O nome
Novembro 01, 2015
É uma lástima que até mesmo perante coisas sérias os seres humanos passem como broncos, e em sua indolência espiritual somente reconheçam tudo, quando são obrigados a reconhecer. Todavia nessa indolência mortífera encontram-se apenas os efeitos da livre vontade de toda a humanidade, até agora empregada tão pecaminosamente.
Todos os seres humanos encontram-se dentro da lei, como qualquer criatura; são cingidos e perpassados pela lei, e dentro da lei e através da lei também se originaram. Vivem nela e com a livre vontade tecem eles próprios o seu destino, os seus caminhos.
Esses caminhos tecidos por eles próprios também os levam acertadamente, nas encarnações aqui na Terra, àqueles pais de que necessitam imprescindivelmente para a sua infância. Assim chegam, também, àquelas condições que lhe são úteis, porque recebem assim exatamente aquilo que, como fruto dos fios da própria vontade, amadureceu para eles.
Na vivência daí resultante continuam a amadurecer, pois se a vontade anterior foi má, então também os frutos serão correspondentes, os quais eles têm de chegar a conhecer. Esse acontecer, com as indesviáveis consequências finais, é simultaneamente também a satisfação constante dos desejos já tidos, que sempre dormitam escondidos em cada vontade, que constituem, sim, o impulso para cada vontade. Tais frutos, porém, muitas vezes só chegam numa vida terrena posterior, mas nunca deixam de vir.
Além disso, residem nessas consequências, concomitantemente, ainda os resgates de tudo aquilo que o ser humano formou até aí, seja de bem ou de mal. Tão logo extraia disso ensinamentos para o reconhecimento de si mesmo terá também a possibilidade absoluta de subir a cada instante, bem como de qualquer situação da vida, pois nada é tão difícil, que não se possa modificar com sincera vontade para o bem.
Assim atua tudo em constante movimento, sem interrupção na Criação toda e, continuamente também o espírito humano, como toda criatura, tece nos fios da lei o seu destino, o modo de ser do seu caminho. Cada manifestação do seu espírito, cada oscilação de sua alma, cada ação de seu corpo, cada palavra ata para ele, inconsciente e de modo automático, sempre novos fios aos já existentes, uns aos outros, uns com os outros, uns através dos outros. Forma e forma, forma-se até com isso já de antemão o nome terreno que, numa vindoura existência terrena, terá de usar, e que, inevitavelmente, usará, já que os fios de sua própria tecedura, segura e imutavelmente, o conduzem para lá!
Por isso cada nome terreno também está na lei. Nunca é casual, nunca sem que o próprio portador tenha antes estabelecido a base para tanto, porque cada alma, na encarnação, corre pelos fios da própria tecedura, como sobre trilhos, irresistivelmente para lá, onde pertence com exatidão, segundo a lei primordial da Criação.
Esticam-se com isso finalmente os fios, cada vez mais, na progressiva densificação material, lá onde as irradiações da parte densa da matéria fina se tocam estreitamente com as irradiações da parte fina da matéria grosseira, dando-se as mãos para uma interligação firme, de espécie magnética, para o período de uma nova existência terrena.
A respetiva existência terrena perdura então tanto, até que a intensidade original dessas irradiações da alma se modifique através de resgates de toda a sorte na vida terrena, com o que, simultaneamente, aquela força de atração magnética se dirige mais para cima do que para baixo na matéria grosseira, pelo que, por sua vez, resulta finalmente na separação da matéria fina da alma, do corpo de matéria grosseira, de acordo com a lei, visto que uma verdadeira mistura nunca ocorreu, mas, tão só uma ligação, que foi mantida de maneira magnética através de uma bem determinada intensidade de grau de calor das irradiações mútuas.
Contudo, assim também acontece que a alma de um corpo destruído por violência, ou combalido por doença, ou enfraquecido pela velhice tenha que se separar no instante em que este, devido ao seu estado alterado, não possa gerar mais aquela intensidade de irradiação, que produza tal força de atração magnética necessária, a fim de cooperar na interligação firme da alma com o corpo!
Disso resulta a morte terrena, ou o cair para trás, o afastamento do corpo de matéria grosseira, do invólucro de matéria fina do espírito, portanto, a separação. Um processo que ocorre segundo leis estabelecidas, entre duas espécies que apenas podem ligar-se devido à irradiação produzida num bem correspondente grau de calor, nunca porém fundir, e que se afastam uma da outra, quando uma das duas espécies diferentes não pode mais cumprir as condições a ela estipuladas.
Mesmo durante o sono do corpo material grosseiro ocorre um afrouxamento daquela ligação firme da alma, porque o corpo durante o sono emite outra irradiação, que não segura tão firmemente como aquela exigida para uma firme ligação. Uma vez que ela ainda existe, ocorre somente um afrouxamento, nenhuma separação. Esse afrouxamento é imediatamente desfeito em cada despertar.
