Vela e ora!
Novembro 04, 2015
Quantas vezes este ditame do Filho de Deus é transmitido como um bem-intencionado conselho e advertência, sem que todavia nem o aconselhador nem aquele a quem esse conselho é dado, se deem ao trabalho de refletir sobre o que essas palavras realmente devem dizer.
O que se compreende por orar, cada criatura humana sabe ou, falando mais acertadamente, acredita saber, conquanto na realidade o ignore. Também supõe compreender exatamente o velar, no entanto, está longe disso.
“Velai e orai” é a transmissão figurada da advertência para a vivacidade da faculdade da intuição, isto é, para a atividade do espírito! Espírito no legítimo sentido, e não compreendido como atividade do cérebro, pois, a maneira de expressar-se do espírito vivo do ser humano é apenas e unicamente a intuição. Em nada mais exerce sua atividade o espírito do ser humano, isto é, seu núcleo de origem que se formou no “Eu” propriamente dito, durante sua peregrinação através da Criação posterior.
“Vela e ora” nada mais quer dizer senão a exigência para o refinamento e o fortalecimento da faculdade da intuição do ser humano terreno, significando outrossim a vivificação do espírito, que é o único valor eterno do ser humano, único que consegue regressar ao Paraíso, donde veio. Terá que regressar para lá, quer seja amadurecido e autoconsciente, quer tornado novamente inconsciente; como um Eu vivo, de acordo com a Vontade da Luz tornado útil na criação ou um Eu dilacerado e morto, se foi inútil na criação.
A exortação do Filho de Deus, “vela e ora”, é por isso uma das mais severas que legou aos seres humanos terrenos. Ao mesmo tempo uma advertência ameaçadora para que se torne útil na Criação, a fim de que não resulte na condenação, pela atuação automática das leis Divinas na Criação.
Vede a mulher! Ela possui como mais alto bem da feminilidade uma delicadeza na intuição, que nenhuma outra criatura pode alcançar. Por isso devia-se poder falar apenas de feminilidade nobre nessa Criação, porque feminilidade traz em si as mais fortes dádivas para a realização de tudo quanto é bom.
Assim, pois, pesa sobre a mulher também a maior das responsabilidades. Por esse motivo Lúcifer, com todo o seu séquito, fixou na mulher seu principal objetivo, a fim de subjugar desse modo a Criação inteira ao seu poder.
E infelizmente Lúcifer encontrou, na mulher da Criação posterior, terreno demasiadamente fácil. Com os olhos abertos correu ela ao seu encontro e envenenou, devido à sua espécie, toda a Criação posterior, pela transformação de conceitos puros em reflexos desfigurados que acabariam por acarretar confusão a todos os espíritos humanos.
A flor pura de feminilidade nobre, como coroa desta Criação posterior, logo se degradou, pela influência do tentador, em uma planta venenosa que ostenta reluzentes cores e que com seu perfume atraente arrasta tudo para o lugar onde ela medra, isto é, o charco, em cujo lodaçal mole e asfixiante afundam os assim arrastados.
Ai da mulher! Já que lhe foram conferidos os mais elevados valores, que não empregou direito, tinha de ser a primeira sobre quem a espada da Justiça Divina se abaterá se ela não se resolver, com a agilidade da intuição espiritual que lhe é peculiar, adiantar-se na indispensável escalada da humanidade terrena, saindo das ruinas duma estruturação errada de conceitos deteriorados, que se originaram exclusivamente pela insuflação de Lúcifer.
A mulher terrena colocou em lugar do anseio exemplar pela joia da alva flor de pureza nobre, o coquetismo e a vaidade, que encontraram seu campo de atividade numa vida social erradamente cultivada.
[…]
Somente legítima, puríssima feminilidade pode levar e despertar o homem para grandes feitos! Nada mais. E essa é a missão da mulher na Criação, segundo a Vontade Divina! Pois assim ela ergue o povo e a humanidade, sim, toda a Criação posterior, porque unicamente nela se encontra essa elevada força de suave atuação! Um poder irresistível e dominador, abençoado pela força Divina, onde for de vontade puríssima! Nada lhe equivale, pois traz beleza na forma mais pura em tudo o que faz e que dela emana!
Por isso sua atuação deve transpassar toda a Criação de modo refrescante, elevando, favorecendo e vivificando, como um sopro do Paraíso almejado!
A essa pérola, nas dádivas de vosso Criador, é que Lúcifer lançou mão em primeiro lugar com toda a astúcia e malicia, sabendo que com isso rompia o vosso apoio e o vosso anseio pela Luz! Pois na mulher encontra-se o precioso segredo capaz de desencadear na Criação a pureza e a nobreza de todos os pensamentos, o impulso para a maior atividade, para a mais nobre atuação… pressupondo-se que essa mulher seja assim conforme o Criador quis que ela fosse, ao cumulá-la com essas dádivas.
No entanto, deixastes-vos iludir demasiadamente fácil! Entregastes-vos às tentações inteiramente sem luta. Como escrava obediente de Lúcifer, a mulher dirige agora os efeitos das belas dádivas de Deus inversamente e, com isso, submete toda a Criação posterior às trevas!
São caricaturas horrendas de tudo aquilo que Deus pretendia deixar surgir nesta Criação para alegria e felicidade de todas as criaturas! De facto, tudo surgiu, mas sob a influência de Lúcifer, alterado, torcido e errado!
A mulher da Criação posterior prestou-se a servir para tanto de intermediária! Sobre o solo límpido da pureza formou-se um charco sufocante. O entusiasmo irradiante foi substituído pela embriaguez dos instintos. Agora quereis lutar, mas contra toda e qualquer exigência da Luz! A fim de permanecerdes no delírio de vaidosas presunções que vos embriagam!
Não são mais muitas as que hoje em dia são capazes de suportar um olhar franco. A maioria se revela como leprosas, cuja beleza, isto é, a verdadeira feminilidade, já se encontra carcomida, o que nunca mais pode ser reparado. Para muitas sobrevirá asco de si mesmas se, apesar de tudo, ainda puderem ser salvas e, após anos, lembrar-se-ão de tudo aquilo que hoje consideram belo e bom. Será como um despertar e convalescer dos mais pesados sonhos febris!
Assim, porém, como a mulher foi capaz de degradar profundamente toda a Criação posterior tem ela também a força de soerguê-la novamente e favorece-la, visto que nisso o homem a seguirá.
Em breve virá o tempo, após a purificação, em que se poderá exclamar, jubilosamente: Vede a mulher como deve ser, a legitima mulher em toda a sua grandeza, em sua mais nobre pureza e poder, e nela vivenciareis a sentença de Cristo: “Velai e orai” em toda a naturalidade e na mais bela forma!
Abdruschin
Excerto da Dissertação 16 “Vela e ora!” da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II