A criança
Novembro 01, 2015
Quando as pessoas perguntam a si próprias como podem educar de modo certo seus filhos, elas devem observar em primeiro lugar a criança, e se orientarem correspondentemente. Desejos próprios do educador devem aí ser completamente postos de lado. A criança deve seguir o seu caminho na Terra e não o caminho do educador.
Bem-intencionado é um educador quando deseja, de bom grado, colocar á disposição de seu filho, para proveito deste, aquelas experiências que ele próprio tivera que colher em sua vida terrena. Quer muito poupar à criança deceções, perdas e dores. Contudo, na maioria dos casos não consegue muito com isso.
Tem de reconhecer, por fim, que todos os seus esforços nisso e sua boa vontade foram totalmente em vão, pois a criança em seu desenvolvimento segue, de súbito e de modo inesperado, em determinado tempo, seu próprio caminho, esquecendo ou desprezando todas as exortações, nas decisões para si mesma importantes.
A tristeza do educador a tal respeito não é justificada, pois em sua boa vontade ele nem levou em consideração que a criança que ele queria educar não tem de seguir, absolutamente, um caminho idêntico ao dele, se ela quiser cumprir direito a finalidade de sua existência nesta Terra.
Todas as experiências que o educador pôde ou teve que vivenciar em si próprio tinham sido destinadas a ele e a ele eram necessárias, tendo também por isso trazido proveitos somente ao educador, se foi capaz de assimilá-las de modo correto.
Esse vivenciar do educador, contudo, não pode trazer à criança o mesmo proveito, visto que o seu espírito, por sua vez, tem de vivenciar algo completamente diferente para o seu desenvolvimento conforme os fios do destino que com ela estão entretecidos.
Nem sequer dois, dentre os muitos seres humanos na Terra, têm caminhos idênticos, que possam beneficiá-los para o amadurecimento de seus espíritos!
Por isso, as experiências de uma pessoa não adiantam espiritualmente para uma segunda. E se uma criatura humana trilhar, imitando com exatidão, o caminho de outrem, terá malbaratado sua própria existência terrena!
Deveis apenas preparar o instrumento para a criança, até o seu amadurecimento, do qual ela necessita para a sua vida terrena, nada mais. Isto é, o corpo terreno com todos os seus organismos de matéria grosseira.
Atentai nisso com todo o cuidado para não torcê-lo ou até torná-lo completamente imprestável por exagero ou unilateralidade! Ao lado das necessárias capacitações de movimento, o aprendizado da atividade certa de seus cérebros representa um papel importante. A primeira fase educacional termina quando a maturidade se inicia, e só então é que deve seguir-se a segunda, a qual deve ensinar o espírito a dominar certo o corpo todo.
Os filhos desses seres humanos terrenos, até os anos de sua maturidade, quando então o espírito se manifesta, sentem, predominantemente, somente de modo enteal. Evidente que interiormente já estão incandescidos pelo espírito. Portanto, não acaso somente como um animal nobre em seu desenvolvimento máximo, mas muito mais até; mesmo assim é predominante aí o que é enteal e, por isso, determinante. Cada educador tem de manter isso incondicionalmente em vista; nesse sentido tem de ser severamente orientada a base de uma educação, se o êxito deve ser perfeito e sem prejuízos para uma criança. A criança deve primeiramente obter plena compreensão do grande atuar de tudo quanto é enteal, já que nessa época ela se acha ainda mais aberta para o enteal do que para o espiritual. Assim seus olhos se abrirão cheios de alegria e puros para as belezas da natureza que vê em seu redor!
As águas, montanhas, florestas, campinas, flores, bem como os animais, tornam-se então familiares a cada criança, e ela ficará solidamente ancorada no mundo, o qual deve oferecer-lhe, para sua existência terrena, o campo de atuação. A criança estará então completamente firme e plenamente consciente na natureza, em toda a atuação enteal, compreensiva, e com isso bem aparelhada e pronta para atuar com o seu espírito, elevando e beneficiando ainda, outrossim, tudo aquilo que está em sua volta como um grande jardim! Só assim pode tornar-se um verdadeiro jardineiro na Criação.
Desta forma e não diferentemente deve estar cada criança em desenvolvimento, quando seu espírito desabrochar. Sadia de corpo e alma! Desenvolvida de modo alegre e preparada naquele terreno ao qual cada criança pertence. O cérebro não deve ser sobrecarregado unilateralmente com coisas das quais nem necessita na vida terrena e que lhe exigem muitos esforços para assimilá-las, com o que tem de desperdiçar energia, enfraquecendo o corpo e a alma!
Se, no entanto, a educação primária já consome toda a força, nada mais resta a uma criatura humana para a verdadeira atuação!
Com uma educação certa e preparação para a vida, propriamente dita, o trabalho só se torna alegria, prazer, uma vez que com isso tudo na Criação é capaz de vibrar conjuntamente em completa harmonia, e desse modo apoia beneficiando e fortalecendo o desenvolvimento da juventude.
Quão insensatamente agem, porém, os seres humanos com seus descendentes! De que crimes se tornam culpados em relação a eles!
