Os planos espírito-primordiais I
Novembro 01, 2015
Para todos os que já assimilaram a minha Mensagem, somente para esses, vou agora novamente ampliar um pouco mais o quadro da Criação, para lhes aumentar o saber sobre ela.
Ficareis assim iniciados em conhecimentos mais elevados, que até agora não tinham sido dados aos seres humanos, porque não os teriam compreendido, em virtude de ainda se acharem espiritualmente muito imaturos para poder assimilá-los. E por si próprio um ser humano nunca poderia chegar a tais conhecimentos.
Isso será dado como graça da Luz! Até agora já falei diversas vezes dos primordialmente criados, que atuam na Criação primordial, no reino espírito-primordial.
Ao invés de espírito-primordial, poderia eu, com o mesmo direito, utilizar também a expressão elevado espiritual e pleno espiritual; da mesma forma poderia denominá-lo supremo espiritual. Tudo isso estaria certo.
Mas preferi a palavra espírito-primordial. Trata-se do mais forte do espiritual, que se acha capacitado, sob a máxima pressão da Luz que o espiritual, como sendo espiritual, em geral pode suportar, a se tornar plenamente consciente e, assim se mantendo, também atuar.
No tornar-se autoconsciente já surge simultaneamente também a forma, sem haver primeiro um vagaroso processo de desenvolvimento, como se torna necessário nos movimentos circulares mais baixos, mais esfriados e por conseguinte mais densos e também mais lentos desta Criação.
Depois que o mais forte do espiritual, formando-se imediatamente, pôde separar-se, permanecendo na contiguidade mais próxima do plano Divino, retido pela forte atração deste, na pressão da Luz, o restante foi impelido adiante por essa pressão, porque não estava capacitado a resistir, e teve de ceder à pressão demasiadamente forte, depois que o mais forte dele havia se tornado forma.
A espécie espiritual impelida adiante, e que permaneceu sem forma, conseguiu, com a maior distância da Luz, esfriar-se ainda mais, surgindo assim outra vez um novo mundo, pois, com esse esfriamento, a parte que dessa vez se apresentava como a mais forte, no resto do espiritual, podia, ao tomar forma, separar-se novamente, a fim de atuar nesse plano mais esfriado, de modo consciente.
O segundo, porém, da mesma maneira que o primeiro superior, contém ainda muitas gradações, que se constituíram segundo a velocidade de sua capacidade de conscientização com que se formaram.
As diferenças foram condicionadas, por sua vez, pela heterogeneidade também existente na igual espécie, segundo a capacidade de força, maior ou menor, de suportar a proximidade da pressão da Luz.
Também aí existem, portanto, finas diferenciações. Cada plano de uma determinada igual espécie tem por isso, dentro de seus limites, ainda inúmeros círculos, que se encontram bem próximos do ponto mais alto desse plano ou que só podem atuar mais afastados.
Isso ocasiona frequentemente transições quase impercetíveis, que dessa maneira se estendem sem interrupção através de toda a Criação e proporcionam ligações maravilhosas, sem lacunas, para a passagem da força da Luz, ou degraus, conforme também podemos chamá-los, os quais, todavia, não obstante sua delicadeza, nunca podem ser transpostos para cima, se não for atingida para isso a correspondente força de constituição na igual espécie.
Todavia, os espíritos humanos desenvolvidos, aos quais pertencem os seres humanos terrenos, não têm sua origem, nem no primeiro plano de concentração espiritual acima referido, nem no segundo, e sim promanam do último sedimento do espiritual, que não contém tanta força em si, para poder se formar, com a tomada de consciência, no segundo plano do espiritual.
Ele também não pôde se manter lá, porque não conseguiu resistir à pressão da Luz também nesse lugar já distante, depois que se desprendeu e se formou aquela parte que estava apta para isso nesse segundo plano. Assim a parte restante, como último sedimento, teve de retroceder mais ainda, rumo a uma possibilidade mais baixa de esfriamento.
Mas também aqui não lhe foi possível, como parte mais fraca e como último sedimento do espiritual, chegar sozinho ao estado consciente, sem receber um impulso exterior. Por essa razão restaram somente germes de espírito humano, isto é, capazes de desenvolvimento e devido à sua espécie espiritual também repletos de anseio para isso, porém não suficientemente fortes para acordarem por si e assim se formarem com a tomada de consciência.
Somente lá, portanto, é que é a origem do espírito humano terreno, como tal, na grande Criação; lá se formou e lá se encontra também o Paraíso dos espíritos humanos que se desenvolvem rumo à perfeição, portanto, o plano de sua verdadeira origem e ao mesmo tempo de seu regresso com a perfeição!
Visto de cima para baixo, ele se encontra numa profundidade imensurável, mas visto da Terra para cima jaz ainda assim em altura indizível, pois os planos da materialidade se estendem para muito longe, constituindo as planícies de desenvolvimento e os campos de atuação dos espíritos humanos.
