A missão da feminilidade humana
Novembro 01, 2015
Uma grande pressão pesa sobre toda a feminilidade terrena, desde que foi difundida a ilusão de que o destino principal de uma mulher seria a maternidade. Muitas pessoas, com falsa compaixão e frequentemente, até com velada e maliciosa alegria, olham para as moças que não se casam e igualmente para as senhoras que ficam sem filhos no matrimónio. A expressão “solteirona”, que na realidade é um título honroso, é muitas vezes pronunciada com leve zombaria, com um lastimoso encolher de ombros como se o matrimónio fosse, para a mulher terrena, a mais alta de suas finalidades, sim, até seu destino.
Que esse falso conceito haja-se difundido e alojado por milénios, de modo tão nocivo, faz parte das principais conquistas de Lúcifer que, com isso, visava a degradação da feminilidade, aplicando o golpe mais duro à verdadeira essência humana. Olhai, pois, em redor! As danosas excrescências dessa conceituação falsa sintonizaram, de antemão, o sentido dos pais e das moças, em linha bem reta, para o sustento terrenal por meio de um matrimónio! Tudo converge para aí. Já a educação, todos os pensamentos, as conversas, as ações, desde os dias da infância de cada moça até à maturidade. Depois, busca-se e proporciona-se a oportunidade ou, onde isso não se consegue, estabelece-se até à força, a fim de que se travem conhecimentos com o objetivo final de um casamento!
É inculcado na moça, literalmente, que passará pela vida sem alegria, se não puder andar ao lado de um homem! Que, de outro modo, jamais será levada a sério! Para onde quer que uma criança do sexo feminino olhe, ela vê as glorificações do amor terreno, tendo como alvo supremo a felicidade materna! Assim se forma a ideia, artificialmente imposta, de que cada jovem que não pode ter isso é digna de lástima e tem a sua existência terrena perdida em parte! Todo seu pensar e querer é orientado nesse sentido, literalmente inoculado na carne e no sangue desde o momento do nascimento. Tudo isso, porém, é obra bem hábil de Lúcifer, objetivando a degradação da feminilidade humana.
E esse malefício tem de ser agora tirado dessa feminilidade terrena, se é que ela deva elevar-se! Somente dos escombros dessa ilusão de até agora é que pode resultar o elevado, o puro! A nobre feminilidade, desejada por Deus, não conseguiu desenvolver-se sob essa investida das mais astuciosas de Lúcifer contra os espíritos humanos, os quais, todos, desde o início, poderiam ter-se esforçado somente rumo à Luz, se tivessem seguido firmemente as leis primordiais da Criação, deixando-se guiar por elas.
Tornai-vos finalmente espirituais, ó criaturas humanas, pois sois do espírito! Reconhecei e sede também suficientemente fortes para assimilar que a felicidade maternal, tida como a suprema meta da feminilidade terrena e o seu destino mais sagrado, tem suas raízes somente no enteal! O destino mais sagrado da mulher humana, no entanto, é muito mais elevado, está no espírito!
Nem sequer uma vez vos veio à mente que tudo aquilo que até agora decantastes pertence exclusivamente à Terra, à vida terrena em sua limitação! Pois o casamento e a procriação existem apenas na parte de matéria grosseira desta Criação posterior. A feminilidade, contudo, existe na Criação inteira! Isto, pois, deveria dar-vos motivo para uma reflexão! Mas não, seria esperar demais de vós!
Assim como se procura levar os animais livres, pouco a pouco, para uma trilha impercetível, previamente construída de modo cuidadoso, e a qual não podem distinguir da livre e bela floresta, levando, contudo, ao cativeiro, da mesma forma levastes vossas filhas apenas na direção daquele único alvo… o homem! Como se fosse seu destino principal!
A ilusão dessa falsa conceituação assemelha-se a tabiques, colocados à direita e à esquerda, que nem deixavam as pobres crianças, por fim, pensarem de modo diferente senão na mesma direção. Tantas moças “se salvaram” então com um salto violento ainda para um casamento que a elas próprias muito custou, apenas para na velhice não sofrer as consequências desses falsos conceitos, os quais, como espadas ameaçadoras, pendem sobre cada moça.
[…]
A missão suprema na existência da feminilidade na Terra é a mesma que desde sempre existiu nas regiões mais altas: enobrecimento de seu ambiente e constante suprimento da Luz, que só a feminilidade, na delicadeza de seu sentimento intuitivo, pode transmitir! O enobrecimento, porém, acarreta incondicional ascensão rumo às alturas luminosas! Isso é lei do espírito! Por isso, tão-só a existência da legítima feminilidade condiciona também a ascensão de modo inamovível, o enobrecimento e a conservação da pureza de toda a Criação.
Lúcifer sabia disso, porque está nas leis da Criação, e procurou impedir o processo natural, em seu desenvolvimento, pela prejudicial e falsa ideia básica, que apresentava sedutoramente o instinto do corpo terreno e seus feitos como o mais elevado. Com isso gotejou veneno em toda a verdadeira humanidade, que em decorrência disso torceu, sem pressentir, o movimento ascendente dos caminhos retos dessas leis primordiais da Criação, para prejuízo próprio, de maneira que eles tiveram que causar paralisação, conduzindo depois para baixo, portanto, trazendo anos a todos os espíritos humanos, ao invés de bênçãos!
Ele sabia o que com isso fazia. Submergindo no enteal, e assim se perdendo, a feminilidade humana não pôde desenvolver-se, teve que ficar confusa quanto a si e a sua finalidade principal, trazendo com isso confusão até mesmo a esse enteal, porque ela não lhe pertence.
O enobrecimento do seu ambiente é, portanto, a missão principal de uma mulher também aqui na Terra, na matéria. Tendo vindo de cima e mantendo-se em cima, mediante seu delicado sentimento intuitivo, e assim, por sua vez, conduzindo para cima, ela é a ancoragem do homem com a Luz, o apoio de que ele precisa para a sua atuação na Criação. Para isso, porém, não é necessário nenhum matrimónio nem mesmo conhecimento ou encontro pessoal. Unicamente a existência da mulher na Terra já traz a realização.
O homem encontra-se na Criação com a frente voltada para fora, a fim de lutar; a mulher, no entanto, protegendo-lhe as costas, mantém a ligação com a Luz e forma assim o núcleo, o suprimento de energia e fortalecimento. Onde, porém, a podridão possa imiscuir-se no núcleo, também a frente está perdida! Mantende isso diante dos olhos sempre. Nada mais adiantará, então, se a mulher procurar colocar-se na frente, ao lado do homem, posição a que não pertence. Em tal luta somente se enrijece sua intuição delicada, esgotando-se com isso a mais alta capacidade e a força que outrora lhe foram outorgadas, e tudo tem de acabar em escombros!
É conhecido de todos, contudo, que os homens, mesmo nas regiões mais retiradas desta Terra, aprumam-se imediatamente, procurando até se comportar de modo mais decente, tão logo se aproxime apenas uma criatura feminina, com a qual não precisam trocar sequer uma palavra.
Só a existência e o aparecimento de uma mulher já produzem esse efeito! Nisso se evidenciam nitidamente, mesmo que somente ainda atrofiados, o mistério feminino e o poder, o apoio, que dela promanam segundo as leis na Criação, e os quais nada têm a ver diretamente com a procriação na Terra. A procriação é em grande parte de espécie enteal.
Vós, moças, e vós, senhoras, lembrai-vos antes de mais nada de que sois as portadoras das mais altas missões nesta Criação, que Deus vos confiou! Nem o matrimónio, nem a maternidade são a vossa mais alta finalidade, por mais sagrados que também sejam! Sereis autónomas e firmes, tão logo estiverdes certas no íntimo.
Quão ridícula e repulsiva parecer-vos-á a loucura da moda, à qual sempre vos subjugastes voluntariamente e até de modo incondicional. O que foi lançado no mercado pelos fabricantes da moda, de maneira insensata, para fins lucrativos, aceitastes como bichos aos quais são atirados gulodices!
Reconhecereis ainda a vergonha que nisso havia, já somente na aceitação das aberrações, às vezes bastante duvidosas, dos conceitos de beleza autêntica. De pureza, nem se pode falar aí absolutamente. Nisso ela sempre foi conspurcada de uma maneira que não podia mais ser superada em descaramento. Depois de anos ainda subirá em vossas faces o rubor da vergonha, quando aprenderdes a reconhecer quão profundamente tínheis afundado nisso!
Pior ainda é, sim, a exibição consciente e intencional do corpo, que a cada um deve ser sagrado, o que já esteve tantas vezes em moda. Somente a vaidade mais baixa poderia permitir uma queda da feminilidade a tal profundidade. E essa vaidade, que já desde muito faz parte notoriamente da mulher, é a imagem vergonhosa daquilo que deveria ser a atuação verdadeira da feminilidade, segundo as leis Divinas.
Aí, porém, o homem é igualmente culpado como a mulher! Precisaria, sim, apenas desprezar tais coisas e a feminilidade logo ficaria de lado, envergonhada e isolada, mesmo que houvesse antes passado por ela uma raiva injusta. Ele, no entanto, regozijou-se assim com a queda da mulher, pois com isso ela correspondia melhor às fraquezas e desejos, que ele já trazia em si aumentados de modo doentio por causa da ideia luciferiana.
A feminilidade não pode cumprir sua missão na Terra com a vaidade, que sempre condiciona a falta de pudor, mas com a graça, que só a ela é outorgada, como a mais bela dádiva do espírito! Cada expressão do rosto, cada movimento, cada palavra deve trazer, na feminilidade, o cunho de sua nobreza de alma! Nisso reside sua missão e também seu poder e sua grandeza!
Instruí-vos nisso, deixai-vos aconselhar a tal respeito, deixai que se torne legítimo o que agora procurais substituir pela baixa vaidade! A graça é o vosso poder terreno, deveis cultiva-la e utilizá-la. Mas não se pode imaginar graça sem pureza! Já o nome sozinho, no seu conceito, dirige os pensamentos e o sentido rumo à pureza e às alturas, atuando de modo dominador, intangível e sublime! A graça faz a mulher! Só ela traz em si a verdadeira beleza para cada idade, para cada forma corpórea, pois torna tudo belo, visto ser a manifestação de um espírito puro, no qual se encontra sua origem! A graça não deve ser confundida por isso com a insinuação que se origina do enteal.
Assim deveis e tendes de encontrar-vos na Criação! Tornai-vos, por isso, espiritualmente livres em vós, senhoras e moças! A mulher que apenas quer viver como mãe em sua existência terrena malogrou em sua verdadeira finalidade e em sua missão.
Abdruschin
Excerto da Dissertação 09 “A missão da feminilidade humana” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III