Quando, porém, uma pessoa se inclina, por exemplo apenas para o que é de matéria grosseira, como aqueles que tão orgulhosamente se designam de realistas ou materialistas, concomitantemente ocorre então que suas almas, com essa tendência, produzam uma irradiação especialmente intensa inclinada para a matéria grosseira. Esse processo tem como consequência uma mui difícil morte terrena, uma vez que a alma procura agarrar-se unilateralmente ao corpo de matéria grosseira, formando-se assim uma condição que se denomina agonia. A espécie da irradiação é portanto decisiva para muitas coisas, sim, para tudo na Criação. Nisso explicam-se todos os fenómenos.
Como então uma alma chega justamente ao corpo de matéria grosseira a ela destinado, já esclareci em minha dissertação sobre o mistério do nascimento. Os fios com os futuros pais foram atados mediante a igualdade de suas espécies, que inicialmente atuaram apenas atraindo, mais e mais, até que os fios se ligassem e se atassem ao corpo em formação, numa determinada maturidade, obrigando então uma alma à encarnação.
E os pais também já trazem aquele nome que adquiriram segundo a maneira com que teceram os fios para si. Por essa razão o mesmo nome também tem de ser adequado à alma de mesma espécie que se aproxima e que tem de se encarnar. Até mesmo os prenomes do novo ser humano terreno são então dados, não obstante aparente reflexão, sempre somente numa forma correspondente à igual espécie, uma vez que o pensar e o raciocinar sempre se amoldam, exclusivamente, à determinada espécie. A espécie é sempre exatamente reconhecível no pensar, e por isso também nas formas de pensamento, não obstante suas variedades aos milhares, diferenciam-se de maneira clara e nítida aquelas espécies a que pertencem. Sobre isso já falei nas explicações a respeito das formas de pensamento.
A espécie é básica para tudo. Consequentemente, mesmo com o máximo de reflexão sobre os nomes de um batizando, escolher-se-á sempre de tal forma, que esses nomes correspondem à lei, que a espécie condiciona ou merece, porque diferentemente o ser humano aí nem pode, visto se encontrar nas leis que atuam sobre ele segundo a sua espécie.
Todavia isso tudo nunca exclui o livre-arbítrio, pois cada espécie do ser humano é, na realidade, apenas um fruto da própria e real vontade que traz em si.
Trata-se apenas de uma desculpa, bastante reprovável, quando ele procura iludir-se de que não possui a liberdade de sua vontade, sob a pressão das leis da Criação. Tudo o que ele tem de vivenciar em si, sob a pressão dessas leis, são frutos da própria vontade, que precedeu a eles, tendo antes colocado os fios, que então deixaram amadurecer os frutos correspondentemente.
Assim, cada ser humano na Terra traz exatamente aquele nome que adquiriu. Por isso ele não somente se chama assim como soa o nome, nem é apenas chamado assim, mas ele é assim. O ser humano é aquilo que seu nome diz!
Nisso não há acasos. De alguma maneira a prescrita conexão advém, pois os fios permanecem indestrutíveis para as criaturas humanas, até que sejam desfeitos pela vivência daqueles espíritos humanos aos quais correspondem e nos quais pendem.
Esse é um saber que a humanidade ainda hoje não conhece e do qual, por isso, mui provavelmente ainda zomba, conforme faz com tudo quanto não pode compreender. Mas, essa humanidade também desconhece as leis de Deus, que já desde os primórdios da Criação estão nela esculpidas firmemente, às quais ela mesma deve a sua própria existência, atuando a cada segundo sobre o ser humano, constituindo-se-lhe em auxiliares bem como em juízes de tudo o que faz e pensa, sem as quais ele não conseguiria sequer respirar! E tudo isso desconhece!
Por isso não é de se admirar que ele não queira reconhecer muitas coisas como consequências inalteráveis dessas leis, e procure, pelo contrário, zombando, rir das mesmas. Mas exatamente aquilo que o ser humano categoricamente devia e tinha de saber, nisso é totalmente inexperiente ou, expresso sem retoques, mais estúpido do que qualquer outra criatura nesta Criação, que com ela vibra simplesmente com toda a sua vida. E devido a essa estupidez, apenas ri de tudo o que não lhe é compreensível. A zombaria e o riso são, pois, exatamente a prova e também a confissão de sua ignorância, de que em breve se envergonhará, depois que desabar o desespero sobre ele, por causa do seu desconhecimento.
Só o desespero poderá ainda conseguir quebrar as duras camadas que agora cingem os seres humanos, mantendo-os de tal forma encurralados!
Abdruschin
Dissertação 23 “O nome” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III