A incapacidade de poder acordar por si, até mesmo nesse local extremo e mais distante da Luz, que é o último ponto de apoio do espiritual, obriga esses germes espirituais, obedecendo ao impulso interior de desenvolvimento, a seguir mais além, numa peregrinação através das matérias finas e grosseiras, mais e mais afastadas, a fim de se desenvolverem lentamente para a conscientização espiritual, já que os atritos e impactos provocados pela densidade e pelo peso delas contribuem e obrigam para o despertar e o fortalecimento.
Esse é mais ou menos o quadro da evolução de vosso espírito humano.
Unicamente para as pessoas consideradas sérias e suplicantes dou a ampliação da visão da maravilhosa Criação, que como obra de Deus, em límpida grandeza, vos rodeia com a atuação das leis mais perfeitas e, por conseguinte, inabaláveis e automáticas.
Além disso terão de vir também, mais tarde, as descrições separadas sobre a origem e formação de tudo aquilo que se encontra em cada reino da Criação, correspondendo à espécie, como as plantas, os animais, solos, montanhas, mares, ar, fogo, etc., que temos de considerar aqui na face da Terra apenas como cópias grosseiras, da mesma forma que os próprios seres humanos terrenos.
Trata-se de um campo imenso, e contudo não deve ficar nenhuma lacuna, mas tudo só a seu tempo. Agora dou primeiro apenas aquilo que se acha ligado com o ser humano terreno em linha bem reta.
É bastante desagradável saber de que maneira indigna a humanidade terrena desde milénios se empenha em reduzir e calcar dentro de si, de modo funesto, o mais precioso que ela possui, sim, aquilo que a torna realmente um ser humano, o espírito, de tal forma que o ser humano terreno chega até mesmo a envergonhar-se, às vezes, de falar sobre algo espiritual, de admitir uma vivência espiritual; no entanto, torna-se doloroso vivenciar sempre de novo que os seres humanos, em sua inacreditável e ridícula estupidez, ainda consideram como sagacidade e até como erudição a deliberada e tão forçada estreiteza.
Apenas um consolo há nisso: o saber da transformação dessas coisas, que já está tão iminente, como ninguém pressente e nem iria acreditar, e o conhecimento do facto de que uma parte desses mesmos seres humanos ficará então envergonhada ao olhar retrospetivamente para o tempo do desencaminhamento ultrajante, que tanto os afastou da verdadeira condição humana e da dignidade humana, enquanto a outra parte então nem entra mais em conta, pois não existirá mais.
Apenas baseado nessa perspetiva, prossigo ainda em meus esclarecimentos.
Quero levantar ainda mais o véu para o espírito humano, depois de haver dado um quadro bem resumido do caminho da Luz até ele, e que ela, por ocasião de cada auxílio, teve de percorrer, com diversas ancoragens, para finalmente ser recompensado por esses homúnculos terrenos, com sua injuriosa presunção, como até agora sempre aconteceu.
Já muitas vezes desceram até vós informações dos planos; entretanto, assimilastes delas apenas míseras partículas, moldando-as à vossa maneira humana, de forma que as reproduções são encontradas exclusivamente como fragmentos muito desfigurados em lendas e poemas. Confusos e impossíveis de interpretá-los de acordo com a lei da Criação, misturados com diversos acontecimentos puramente terrenos… resultando disso uma mistura que vos parece sublime, mas que perante a Verdade se mostra ridícula e que só pode ser desculpada pela vossa ignorância.
Anteriormente à minha Mensagem, os seres humanos ouviram falar, aqui e acolá, da existência de tais planos, porém não conseguiram distingui-los e por isso se formaram as mais absurdas imagens, na costumeira presunção humana em sua pretendida esperteza.
É compreensível que pessoas sérias, meneando a cabeça, se mantivessem adequadamente afastadas disso, enquanto entre fantasistas e entusiastas surgiram as mais desastrosas conceções erróneas, sem levar em conta que, predominantemente, as muito pequenas criaturas megalomaníacas procuraram sobressair nisso sem esforço, a fim de, ao menos uma vez, poderem satisfazer sua propensão doentia, sempre aderida a elas, de pretendida notoriedade!
Um repugnante charco de matéria fina foi tudo quanto daí sobreveio, e que se tornou muito perigoso aos espíritos humanos, porque impediu o recebimento da Verdade sem outras influências e dessa forma o reconhecimento do verdadeiro caminho para a escalada!
Apesar de tudo, porém, trata-se por fim realmente do próprio livre-arbítrio e da consequência da preguiça do espírito que cada um criou, impedindo assim o reconhecimento.
Quem se esforça um pouco que seja, muito em breve terá de reconhecer, claramente, pela intuição, que existe verdade nos poemas.
Tomemos, pois, a lenda a respeito de Parsival! Partindo desta pequena Terra, em pensamento, procura o ser humano pesquisar e encontrar algo a respeito de Parsival, para descobrir a origem, o surgimento dessa lenda.
Certamente os poetas da Terra imaginaram pessoas terrenas, que lhes deram um impulso externo para a forma do poema; contudo, em seu trabalho de aprofundamento espiritual, colheram inconscientemente algo de fontes que eles próprios não conheciam.
