O enteal
Novembro 01, 2015
Em minha Mensagem falei muitas vezes do enteal na Criação. Falei de sua espécie e de sua atuação, bem como da significação para o espírito humano, para o qual ele aplaina os caminhos da Criação, em prol de seu desenvolvimento até o aperfeiçoamento.
Tudo isso já vos é conhecido.
Apesar disso, considero necessário falar agora ainda uma vez de modo mais pormenorizado de tudo quanto é enteal, para que o ser humano tenha ensejo de assimilar em si todo o quadro desse atuar.
O “enteal” é uma expressão que eu próprio vos dei, porque expressa melhor aquilo, e que é capaz de vos dar uma determinada forma para vossos conceitos sobre o atuar, bem como sobre a espécie desse componente da Criação, importante para todo o criar
Denominemos o “enteal” também de “essencial” para a Criação ou melhor ainda “aquilo que se evidencia visivelmente” na Criação; então talvez se torne ainda mais compreensível para vós o que de facto quero dizer com a expressão o “enteal”.
Podemos ainda empregar outras definições do vosso vocabulário, para formulá-lo ainda melhor. A isso pertence a expressão: o que “une”, ou simplesmente: o que “liga” e o que, com isso, fica “atado”.
Depois de todas estas expressões transitórias, posso por fim dizer calmamente: o que “molda formas”, sem que aí penseis que o enteal criaria as formas por sua própria vontade, pois isso seria errado, visto que o enteal somente pode apenas moldar formas, quando por trás dele estiver impulsionando a Vontade de Deus, a viva lei primordial da Criação.
Podemos chamar também o enteal de a força propulsora que executa e mantém a moldagem das formas! Assim talvez vos seja mais fácil dar à vossa capacidade raciocinadora o conceito aproximadamente certo.
Enteal, isto é, o que se evidencia visivelmente pela forma, e por isso também transmissível em imagem, é tudo fora de Deus. O próprio Deus, tão só, é inenteal. Assim denominado para a diferenciação do conceito do enteal.
Por conseguinte, tudo quanto está fora de Deus inenteal é enteal e formado!
Tomai isso, pois, como noção básica da compreensão.
Portanto, enteal é tudo fora de Deus. E como fora de Deus só existe a irradiação de Deus, por conseguinte o enteal é então a natural e inevitável irradiação de Deus.
O enteal é, portanto, muito mais amplo e elevado do que pensastes. Está fora de Deus, abrangendo tudo, porém divide-se em muitas gradações segundo o grau de resfriamento e a distância de Deus a isso condicionado.
Conhecendo direito a Mensagem, sabereis que nela já falei a respeito do Divino-Enteal, que se encontra na esfera Divina e também do espírito-enteal que, por sua vez, se divide em espírito-primordial enteal, e em espírito-enteal; a seguir mencionei o degrau do simplesmente enteal, ao qual se ligam, em escala descendente, a matéria fina e, por fim, a matéria grosseira com todas as suas diversas transições.
Como, porém, tudo é enteal, afora o próprio Deus, apenas denominei as diversas espécies simplesmente de Divinal, espírito-primordial, espiritual e enteal, e mais ainda a matéria fina e a matéria grosseira como diferentes gradações para baixo.
Basicamente, de um modo geral existem, porém, somente duas: inenteal e enteal. Inenteal é Deus, ao passo que Sua irradiação deve ser chamada enteal. Algo diferente não existe, pois tudo quanto se encontra fora de Deus se origina e se desenvolve exclusivamente da irradiação de Deus.
Muito embora isto já se evidencie bem claro da Mensagem, se a considerais de maneira certa, ainda assim muitos ouvintes e leitores por enquanto compreendem como enteal somente a região da Criação que se encontra entre o espiritual e a matéria fina, a região donde provêm os seres elementares, como os elfos, as ondinas, os gnomos, salamandras; mais ainda, as almas dos animais que nada contêm em si de espiritual.
Em si isso até agora não foi imaginado de modo errado, visto que essa região entre o espiritual e a matéria fina é o simplesmente enteal, do qual já se separaram o Divino, o espírito-primordial e o espiritual. É a mais pesada das camadas ainda móveis por si mesmas, enquanto desta então se separa e desce ainda a matéria em resfriamento progressivo, a qual em seu resfriamento inicial permanece como matéria fina lenta, da qual então ainda se separa a massa da matéria grosseira, imóvel por si mesma.
