Infantilidade
Novembro 05, 2015
A palavra “infantil” é uma expressão que os seres humanos, em seu modo leviano e impensado de falar, na maioria dos casos empregam erroneamente.
Devido ao estorvo da preguiça espiritual, essa expressão não é suficientemente intuída para poder ser compreendida direito. É claro que quem não a houver compreendido em toda a sua extensão jamais poderá emprega-la acertadamente.
E entretanto é exatamente a infantilidade que oferece uma forte ponte aos seres humanos para a escalada às alturas luminosas, para a possibilidade de amadurecimento de cada espírito humano e para o aperfeiçoamento em prol duma eterna permanência nesta Criação, que é a Casa de Deus Pai, que Ele pôs à disposição dos seres humanos, se… aí permanecerem como hóspedes agradáveis. Hóspedes que não danifiquem o recinto, que por graça lhes foi concedido apenas para usufruto, com mesa sempre fartamente posta.
Quão distanciado, porém, se encontra agora o ser humano dessa infantilidade, para ele tão necessária!
Contudo, sem ela nada poderá obter para o seu espírito. O espírito tem de possuir infantilidade, pois é e permanece uma criança da Criação, mesmo quando adquire total amadurecimento.
Uma criança da Criação! Nisso jaz o sentido profundo, pois tem de desenvolver de maneira a se tornar uma criança de Deus. Quando alcançar isso, só depende do grau de reconhecimento que ele está disposto a adquirir durante sua peregrinação através de todas as matérias.
Conjuntamente com essa disposição tem de mostrar também a ação. Nos planos espirituais, a vontade é também ao mesmo tempo ação. Vontade e ação sempre são acolá uma coisa única. Contudo, isto só é assim nos planos espirituais e não nos planos materiais. Quanto mais espesso e mais pesado for um plano da matéria, tanto mais longe a ação fica da vontade.
Que a espessura age dificultando, já se percebe no som que tem de passar na movimentação através da matéria, que o retarda conforme a qualidade dessa espessura. Isto é nitidamente percetível, mesmo nas distâncias mais curtas.
Quando uma pessoa corta madeira em pedaços, ou prega nas vigas em qualquer construção, pode-se ver bem nitidamente a pancada da sua ferramenta, ao passo que o som só chega após alguns segundos. Isto é tão notório, que não há pessoa que não tenha assistido a isso aqui e acolá.
Coisa análoga, mas ainda mais difícil, ocorre com o ser humano na Terra com relação à vontade e à ação. A vontade irrompe no espírito e imediatamente se torna ação nele. Todavia, para que a vontade se torne visível na matéria, precisa do corpo de matéria grosseira. Somente no impulso cada corpo age já alguns segundos depois do irromper da vontade. Com isso fica excluído o trabalho mais demorado de um cérebro anterior, o qual normalmente tem que proporcionar o caminho da vontade até a impressão sobre a atividade do corpo.
[…]
O adulto não deve esquecer que o infantil não é pueril. Ignorais, porém, porque o infantil pode atuar assim, o que ele é, na realidade! E porque Jesus disse: Tornai-vos como as crianças!
Para sondar o que seja infantil, deveis primeiramente ficar cientes de que o infantil absolutamente não fica ligado à criança. Vós mesmos conheceis com certeza crianças nas quais falta a graciosa e genuína infantilidade! Uma criança maldosa nunca dará a impressão de ser infantil; tampouco uma criança desobediente, isto é, mal-educada!
Torna-se assim explícito que infantilidade e criança são duas coisas independentes.
Aquilo que na Terra se chama infantil é um ramo do efeito da Pureza! Pureza no sentido mais elevado e não apenas no sentido humano-terreno. O ser humano que vive na irradiação da Pureza Divina, que proporciona dentro de si morada para a irradiação da Pureza, adquire com isso também a condição infantil, quer seja na idade da criança, quer quando adulto.
A infantilidade é o resultado da Pureza interior, ou o sinal de que tal criatura humana se devota à Pureza e a serve. Trata-se somente de diferentes modos de expressão; na realidade, porém, sempre a mesma coisa.
Por conseguinte, somente uma criança pura pode causar a impressão de ser infantil, assim como um adulto que cultiva a Pureza em si. Por esse motivo, ele desperta confiança e exerce uma influência refrescante e vivificadora!
E onde existe a verdadeira Pureza pode também surgir o verdadeiro Amor, pois o Amor de Deus atua na irradiação da Pureza. A irradiação da Pureza é o seu caminho, por onde ele segue. Não seria capaz de seguir por outro.
Aquele que não absorveu em si a irradiação da Pureza, a esse nunca poderá chegar a irradiação do Amor de Deus!
O ser humano, porém, com o seu afastamento da Luz, privou-se da infantilidade por causa do seu pensar intelectivo e unilateral, ao qual sacrificou tudo o que podia soerguê-lo; e assim se chumbou com mil correntes firmemente à Terra, isto é, à matéria grosseira, que o retém até que possa libertar-se, o que não poderá conseguir com a morte terrena, e sim somente com o despertar espiritual.
Abdruschin
Excerto da Dissertação 10 “Infantilidade” da obra “Na Luz da Verdade-Mensagem do Graal”, volume I