Vê, criatura humana, como tens de caminhar através desta Criação...
Novembro 01, 2015
Conquanto a Mensagem contenha em si tudo para mostrar aos seres humanos seu caminho, o qual têm de seguir através da Criação, se quiserem subir às alturas luminosas, repete-se sempre de novo, individualmente, a pergunta angustiante: que devo eu fazer para realmente andar direito!
Esse sentimento intuitivo atormenta a muitos, visto que o ser humano procura tornar tudo mais complicado do que realmente é. Precisa dessa maneira esquisita de dificultar tudo para si, porque não possui dentro de si força para cultivar com seriedade e fervor aquilo que é simples. Para isso toda a sua capacidade não é mais suficiente.
Quando não vê dificuldades diante de si, nunca consegue reunir forças que possa utilizar, pois a falta de dificuldades torna-o logo comodista, paralisando por fim toda a sua atividade. Por esse motivo nem dá atenção ao que é simples, pelo contrário, logo que pode, ele próprio torna ainda mais incompreensível tudo o que é simples, através de torções, apenas para ter dificuldades em reconhecer, finalmente, o que está certo no torcido, certo esse que permanece ancorado exclusivamente no que é simples. Assim a criatura humana desperdiça continuamente força e tempo!
O ser humano precisa de obstáculos para alcançar a meta, só assim ainda reúne as suas forças, facto que não consegue mais, quando vê as coisas diante de si de modo simples. De início, isso soa como se fosse uma grandeza, no entanto é apenas o sinal da maior fraqueza! Tal como um corpo enfraquecido necessita de estimulantes, a fim de ainda executar as suas atividades, da mesma forma o espírito humano, como incentivo, precisa primeiro ter a consciência de que tem de superar algo para alcançar um alvo, a fim de empregar nisso suas forças! Disso se originou também outrora a assim chamada ciência, que despreza tudo o que é simples e lança mão até do ridículo, apenas para ter algo mais que outrem e para brilhar.
Todavia, não é apenas a ciência que assim age, já desde longo tempo, tendo erigido penosamente uma construção imaginária, que deve aparentar como grandioso algo que, para a Criação, é medíocre, artificial, convulsivo e torcido, sim, muitas vezes até estorvante.
O ser humano, individualmente, erigiu a estrutura de sua vida terrena de modo errado, desde a base! Demasiadamente complicada para ser sadia, apenas para ainda incentivar o indolente espírito, em sua presunção, a destacar-se diante de outrem, pois tão-somente esse esforço é também a legitima causa das mutilações e confusões de toda a naturalidade e simplicidade por intermédio desses espíritos humanos. A ambição de sobressair, a presunção de pesquisar e nisso estabelecer leis de um saber, que jamais poderá tornar-se verdadeiro saber, enquanto o ser humano ainda se recusar a receber de modo simples, com humilde devoção diante da grandeza de Deus. Isso tudo, porém, o retém embaixo.
Nada existe que o ser humano de facto pudesse criar, se não tirasse daquilo que já se originou pela Vontade de Deus! Nem um único grão de areia conseguiria ele próprio tornar a criar, sem já encontrar na Criação toda a matéria para isso!
Agora ainda não pode reconhecer quão ridícula impressão ele dá, mas tempo virá em que se envergonhará indizivelmente, desejoso de apagar de bom grado a época em que se julgou tão grande sabido!
Complacentemente, às vezes inclusive com um sorriso escarnecedor, o ser humano passa, agora, por cima de toda a grande simplicidade das leis Divinas. Não sabe que assim mostra a sua maior fraqueza, que é capaz de apresentar como ser humano, pois coloca-se com isso no lugar mais baixo de todas as criaturas, porque tão só ele desaprendeu de como receber e utilizar de maneira certa as dádivas da Criação. O ser humano julga-se grande e elevado demais para receber com gratidão, de seu Criador, tudo quanto necessita e, por isso, nem é mais digno de continuar usufruindo as graças.
E todavia deviam as leis da Criação ser algo totalmente evidente a cada criatura, simples e ordenado, uma vez que cada criatura se originou delas.