Mas também entre essas duas matérias, uma estranha à outra em suas espécies, encontram-se ainda muitas gradações distintas. Assim, por exemplo, a Terra não é a mais lenta delas. Existem ainda na matéria grosseira gradações que são muito mais pesadas e muito mais densas e onde, por essa razão, o conceito de espaço e de tempo se torna ainda muito mais restrito, totalmente diferente do que aqui, com um movimento, a isso condicionado, mais vagaroso ainda, e por essa razão com possibilidade de desenvolvimento também mais difícil.
Conforme as espécies de capacidade de movimento, formam-se nas regiões os conceitos de espaço e tempo, pois na maior densidade e peso não só os astros se movem mais vagarosamente, como também os corpos carnais são mais pesados e mais compactos, e com isso também os cérebros são menos ágeis, em suma, tudo é diverso devido à espécie e aos efeitos das irradiações mútuas, também totalmente diferentes, as quais são o impulso para o movimento e ao mesmo tempo, por sua vez transformadas, também suas consequências.
Exatamente porque tudo na Criação se acha submetido a uma lei, têm que se mostrar sempre diferentes nas diversas regiões as formas e os conceitos, segundo a espécie de mobilidade, que por sua vez está ligada ao respetivo resfriamento e à densidade daí decorrente.
Todavia, com isto novamente me desvio demais, pois hoje quero, antes de mais nada, ampliar um pouco mais o conceito sobre o enteal.
Volto a usar uma expressão figurada, a qual já dei anteriormente, e resumidamente afirmo:
O inenteal é Deus. O enteal é o manto de Deus. Algo diferente não existe, absolutamente. E esse manto de Deus tem de ser conservado limpo por aqueles que o tecem ou que podem abrigar-se em suas dobras, aos quais pertencem também os espíritos humanos.
Portanto, enteal é tudo quanto se acha fora de Deus, e por essa razão a entealidade atinge até a esfera Divina, sim, essa própria esfera deve ser denominada de enteal.
Por esse motivo devemos agora estabelecer uma diferenciação mais subtil, a fim de não deixar surgir erros. O melhor será separarmos os conceitos entre o “enteal” e “os enteais”!
[…]
Ponderai que aquilo que aqui vedes à vossa volta é apenas uma imagem grosseira de tudo o que se encontra mais alto, moldando-se sempre de forma mais esplêndida, mais nobre e mais luminosa, quanto mais perto da esfera Divina lhe for permitido estar. Mas em todas essas esferas os entes atuam sempre exatamente segundo a Vontade de Deus, que está nas leis!
Todos os entes se encontram a serviço de Deus, para o qual os espíritos têm primeiro que se declarar voluntariamente, se quiserem atuar de maneira benéfica na Criação. Seguindo o caminho que nela lhes é indicado com exatidão, o qual facilmente podem reconhecer, bastando que o queiram, dessa forma lhes está reservado um caminho de felicidade e de júbilo, pois então vibrarão em comum com os entes, que os ajudam a aplainar os caminhos.
Para cada caminho errado, porém, os espíritos têm de se esforçar mediante uma decisão bem especial. Com isso, porém, produzem apenas o infortúnio, criando para si mesmos o sofrimento e, por fim, a queda e a expulsão da Criação, para o funil da decomposição, como imprestáveis para o desenvolvimento progressivo, desejado por Deus e condicionado de acordo com a lei, de tudo quanto até agora se originou.
Somente o espiritual desenvolvido evoluiu para o lado errado, para a perturbação da harmonia. Ser-lhe-á concedido, depois do Juízo, mais uma vez um prazo para a modificação, por intermédio do Reino do Milénio desejado por Deus. Se até aí não conseguir alcançar a sua absoluta firmeza para o bem, então o espiritual humano desenvolvido terá de ser recolhido novamente até aquele limite, onde não poderá se desenvolver para a autoconsciência, a fim de que finalmente reinem a paz e o júbilo para as criaturas nos Reinos de Deus!
Assim és tu, criatura humana, a única que age perturbadoramente na desejada beleza desta Criação, quando ela agora deverá ser erguida, para o necessário retorno à condição de um paraíso de matéria grosseira. Apressai-vos, pois só através do saber ainda podereis soerguer-vos, criaturas humanas! A força recebê-la-eis, tão logo abrirdes vossas almas para isso.
Abdruschin
Dissertação 24 “O enteal” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III