Senhor

Novembro 05, 2015

É dever sagrado do espírito humano pesquisar por que se encontra na Terra, ou por que motivo vive nesta Criação à qual se encontra ligado por milhares de fios. Nenhum ser humano se tem em conta de tão insignificante, para crer que sua existência fosse sem finalidade, se ele mesmo assim não a tornasse. A tal respeito considera-se ele em todo caso demasiado importante. Entretanto, são apenas poucos os seres humanos que conseguem, penosamente, libertar-se a tal ponto da preguiça de seu espírito, para se ocupar sinceramente em pesquisar qual a sua finalidade na Terra.

E é também somente indolência do espírito que os faz de bom grado adotar doutrinas fixas estabelecidas por outrem. E indolência jaz na tranquilidade de pensar que é grandeza agarrar-se à crença dos pais, sem submeter os pensamentos nela contidos a exame próprio de maneira meticulosa e criteriosa.

Em todas as coisas os seres humanos são apoiados solicitamente por associações calculadoras e egoísticas, as quais acreditam que a expansão do montante dos adeptos seja o melhor caminho para o aumento e a consolidação da influência e com isso o crescimento do poder.

Longe se encontra deles o verdadeiro reconhecimento de Deus, pois doutra forma não prenderiam o espírito humano nas cadeias duma doutrina fixa, e sim educariam-no, despertando nele a responsabilidade própria, determinada por Deus, e que condiciona fundamentalmente inteira liberdade às suas resoluções espirituais! Só um espírito livre nisso pode chegar ao verdadeiro reconhecimento de Deus, que nele amadurece para convicção plena, a qual é necessária a cada um que deseja ser erguido às alturas luminosas, pois somente a convicção livre e sincera pode ajudá-lo a tanto.

Vós, seres humanos, porém, o que fizestes! Como tolhestes essa altíssima graça Divina, impedindo criminosamente que ela pudesse desenvolver-se, ajudando todos os seres humanos terrenos a abrir aquele caminho, que os conduz seguramente à paz, à alegria e à mais alta felicidade!

Ponderai: também na opção, no assentimento ou na obediência, que ocorre talvez apenas por hábito, como consequência da preguiça espiritual, ou porque nos outros é usual assim, reside uma resolução pessoal, que para os que assim agem acarreta responsabilidades individuais, de acordo com as leis da Criação!

Para aqueles que induzem o espírito humano assim, decorre paralelamente também uma responsabilidade como inevitável e de inexorável consequência. Nem o menor pensamento ou ação podem ser postos de lado, sem consequências de igual espécie da Criação, em cuja contextura os fios se tecem inexoravelmente, tanto para uma pessoa individualmente, como para a coletividade, aguardando os resgates, os quais, por sua vez, terão de ser recebidos finalmente por seus autores, isto é, geradores, seja como sofrimento ou alegria, conforme a maneira com que foram criados outrora, somente aumentados e consequentemente mais robustecidos.

Entre todas as criaturas na Criação só o espírito humano tem livre arbítrio, o qual até hoje ele próprio não pôde esclarecer nem compreender, porque nos limites estreitos do cismar de seu raciocínio não encontrou nenhum ponto de apoio como prova disso.

Seu livre arbítrio jaz somente nas resoluções que em cada hora ele pode tomar inúmeras. Mas ele está sujeito inexoravelmente às consequências de cada uma de suas próprias resoluções, no tecer automático das leis da Criação! Daí decorre sua responsabilidade, que está inseparavelmente ligada à concessão de uma liberdade de vontade na resolução, e a qual foi dada ao espírito humano como algo inseparável e característico.

Do contrário, onde estaria a Justiça Divina que, como apoio, equilíbrio e conservação de todas as atuações criadoras, está firmemente ancorada na Criação?

Ela nem sequer conta, porém, em seus efeitos, somente com o curto espaço de tempo de uma existência terrena do espírito humano, mas sim existem nisso outras condições totalmente diferentes, como os leitores de minha Mensagem sabem.

[…]

Vós, seres humanos terrenos, vos encontrais nesta Criação, a fim de encontrar a felicidade bem-aventurada! Na Fala em que Deus se expressa a vós de modo vivo! E compreender essa Fala, aprendê-la, intuir nela a Vontade de Deus, eis vosso alvo no percurso através da Criação. Na própria Criação a que pertenceis, reside o esclarecimento da finalidade de vossa existência e ao mesmo tempo também o reconhecimento de vosso alvo! De outra forma jamais encontrareis ambos.

Isto exige de vós que vivais a Criação. Vivê-la ou vivenciá-la só o conseguireis, contudo, quando a conhecerdes deveras.

Abro-vos, pois, com a minha Mensagem o Livro da Criação! A Mensagem vos mostra claramente a Fala de Deus na Criação, Fala essa que tendes de aprender a entender, para que possais absorve-la inteiramente.

Imaginai por um momento uma criança qualquer na Terra, que não pode compreender o pai ou a mãe, porque nunca aprendeu a língua que lhe é falada. Que seria de uma tal criança?

Ela ignora completamente o que querem dela, e dessa maneira irá caindo de um mal para outro, atraindo sobre si um sofrimento após outro, e acabará talvez inteiramente incapacitada para a finalidade terrena, como também para a alegria terrena.

Não deve cada criança aprender sozinha, por si mesma, a língua de seus pais, para poder vir a ser algo? Ninguém poderá livrá-la desse esforço!

Do contrário andaria sempre desorientada, jamais amadureceria e nunca poderia atuar na Terra, ficando assim um estorvo, um peso para os demais, devendo por fim ser afastada, para não acarretar prejuízos.

E vós, aguardais algo diferente?

O inevitável cumprimento de tal dever da criança, tendes vós para com o vosso Deus, logicamente, cuja Fala vós tendes de aprender a entender, tão logo quiserdes Seu auxílio. Entretanto, Deus fala para vós em Sua Criação. Se quiserdes progredir nela, então tendes antes de reconhecer essa Sua Fala. Se negligenciardes isso, sereis afastados dos que conhecem a Fala e que por ela se orientam, pois do contrário ocasionareis danos e estorvos, mesmo involuntariamente!

Portanto, vós tendes de fazer isso! Não vos esqueçais disso, e cuidai para que tal se realize, do contrário estareis indefesos e expostos a tudo o que vos ameaça.

Minha Mensagem será para vós um Guia fiel!

Abdruschin

                        

Excerto da Dissertação 34 “A Fala do Senhor” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume I

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