Todavia, como finalmente procuraram melhorá-las com o raciocínio, para assim torná-las terrenamente belas e facilmente compreensíveis, o pouco que eles puderam receber dos planos desconhecidos foi também comprimido, diminuído e deformado na matéria grosseira.
Não vale a pena entrar nisso de modo especial, mais pormenorizadamente. Dou apenas o facto real, e cada pessoa pode tomar para si aquilo que o seu espírito consegue.
Contudo, faz-se necessário, de antemão, indicar ainda alguma coisa, que, para muitos, terá de esclarecer alguns erros, e, para aqueles que puderam ser iniciados em conhecimentos mais elevados, facilitará muita coisa, já que devido a isso conseguem, logo de início, sair de todo o falso que se aninhou na Terra.
Existe na realidade, um Templo, onde se encontrava Amfortas, sendo considerado lá, por algum tempo, o guardião superior. Nesse Templo encontra-se um cálice, chamado “Graal”, que é fielmente guardado por cavaleiros. Lá, outrora, Amfortas falhou realmente e um grande auxiliador foi prometido.
Mas isso não ocorreu aqui na Terra, nem no sublime Templo da Luz, na Criação primordial.
O Templo, do qual se fala aí, encontra-se também ainda hoje no ponto mais elevado de um plano, no qual criados têm seu campo de atuação com relação aos desenvolvidos. Estes possuem, dentro da mais pura vontade e adoração a Deus, apenas uma cópia do Templo da Luz, que do lugar mais elevado da Criação primordial irradia para baixo e, como verdadeiro Templo do Santo Graal, forma também o portal de saída da esfera das irradiações Divinas.
Nessa cópia situada mais em baixo atuou outrora Amfortas, e decaiu quando se rendeu à má influência de Lúcifer. Seu erro foi, ao seguir essa influência por curto tempo, ter procurado entregar-se à usufruição cómoda da vida faustosa de cavaleiros.
Com isso saiu do ritmo do necessário movimento de seu plano, que a lei primordial da Criação automaticamente obriga que seja observado por aquele que deseja permanecer na mesma altitude. Caiu na inércia por curto tempo e provocou com isso, de modo estorvante, uma lacuna para o perfluir da força da Luz.
Assim a sua queda foi inevitável, arrastando-o para baixo. A lacuna era a ferida que ele apresentava. Em face da súplica dos fiéis cavaleiros, foi anunciada a vinda de um auxiliador puro, que pudesse deter a ruína.
E Parsival cumpriu a promessa, peregrinando através de todas as partes da Criação, assim como cumpre todas as promessas que desde sempre foram feitas às criaturas da Criação inteira. Todavia esse cumprimento foi totalmente diverso daquele que é transmitido no poema.
A descrição da Criação traz também aqui completo esclarecimento e exclui tudo quanto até agora foi errado.
São, portanto, apenas partes de uma mensagem proveniente da cópia mais baixa do Supremo Templo da Luz, que puderam chegar aos espíritos abertos desses poetas terrenos e que foram recebidas por eles durante seu trabalho, mas que não vieram do próprio Supremo Templo luminoso do Graal, pois lá era impossível anunciar Parsival, visto que Parsival era e é o primeiro em toda a Criação, e só com ele a Criação toda pôde originar-se. Ele é uma parte do Espírito de Deus, Imanuel, ancorada no espírito-primordial, para criar o espírito-primordial.
Da irradiação de sua Luz originaram-se primeiro os primordialmente criados, e com eles também o Templo e tudo o que se formou. Não podia, por conseguinte, ser prometido a ninguém, pois ele próprio foi o primeiro, e tudo o mais só pôde surgir depois dele. Exceto ele, ninguém jamais foi Rei do Santo Graal!
Por esse motivo devia também, mui evidentemente, aquele Templo, de que os poetas falam, situar-se mais em baixo do que o verdadeiro Templo do Graal, pois Parsival só mais tarde percorreu o mundo, a fim de livrá-lo da má influência de Lúcifer, algemando o mesmo para a época do Reino de Deus do Milénio na matéria.
Assim, em sua peregrinação por todas as partes da Criação, ele chegou também àquele Templo, que no poema é erroneamente descrito. Ele entrou lá como Rei do Santo Graal, que é desde o começo e será por toda a eternidade, porque ele próprio promana da Luz. Também não permaneceu lá, e sim colocou em lugar de Amfortas um novo guardião supremo do cálice, que veneram como cópia do Santo Graal.
No sagrado Templo da Luz, que circunda o autêntico Graal, é inteiramente impossível a falha de um de seus guardiões, visto que Parsival lá se encontra presente, sendo que nele está ancorada uma parte inenteal da própria Luz que, partindo de Imanuel, foi conduzida para baixo, através da Rainha primordial Elisabeth, por ocasião da sentença de Deus: Faça-se a Luz!
Abdruschin
Dissertação 56 “Os planos espírito-primordiais I” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III.