[…]
O ser humano que foi realmente criança mostrar-se-á também mais tarde de pleno valor como adulto. Mas somente então! E uma criança normal se reconhece já pelo facto de possuir, perante os adultos, o legítimo respeito em seu próprio sentimento intuitivo, que nisso corresponde exatamente à lei da natureza!
Tudo isso cada criança já traz em si como dádiva de Deus! E desenvolver-se-á, se não o soterrardes. Por conseguinte, deixai as crianças afastadas de onde os adultos conversam, pois não é lugar delas! Devem também, em tal caso, saber sempre que são crianças e como tais ainda não de pleno valor, ainda não maduras para o atuar terreno. Nessas aparentes ninharias há muito mais do que hoje pensais. É o cumprimento de uma lei básica na Criação e à qual muitas vezes não dais atenção. Externamente as crianças, que se encontram, todas, ainda no enteal, precisam disso como um apoio! Conforme a lei do enteal.
Os adultos devem dar proteção às crianças! Nisso se encontra mais do que dizem somente as palavras; devem, porém, dar proteção também apenas lá onde a criança a mereça. Esse dar proteção não deve realizar-se sem uma retribuição, para que a criança já aprenda, pela experiência, que em tudo tem de haver equilíbrio, havendo nisso harmonia e paz. Também isso condiciona a espécie do enteal.
Exatamente isso, porém, tantos pais e educadores têm negligenciado, não obstante ser condição básica da educação certa, desde que ela deva ser realizada conforme as leis primordiais da Criação. A falta do conceito de equilíbrio absoluto leva qualquer um a vacilar e a cair, não importa se já mais cedo ou só mais tarde. E a consciência da inevitável necessidade desse conceito deve ser inculcada na criança já desde o primeiro dia, para que se torne de tal modo sua propriedade, inserindo-se-lhe completamente na carne e no sangue, tão naturalmente, como aprende o senso de equilíbrio de seu corpo, o qual está sujeito, sim, à mesma lei básica!
Se essa tese fundamental for cuidadosamente posta em prática em cada educação, haverá finalmente seres humanos livres, que são do agrado de Deus!
Mas exatamente essa lei básica, a mais indispensável e principal nesta Criação, foi excluída pelas criaturas humanas por toda a parte! Com exceção do senso de equilíbrio do seu corpo terreno, ela não é obedecida nem observada na educação. Isso força a unilateralidade de uma maneira nociva, que faz com que todas as criaturas humanas sigam apenas cambaleando animicamente através da Criação, com constantes tropeços e quedas!
É triste que esse senso de equilíbrio só seja considerado para o corpo terreno, como necessidade de todos os movimentos; anímica e espiritualmente, porém, não é cuidada, faltando muitas vezes de modo total. Desde as primeiras semanas deve a criança ser cuidadosamente auxiliada nisso mediante a influência de pressão exterior. A omissão acarretará a cada ser humano medonhas consequências para toda a sua existência na lei da reciprocidade!
Olhai somente em redor. Na vida individual bem como na família, nos governos bem como na maneira das igrejas, por toda a parte falta justamente isso, somente isso! E contudo, encontrais essa lei visivelmente demonstrada por toda a parte, se apenas desejardes ver! Até o corpo de matéria grosseira vo-la mostra; vós a encontrais na alimentação e na eliminação, sim, até nas próprias espécies de alimentação, se o corpo deva sentir-se bem, no ajuste entre o trabalho e o descanso, até em todas as minúcias, sem se considerar a já citada lei do equilíbrio que faz com que cada corpo se mova, tornando-o só assim útil para a missão da atuação terrena. Ela mantém e permite existir todo o Universo, pois só no ajustamento do equilíbrio podem os astros, podem os mundos seguir suas órbitas e se manter!
E vós, pequenos seres humanos na Criação, que não sois mais do que uma partícula de pó diante do grande Criador, vós a derrubais por não querer dar-lhe inteira atenção e cumpri-la.
Pôde, sim, suceder que por algum tempo a tivésseis torcido; agora, porém, ela volta rapidamente à forma original e, no regresso rápido, tem de atingir-vos dolorosamente!
Desse erro proveio todo o mal que hoje atinge a Criação. Também nos países o descontentamento torna-se revolta, lá onde, de um lado, falta o equilíbrio certo! Contudo, é apenas uma continuação, o avolumar daqueles erros que o educador comete com a juventude!
O novo Reino, o Reino de Deus sobre a Terra, criará o equilíbrio e, com isso, uma nova geração! Primeiramente, porém, terá que forçar impiedosamente o verdadeiro conceito de equilíbrio, antes que possa ser compreendido. Forçar pela transformação de todo o torcido, que já agora se processa pela auto exaustão de todo o falso e insano, impulsionado para isso pelo invencível poder e força da Luz! Seguir-se-á então a dádiva da verdadeira compreensão de todas as leis primordiais da Criação. Esforçai-vos por reconhecê-las direito desde já e estareis certos nesta Criação! O que, por sua vez, como consequência, trará para vós somente felicidade e paz.
Abdruschin
Excerto da Dissertação 08 “A criança” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III