[…]
Lei de Deus Todo-Poderoso para vós é:
Concedido vos é peregrinar através da Criação! Caminhai de tal maneira, que não causeis sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça! Do contrário entrarão fios no tapete de vossos caminhos, que vos impedem a escalada aos páramos luminosos da atividade consciente e cheia de alegria, nos jardins de todos os reinos do vosso Deus!
Essa é a lei básica que contém para vós tudo quanto precisais saber. Seguindo-a, nada poderá acontecer-vos. Sereis conduzidos só para cima, por todos os fios criados por vosso pensar, vosso querer e vosso atuar.
Por isso disse outrora o Filho de Deus com toda a simplicidade: “Amai vosso próximo como a vós mesmos!” No fundo, é exatamente o mesmo sentido.
Permitido vos é peregrinar através das Criações! Nisso reside a lei da movimentação contínua! Não deveis parar! Não poderíeis, aliás, porque os fios que vós mesmos produzistes e que formam os vossos caminhos sempre vos impulsionam para diante, conforme sua espécie; ou para cima, ou para a frente durante algum tempo, ou também para baixo. Nunca podereis ficar parados, mesmo se vós próprios o quiserdes!
E durante a peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que iguais a vós também peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça!
Não é difícil compreender isso corretamente, pois sentindo intuitivamente de modo sereno, sabeis muito bem quando, onde e como causais sofrimento a outrem. O que aí vos resta fazer ainda é saber claramente tudo quanto se compreende por cobiça! Mas isso já vos foi claramente dito nos mandamentos! Não é necessário que eu repita mais uma vez.
Podeis desfrutar de tudo aqui na Criação, provar de tudo, só que não deve ser em prejuízo de vosso próximo! Isso, por sua vez, acontece exclusivamente quando vos tornais escravos de vossas cobiças.
Não deveis, todavia, considerar a cobiça de maneira por demais unilateral. Não se refere apenas a bens terrenais e ao corpo, mas também à cobiça de difamar a reputação de vosso próximo, dar lugar às próprias fraquezas e tantas coisas mais!
O dar lugar às próprias fraquezas, porém, é exatamente hoje ainda muito pouco considerado, e contudo faz parte da satisfação da própria cobiça, para prejuízo ou sofrimento de vosso próximo! Espessos são os fios que aí se entrelaçam, detendo assim cada alma que tenha atuado dessa maneira.
Fazem parte disso a desconfiança e a inveja, a irritabilidade, a grosseria e a brutalidade, numa palavra, a falta de autodomínio e de educação, que não significa outra coisa senão a indispensável consideração para com o próximo, a qual tem de existir, onde a harmonia deva permanecer. E unicamente a harmonia beneficia a Criação e a vós próprios!
É uma espessa tessitura que disso se origina, pelo que tantos têm de cair, exatamente porque isso ainda é muito pouco considerado, causando, todavia, ao próximo, inquietação, opressão, aborrecimento e frequentemente também pesado sofrimento. Em qualquer caso, porém, danos.
Quando os seres humanos se desleixam desse modo, origina-se logo através da irradiação do sangue, leve ou fortemente irritado, uma camada muito turva, que se coloca separadoramente entre o seu espírito e seus guias luminosos! Ele fica assim logo sozinho, totalmente desprotegido, e isso pode acarretar danos de tal monta, que nunca mais podem ser reparados!
Grave isto, todo aquele que quer subir!
Esse conselho é um salva-vidas que pode livrá-lo de submergir e de se afogar. É o que há de mais importante para todos na vida terrena!
Permitido vos é peregrinar conscientemente através da Criação! Entretanto, não deveis causar nenhum sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso uma cobiça própria! Vivei segundo esta norma e sereis felizes, ascendereis aos jardins luminosos de vosso Deus, para ali colaborar alegremente nos ulteriores e eternos desenvolvimentos desta Criação.
Abdruschin
Excerto da Dissertação 16 “Vê, criatura humana, como tens de caminhar através desta Criação, para que fios do destino não impeçam, mas auxiliem tua ascensão!”, da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume III